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Manuelli Antunes TUTORIA 5-MÓDULO 3-AMÉM! TROMBOEMBOLISMO PULMONAR Objetivo 01: Descrever o tromboembolismo pulmonar, apresentando aspectos epidemiológicos, etiopatogenia, manifestações clínicas e prognóstico. (Med emergência USP/ Medicina intensiva USP/ Harrison) DEFINIÇÃO A embolia pulmonar é definida como a obstrução da artéria pulmonar ou seus ramos pela impactação de um ou mais êmbolos. A trombose venosa profunda (TVP) e o tromboembolismo pulmonar (TEP) fazem parte do espectro da mesma doença, que é o tromboembolismo venoso (TEV). TVP proximal: envolve a veia poplítea ou veias profundas mais proximais (do sistema femoral e/ou ilíaco) / TVP distal: envolve somente as veias profundas das pernas (incluindo a trifurcação das veias poplíteas, mas sem seu acometimento, ou seja, veia fibular, tibial posterior ou tibial anterior) / TVP iliofemoral: envolve as veias ilíacas ou veias femorais comuns. EPIDEMIOLOGIA TEP é a terceira maior causa de doença cardiovascular no mundo (atrás apenas do infarto do miocárdio e do acidente vascular cerebral), com 75 a 269 casos para cada 100.000 habitantes. É mais comum em homens com mais de 70 anos de idade. Seu risco aumenta aproximadamente duas vezes para cada década de vida. Incidência anual: 30/100.000 aos 40 anos para 90/100.000 aos 60 anos e 260/100.000 aos 80 anos. No Brasil os dados são escassos e provavelmente subnotificados. O DATASUS registrou 7.412 óbitos por embolia pulmonar no ano de 2016. Acredita-se que esse número seja muito maior, tendo em vista que é uma patologia de difícil diagnóstico clínico, pois pode se apresentar desde como achado de exame em paciente assintomático até como parada cardiorrespiratória. Estudos na UTI especificamente demonstram que, apesar de profilaxia adequada, há uma incidência de TVP proximal de 9,6 a 26,2% nos casos de ventilação mecânica invasiva, cateteres venosos centrais e malignidade. Percebe-se que 40 a 60% dos casos de TVP sintomáticos apresentam TEP assintomáticos, e 50 a 70% dos casos de TEP sintomáticos têm TVP assintomáticos. A gravidade dos casos de TEP é dependente de sua apresentação hemodinâmica. Pacientes hemodinamicamente instáveis representam 4 a 5% dos casos, mas têm taxa de letalidade de até 45%. Pacientes com TEP, hemodinamicamente estáveis, com menos de 50 anos e sem outras comorbidades têm taxa de letalidade < 1%. Sem tratamento, um terço dos casos de TEP apresenta uma recorrência fatal em poucas semanas ou meses do evento original. Mesmo com tratamento otimizado, 0,4% dos pacientes com TVP e 5% dos pacientes com TEP apresentam uma embolia fatal, e 25% dos casos com TVP proximal desenvolvem síndrome pós-trombótica, uma condição crônica debilitante. Os pacientes com TEP não provocados têm 15% de chance de recidiva em 1 ano, em comparação com 5% para aqueles com episódio provocado. A mortalidade de TEP provocado em 1 ano é mais alta, provavelmente por refletir o impacto de uma comorbidade associada, como uma neoplasia maligna. ETIOPATOGENIA Os episódios de TEV podem ser classificados em não provocados ou provocados, quando um fator precipitante é claro. TEP não provocados representam 20% dos casos, e a probabilidade de haver uma trombofilia associada é maior. A maioria dos TEP provocados ocorrem por fatores precipitantes de tempo limitado, como cirurgia ou imobilidade temporária de um membro, ou por fator precipitante persistente, como uma neoplasia maligna. Outros precipitantes incluem doenças ou condições que impedem o fluxo sanguíneo venoso, infecção, doença crônica, uso de estrogênio e gravidez ou fase puerperal inicial. Os principais sítios de origem do TEP são as veias pélvicas, poplíteas, femorais comum e femorais superficial. Cerca de 30 a 40% dos pacientes com TVP apresentam TEP concomitante, mesmo em pacientes sem sintomas de embolia. Por outro lado, apenas 30% dos pacientes com TEP apresentam TVP, embora esse número seja próximo a 70% em pacientes hospitalizados. Manuelli Antunes A correlação entre o grau de obstrução vascular pulmonar inicial e a evolução clínica do TEP é ruim, mas pacientes sem doença cardíaca ou pulmonar prévia geralmente começam a apresentar sintomas com obstrução de 20% da vasculatura pulmonar. Alterações na tríade de Virchow(estase venosa, lesão vascular e hipercoagulabilidade)Recrutamento e ativação de plaquetas que liberam micropartículas com mediadores pró-inflamatórios que se ligam a neutrófilos que formam redes pró-trombóticas que estimulam a agregação plaquetária e promovem a síntese de trombina dependente de plaquetas. Trombos venosos se formam e florescem em ambiente de estase, baixa tensão de oxigênio e aumento da expressão (upregulation) de genes pró-inflamatórios. *São muito frequentes na UTI: imobilismo, paresias, presença de dispositivos intravasculares, lesão vascular após trauma ou cirurgias, estados de hipercoagulabilidade relacionados à sepse ou condições inflamatórias sistêmicas, entre outros fatores. A antitrombina, a proteína C e a proteína S são inibidores da coagulação que ocorrem naturalmente. As deficiências desses inibidores, ainda que raras, estão associadas ao TEV. Embolização: Quando trombos venosos profundos se desprendem do seu local de formação, eles embolizam para a veia cava, o átrio direito e o ventrículo direito (VD) e se alojam na circulação pulmonar, causando, assim, a EP aguda. Paradoxalmente, esses trombos às vezes embolizam para a circulação arterial através de um forame oval patente ou de um defeito do septo atrial. A fisiopatologia das alterações respiratórias do TEP [Hipoxemia arterial, aumento do gradiente alveolar-arterial da tensão de O2, aumento da RVPulmonar, comprometimento da troca gasosa, hiperventilação alveolar, aumento da resistência das vias aéreas, redução da complacência pulmonar] é relacionada à presença de desequilíbrios na relação ventilação-perfusão, baixa saturação venosa de oxigênio, lesão de surfactante pelas atelectasias hemorrágicas e infartos pulmonares e liberação de mediadores humorais com vasoconstrição. Já o quadro hemodinâmico é mais exuberante e diretamente relacionado à evolução para o choque e óbito precoce. O aumento da pós-carga do ventrículo direito por conta da embolia gera a descompensação cardíaca, com falência biventricular em decorrência da interação em série e em paralelo dos ventrículos Com maior carga de coágulos e consequente obstrução, a pressão arterial pulmonar e a resistência vascular pulmonar aumentam, levando a dilatação ventricular direita, redução da pré- carga para o ventrículo esquerdo e lesão miocárdica, causando a liberação de troponina e peptídeo natriurético tipo B. A dilatação ou lesão do ventrículo direito, evidenciada na TC de tórax ou no ecocardiograma, ou sugerida pela elevação da troponina ou do peptídeo natriurético tipo B, indica insuficiência cardíaca direita e Manuelli Antunes aumento do risco de choque circulatório e de morte; o aumento de troponina é associado com aumento de risco de morte de 5,2 a 5,9 vezes. Os dois principais mecanismos de morte por TEP são a oclusão abrupta da artéria pulmonar e o efeito isquêmico no sistema de condução de His-Purkinje. Aproximadamente um terço dos sobreviventes de grandes TEP apresentam disfunção cardíaca direita persistente e sintomas graves, e cerca de 5% evoluem com hipertensão pulmonar crônica e dispneia incapacitante. Anatomicamente, o TEP “em sela” ou “a cavaleiro” indica um trombo alojado na bifurcação da artéria pulmonar, implicando maior incidência de instabilidade hemodinâmica e mortalidade. Se o trombo se alojar em ramos cada vez mais distantes da artéria pulmonar, o TEP será classificado como lobar, segmentar ou subsegmentar, de acordo com a localização anatômica. Isso terá implicação no tratamento e no prognóstico do paciente. TEP maciço [instável], caracteriza-se por hipotensãoarterial manifesta com pressão arterial sistólica (PAS) menor do que 90 mmHg ou queda da PAS em mais de 40 mmHg do basal, por um tempo maior do que 15 minutos ou ainda hipotensão com necessidade de uso de inotrópicos, desde que a instabilidade não seja justificada por outro fator. O paciente estável hemodinamicamente é aquele que não preenche os critérios de instabilidade [pacientes assintomáticos até pacientes com pressão arterial limítrofe e disfunção de ventrículo direito, também classificados com TEP submaciço]. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os achados clínicos são extremamente variáveis, com pacientes se apresentando desde pouco sintomáticos até hemodinamicamente instáveis. A tríade clássica do TEP (dispneia, dor torácica pleurítica e hemoptise) ocorre na minoria dos casos. A dispneia é o sintoma mais frequentemente descrito, relatado em 80% dos casos, mas com dispneia em repouso ocorrendo em apenas 50% dos pacientes. O segundo sintoma mais comum é a dor torácica, usualmente de caráter pleurítico (quando o trombo é periférico, próximo a pleura, por inflamação dessa região) ou subesternal (por sobrecarga aguda e/ou isquemia do ventrículo direito). O infarto pulmonar nos segmentos basais do pulmão pode se manifestar como dor referida no ombro ou dor que pode ser similar a cólica ureteral. 1 a 2% dos pacientes apresentam sintomas neurológicos, como convulsão ou confusão mental, e outros 17% podem apresentar síncope. Como cerca de 20% das pessoas têm forame oval patente, o TEP que aumenta as pressões do coração direito pode levar ao fluxo de material trombótico direita-esquerda nos átrios, e Manuelli Antunes embolização para circulação cerebral, produzindo sintomas semelhantes ao AVC. No exame físico, achados de trombose venosa profunda como edema assimétrico de membros inferiores devem ser pesquisados. Achados sugestivos de hipertensão pulmonar como B2 hiperfonética e sopro em foco tricúspide também podem estar presentes. Sinais vitais anormais, como taquicardia, taquipneia, pulso fino, baixa saturação de oxigênio na oximetria e, às vezes, febre baixa sugerem estresse cardiorrespiratório agudo. As alterações dos sinais vitais ocorrem devido à presença do coágulo e à obstrução ao fluxo sanguíneo, que juntos estimulam as fibras eferentes adrenérgicas para o coração e causam distúrbio ventilação-perfusão pulmonar. A presença de instabilidade hemodinâmica (PAS < 90 mmHg ou queda de mais de 40 mmHg da PAS por um período maior do que 15 minutos) deve ser detectada precocemente e define o subgrupo de maior mortalidade. Por volta de 10% dos pacientes com EP apresentam temperatura > 38°C e < 2% dos pacientes com EP têm temperatura > 39,0°C. A maioria dos pacientes com TEP têm pulmões limpos na ausculta. Sibilos ou estertores bilaterais tornam possível um diagnóstico alternativo de broncoespasmo ou de pneumonia, mas não excluem TEP. O infarto pulmonar pode produzir estertores sobre o segmento pulmonar afetado. Objetivo 02: Conhecer os escores relacionados ao diagnótico: Wells, Genebra e PERC. (Med emergência USP/ Medicina intensiva USP/ Harrison) ABORDAGEM DIAGNÓSTICA Em todos os pacientes com suspeita diagnóstica de TEP, o primeiro passo é determinar qual é a probabilidade clínica pré-teste de o paciente apresentar realmente TEP. Os pacientes classificados como de baixo risco apresentam uma probabilidade de 10 a 12% de apresentar TEP, moderado risco de 30% e alto risco de 65%. ESCORE DE WELLS E GENEVA Manuelli Antunes Em pacientes de baixo risco, pode-se aplicar o escore PERC para descartar a suspeita de tromboembolismo pulmonar e encerrar a investigação. Se TEP não puder ser excluído com a regra PERC, deve-se realizar um teste diagnóstico que possa reduzir a probabilidade pós-teste para < 2,0%. D-dímero de metodologia ELISA é capaz de excluir TEP em pacientes com probabilidade pré-teste baixa ou moderada com sensibilidade de 95%. A regra de Charlotte é uma proposta de excluir TEP em pacientes de baixa probabilidade pré-teste. Em pacientes de baixo risco e com a presença de um dos critérios PERC ou em que não foi possível descartar TEP com a regra de Charlotte, o próximo exame recomendado é a dosagem do D-dímero. Manuelli Antunes Objetivo 03: Comentar acerca do papel dos métodos complementares que reforçam o diagnóstico. (Med emergência USP/ Medicina intensiva USP/ Up to date/ Harrison) MÉTODOS COMPLEMENTARES PARA DIAGNÓSTICO OXIMETRIA DE PULSO E GASOMETRIA ARTERIAL: -A oximetria de pulso média é menor em pacientes com TEP do que em pacientes sem TEP (93 ± 2% vs. 95 ± 3%), embora possa ser normal mesmo em pacientes com a doença. -Da mesma forma, a pressão parcial média de oxigênio no sangue arterial (PaO2) é menor (73 ± 19 mmHg vs. 80 ± 21 mmHg), e o gradiente alvéolo-arterial é aumentado em pacientes com TEP embora possa ser normal em 20% dos casos. A pressão arterial parcial de dióxido de carbono (PaCO2) é geralmente baixa, refletindo um aumento de 20 a 50% na ventilação minuto para compensar a perda de eficiência pulmonar secundária ao aumento do espaço morto. Os pacientes apresentam gasometria normal em cerca de 30% dos casos. D-DÍMERO: -Coágulos de sangue contêm fibrina, que é degradada naturalmente através da ação da plasmina, e a degradação da fibrina libera a proteína D-dímero no sangue. -O D-dímero é o principal exame para excluir TEV, pois apresentam alta sensibilidade e baixa especificidade para o diagnóstico. -Métodos: Aglutinação pelo látex (beira do leito, mas com sensibilidade inadequada para uso no DE)/ Simpli-RED (Teste de aglutinação qualitativo com hemácias. Realizado à beira do leito. Resultado negativo em paciente com baixa probabilidade pré- teste tem alto valor preditivo negativo para excluir TEV)/ ELISA (Teste recomendado para uso no DE, com alto valor preditivo negativo. As principais características dos D-dímeros (ELISA) são sensibilidade > 95% e especificidade de 35 a 45%) -Situações em que a especificidade do D-dímero é muito baixa (até menor do que 10%), e, portanto, raramente são úteis são: pacientes internados, pós-operatório, idosos (> 75 anos) e evento trombótico ou sangramento recentes. Manuelli Antunes -O D-dímero pode aumentar em outras situações com formação de fibrina no espaço vascular ou com reabsorção de produtos de degradação do espaço extravascular. -O algoritmo YEARS, publicado no The Lancet 2017, permite excluir TEP com D- dimero menor do que 1.000 µg/mL em pacientes sem nenhum dos seguintes achados: Sinais clínicos de TVP/ Hemoptise/ TEP não é a principal hipótese diagnóstica. [artigo de 2019 publicado no New England Journal of Medicine] ELETROCARDIOGRAMA: -Deve ser realizado em todos os pacientes com suspeita de TEP, embora os achados sejam, em geral, inespecíficos. -Os achados mais comuns do ECG são taquicardia e inversão de onda T em V1 (cada um presente em 38% dos casos) e alterações de segmento ST em V1 a V4. -Pacientes com TEP grave: Podem ainda estar presentes bloqueio incompleto do ramo direito e o achado clássico, mas incomum, de S1-Q3-T3, em 10 a 15% dos pacientes. Deve-se ressaltar que esses achados significam elevação de pressões em câmaras direitas. Em alguns casos, essas alterações podem ser crônicas e não ter relação com o quadro agudo do paciente. Prolongamento do intervalo QTc não foi testado nesse estudo, mas outros estudos mostram associação com sobrecarga de ventrículo direito. RADIOGRAFIA DE TÓRAX: -Cardiomegalia, atelectasia basal e infiltrado ou derrame pleural. Todos os achados são inespecíficos para EP. -Em < 5% dos pacientes existe uma área em forma de cunha de oligoemia pulmonar (sinal de Westermark, geralmente significa obstrução completa da artéria lobar) ou opacificação periférica em formato de cúpula (corcovade Hampton indica infarto pulmonar). Os pacientes podem apresentar ainda o chamado sinal de Fleichner, que consiste na artéria pulmonar central distendida. ANGIOTOMOGRAFIA DE TÓRAX: -Capaz de identificar um coágulo como um defeito de enchimento das artérias pulmonares com contraste. -A sensibilidade diagnóstica e a especificidade de uma angiotomografia computadorizada adequada são > 90%. A probabilidade de TEP é de 97% para defeitos nas artérias pulmonares principais e nas lobares, 68% para as artérias segmentares e 25% para as subsegmentares [Diagnóstico nas probabilidades altas]. -Além do reconhecimento do coágulo, a angiotomografia computadorizada pode detectar diagnósticos alternativos, como pneumonia (presente em 8% a 22% dos casos). -Anafilaxia ou edema pulmonar desencadeados por contraste, com risco de vida, são muito raros. Cerca de 15% dos pacientes submetidos à TC contrastada desenvolvem nefropatia por contraste, definida como um aumento de 25% ou mais na concentração Manuelli Antunes de creatinina sérica dentro de 2 a 7 dias após o exame [Profilaxia: Hidratação com RL]. Outras complicações da tomografia incluem extravasamento de contraste em um membro, que pode causar dor, síndrome compartimental ou tromboflebite secundária. -Indicada em pacientes com probabilidade clínica pré-teste alta ou naqueles com D-dímero positivo/ Permite avaliar diagnósticos diferenciais/ É um exame seguro e não invasivo/ Contribui para a estratificação de risco em pacientes com TEP/ Cintilografia pulmonar de ventilação e perfusão (V/Q). -A cintilografia V/Q pode identificar um defeito de perfusão em locais em que a ventilação é normal. Uma cintilografia V/Q homogênea em todo o pulmão na porção de perfusão tem quase 100% de sensibilidade para excluir TEP, independentemente da porção de ventilação. Uma cintilografia V/Q com dois ou mais defeitos centrais em forma de cunha na fase de perfusão com ventilação normal nessas regiões indica probabilidade > 80% de TEP. -Atualmente o exame serve sobretudo como uma alternativa para pacientes que não podem receber contraste iodado ou se submeter a radiação como em gestantes, anafilaxia com contraste EV ou doença renal crônica. ECOCARDIOGRAMA: -Não consegue excluir o diagnóstico de tromboembolismo pulmonar (apresenta valor preditivo negativo de 40-50%). Sua maior utilidade é na estratificação do TEP. -No paciente que se apresenta com instabilidade hemodinâmica, sem diagnóstico definitivo, o ecocardiograma pode mostrar sinais de sobrecarga de ventrículo direito, direcionando o diagnóstico para TEP. -Achados: Sobrecarga de câmaras direitas, dilatação de ventrículo direito (VD), movimento paradoxal do septo interventricular, hipertensão pulmonar e sinal de McConnell (acinesia da parede livre do ventrículo direito e movimento preservado do ápice do VD). Por vezes, é possível se ver o trombo no tronco da artéria pulmonar. ARTERIOGRAFIA PULMONAR: -O exame era considerado o padrão-ouro para o diagnóstico de TEP; no entanto, vem perdendo espaço para a angiotomografia de artérias pulmonares. -A angiografia pulmonar identifica um coágulo como um defeito de enchimento dentro da artéria pulmonar. Esse teste requer a colocação de um cateter na artéria pulmonar, geralmente através da veia femoral, seguida da injeção de 150 a 300 mL de material de contraste. O exame é pouco disponível, caro e invasivo. US DOPPLER MMII: -Geralmente não é indicado quando a suspeita é TEP, pois é positivo em apenas 30 a 50% dos pacientes com tromboembolismo pulmonar. Usualmente reservado para pacientes com contraindicações para realizar a angiotomografia e/ou para complementar a cintilografia ou angiotomografia inconclusivas. OUTROS EXAMES: -Função renal, coagulograma, eletrólitos e solicitações conforme indicação clínica. Exames para estratificar pacientes com TEP incluem: troponina, BNP e ecocardiograma. -RM contrastada: Com a angiorressonância magnética pulmonar é possível detectar uma grande EP proximal, mas esse não é um exame confiável para EPs menores segmentares e subsegmentares. Objetivo 04: Analisar como é realizada a estratificação de risco do TEP diagnosticado, incluindo o índice PESI. (Med emergência USP/ Medicina intensiva USP/ Harrison) ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO O TEP é classificado em três categorias com base na gravidade: TEP maciço, TEP submaciço e TEP de menor gravidade: Manuelli Antunes -TEP maciço [5-10%]: pressão arterial sistólica < 90 mmHg por mais de 15 minutos ou uso de drogas vasoativas, pressão arterial sistólica < 100 mmHg com história de hipertensão ou redução > 40% na pressão arterial sistólica basal/ PCR/ Bradicardia (<40bpm por conta do TEP ou choque). -TEP submaciço [20-25%]: pressão arterial normal, mas com outras evidências de estresse cardiopulmonar [disfunção do VD ou marcadores de lesão cardíaca->90BNP e >500 pró-BNP]. -TEP de menor gravidade [65-75%]: Todos os outros casos. Em pacientes com TEP confirmado é importante classificar e estratificar o paciente de acordo com a gravidade do quadro (risco de mortalidade) calculando o escore PESI. Os pacientes PESI classe I e II são considerados de baixo risco e podem ser elegíveis para tratamento domiciliar ou alta precoce, que é definida por alta antes de 5 dias de internação hospitalar, tempo usualmente recomendado de internação para TEP. Outra forma de selecionar pacientes de baixo risco que poderiam realizar todo o tratamento ambulatorial são os critérios HESTIA. Se todas as respostas forem negativas e o paciente for classificado como PESI I ou II, ele é um candidato adequado para tratamento ambulatorial. Nesses pacientes não é necessária dosagem de troponina e BNP. Caso a dosagem seja inadvertidamente realizada e venha alterada, o paciente é reclassificado como de risco intermediário baixo. Para os pacientes classificados como classe III e IV, devemos realizar: -Dosagem de troponina (I e T) e BNP. -Aferição de disfunção de VD [ecocardiograma com dilatação do ventrículo direito e/ou aumento da relação VD/ VE (> 0,9) e/ou hipocinesia da parede livre do VD e/ou aumento da velocidade de regurgitação tricúspide ou tomografia computadoriza com contraste dilatação do VD, dado pelo aumento da relação VD/VE (> 0,9)]. Caso apenas um dos dois acima venha alterado, o paciente é classificado como de risco intermediário baixo. Os pacientes nessa classificação devem ser internados e monitorizados. Caso os dois venham alterados, o paciente é classificado como risco intermediário alto. Além de internação e monitorização, deve-se ficar atento para a descompensação hemodinâmica que indica a trombólise. Objetivo 05: Apresentar as principais condutas para tratamento agudo do TEP, destando as indicações e os protocolos de uso de trombolítico. (Med emergência USP/ Medicina intensiva USP/ Harrison) SUPORTE HEMODINÂMICO São medidas recomendadas nesses pacientes [Disfunção de VD]: Manuelli Antunes -Cristaloide, em bolus de até 500 mL em pacientes hipotensos, pode melhorar hipotensão e índice cardíaco, e pode ser testado antes da introdução de drogas vasoativas. Com a ressalva de que sobrecarga volêmica pode piorar a disfunção de VD. -Reposição volêmica agressiva pode ser prejudicial e piorar o estresse de VD. -Drogas vasoativas são frequentemente necessárias para melhorar o inotropismo cardíaco, elevar a pressão arterial e garantir perfusão tecidual adequada. -Norepinefrina aumenta a pressão arterial sistêmica e melhora a perfusão coronariana; melhora a função de VD por ação inotrópica positiva direta. O seu uso deve ser limitado a pacientes com choque cardiogênico. A dose recomendada é de 0,2 a 1,0 mcg/kg/min. -Dobutamina deve ser considerada em pacientes com índice cardíaco reduzido, e costuma ser a primeira droga prescrita com o intuito de melhorar o débito de VD. A dose recomendadaé de 2-20 mcg/kg/min. -Em pacientes sem resposta, considera-se o uso de suporte extracorpóreo (ECMO), lembrando que seu uso por mais de 5 a 10 dias pode levar a complicações como sangramento e infecções. SUPORTE RESPIRATÓRIO Hipoxemia e hipocapnia são muitas vezes encontradas. Hipoxemia é geralmente reversível com a administração de oxigênio, sendo indicada oxigenioterapia se SaO2 < 90%. -Quando a ventilação mecânica for necessária, deve-se evitar o uso de drogas hipotensoras durante sedação para intubação orotraqueal. Prefere-se a quetamina se hipotensão importante ou choque. -Usar pressão de platô < 30 cmH2O, objetivando minimizar pressão intratorácica para não agravar déficit de retorno venoso. ANTICOAGULAÇÃO PARENTERAL O esteio do tratamento de pacientes com TEP é a anticoagulação sistêmica para evitar a formação de novos coágulos e permitir que a fibrinólise endógena continue, exceto se houver contraindicações. A anticoagulação não dissolve o trombo, mas evita o crescimento dele. As evidências sugerem benefício com o uso de heparinas de baixo peso molecular (HBPM) em comparação com a heparina não fracionada para tratamento de TEP e TVP em termos de desfechos compostos (sangramento e morte) e custo, embora a magnitude do benefício não seja grande. Se não houver certeza sobre a presença de TEP, a probabilidade pode guiar a introdução de terapia com anticoagulação. Em pacientes com probabilidade pré-teste de TEP > 20%, é recomendada a anticoagulação empírica, pois os benefícios excedem os riscos (sangramento e trombocitopenia induzida por heparina). O atraso na administração de heparina a pacientes com TEP está associado com o aumento da mortalidade. Em pacientes com insuficiência renal grave e TVP aguda ou TEP, a maioria dos especialistas recomenda a heparina não fracionada em relação à heparina de baixo peso molecular. HEPARINA DE BAIXO PESO MOLECULAR: -Atua como inibidor do fator Xa. A preferência é prescrever HBPM uma vez ao dia. Deve-se lembrar que a segurança da HBPM se aplica a indivíduos com função renal normal (ClCreat<30 ml/min] e peso entre 40 e 120 kg. Manuelli Antunes HEPARINA NÃO FRACIONADA: -A resposta anticoagulante da heparina não fracionada apresenta grandes variações entre diferentes pacientes, por esse motivo a resposta deve ser monitorizada pelo TTPA. -As recomendações para o tratamento hospitalar sugerem o seguinte: Dose de ataque de 80 UI/kg endovenosa (alternativa dose única de 5.000 U)/ Infusão contínua com dose inicial de 18 UI/kg/h e ajuste da dose pelo TTPA com objetivo de atingir valores de 1,5-2,5. -Deve-se verificar o número de plaquetas no terceiro e no quinto dia de uso devido ao risco de plaquetopenia autoimune pela heparina. A relação do TTPA deve ser verificada inicialmente a cada 6 horas e depois diariamente. A heparina deve ser descontinuada apenas quando o INR obtido com a anticoagulação oral estiver em níveis adequados (INR 2-3) por 2 dias consecutivos. -Protocolo de tratamento: -A heparina não fracionada é a primeira escolha para o paciente em diálise ou com doença renal crônica avançada (ClCr < 30 mL/min); caso CLCr entre 15 e 30 mL/min, ajustar dose de heparina. A heparina não fracionada é usualmente preferida em casos de instabilidade hemodinâmica, disfunção renal, extremos de peso e idade e pacientes com alto risco de sangramento. FONDAPARINUX: -Ação inibidora direta do fator Xa, também usado por via subcutânea, uma vez ao dia e sem necessidade de monitorização, embora não deva ser usado em pacientes com clearance de creatinina menor do que 30 mL/min. INIBIDORES DA TROMBINA: -A lepirudina e bivalirudina são inibidores diretos da trombina, e são opções para pacientes que desenvolvem plaquetopenia induzida por heparina. Apenas a bivalirudina está sendo produzida comercialmente e sua dose é de 0,15 mg/kg/hora, mantendo TTPA entre 1,5 e 2,5 vezes o controle. Doses de 0,14 mg/kg/hora são indicadas em disfunção hepática e de 0,03-0,05 mg/kg/hora se disfunção hepática e renal combinadas. Essas medicações são indisponíveis no Brasil. ANTICOAGULAÇÃO ORAL A anticoagulação oral deve ser instituída precocemente, na maioria das vezes concomitante à anticoagulação parenteral. Em pacientes críticos na UTI, o uso de anticoagulantes orais diretos não é sugerido devido à interação com injúria renal aguda (frequente em pacientes críticos), impossibilidade de monitorização adequada e de reversão de efeitos excessivos. Manuelli Antunes VARFARINA: -Deve ser iniciada concomitantemente à anticoagulação parenteral, exceto nos casos de alto risco de sangramento. RIVAROXABANA: -Dose de 15 mg por via oral (VO) a cada 12 horas, por 21 dias, seguidos de 20 mg VO uma vez ao dia. Opção para anticoagulação totalmente oral do TEP, sem necessidade de anticoagulação parenteral inicial. APIXABANA: -10 mg VO a cada 12h, por 7 dias, seguidos de 5 mg VO a cada 12h. Deve-se lembrar que tanto a rivaroxabana como a apixabana são contraindicados em caso de disfunção renal. -Pacientes com contraindicação à anticoagulação plena podem ser tratados com filtro de veia cava. TEMPO DE ANTICOAGULAÇÃO: -Para pacientes com TEP causado por cirurgia ou fator de risco transitório, o tempo recomendado de tratamento é de 3 meses. -Para pacientes sem fator precipitante de TEP, o tempo mínimo de tratamento é de 3 meses. -Para pacientes com um episódio seguido de TEV, é recomendada anticoagulação por período estendido além de 3 meses em caso de risco até moderado de sangramento, e 3 meses em caso de alto risco de sangramento. -Para pacientes com neoplasia maligna ativa, o período recomendado de tratamento é de mais de 3 meses; independentemente do risco de sangramento, pode-se considerar anticoagulação além de 6 meses ou até a neoplasia maligna ser controlada. A heparina de baixo peso molecular é a medicação de escolha, mas o endoxaban e o rivaroxaban podem ser considerados, exceto em pacientes com neoplasia gastrointestinal. -Os pacientes com neoplasia maligna com câncer ativo necessitam de tratamento, sendo a HBPM o tratamento com melhor evidência por pelo menos 6 meses. Alguns pacientes não podem aplicar injeções por períodos prolongados, forçando a escolha entre varfarina oral vs. anticoagulante oral mais recente. -Em pacientes com TEV sem fator provocativo claro, recomenda-se o uso de aspirina após a interrupção da anticoagulação. -Pacientes com TEP subsegmentar e sem TVP proximal, com baixo risco de TEP recorrente, podem ser observados clinicamente; em caso de alto risco, deve-se iniciar a anticoagulação. FILTROS DE VEIA CAVA Utilizado principalmente em pacientes com contraindicações a anticoagulação. Dentre os filtros disponíveis, os removíveis são preferenciais, pois, uma vez que a contraindicação à anticoagulação seja resolvida, o filtro pode ser removido e o paciente anticoagulado. O local de inserção é preferencialmente infrarrenal. Indicações: Paciente com episódios recorrentes de tromboembolismo venoso que ocorrem apesar da anticoagulação adequada/ Indicação de anticoagulação nos quais é contraindicado o uso de anticoagulantes. TROMBÓLISE Manuelli Antunes Pacientes com TEP maciço ou hipotensão se beneficiam da fibrinólise, que está indicada exceto se a hipotensão é apenas transitória e sem sinais de hipoperfusão. Critérios de gravidade do TEP submaciço: Dilatação ou hipocinesia do ventrículo direito/ Troponina elevada/ Peptídeo natriurético tipo B ou hipoxemia persistente com desconforto respiratório. O sucesso da trombólise é maior se indicada em até 48 horas, mas pode ser útil até 14 dias do evento tromboembólico. Pacientes com indicações clínicas, mas com contraindicação à trombólise, podem ser eventualmente tratados com embolectomia. Trombólise por cateter: Pacientes de alto risco com ou falha datrombólise como persistência de instabilidade hemodinâmica apesar de trombólise sistêmica, risco de morte antes de a trombólise sistêmica ter iniciado seus efeitos/ Paciente com contraindicação a trombólise por alto risco de sangramento dose menor de alteplase (aproximadamente 10 mg no total), o que pode conferir um menor risco de sangramento. Assim, a trombólise dirigida por cateter é uma opção para pacientes com mais de 65 anos, em que o risco de sangramento intracraniano é maior. *A terapia farmacomecânica direcionada por cateter geralmente combina a fragmentação ou pulverização mecânica do trombo com trombólise em dose baixa direcionada por cateter. Entre as técnicas mecânicas usadas estão maceração e embolização distal intencional do coágulo, trombectomia por sucção, hidrólise reolítica e trombólise facilitada por ultrassom de baixa energia. A dose de alteplase pode ser reduzida acentuadamente, em geral para uma faixa de 20 a 25 mg, em vez da dose sistêmica periférica IV de 100 mg. EMBOLECTOMIA A embolectomia cirúrgica é uma opção em pacientes jovens com TEP grande e proximal acompanhado de hipotensão. A quantidade de coágulo que pode ser extraída costuma ser extensa, e a remoção pode ajudar a limitar complicações cardiorrespiratórias posteriores. TEP SUBSEGMENTAR Certificar-se de que não há TVP associada (solicitar ultrassom Doppler venoso bilateral de MMII). Manter acompanhamento ambulatorial e observação do quadro clínico do paciente. Redução e prevenção dos fatores de risco que propiciam formação de tromboembolismo venoso. Objetivo 06: Comentar acerca do tratamento posterior à fase aguda, e a conduta em casos de TEP repetitivo ou paciente com alto risco de novos episódios. (Up to date) MONITORAMENTO E ACOMPANHAMENTO Níveis de anticoagulação recebendo heparina e varfarina: HNF com TTPA 1,5-2,5 vezes o LSN. A varfarina é monitorada usando a razão do tempo de protrombina (PT) geralmente expressa como a razão normalizada internacional (INR) com uma meta de INR de 2 a 3 (meta 2,5). O desenvolvimento de condições que afetam a meia-vida do anticoagulante usado (insuficiência renal, gravidez, ganho / perda de peso, interações medicamentosas) também deve ser acompanhado. Complicações: Recorrência, hipertensão pulmonar trombólica crônica. Complicações da terapia (sangramentos, necrose cutânea, trombocitopenia, osteoporose, migração do dispositivo) GESTÃO DE RECORRÊNCIA NA TERAPIA Manuelli Antunes A anticoagulação inadequada é a razão mais comum para tromboembolismo venoso recorrente (TEV; EP e / ou trombose venosa profunda) durante a terapia Anticoagulação subterapêutica [Má nutrição, descontinuação para um procedimento previsto, fraca conformidade, alteração na farmacocinética, dosagem incorreta] / Terapia subótima/ Estímulos pró-trombóticos contínuos/ Diagnóstico incorreto. Objetivo 07: Esquematizar a conduta profilática para TEP em pacientes clínicos e cirúrgicos hospitalizados e com risco de TEP (escores de Pádua e Caprini). (Med emergência USP/ Medicina intensiva USP/ Harrison) CONDUTA PROFILÁTICA As últimas recomendações sugerem que nos pacientes cirúrgicos faça-se uma avaliação de risco de DTV baseada em dados clínicos do paciente e da cirurgia em si ESCORE DE CAPRINI. -Em todos os casos cirúrgicos, caso haja risco de sangramento, manter profilaxia mecânica (pelo menos 18 horas ao dia), preferencialmente com compressão pneumática intermitente, e introduzir a farmacológica assim que possível (ou associar). Na maior parte dos casos, quando se introduz HNF, sugere-se o uso na dose de 5.000 UI subcutâneo três vezes ao dia, especialmente nos casos de alto risco cirúrgico. Nos pacientes oncológicos, as evidências sugerem benefício com uso prolongado, ou seja, de heparina de baixo peso molecular por quatro semanas, mesmo após a alta hospitalar. Em pacientes submetidos a cirurgia plástica, o risco de DTV é menor que nos pacientes com mesma classificação de risco de Caprini submetidos a outros tipos de cirurgia. -Cirurgia cardíaca: preferência por métodos mecânicos no início. Caso a internação se prolongue por causas não hemorrágicas, iniciar profilaxia farmacológica com HNF ou HBPM em associação com agentes mecânicos. -Cirurgia torácica: para cirurgias de risco moderado para DTV, usar HNF, HBPM, ou métodos mecânicos. Nos casos de alto risco de DTV (pneumectomia, ressecção pulmonar extensa, esofagectomia, malignidade), sugere-se a associação de alguma profilaxia farmacológica com alguma mecânica. -Cirurgia com craniotomia: preferência por métodos mecânicos. Nos casos de alto risco de DTV (p. ex., nos casos de câncer), iniciar método farmacológico uma vez que o risco de sangramento for baixo. -Cirurgia de coluna: preferência por métodos mecânicos. Nos casos de alto risco de DTV (p. ex., nos casos de câncer ou abordagem anteroposterior), iniciar método farmacológico uma vez que o risco de sangramento for baixo. -Trauma: usar HNF, HBPM ou métodos mecânicos. Nos casos de alto risco de DTV (trauma cranioencefálico, trauma raquimedular ou cirurgia de coluna pelo trauma), associar método farmacológico com método mecânico. Caso haja risco de sangramento, manter apenas o método mecânico (preferência por compressão pneumática intermitente) até o risco ser resolvido para depois iniciar a profilaxia farmacológica. Manuelli Antunes Pacientes clínicos: ESCORE DE PADUA. Nesse escore, os pacientes são divididos em baixo risco (< 4 pontos) e alto risco (≥ 4 pontos). Entretanto, tal escore é validado principalmente para pacientes fora da UTI. -Nos pacientes hospitalizados por motivos clínicos que apresentem classificação de alto risco pelo escore de Padua, sugere-se a profilaxia farmacológica com HBPM, HNF (duas ou três vezes ao dia) ou fondaparinux. Caso haja risco aumentado ou contraindicação de profilaxia farmacológica (por exemplo, sangramento ativo), sugere-se o uso de profilaxias mecânicas durante o período de risco de sangramento. Porém, assim que o risco de hemorragia e sangramento for corrigido, sugere-se a transição para profilaxia farmacológica. As cirurgias que se associam com maior risco de DTV são as de fratura de quadril, artroplastia total de quadril e artroplastia total de joelho. De modo geral, nessas três cirurgias sugere-se a preferência por HBPM em conjunto com profilaxia mecânica (preferência por compressão intermitente, pelo menos 18 horas ao dia), com início até 12 horas antes do procedimento ou após 12 horas da cirurgia. O tempo de duração deve ser de no mínimo 10 a 14 dias, mas há evidências do benefício de se prolongar o uso de profilaxia mesmo no período após alta hospitalar para um total de 35 dias (a contar do dia da cirurgia). Nos casos de risco e/ou sangramento ativo, utilizar métodos mecânicos durante o período de contraindicação para profilaxia farmacológica.