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Marianny Camille – MED 14 MC – 2021.2 INTERPRETAÇÃO - A interpretação dos resultados do ensaio clínico randomizado (ECR) depende de erros e vieses; - Não precisamos ler o artigo do início ao fim: apenas metodologia e resultados; Mais importante dos resultados: características gerais da população e resultados primários ASPECTOS NA AVALIAÇÃO - 3 etapas: validade (se o resultado é verdadeiro), relevância (a relação associada é forte/bom o suficiente?) e aplicabilidade (os resultados podem ser usados na prática, no seu paciente?). - Todo ECR deve ser analisado com essas 3 etapas respectivamente. - Discussões de aplicabilidade: exige conhecimento clínico e epidemiológico (não cobrado em avaliação). VALIDADE OU VERACIDADE - Dizemos se o resultado é verdadeiro ou não a partir do acaso e viés; - Todo estudo pode ter erro sistemático (vieses) ou aleatórios (acaso); Os sistemáticos são corrigidos na metodologia: devemos ler para observar se o pesquisador corrigiu os vieses Os aleatórios são analisados pelo valor de P CHECKLIST – VALIDADE DO ESTUDOS 1. Qual o objetivo/desfecho primário? a. Dependendo do tipo de objetivo, interfere se o estudo foi aberto, cego... b. Desfechos i. Primários: motivador da pesquisa interfere na separação da amostra, por exemplo; ii. Secundários: desfechos estudados a mais, mas que não tivemos análise amostral, por exemplo, foi integrado ao estudo Não tem capacidade estatística para determinar se teve vieses ou acaso (erros sistemáticos e aleatórios). Por isso, a conclusão do autor só pode concluir em cima do objetivo primário. Deve ser uma resposta ao objetivo primário. iii. Simples ou combinado – primário ou secundário Simples: de apenas um item, único outcome; Combinado: vários desfechos associados (há cálculo de tamanho amostral pra cada um). EXEMPLO 1 Qual o desfecho primário? Mortalidade Qual o tipo do desfecho? Simples Quais os desfechos secundários? Infarto do miocárdio, AVC, amputação de membro e diálise 5 Estudos sobre terapia - ECR Marianny Camille – MED 14 MC – 2021.2 EXEMPLO 2 SMILE STUDY: Impact of one stage compared with multistaged percutaneous complete coronary revascularIzation on clinical outcome in multivessel NSTEMI patients Qual o desfecho primário (MACCE)? Eventos cerebrovasculares maiores como morte cardíaca e não cardíaca, reinfarto, re-hospitalização por insuficiência coronária, nova cirurgia ou AVC em 1 ano Qual o tipo de desfecho? Combinado Quais os desfechos secundários? Hemorragia 2. Há efeito de confusão influenciando o resultado? a. Para afastar os fatores de confusão é necessário randomizar os grupos; b. Como analisar a randomização? i. Avaliamos se os grupos são iguais através da tabela de características gerais; ii. Estatisticamente as diferenças são avaliadas pelo valor de P (probabilidade do acaso). Quanto maior o P, significa que temos maior acaso associado, e os grupos possui maior semelhança, mas são distintos estatisticamente Na tabela de características gerais, precisamos encontrar valor de P maior que 0,05. Se eu busco igualdade entre os grupos, meu P deve ser alto, porque indica maior acaso entre os grupos e, portanto, igualdade. Se eu busco diferença entre os grupos, meu P deve ser menor que 5% porque indicaria menor acaso e, portanto, maior chance de serem diferentes - Quando o valor de p é maior que 5%, pode haver diferença matemática entre os grupos, mas como foram selecionados ao acaso, essa diferença é desconsiderada, portanto, temos igualdade estatística. - Nos resultados, o p deve ser menor que 5%, porque temos que garantir que os valores encontrados são próprios de cada grupo, diferentes estatisticamente, e que não foram escolhidos ao acaso. EXEMPLO 3 – TABELA DE CARACTERÍSTICAS Nesse caso todos os valores são maiores que 5%, portanto, os grupos estudados são iguais. Marianny Camille – MED 14 MC – 2021.2 EXEMPLO 4 – TABELA DE CARACTERÍSTICAS 2 Os valores de P também são maiores que 0,05 e por isso os grupos estudados também são considerados iguais. DESENHO DO ESTUDO - Quanto maior o tamanho da amostra, mais a randomização deixa os grupos semelhantes; - Grandes estudos estão dentro de mais de 1.000 pacientes. - No estudo intervencionista que randomizamos, temos zero efeito de confusão associado não há pareamento. 3. Há viés de mensuração? a. Olhamos a qualidade do desfecho (passo 1), se teve grupo controle (PICO TT) e se foi um estudo truncado i. Qualidade do desfecho Simples ou composto: já vimos Objetivo: “desfecho duro”, mais fácil de medir, mais direto, não são interferidos pela interpretação do observador e critérios bem definidos; a. O estudo pode ser aberto Subjetivo: depende da análise do interpretador, sendo mais difícil de medir e passível de interferência pelo placebo a. O estudo subjetivo precisa ter cegamento ii. Estudo truncado Autor encerra o estudo antes do tempo pois já encontrou o efeito desejado ou porque o comitê de ética resolveu intervir e pediu para que o estudo seja encerrado. EXEMPLO 5 – ESTUDO TRUNCADO - Não é truncado: “not stopped prematurely” 4. Há viés de tratamento? a. Análise por intenção de tratar: doentes são comparados independentemente de terem recebido ou não tratamento análise no grupo em que foram analisados. - Por intenção de tratar: “intention-to-treat” b. Per protocol: apenas os pacientes que completam o tratamento para o grupo em que ele terminou efetivamente são contados no resultado final i. Interfere na randomização pior qualidade associada c. Cross-over: troca de pacientes para outro grupo (deve estar ser menor que 10-20%) Marianny Camille – MED 14 MC – 2021.2 5. O resultado ocorre ao acaso? a. Análise a partir do valor de P b. Valor de P não tem a ver com significado clínico, apenas estatístico; EXEMPLO 6 - Estudo: Efeito da espirolactona na morbidade e mortalidade em pacientes com insuficiência cardíaca - Há diferença no uso de espirolactona na morbidade desses pacientes; Quando o estudo for negativo, é necessário analisar se é negativo mesmo (erro do tipo 2) Será que não é por causa do tamanho amostral, por exemplo Se o poder do estudo for maior que 80%, a diferença no objetivo primário não foi encontrada porque ela não existe EXEMPLO 7 – PODER DO ESTUDO Grupos iguais na prevalência de infarto Como saber se foram iguais mesmo? No “power” do estudo, que nesse caso foi de 80% RELEVÂNCIA - Só analisamos em estudos positivos; - Os parâmetros são: benefício clínico e magnitude; BENEFÍCIO CLÍNICO Qualidade do estudo o Desfecho duro: É a própria doença ou o resultado (morte, AVC, cegueira, fratura...). É o que a terapêutica se propõe a tratar Só trocamos o tratamento quando reduz o desfecho é duro (questão de prova! – saber a tabela abaixo!!) o Desfecho intermediário ou substituto: São as medidas fisiológicas, medidas nos exames laboratoriais Mais fáceis de medir e mais barato, então os estudos acabam sendo liberados mais rápidos Desvantagem: desconsidera a complexidade do corpo humano o Exemplo: Hipertensão é o desfecho duro e o valor de pressão arterial de 140/90mmHg é o desfecho substituto. Se temos uma nova droga disponível para o tratamento, só mudamos ele se reduzir a mortalidade pela hipertensão, por exemplo, e não reduzir a pressão pra 13/8. EXEMPLO 8 – BENEFÍCIO CLÍNICO - Avalia se a Olmesartana diminui a proteinúria e a mortalidade associada Marianny Camille – MED 14 MC – 2021.2 - Indica melhor controle na pressão; - Pessoas que tomaram morreram mais não há associação do desfecho substituto com o clínico MAGNITUDE - Cálculo de NNT (redução absoluta do risco) necessário saber RAR, RR, RRR ou eficácia EXEMPLO 9 – MAGNITUDE Situação: após o tratamento, só 4 pessoas morreram das que já iam morrem (bolinhas vermelhas) - RAR: prevalência do desfecho primário/mortalidade – incidência do desfecho primário/mortalidade do outro RAR = 4% - Risco relativo - Eficácia: redução relativo do risco RRR = 1 – RR (risco relativo) - NNT: número de pacientes necessário de serem tratados pra prevenir o desfecho. O ideal é 1 (trato um, salvo um) Impacto é determinado pela literatura Marianny Camille – MED 14 MC – 2021.2 RESUMO
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