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Via aérea avançada - Prof Felipe Góis

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ACESSOS À VIA AÉREA 
As manobras de assistência ventilatória são prioridade no 
suporte básico de vida de pacientes semiconscientes ou 
inconscientes. Uma vez diagnosticada a condições que 
comprometam a ventilação do paciente, como parada 
Respiratória (PR) ou respirações agônicas tipo gasping, o 
socorrista deve estar preparado para manter uma ventilação 
adequada ao paciente. 
 
 
Manobras para 
via aérea pérvia 
à Elevação do queixo (chin lift), tração da mandíbula 
(jaw thrust) e cânulas nasofaringe e oro faríngea 
(Guedel); 
à Na suspeita de trauma ou lesão cervical, a cabeça 
deve ser mantida em posição neutra, e a imobilização da 
coluna cervical deve ser precoce com colar rígido e 
head blocks laterais. 
Suporte não 
invasivo 
à Suplementação de O2 sob cateter tipo óculos, 
Máscara de Venturi ou Máscara com Reservatório não 
reinalante. 
 
CURSO DE MEDICINA 
EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS 
PROF. FELIPE GÓIS 
 
 É necessário muito cuidado para a correta avaliação e 
escolha da abordagem a ser seguida em cada caso, sendo 
que nas situações em que a ventilação do paciente esteja 
comprometida, a abordagem da via aérea será 
individualizada, respeitando condições clínicas, experiência 
do profissional dentre outros fatores. Inicialmente podem ser 
tentadas medidas de suporte, como manobras, cânulas 
orofaríngeas e suplementação de oxigênio por cateter, 
mascara de Venturi ou máscara com reservatório, contudo, 
caso o paciente siga impossibilitado de manter uma 
adequada ventilação, necessitarão de via aérea definitiva, a 
qual se define como um tubo endotraqueal, com cuff 
insuflado, devidamente fixado, ligado a uma fonte de O2 a 
100% que permita a adequada oxigenação dos pulmões, esta 
via pode ser cirúrgica (cricotireoidostomia, traqueostomia) ou 
não (intubação naso ou orotraqueal). 
Sinais e sintomas de alarme para via aérea definitiva 
• Trauma Crânio Encefálico (TCE); 
• Trauma de face; 
• Cornagem; 
• Utilização de musculatura acessória; 
• Trauma de pescoço; 
• Intoxicações; 
• Cianose; 
• Apneia; 
• Pacientes potencialmente em risco de broncoaspiração; 
• Lesão da via aérea por inalação; 
• Convulsões sucessivas e reentrantes; 
• Incapacidade de manter ventilação adequada sob máscara. 
 
Existem diversos tipos de técnicas e instrumentos para 
manutenção de uma via aérea adequada, segue-se na 
sequência instruções para a realização destas técnicas e a 
instrumentação adequada paro o acesso as vias aéreas. 
 
 
 
INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL 
 
DEFINIÇÃO 
Corresponde a introdução de um tubo na traquéia do 
paciente, através da boca ou do nariz, visando manter a 
ventilação. Apesar de ser uma prática extremamente comum 
e utilizada nas unidades de emergência e cuidados intensivos, 
devemos estar atentos para os seus riscos e complicações. 
Esse procedimento tem por objetivos: facilitar a aspiração 
traqueal; atenuar os riscos de aspiração do conteúdo gástrico; 
assegurar o livre acesso à traqueia; facilitar ventilação sobre 
pressão positiva (pneumotórax por exemplo) e manter a 
oxigenação adequada. 
 
INDICAÇÕES 
• Parada respiratória e/ou cardíaca; 
• Insuficiência respiratória grave; 
• Obstrução das vias aéreas; 
• Presença de secreções abundantes da árvore 
pulmonar profunda; 
• Cirurgias com anestesia geral; 
• Edema de glote. 
 
CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS 
• Pacientes com estômago cheio; 
• Obesidade mórbida; 
• Patologias na faringe. 
 
 
 
 
TÉCNICA 
• Materiais necessários 
o Laringoscópio; 
o Tubo endotraqueal; 
o Guia de intubação; 
o Seringa; 
o Ambú. 
 
Cuff 
1. Identifique-se e explique o procedimento para o paciente 
(caso este não esteja sedado); 
2. Realize a assepsia e paramentação; 
3. Faça a preparação e a checagem dos materiais: selecione 
o tubo de diâmetro adequado; cheque o encaixe e a luz 
do laringoscópio; cheque o ambú; cheque se o cuff 
(manguito) está inflando; 
 
Atenção!!! É necessário o uso de opioide, hipnóticos e 
bloqueadores neuromusculares antes da intubação para o 
relaxamento da musculatura e facilitação do procedimento, 
além de evitar dor. 
 
4. Se posicione e ajuste o paciente: posicione-se atrás da 
cabeça do paciente e realize o movimento de 
hiperextensão da cabeça do mesmo para ter melhor 
acesso às vias; 
 
 
 
 
 
5. Forneça a oxigenação prévia do paciente: Sature o 
paciente com ambú até 95% ou durante 3 minutos; 
 
 
 
 
 
 
6. Realize a laringoscopia: introduza e siga com o 
laringoscópio pela rima direita da língua do paciente e 
empurre-a para esquerda. Caso a lâmina do 
laringoscópio seja reta, introduza até que as cordas 
vocais tornem-se visíveis (isso significa que ocorreu a 
elevação da epiglote pela lâmina corretamente); caso a 
lâmina seja curva, introduza gradualmente até que a 
lâmina se insira na valécula epiglótica (gerando uma 
tração na epiglote pela lâmina) e seja possível a 
visualização da epiglote; 
 
 
 
Atenção!!! Durante a introdução do laringoscópio é necessário 
utilizar a mão esquerda. 
Curiosidade: A manobra de Sellick é produzida por uma 
continua pressão na cartilagem cricóide que tem a função de 
permitir a visualização das cordas vocais e facilitar a passagem 
do tubo endotraqueal. 
 
7. Uma vez visualizada a glote, insira o tubo à direita da 
lâmina até a marcação de 22 cm; 
 
 
 
Atenção!!! Nesse momento é importante manter uma tração 
em sentido caudal e para cima da lâmina. 
 
8. Retire o laringoscópio, insufle o cuff (para estabilizar/ fixar 
o tubo); 
9. Retire o fio guia; 
Ø Cheque o procedimento: realize a ausculta do 
epigástrio; pulmão esquerdo e pulmão direito; 
10. Retire o ambú; 
11. Encaminhe o paciente para o Raio-x; 
12. Conecte-o ao ventilador mecânico. 
 
COMPLICAÇÕES 
 
• Indução ao vômito; 
• Luxação da mandíbula; 
• Laceração de partes moles das vias aéreas; 
• Trauma das vias aéreas, podendo resultar em 
hemorragia; 
• Fratura de dentes; 
• Lesões das cordas vocais. 
 
Intubação esofágica: A colocação do tubo no esôfago, se 
não reconhecida, resulta em incapacidade de ventilação 
e, potencialmente, morte ou lesão por hipóxia. A insuflação 
da sonda no esôfago provoca regurgitação, que pode 
resultar em aspiração, comprometer subsequente 
ventilação e obscurecer a visualização em tentativas 
subsequentes de intubação. 
Intubação seletiva: Ocorre quando o tubo segue para um 
dos brônquios gerando a intubação e ventilação de 
apenas um dos pulmões. Devido a anatomia do brônquio 
principal direito (mais longo e verticalizado), há um 
favorecimento a sua intubação seletiva. 
 
Além da intubação, o acesso às vias aéreas superiores, 
pode ser realizado cirurgicamente por meio da traqueostomia 
ou da cricotireoidostomia, sendo que a escolha da técnica vai 
depender da idade, necessidade, urgência, emergência, 
anestesia utilizada, diagnóstico e a dificuldade anatômica 
individual. 
No caso de uma via aérea difícil por meio da intubação 
tradicional, alguns recursos podem ser utilizados, como a 
máscara laríngea(A) que permite intubação, o tubo duplo-
lu ́men esofagotraqueal/Combitube® (B) e o bougie(C). Na 
impossibilidade da intubação oro ou nasotraqueal, o paciente 
torna-se candidato a via aérea definitiva cirúrgica. 
 
 
CRICOTIREOIDOSTOMIA 
 
DEFINIÇÃO 
A cricotireoidostomia é um procedimento emergencial, 
rápido e seguro indicado para casos de obstrução extrema, 
acima da altura das cordas vocais, que consiste no acesso 
cirúrgico das vias aéreas através da membrana cricotireoidea. 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS 
Utilizamos a proeminência tireóidea, 
apelidada de “pomo de adão”, devido a 
sua fácil palpação, como local de 
referência, visto que após identificar essa 
estrutura podemos deslizar o dedo pela 
cartilagem tireóidea e identificar a 
membrana cricotireoidea, que fica logo 
abaixo dessa cartilagem. 
Como ascordas vocais estão logo acima do local da 
incisura, o tubo deve ser direcionado para baixo durante a sua 
inserção, com o objetivo de não causar injurias a essas 
estruturas. 
Não existem artérias ou nervos 
importantes na área da membrana 
cricotireoidea; o suprimento da 
laringe vem da artéria laríngea 
superior, ramo da artéria tireóidea 
superior/inferior e um ramo da 
laríngea inferior. A irrigação da 
traquéia tem íntima relação com o suporte sanguíneo do 
esôfago, com sua porção cervical irrigada 
predominantemente por ramos da artéria tireóidea inferior. 
Essa rede anastomótica penetra na traqueia pela sua margem 
lateral, devendo ser evitada uma dissecção extensa desta 
região. É interessante observar também a característica 
predominantemente submucosa dessa rede anastomótica, o 
que explica uma lesão dos anéis traqueais por isquemia, 
devido à hiperinsuflação do balonete endotraqueal. 
 
INDICAÇÕES 
• Traumatismo facial severo; 
• Quando a Intubação endotraqueal não é possível de ser 
realizada ou contraindicada; 
• Obstrução extrema acima das cordas vocais. 
 
CONTRAINDICAÇÕES 
• Crianças menores de 5 anos (e com muita cautela em 
crianças menores de 10 anos), pois a cartilagem tireóidea 
é de difícil palpação, pois ainda está em 
desenvolvimento; 
• Uso prolongado, devendo ser convertida para 
traqueostomia formal dentro de 24 a 72 horas. 
 
CONSIDERAÇÕES CIRÚRGICA 
1. Higienize e anestesie a área; 
2. Coloque o paciente em posição supina com o pescoço 
em posição neutra; 
3. Palpe a proeminência tireóidea, o espaço cricotireóideo 
(e a proeminência do esterno para orientação); 
4. Após, estabilizar a cartilagem com a mão oposta até que 
a intubação seja concluída; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção!!! Se os anéis 
da traqueia ou a 
glândula tireóidea 
forem encontrados 
durante o 
procedimento indica 
que a incisão no 
pescoço está muito 
baixa e deve ser 
redirecionada. 
Atenção!!! Para se evitar injurias as cordas vocais deve-se 
aplicar a tração na margem inferior da incisão, na 
cartilagem cricóide. 
 
 
COMPLICAÇÕES 
• Broncoaspiração; 
• Criação de falso trajeto no tecido; 
• Estenose subglótica; 
• Edema subglótico; 
• Hemorragia; 
• Perfuração do esôfago ou da traqueia; 
• Enfisema de mediastino; 
• Paralisia das cordas vocais, causando rouquidão. 
 
 
 
 
 
 
TRAQUEOSTOMIA 
 
DEFINIÇÃO 
A traqueostomia é a realização de um estoma – abertura 
- ao nível da região cervical anterior, criando assim uma via 
aérea cirúrgica na porção cervical da traqueia, sendo que o 
estoma criado pode permanecer definitivamente ou não. 
A comunicação da traqueia com o meio externo, 
possibilitada pela traqueostomia, permite uma redução de 10 
a 50% no espaço morto anatômico, reduzindo a resistência e 
aumentando a complacência pulmonar, favorecendo assim 
pacientes com reserva pulmonar reduzida, sendo medida 
extremamente necessária em muitos casos, além de ser uma 
via aérea mais segura, mais fácil de ser retirada e de ser 
recolocada do que a cânula de intubação orotraqueal, sem 
aumentar a incidência de pneumonias. 
As desvantagens deste procedimento incluem o 
comprometimento do mecanismo de tosse e da umidificação 
do ar inspirado, reduzindo a limpeza bronco pulmonar e a 
alteração da composição dos gases alveolares, devido à 
ausência do fechamento da glote e da pressão expiratória 
final positiva. Como qualquer outro procedimento, devem ser 
avaliados cuidadosamente os riscos e os benefícios para cada 
paciente. 
A traqueostomia pode ser usada por um período 
indefinido de tempo, sendo sua retirada dependente 
principalmente da causa de base que levou a sua realização. 
A retirada ou a redução do número da cânula devem ser feitas 
tão logo o paciente tenha a função respiratória recuperada 
ou melhorada. Após a cânula ser removida, o estoma pode se 
fechar espontaneamente ou necessitar de uma cirurgia para 
seu fechamento. 
Apesar da morbidade relacionada ao uso da 
traqueostomia, o paciente pode ter uma qualidade de vida 
satisfatória, principalmente quando tem apoio familiar e da 
equipe da saúde responsável por seu tratamento. 
 
INDICAÇÕES 
A principal indicação da traqueostomia é a obstrução de 
vias aéreas superiores. Devemos suspeitar de obstrução de VAS 
quando o paciente apresenta dispneia, estridor expiratório, 
inspiratório ou bifásico, alteração de voz, dor, tosse, redução 
ou ausência de sons respiratórios, instabilidade hemodinâmica 
e queda do nível de consciência (estes dois últimos eventos 
mais tardios). A obstrução pode ser devido a: 
• Anomalias congênitas; 
• Corpo estranho em VAS; 
• Trauma cervical; 
• Neoplasias; 
• Paralisia bilateral de cordas vocais; 
• Edema devido a queimaduras, infecções ou 
anafilaxia. 
Outras condições nas quais se pode indicar a traqueostomia 
são: 
• Intubação orotraqueal prolongada; 
• Tempo prévio ou complementar a outras cirurgias 
bucofaringolaringológicas; 
• Facilitar a aspiração das secreções das vias 
respiratórias baixas; 
• Síndrome da apneia-hipopneia obstrutiva do sono. 
 
CONTRAINDICAÇÕES 
A traqueostomia é uma cirurgia com poucas 
contraindicações, não existindo uma contraindicação 
absoluta, uma contraindicação relativa é a presença de 
carcinoma laríngeo, em que a manipulação do tumor durante 
a traqueostomia pode levar a uma incidência aumentada de 
recorrência tumoral na região do estoma, optando-se então 
por uma cirurgia definitiva, como a laringectomia, desde que 
o estadiamento da neoplasia permita tal procedimento, o 
mesmo princípio é adotado na papilomatose laríngea. Além 
disso, não é indicada realização de traqueostomia nos casos 
de aspiração, uma vez que este procedimento aumenta o 
grau de aspiração. 
 
CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS 
A laringe compreende três grandes cartilagens: a 
epiglote e as cartilagens tireoide e cricóide, as cartilagens 
aritenóides situam-se na borda póstero-superior da cartilagem 
cricóide. 
A traqueia começa a partir da borda inferior da 
cartilagem cricóide, estando o primeiro anel traqueal 
parcialmente recoberto por esta estrutura, terminando onde 
os brônquios fonte direito e esquerdo se unem para formar seu 
segmento inferior. A traqueia é membranosa em sua porção 
posterior, e é formada por anéis cartilaginosos semicirculares 
em suas porções anterior e lateral (variando entre 18 e 22 
anéis), sendo também membranosos os espaços entre os anéis 
traqueais. A hiperextensão cervical, principalmente em 
pessoas jovens e não obesas, deixa cerca de 50 % da extensão 
total da traquéia acessível na região do pescoço, enquanto 
em pessoas idosas, cifóticas e obesas, a cartilagem cricóide 
encontra- se ao nível da fúrcula esternal, tornando o acesso à 
traqueia mais difícil através da região cervical. 
Os nervos laríngeos recorrentes e as veias tireóideas 
inferiores situam-se no sulco formado entre a traqueia e o 
esôfago, estando em posição vulnerável durante a dissecção 
da região. O nervo laríngeo recorrente entra na laringe 
passando profundamente à borda inferior do músculo 
constritor inferior da faringe, dividindo- se em ramos anterior e 
posterior. O tronco braquiocefálico cruza da esquerda para a 
direita anteriormente à traqueia ao nível da abertura torácica 
superior, situando-se posteriormente ao esterno. Os grandes 
vasos cervicais (artérias carótidas e veias jugulares internas) 
também podem ser lesados durante o procedimento, 
principalmente em crianças e pacientes obesos. As veias 
jugulares anteriores, apesar de não serem estruturas 
paratraqueais, também podem ser lesadas durante o acesso 
à traqueia, constituindo-se em fonte de sangramento local. 
A glândula tireoide situa-se anteriormente à traqueia, 
com um lobo de cada lado e o istmo cruzando esta estrutura 
aproximadamente ao nível do segundo e terceiro anéistraqueais, havendo, entretanto, grande variação no nível de 
cruzamento do istmo. Este tecido é extremamente 
vascularizado e deve ser dissecado cuidadosamente durante 
a cirurgia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES CIRÚRGICAS 
A técnica da cirurgia difere um pouco em relação à 
traqueostomia ser eletiva ou de urgência. Em uma 
emergência, a operação é realizada quando a intubação 
Istmo 
orotraqueal é impossível ou realizada sem sucesso. Antes da 
cirurgia, uma cânula traqueal adequada deve ser escolhida. 
Cânula traqueal: as cânulas mais usadas em nosso meio 
são as metálicas (Jackson), plásticas (Portex, Shiley), silicone e 
nylon. As cânulas variam em relação ao seu diâmetro interno, 
ângulo de curvatura, mecanismos de fechamento, número de 
cuffs, fenestrações, entre outros. As cânulas contêm um 
mandril em seu interior, que é um pouco mais longo que a 
cânula e de ponta romba, servindo como um condutor no 
momento da introdução na traquéia. As cânulas metálicas são 
constituídas de uma cânula externa e uma interna, esta última 
podendo ser retirada e lavada, sendo um importante fator de 
higiene local. 
O cuff é um tipo de balonete. Sua principal função 
quando insuflado é garantir a ventilação mecânica 
permeável e adequada, além de auxiliar na diminuição de 
passagem de secreções para os pulmões. 
O comprimento da cânula não deve ser demasiado 
curto, pois pode causar lesão da parede posterior da traqueia 
com consequente ulceração e obstrução nem muito longo, o 
que pode levar a erosão da parede anterior da traqueia e 
acometimento do tronco braquiocefálico. Quanto ao 
diâmetro, a cânula deve ter aproximadamente 75% do 
diâmetro da traqueia (como valores aproximados, podemos 
ter cânula Portex n° 7 para mulheres e n° 8 para homens). 
Os cuffs devem ser insuflados com ar. Os que causam 
menos lesão traqueal são aqueles que proporcionam baixa 
pressão com grande volume de insuflação, alterando pouco 
a irrigação da mucosa da traqueia, causam menos estenose 
de traqueia do que as cânulas de baixo volume e alta pressão. 
O cuff deve ser insuflado quando se conecta a cânula a um 
dispositivo de ventilação assistida ou controlada. Quando o 
indivíduo não necessita de mecanismos artificiais de 
ventilação, o cuffs de permanecer vazio, atentando-se para o 
fato de não haver proteção contra a aspiração de secreções 
para o interior da árvore traqueobrônquica. As cânulas 
possuem asas laterais perfuradas que servem para sua fixação, 
com cadarço ao redor do pescoço. 
Na traqueostomia eletiva em adultos, o paciente fica em 
decúbito dorsal horizontal, com extensão da região cervical. 
Aplica-se rapidamente anestésico local na região a ser 
incisada. Após o posicionamento adequado do paciente e do 
cirurgião (que deve ficar à direita do paciente), os pontos de 
referência anatômicos são palpados (cartilagens tireoide e 
cricóide, e fúrcula esternal). Infiltra- se a pele com lidocaína 2% 
(5 a 7 mg/kg) e epinefrina 1:150000, realizando-se após a 
incisão da pele, que pode ser vertical ou horizontal (nesse 
caso, na metade da distância entre a cartilagem cricóide e a 
fúrcula esternal). 
Faz-se a dissecção do tecido celular subcutâneo e das 
estruturas pré-tireoidianas no sentido vertical, afastando a 
musculatura pré-tireoidiana lateralmente, procurando 
permanecer sempre na linha média, o que evita maiores 
sangramentos e lesão de estruturas paratraqueais, ao mesmo 
tempo em que se faz a hemostasia, evitando a lesão ou 
fazendo a ligadura das veias jugulares anteriores. 
Ao se identificar o istmo da glândula tireoide, ao nível do 
2° e 3° anéis traqueais, deve-se afastá-lo para superior, inferior 
ou então fazer a ressecção do istmo seguido de sutura dos 
cotos. Depois desse tempo cirúrgico, a traqueia é facilmente 
identificada, devendo-se, se necessário, realizar a dissecção 
da fáscia pré-traqueal. Antes da incisão dos anéis traqueais, 
deve-se checar a integridade do cuff da cânula de 
traqueostomia e avisar o anestesista. A injeção de anestésico 
tópico na traqueia pode ajudar a reduzir o reflexo de tosse se 
o paciente estiver acordado. Pode-se fazer o estoma traqueal 
de diversas maneiras, sendo as mais comuns a forma em U 
invertido, em T, em H ou ainda em forma retangular, com 
retirada de parte da parede anterior da traquéia, sendo está 
técnica usada em pacientes que ficarão com a 
traqueostomia indefinidamente, visto que este tipo de 
abertura traqueal leva a um maior risco de estenose. 
Após a abertura da traqueia, deve-se inserir rapidamente 
a cânula lubrificada com gel de lidocaína, evitando inseri-la 
com a ponta virada para baixo, pelo risco de desenvolvimento 
de falso trajeto, durante este procedimento, deve-se realizar 
hemostasia rigorosa da região, para minimizar ao máximo a 
entrada de sangue na árvore traqueobrônquica. 
 
 
 
Após a colocação da cânula, deve ser dado um ponto 
de reparo entre o flap traqueal e o tecido celular subcutâneo 
(ponto de Bjork), o que facilita o pronto acesso à traqueia no 
caso de decanulação acidental. Após revisão da hemostasia, 
fecha-se a pele incisada, evitando-se o fechamento 
hermético da incisão sobre a cânula, apesar de esse tempo 
não ser obrigatório. O curativo com gaze sob as asas laterais 
da cânula e a fixação desta com cadarço ao redor do 
pescoço encerra o procedimento. 
 
COMPLICAÇÕES 
A traqueostomia é uma cirurgia que pode levar a 
complicações variadas em qualquer momento do pós-
operatório, e podem ser classificadas em: 
 
Complicações Imediatas 
• Sangramento; 
• Pneumotórax e pneumomediastino: lesão direta das 
cúpulas pleurais e de altas pressões respiratórias 
negativas em pacientes acordados, respectivamente; 
• Lesão de estruturas paratraqueais: as principais são os 
nervos laríngeos recorrentes, os grandes vasos e o 
esôfago, sendo estas complicações mais comuns em 
crianças; 
• Apneia devido a perda do drive respiratório gerado 
pelo estado de hipóxia. 
• Edema pulmonar pós-obstrutivo; 
 
Complicações Precoces 
• Traqueíte; 
• Sangramento devido a tosse excessiva do paciente e 
elevação da pressão arterial; 
• Enfisema subcutâneo: resulta de sutura muito 
hermética da incisão ou de falso trajeto da cânula 
para o espaço pré-traqueal, podendo evoluir para 
pneumotórax ou pneumomediastino; 
• Atelectasia pulmonar, no caso de intubação seletiva 
de um dos brônquios 
• Decanulação. 
 
Complicações Tardias 
• Sangramentos tardios, após 48 horas da cirurgia: 
causados por fístula traqueoinominada, (entre a 
traqueia e o tronco braquiocefálico), que ocorre 
devido a uma traqueostomia muito baixa ou por uma 
cânula muito grande; 
• Traqueomalácia: geralmente causada por uma 
cânula muito pequena, a troca geralmente resolve o 
problema; 
• Estenose, 
• Fístula traqueoesofágica; 
• Fístula traqueocutânea; 
• Impossibilidade de decanulação: pode ser causada 
por paralisia de pregas vocais, lesão da estrutura 
laríngea, ansiedade, a avaliação endoscópica 
completa da região laringotraqueobrônquica pode 
ajudar na resolução do problema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VÍDEOS RECOMENDADOS: 
 
Ø Intubação orotraqueal: 
PARTE I 
https://www.youtube.com/watch?v=iz4lAmRfp3A 
PARTE II 
https://www.youtube.com/watch?v=WtxcNlWeTtc 
 
Ø Cricotireoidostomia e Traqueostomia: 
https://www.youtube.com/watch?v=tn-MC6TbwVs

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