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Sistema de suporte em prótese parciais removíveis Aula 8 — Prótese parcial removível Sistema de suporte O que é O sistema de suporte é o conjunto de sistemas mecânicos e biológicos que vão receber a força mastigatória. Os componentes mecânicos vão transmitir essa força mastigatória para os componentes biológicos que vão neutraliza-las. Componentes do sistema de suporte Componentes mecânicos ● Apoios ● Sela — Funciona através da transmissão de forças e preenchimento (preencher onde tem espaço edêntulo) Componentes biológicos ● Rebordo residual (fibromucosa) ● Dentes pilares Componentes biológicos — Dentes pilares Conceito: Dente remanescente proposto como elemento biológico de suporte, estabilização e retenção da PPR — tem a função de transmitir a força mastigatória para o osso alveolar. Se for uma prótese dento-suportada somente os dentes transmitem a força, e se for dento-muco-suportada vai ser dente e fibromucosa no rebordo alveolar edêntulo. Características para elegibilidade O que precisa ser analisado em um dente para garantir que ele tenha características de um dente pilar? Precisa ser feito exame clínico, radiográfico e modelo de estudo. ● Exame clínico ● Exame radiográfico ● Modelos de estudo Estudo do dente pilar Na análise de coroas e raízes devemos avalia-los quanto as suas reais qualidades de retenção, estabilidade e principalmente de suporte Determinantes da seleção dos dentes pilares 1) Condição de suporte ósseo e periodontal 2) Condição de mobilidade dental 3) Condição de integridade de superfícies 4) Condição de número e distribuição 1) Condição de suporte ósseo e periodontal: Através do exame radiográfico devemos verificar o quanto de inserção óssea tem aquele dente. Logo, precisamos analisar: ● Integridade dos tecidos circunjacentes à raiz (osso e periodonto): Ver se o dente está bem implantado no osso alveolar. Mas, se ele está com espessamento do ligamento geralmente isso se deve a algum contato prematuro, problema oclusal, problema endodôntico ou periodontal. Portanto, precisamos descobrir o problema que o dente tem para tratar, e eleger esse dente como pilar. ● Relação coroa/raiz: É considerado como coroa tudo que vai da crista óssea até a ponta de cúspide, ou seja, tudo que está para fora do nível ósseo. E tudo que está da crista alveolar até o ápice da raiz é considerado como raiz. Então, para ser pilar de uma PPR o ideal é que o dente tenha 2/3 de inserção óssea para 1/3 de coroa, pois vai receber uma sobrecarga. É aceitável até 1/2 de coroa para 1/2 de raiz. Quando uma PPR é dento-suportada toda a carga mastigatória que vai ser gerada nos dentes artificiais vai para osso via dente pelo ligamento periodontal, então tem um único tipo de suporte. Quando tem uma PPR dento-muco-suportada a fibromucosa tende a ser mais flexível que o periodonto 20 vezes, então na hora que o paciente morde a prótese vai fletir e impor cargas laterais aos pilares, então se tem um pilar ruim não deve ser indicado como pilar, mas se a prótese é dento-suportada eu posso usar esse pilar, porque vai espalhar todo essa carga em outros dentes que estão bons, não havendo movimentação. ● Presença de tratamento endodôntico: Pode ser usado como pilar desde que não tenha nenhuma lesão apical e o tratamento tenha sido bem executado. Se o dente tem problema endodôntico antes dele ser um pilar ele precisa ser bem tratado. ● Número e forma das raízes ● Dentes inclinados 2) Condição de mobilidade dental ● Relação coroa/raiz ruim ● Alta mobilidade (radiografia da raiz alargada) 3) Condição de integridade de superfície coronária A condição da integridade da superfície coronária não é contraindicação de PPRG, pois podemos melhorar esses parâmetros e utilizar aquele dente como pilar. Mas, alguns parâmetros de integridade da superfície coronária são analisados no dente para elegê-lo como pilar, sendo eles: ● Integridade da coroa ● Forma da coroa ● Tamanho da coroa ● Dente extruídos ● Dentes que não atingiram o plano oclusal 4) Condição de número e distribuição Estabelece o número, a extensão e a localização dos espaços protéticos. E, determina quais dentes serão selecionados como pilares. Condição de distribuição dos dentes no arco ● Puntiforme: É quando só tem um dente na arcada capaz de ser usado como pilar para uma PPR. Essa distribuição não vai ser boa para o dente, pois ao fazermos uma prótese total que tenha um buraco para passar o dente iremos perder o vedamento da prótese e ela irá cair, então isso está contraindicado. Ademais, se fizermos uma PPR com um grampo nesse único dente iremos gerar sobre o dente diversos vetores de instabilidade, o paciente vai morder e em pouco tempo o dente vai ser extraído. Logo, o prognóstico para um único dente na arcada é a extração. ● Linear: É quando tem dois ou mais dentes na arcada que podem ser eleitos como pilares e estão distribuídos de um único lado da arcada ou bilateralmente. Esses dentes podem promover retenção e estabilidade para a prótese. O prognóstico não é tão bom, mas é melhor que um único dente. O que se pode fazer é tratamento endodôntico e unir as raízes com uma barra, fazendo uma retenção interna, distribuindo melhor as cargas. Não seria uma PPR mais indicada para esse caso. ● Superficial: É quando tem três ou mais dentes presentes \asxdna arcada e que fazendo uma união com linhas imaginárias forma figuras poligonais variadas. Quando essa figura envolve todos os espaços protéticos temos retenção, estabilidade e suporte. Existem duas teorias que explicam porque a distribuição superficial é a melhor: Teoria do polígono de Roy: Roy foi um periodontista que escreveu em 1930 esse artigo que é utilizado em prótese até hoje. Ele observou que os dentes tem movimentação vestíbulo-lingual, e analisou que na arcada existem 5 planos de movimentação: 1. Plano incisal; 2. Plano canino direito; 3. Plano canino esquerdo; 4. Plano de premolares e molares direitos 5. Plano de premolares e molares esquerdos. Ele queria tratar a movimentação dental devido a problemas periodontais, se ele esplintar esses dentes unindo os planos de movimentação diferentes a tendência de um dente se deslocar é anulada devido às forças que acabam se anulando, proporcionando maior longevidade ao dente com doença periodontal, e isso nós usamos em prótese. Quando se faz uma PPR e vamos submeter aquele dente a uma carga, e sabemos que vamos tender a fazer movimentação rotacional, iremos pegar dentes que tenham planos de movimentação diferentes e tentar neutralizar as cargas. Logo, uma PPR estável deve ter seus pilares em pelo menos 2 planos de movimento atuando em conjunto para neutralizar as forças exercidas sobre a prótese em outras direções. Teoria do polígono de Graber ou dos Apoios: Foi uma teoria escrita em 1960 baseada na análise da figura geométrica formada por retas imaginárias que unem os pilares entre si . Então, se escolhemos os pilares e os uni-los entre si, a figura formada vai dar uma análise quantitativa e qualitativa dos fenômenos de neutralização das cargas que vão atuar sobre a PPR. Em termos quantitativos, por exemplo, ao escolhermos como pilar um molar, um canino e outro canino, Graber diz que quanto maior a área do polígono formado pelas retas que unem os pilares entre si maior serão as condições de suporte, estabilização e retenção da prótese, o ideal é escolher dentes os mais distantes entre si para ter uma maior área, vai neutralizar melhor. Em termos qualitativos toda vez que a figura geométrica tiver dentes artificiais fora da área poligonal temos as próteses dento-muco-suportada, toda vez que os dentes artificiais estiverem dentro da área poligonal temos as próteses dento-suportada, sendo essas mais estáveis, pois possuem um único tipo de suporte. Segundo Graber é mais importante a distribuição dos dentes na arcada do que o número de dentes presentes na arcada, porque dependendo se a prótese for dento-suportada ou dento-muco- suportada, a dento-suportada consegue ser mais estável mesmo tendo menos quantidades de dentes naarcada. Análise de rebordo Vias de transmissão de força ➔ Força de compressão: Força de compressão gera reabsorção, o qual é produzida pela sela na prótese dento–muco–suportada. ➔ Força tracionamento: Quando temos uma prótese dento–suportada os dentes vão transmitir a força mastigatória através das fibras do ligamento periodontal, essa força não é uma força de compressão, é uma força de tracionamento. Então, onde temos dente transmitindo essa força para o rebordo alveolar vai ter preservação óssea. O apoio fica localizado na região oclusal e transfere a força mastigatória para o dente. A sela vai transferir a força mastigatória para a fibromucosa. A sela pode ter funções diferentes: de preenchimento (dento-suportada) ou transmissão de força compressiva (dento-muco-suportada). ● Prótese dento-suportada: Quando a prótese é dento–suportada quem está transmitindo a força mastigatória para o osso adjacente pelo periodonto é o apoio, o qual transmite a força para o dente. O ligamento periodontal recebe essa força de tracionamento, o que garante a preservação dessa unidade dentária não causando injúria. A sela na prótese dento–suportada tem função somente de preenchimento, pois não está transmitindo nenhuma força para o osso, está só ocupando espaço e servindo para o dente artificial ficar em cima. Ou seja, a sela nem sempre tem função de transmissão de força. ● Prótese dento-muco-suportada: Quando a prótese é dento–muco–suportada o dente também transmite as forças para o ligamento periodontal, que recebe essa força de tracionamento sobre o osso alveolar preservando a unidade dentária. Ademais, a sela transmite a força compressiva para a fibromucosa que contribuem para acelerar a reabsorção fisiológica. Diferença de resiliência A fibromucosa tem uma resiliência (ir e voltar para o seu espaço original) muito maior que o ligamento periodontal. Logo, a elasticidade das fibras do ligamento periodontal diferem da compressibilidade da fibromucosa do rebordo residual. Quando não controlamos a resiliência iremos contribuir com a mobilidade do dente pilar causando injúrias. Planejamento e execução das próteses dentomucossuportadas ● O grau de resiliência apresentado pela fibromucosa de revestimento; ● As variações morfológicas apresentadas pelo rebordo residual. Rebordo residual É formado pela fibromucosa e tecido ósseo alveolar (parte compacta + esponja alveolar) e é o resultado da cicatrização do processo alveolar após a perda dos dentes e preenchimento do alvéolo com um tipo especial de esponja óssea e da cicatrização final da fibromucosa. Dentro do nosso rebordo temos a região principal de suporte e a região secundária de suporte. Classificação da fibromucosa ● Dura: É uma fibromucosa fibrosa e densa, apresentando pequena alteração de volume quando submetida à ação de forças compressivas, ou seja, ela não se modifica tanto quando mastigamos. Tem prognóstico bom por ser dura e ter uma movimentação menor em relação aos outros tipos de fibromucosa, causando então menos injúrias ao nosso dente pilar (chegando a ser bem-parecido com o ligamento periodontal). ● Compressível: É menos fibrosa e densa que a do tipo anterior. Apresenta uma alteração de volume um pouco mais acentuada que a fibromucosa que caracteriza o rebordo residual duro. Tem prognóstico bom. ● Flácida: É a menos fibrosa e consistente que o tipo compressível e, portanto, possui maior facilidade de sofrer alteração de volume quando submetida a ação de forças compressivas. Sendo o pior prognóstico. Análise do rebordo residual A análise do rebordo residual é realizada em dois sentidos: no vestíbulo-lingual e mésio-distal. 1. No sentido vestíbulo-lingual, o rebordo pode ser de vários formatos dependendo da cicatrização após a extração: Normal: Apresenta uma seção transversal do rebordo residual na forma de triângulo equilátero, ou seja, tem três partes iguais. O rebordo normal apresenta boa altura e largura da área de suporte. A situação é considerada ótima para confecção de PPR de extremidade livre. O prognóstico é bom, isso porque existe uma harmonia entre a zona principal de suporte e a zona secundária de suporte, e reabsorção de toda carga mastigatória. Alto: É um triângulo isósceles, no qual a base do rebordo residual forma o lado menor da figura poligonal. O prognóstico é favorável, mas é pior em questão de transmissão de forças quando comparado ao rebordo residual normal. Reabsorvido: A seção transversal é um triângulo isósceles, só que o lado maior da figura poligonal é a base do rebordo residual. Tem zona principal de suporte bastante ampla e zona secundária de suporte reduzida. No caso de confecção de PPR haverá muita movimentação lateral da prótese, se deslocando com muita facilidade. Estrangulado: Apresenta uma região de rebordo residual estrangulada situada intermediariamente entre a base e o ápice. O prognóstico não é favorável e, quando o osso do rebordo residual apresenta essa configuração uma cirurgia para remodelação está indicada, que significa desgastar em cima, de um lado e do outro, para transformar num triângulo, pois não tem como o material rígido da PPR entrar em contato com a região estrangulada. Lâmina de faca: Apresenta uma secção transversal do rebordo residual em triângulo com o ápice bastante agudo. Cada vez que o paciente morder em cima desse rebordo ele vai sentir dor, porque tem uma espícula óssea e uma prótese de resina dura esmagando a mucosa. Esse prognóstico é ruim. A solução é a remodelação ósseo-cirúrgico para modificar essa condição anatômica e ser uma maior área principal de suporte. Essa cirurgia é chamada de cirurgia pré-protética. ● No sentido mésio – distal: Horizontal: A região principal de suporte do rebordo residual é paralela ao plano oclusal estabelecendo estabilidade para os dentes artificiais da prótese. O prognóstico é bom, tendo só um vetor de transmissão das forças (p/baixo) devido ao plano oclusal ser reto. Descendente distal: A região principal de suporte do rebordo residual e o plano oclusal funcional dos dentes artificiais são convergentes para mesial. O prognóstico é ruim, porque a força de mastigação sobre o espaço edêntulo irá gerar uma força decomposta em dois vetores: um vetor para baixo e para o lado distal PUXA. Isso faz com que a sela seja arrastada para distal, e como ela está presa ao dente pilar a sela levará o dente pilar junto para a distal. Ascendente distal: A linha do perfil da crista alveolar ascende posteriormente em relação à face distal do dente vizinho ao extremo livre — o plano oclusal dos dentes artificiais são convergentes para distal. Então, as forças transmitidas pela sela ao rebordo residual tendem a impulsionar a prótese contra os dentes pilares (vetor p/baixo; e p/mesial PUXA) e o dente se tiver saudável consegue absorver essa carga. O prognóstico não é desfavorável desde que a PPR seja bem planejada. Côncavo: No rebordo côncavo, a linha do perfil da crista alveolar em relação à face distal no dente vizinho ao extremo livre desce para distal e depois ascende. O prognóstico no rebordo côncavo é, portanto, o mais desfavorável pois durante a função, a base da PPR é submetida a forças ora com sentido mesial ora distal AMBOS PUXAM, o que leva ao comprometimento do periodonto de sustentação dos dentes pilares diretos e instabilidade da prótese.