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ACESSOS À VIA AÉREA As manobras de assistência ventilatória são prioridade no suporte básico de vida de pacientes semiconscientes ou inconscientes. Uma vez diagnosticada a condições que comprometam a ventilação do paciente, como parada Respiratória (PR) ou respirações agônicas tipo gasping, o socorrista deve estar preparado para manter uma ventilação adequada ao paciente. Manobras para via aérea pérvia à Elevação do queixo (chin lift), tração da mandíbula (jaw thrust) e cânulas nasofaringe e oro faríngea (Guedel); à Na suspeita de trauma ou lesão cervical, a cabeça deve ser mantida em posição neutra, e a imobilização da coluna cervical deve ser precoce com colar rígido e head blocks laterais. Suporte não invasivo à Suplementação de O2 sob cateter tipo óculos, Máscara de Venturi ou Máscara com Reservatório não reinalante. CURSO DE MEDICINA EMERGÊNCIAS CIRÚRGICAS PROF. FELIPE GÓIS É necessário muito cuidado para a correta avaliação e escolha da abordagem a ser seguida em cada caso, sendo que nas situações em que a ventilação do paciente esteja comprometida, a abordagem da via aérea será individualizada, respeitando condições clínicas, experiência do profissional dentre outros fatores. Inicialmente podem ser tentadas medidas de suporte, como manobras, cânulas orofaríngeas e suplementação de oxigênio por cateter, mascara de Venturi ou máscara com reservatório, contudo, caso o paciente siga impossibilitado de manter uma adequada ventilação, necessitarão de via aérea definitiva, a qual se define como um tubo endotraqueal, com cuff insuflado, devidamente fixado, ligado a uma fonte de O2 a 100% que permita a adequada oxigenação dos pulmões, esta via pode ser cirúrgica (cricotireoidostomia, traqueostomia) ou não (intubação naso ou orotraqueal). Sinais e sintomas de alarme para via aérea definitiva • Trauma Crânio Encefálico (TCE); • Trauma de face; • Cornagem; • Utilização de musculatura acessória; • Trauma de pescoço; • Intoxicações; • Cianose; • Apneia; • Pacientes potencialmente em risco de broncoaspiração; • Lesão da via aérea por inalação; • Convulsões sucessivas e reentrantes; • Incapacidade de manter ventilação adequada sob máscara. Existem diversos tipos de técnicas e instrumentos para manutenção de uma via aérea adequada, segue-se na sequência instruções para a realização destas técnicas e a instrumentação adequada paro o acesso as vias aéreas. INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL DEFINIÇÃO Corresponde a introdução de um tubo na traquéia do paciente, através da boca ou do nariz, visando manter a ventilação. Apesar de ser uma prática extremamente comum e utilizada nas unidades de emergência e cuidados intensivos, devemos estar atentos para os seus riscos e complicações. Esse procedimento tem por objetivos: facilitar a aspiração traqueal; atenuar os riscos de aspiração do conteúdo gástrico; assegurar o livre acesso à traqueia; facilitar ventilação sobre pressão positiva (pneumotórax por exemplo) e manter a oxigenação adequada. INDICAÇÕES • Parada respiratória e/ou cardíaca; • Insuficiência respiratória grave; • Obstrução das vias aéreas; • Presença de secreções abundantes da árvore pulmonar profunda; • Cirurgias com anestesia geral; • Edema de glote. CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS • Pacientes com estômago cheio; • Obesidade mórbida; • Patologias na faringe. TÉCNICA • Materiais necessários o Laringoscópio; o Tubo endotraqueal; o Guia de intubação; o Seringa; o Ambú. Cuff 1. Identifique-se e explique o procedimento para o paciente (caso este não esteja sedado); 2. Realize a assepsia e paramentação; 3. Faça a preparação e a checagem dos materiais: selecione o tubo de diâmetro adequado; cheque o encaixe e a luz do laringoscópio; cheque o ambú; cheque se o cuff (manguito) está inflando; Atenção!!! É necessário o uso de opioide, hipnóticos e bloqueadores neuromusculares antes da intubação para o relaxamento da musculatura e facilitação do procedimento, além de evitar dor. 4. Se posicione e ajuste o paciente: posicione-se atrás da cabeça do paciente e realize o movimento de hiperextensão da cabeça do mesmo para ter melhor acesso às vias; 5. Forneça a oxigenação prévia do paciente: Sature o paciente com ambú até 95% ou durante 3 minutos; 6. Realize a laringoscopia: introduza e siga com o laringoscópio pela rima direita da língua do paciente e empurre-a para esquerda. Caso a lâmina do laringoscópio seja reta, introduza até que as cordas vocais tornem-se visíveis (isso significa que ocorreu a elevação da epiglote pela lâmina corretamente); caso a lâmina seja curva, introduza gradualmente até que a lâmina se insira na valécula epiglótica (gerando uma tração na epiglote pela lâmina) e seja possível a visualização da epiglote; Atenção!!! Durante a introdução do laringoscópio é necessário utilizar a mão esquerda. Curiosidade: A manobra de Sellick é produzida por uma continua pressão na cartilagem cricóide que tem a função de permitir a visualização das cordas vocais e facilitar a passagem do tubo endotraqueal. 7. Uma vez visualizada a glote, insira o tubo à direita da lâmina até a marcação de 22 cm; Atenção!!! Nesse momento é importante manter uma tração em sentido caudal e para cima da lâmina. 8. Retire o laringoscópio, insufle o cuff (para estabilizar/ fixar o tubo); 9. Retire o fio guia; Ø Cheque o procedimento: realize a ausculta do epigástrio; pulmão esquerdo e pulmão direito; 10. Retire o ambú; 11. Encaminhe o paciente para o Raio-x; 12. Conecte-o ao ventilador mecânico. COMPLICAÇÕES • Indução ao vômito; • Luxação da mandíbula; • Laceração de partes moles das vias aéreas; • Trauma das vias aéreas, podendo resultar em hemorragia; • Fratura de dentes; • Lesões das cordas vocais. Intubação esofágica: A colocação do tubo no esôfago, se não reconhecida, resulta em incapacidade de ventilação e, potencialmente, morte ou lesão por hipóxia. A insuflação da sonda no esôfago provoca regurgitação, que pode resultar em aspiração, comprometer subsequente ventilação e obscurecer a visualização em tentativas subsequentes de intubação. Intubação seletiva: Ocorre quando o tubo segue para um dos brônquios gerando a intubação e ventilação de apenas um dos pulmões. Devido a anatomia do brônquio principal direito (mais longo e verticalizado), há um favorecimento a sua intubação seletiva. Além da intubação, o acesso às vias aéreas superiores, pode ser realizado cirurgicamente por meio da traqueostomia ou da cricotireoidostomia, sendo que a escolha da técnica vai depender da idade, necessidade, urgência, emergência, anestesia utilizada, diagnóstico e a dificuldade anatômica individual. No caso de uma via aérea difícil por meio da intubação tradicional, alguns recursos podem ser utilizados, como a máscara laríngea(A) que permite intubação, o tubo duplo- lu ́men esofagotraqueal/Combitube® (B) e o bougie(C). Na impossibilidade da intubação oro ou nasotraqueal, o paciente torna-se candidato a via aérea definitiva cirúrgica. CRICOTIREOIDOSTOMIA DEFINIÇÃO A cricotireoidostomia é um procedimento emergencial, rápido e seguro indicado para casos de obstrução extrema, acima da altura das cordas vocais, que consiste no acesso cirúrgico das vias aéreas através da membrana cricotireoidea. CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS Utilizamos a proeminência tireóidea, apelidada de “pomo de adão”, devido a sua fácil palpação, como local de referência, visto que após identificar essa estrutura podemos deslizar o dedo pela cartilagem tireóidea e identificar a membrana cricotireoidea, que fica logo abaixo dessa cartilagem. Como ascordas vocais estão logo acima do local da incisura, o tubo deve ser direcionado para baixo durante a sua inserção, com o objetivo de não causar injurias a essas estruturas. Não existem artérias ou nervos importantes na área da membrana cricotireoidea; o suprimento da laringe vem da artéria laríngea superior, ramo da artéria tireóidea superior/inferior e um ramo da laríngea inferior. A irrigação da traquéia tem íntima relação com o suporte sanguíneo do esôfago, com sua porção cervical irrigada predominantemente por ramos da artéria tireóidea inferior. Essa rede anastomótica penetra na traqueia pela sua margem lateral, devendo ser evitada uma dissecção extensa desta região. É interessante observar também a característica predominantemente submucosa dessa rede anastomótica, o que explica uma lesão dos anéis traqueais por isquemia, devido à hiperinsuflação do balonete endotraqueal. INDICAÇÕES • Traumatismo facial severo; • Quando a Intubação endotraqueal não é possível de ser realizada ou contraindicada; • Obstrução extrema acima das cordas vocais. CONTRAINDICAÇÕES • Crianças menores de 5 anos (e com muita cautela em crianças menores de 10 anos), pois a cartilagem tireóidea é de difícil palpação, pois ainda está em desenvolvimento; • Uso prolongado, devendo ser convertida para traqueostomia formal dentro de 24 a 72 horas. CONSIDERAÇÕES CIRÚRGICA 1. Higienize e anestesie a área; 2. Coloque o paciente em posição supina com o pescoço em posição neutra; 3. Palpe a proeminência tireóidea, o espaço cricotireóideo (e a proeminência do esterno para orientação); 4. Após, estabilizar a cartilagem com a mão oposta até que a intubação seja concluída; Atenção!!! Se os anéis da traqueia ou a glândula tireóidea forem encontrados durante o procedimento indica que a incisão no pescoço está muito baixa e deve ser redirecionada. Atenção!!! Para se evitar injurias as cordas vocais deve-se aplicar a tração na margem inferior da incisão, na cartilagem cricóide. COMPLICAÇÕES • Broncoaspiração; • Criação de falso trajeto no tecido; • Estenose subglótica; • Edema subglótico; • Hemorragia; • Perfuração do esôfago ou da traqueia; • Enfisema de mediastino; • Paralisia das cordas vocais, causando rouquidão. TRAQUEOSTOMIA DEFINIÇÃO A traqueostomia é a realização de um estoma – abertura - ao nível da região cervical anterior, criando assim uma via aérea cirúrgica na porção cervical da traqueia, sendo que o estoma criado pode permanecer definitivamente ou não. A comunicação da traqueia com o meio externo, possibilitada pela traqueostomia, permite uma redução de 10 a 50% no espaço morto anatômico, reduzindo a resistência e aumentando a complacência pulmonar, favorecendo assim pacientes com reserva pulmonar reduzida, sendo medida extremamente necessária em muitos casos, além de ser uma via aérea mais segura, mais fácil de ser retirada e de ser recolocada do que a cânula de intubação orotraqueal, sem aumentar a incidência de pneumonias. As desvantagens deste procedimento incluem o comprometimento do mecanismo de tosse e da umidificação do ar inspirado, reduzindo a limpeza bronco pulmonar e a alteração da composição dos gases alveolares, devido à ausência do fechamento da glote e da pressão expiratória final positiva. Como qualquer outro procedimento, devem ser avaliados cuidadosamente os riscos e os benefícios para cada paciente. A traqueostomia pode ser usada por um período indefinido de tempo, sendo sua retirada dependente principalmente da causa de base que levou a sua realização. A retirada ou a redução do número da cânula devem ser feitas tão logo o paciente tenha a função respiratória recuperada ou melhorada. Após a cânula ser removida, o estoma pode se fechar espontaneamente ou necessitar de uma cirurgia para seu fechamento. Apesar da morbidade relacionada ao uso da traqueostomia, o paciente pode ter uma qualidade de vida satisfatória, principalmente quando tem apoio familiar e da equipe da saúde responsável por seu tratamento. INDICAÇÕES A principal indicação da traqueostomia é a obstrução de vias aéreas superiores. Devemos suspeitar de obstrução de VAS quando o paciente apresenta dispneia, estridor expiratório, inspiratório ou bifásico, alteração de voz, dor, tosse, redução ou ausência de sons respiratórios, instabilidade hemodinâmica e queda do nível de consciência (estes dois últimos eventos mais tardios). A obstrução pode ser devido a: • Anomalias congênitas; • Corpo estranho em VAS; • Trauma cervical; • Neoplasias; • Paralisia bilateral de cordas vocais; • Edema devido a queimaduras, infecções ou anafilaxia. Outras condições nas quais se pode indicar a traqueostomia são: • Intubação orotraqueal prolongada; • Tempo prévio ou complementar a outras cirurgias bucofaringolaringológicas; • Facilitar a aspiração das secreções das vias respiratórias baixas; • Síndrome da apneia-hipopneia obstrutiva do sono. CONTRAINDICAÇÕES A traqueostomia é uma cirurgia com poucas contraindicações, não existindo uma contraindicação absoluta, uma contraindicação relativa é a presença de carcinoma laríngeo, em que a manipulação do tumor durante a traqueostomia pode levar a uma incidência aumentada de recorrência tumoral na região do estoma, optando-se então por uma cirurgia definitiva, como a laringectomia, desde que o estadiamento da neoplasia permita tal procedimento, o mesmo princípio é adotado na papilomatose laríngea. Além disso, não é indicada realização de traqueostomia nos casos de aspiração, uma vez que este procedimento aumenta o grau de aspiração. CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS A laringe compreende três grandes cartilagens: a epiglote e as cartilagens tireoide e cricóide, as cartilagens aritenóides situam-se na borda póstero-superior da cartilagem cricóide. A traqueia começa a partir da borda inferior da cartilagem cricóide, estando o primeiro anel traqueal parcialmente recoberto por esta estrutura, terminando onde os brônquios fonte direito e esquerdo se unem para formar seu segmento inferior. A traqueia é membranosa em sua porção posterior, e é formada por anéis cartilaginosos semicirculares em suas porções anterior e lateral (variando entre 18 e 22 anéis), sendo também membranosos os espaços entre os anéis traqueais. A hiperextensão cervical, principalmente em pessoas jovens e não obesas, deixa cerca de 50 % da extensão total da traquéia acessível na região do pescoço, enquanto em pessoas idosas, cifóticas e obesas, a cartilagem cricóide encontra- se ao nível da fúrcula esternal, tornando o acesso à traqueia mais difícil através da região cervical. Os nervos laríngeos recorrentes e as veias tireóideas inferiores situam-se no sulco formado entre a traqueia e o esôfago, estando em posição vulnerável durante a dissecção da região. O nervo laríngeo recorrente entra na laringe passando profundamente à borda inferior do músculo constritor inferior da faringe, dividindo- se em ramos anterior e posterior. O tronco braquiocefálico cruza da esquerda para a direita anteriormente à traqueia ao nível da abertura torácica superior, situando-se posteriormente ao esterno. Os grandes vasos cervicais (artérias carótidas e veias jugulares internas) também podem ser lesados durante o procedimento, principalmente em crianças e pacientes obesos. As veias jugulares anteriores, apesar de não serem estruturas paratraqueais, também podem ser lesadas durante o acesso à traqueia, constituindo-se em fonte de sangramento local. A glândula tireoide situa-se anteriormente à traqueia, com um lobo de cada lado e o istmo cruzando esta estrutura aproximadamente ao nível do segundo e terceiro anéistraqueais, havendo, entretanto, grande variação no nível de cruzamento do istmo. Este tecido é extremamente vascularizado e deve ser dissecado cuidadosamente durante a cirurgia. CONSIDERAÇÕES CIRÚRGICAS A técnica da cirurgia difere um pouco em relação à traqueostomia ser eletiva ou de urgência. Em uma emergência, a operação é realizada quando a intubação Istmo orotraqueal é impossível ou realizada sem sucesso. Antes da cirurgia, uma cânula traqueal adequada deve ser escolhida. Cânula traqueal: as cânulas mais usadas em nosso meio são as metálicas (Jackson), plásticas (Portex, Shiley), silicone e nylon. As cânulas variam em relação ao seu diâmetro interno, ângulo de curvatura, mecanismos de fechamento, número de cuffs, fenestrações, entre outros. As cânulas contêm um mandril em seu interior, que é um pouco mais longo que a cânula e de ponta romba, servindo como um condutor no momento da introdução na traquéia. As cânulas metálicas são constituídas de uma cânula externa e uma interna, esta última podendo ser retirada e lavada, sendo um importante fator de higiene local. O cuff é um tipo de balonete. Sua principal função quando insuflado é garantir a ventilação mecânica permeável e adequada, além de auxiliar na diminuição de passagem de secreções para os pulmões. O comprimento da cânula não deve ser demasiado curto, pois pode causar lesão da parede posterior da traqueia com consequente ulceração e obstrução nem muito longo, o que pode levar a erosão da parede anterior da traqueia e acometimento do tronco braquiocefálico. Quanto ao diâmetro, a cânula deve ter aproximadamente 75% do diâmetro da traqueia (como valores aproximados, podemos ter cânula Portex n° 7 para mulheres e n° 8 para homens). Os cuffs devem ser insuflados com ar. Os que causam menos lesão traqueal são aqueles que proporcionam baixa pressão com grande volume de insuflação, alterando pouco a irrigação da mucosa da traqueia, causam menos estenose de traqueia do que as cânulas de baixo volume e alta pressão. O cuff deve ser insuflado quando se conecta a cânula a um dispositivo de ventilação assistida ou controlada. Quando o indivíduo não necessita de mecanismos artificiais de ventilação, o cuffs de permanecer vazio, atentando-se para o fato de não haver proteção contra a aspiração de secreções para o interior da árvore traqueobrônquica. As cânulas possuem asas laterais perfuradas que servem para sua fixação, com cadarço ao redor do pescoço. Na traqueostomia eletiva em adultos, o paciente fica em decúbito dorsal horizontal, com extensão da região cervical. Aplica-se rapidamente anestésico local na região a ser incisada. Após o posicionamento adequado do paciente e do cirurgião (que deve ficar à direita do paciente), os pontos de referência anatômicos são palpados (cartilagens tireoide e cricóide, e fúrcula esternal). Infiltra- se a pele com lidocaína 2% (5 a 7 mg/kg) e epinefrina 1:150000, realizando-se após a incisão da pele, que pode ser vertical ou horizontal (nesse caso, na metade da distância entre a cartilagem cricóide e a fúrcula esternal). Faz-se a dissecção do tecido celular subcutâneo e das estruturas pré-tireoidianas no sentido vertical, afastando a musculatura pré-tireoidiana lateralmente, procurando permanecer sempre na linha média, o que evita maiores sangramentos e lesão de estruturas paratraqueais, ao mesmo tempo em que se faz a hemostasia, evitando a lesão ou fazendo a ligadura das veias jugulares anteriores. Ao se identificar o istmo da glândula tireoide, ao nível do 2° e 3° anéis traqueais, deve-se afastá-lo para superior, inferior ou então fazer a ressecção do istmo seguido de sutura dos cotos. Depois desse tempo cirúrgico, a traqueia é facilmente identificada, devendo-se, se necessário, realizar a dissecção da fáscia pré-traqueal. Antes da incisão dos anéis traqueais, deve-se checar a integridade do cuff da cânula de traqueostomia e avisar o anestesista. A injeção de anestésico tópico na traqueia pode ajudar a reduzir o reflexo de tosse se o paciente estiver acordado. Pode-se fazer o estoma traqueal de diversas maneiras, sendo as mais comuns a forma em U invertido, em T, em H ou ainda em forma retangular, com retirada de parte da parede anterior da traquéia, sendo está técnica usada em pacientes que ficarão com a traqueostomia indefinidamente, visto que este tipo de abertura traqueal leva a um maior risco de estenose. Após a abertura da traqueia, deve-se inserir rapidamente a cânula lubrificada com gel de lidocaína, evitando inseri-la com a ponta virada para baixo, pelo risco de desenvolvimento de falso trajeto, durante este procedimento, deve-se realizar hemostasia rigorosa da região, para minimizar ao máximo a entrada de sangue na árvore traqueobrônquica. Após a colocação da cânula, deve ser dado um ponto de reparo entre o flap traqueal e o tecido celular subcutâneo (ponto de Bjork), o que facilita o pronto acesso à traqueia no caso de decanulação acidental. Após revisão da hemostasia, fecha-se a pele incisada, evitando-se o fechamento hermético da incisão sobre a cânula, apesar de esse tempo não ser obrigatório. O curativo com gaze sob as asas laterais da cânula e a fixação desta com cadarço ao redor do pescoço encerra o procedimento. COMPLICAÇÕES A traqueostomia é uma cirurgia que pode levar a complicações variadas em qualquer momento do pós- operatório, e podem ser classificadas em: Complicações Imediatas • Sangramento; • Pneumotórax e pneumomediastino: lesão direta das cúpulas pleurais e de altas pressões respiratórias negativas em pacientes acordados, respectivamente; • Lesão de estruturas paratraqueais: as principais são os nervos laríngeos recorrentes, os grandes vasos e o esôfago, sendo estas complicações mais comuns em crianças; • Apneia devido a perda do drive respiratório gerado pelo estado de hipóxia. • Edema pulmonar pós-obstrutivo; Complicações Precoces • Traqueíte; • Sangramento devido a tosse excessiva do paciente e elevação da pressão arterial; • Enfisema subcutâneo: resulta de sutura muito hermética da incisão ou de falso trajeto da cânula para o espaço pré-traqueal, podendo evoluir para pneumotórax ou pneumomediastino; • Atelectasia pulmonar, no caso de intubação seletiva de um dos brônquios • Decanulação. Complicações Tardias • Sangramentos tardios, após 48 horas da cirurgia: causados por fístula traqueoinominada, (entre a traqueia e o tronco braquiocefálico), que ocorre devido a uma traqueostomia muito baixa ou por uma cânula muito grande; • Traqueomalácia: geralmente causada por uma cânula muito pequena, a troca geralmente resolve o problema; • Estenose, • Fístula traqueoesofágica; • Fístula traqueocutânea; • Impossibilidade de decanulação: pode ser causada por paralisia de pregas vocais, lesão da estrutura laríngea, ansiedade, a avaliação endoscópica completa da região laringotraqueobrônquica pode ajudar na resolução do problema. VÍDEOS RECOMENDADOS: Ø Intubação orotraqueal: PARTE I https://www.youtube.com/watch?v=iz4lAmRfp3A PARTE II https://www.youtube.com/watch?v=WtxcNlWeTtc Ø Cricotireoidostomia e Traqueostomia: https://www.youtube.com/watch?v=tn-MC6TbwVs
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