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Sarcopenia

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–
 
Sarcopenia
O processo de envelhecimento é acompanhado 
por várias modificações na composição corporal 
do indivíduo. Entre essas alterações, a diminuição 
da massa muscular é a de maior importância 
clínica e funcional. 
A palavra provém do grego sarx (carne) 
+ penia (perda). Desde então, o conceito de 
sarcopenia tem sido modificado à medida que 
novos conhecimentos sobre o tema são 
publicados. O conceito atual define sarcopenia 
como não apenas o processo de perda de massa 
muscular relacionada com o envelhecimento, mas 
também inclui a perda da força e da função 
muscular. 
A perda de massa muscular que ocorre durante o 
processo de envelhecimento não deve ser 
encarada como um problema que se inicia 
somente quando o indivíduo alcança a faixa etária 
avançada. 
Além disso, indivíduos com picos de massa 
muscular mais baixos na fase jovem têm maior 
probabilidade de apresentar sarcopenia, 
fragilidade e incapacidade à medida que a idade 
avança. 
O pico de massa muscular em indivíduo saudável 
ocorre por volta dos 25 anos de idade. Assim como 
a força, a massa muscular é praticamente mantida 
entre os 25 e 50 anos, com redução de apenas 5% 
no número de fibras musculares e cerca de 10% no 
tamanho das fibras. Contudo, é entre os 50 e os 80 
anos de idade que ocorre a maior perda da massa 
muscular. 
O número de fibras sofre redução de 35%, 
enquanto o tamanho das fibras é reduzido em 
cerca de 30%. É interessante notar que, ao 
contrário da redução do número de fibras que 
ocorre na mesma proporção entre as fibras de 
contração lenta (tipo I) e as fibras de contração 
rápida (tipo II), a diminuição do tamanho das fibras 
ocorre predominantemente entre as do tipo II. 
Diversos estudos têm demonstrado ainda que 
entre as de contração rápida, a do tipo IIB, é a que 
apresenta maior porcentagem de redução, tanto 
no número quanto no tamanho das fibras quando 
comparado à fibra tipo IIA. 
–
 
Sarcopenia é uma síndrome caracterizada por 
progressiva e generalizada perda de massa e 
função muscular com risco de eventos adversos 
como incapacidade física, perda da qualidade de 
vida e morte. A recomendação do EWGSOP é que 
se utilizem a diminuição da massa muscular e a 
diminuição da função muscular (força ou 
desempenho) como critérios para o diagnóstico da 
sarcopenia. 
A utilização do critério de avaliação da função 
muscular permite que o diagnóstico tenha maior 
valor clínico. Alguns autores têm argumentado 
que o termo “dinapenia” se encaixaria melhor 
para descrever a perda de força e função muscular 
associada ao envelhecimento, contudo o termo 
sarcopenia já é amplamente reconhecido e 
substituí-lo poderia causar mais confusão. 
Entre os principais fatores de risco estão a falta de 
atividade física, a baixa ingesta calórica e proteica, 
assim como modificações hormonais e alterações 
nos níveis de citocinas que ocorrem a partir do 
envelhecimento. Alterações no remodelamento 
do tecido muscular, perda de neurônios motores-
alfa, além de alterações no recrutamento de 
células musculares e apoptose são mecanismos 
que contribuem para a patogênese da sarcopenia. 
Fatores genéticos podem ter papel importante na 
explicação das diferenças entre força e 
desempenho muscular de cada indivíduo. 
- FALTA DE ATIVIDADE FÍSICA 
Em qualquer idade, trata-se de fator contribuinte 
importante na perda de massa e força muscular. 
Estudos realizados em pacientes que pararam de 
fazer atividade física por estarem restritos ao leito 
mostraram que a diminuição da força muscular 
ocorre antes da diminuição da massa muscular. 
Idosos que fazem pouca atividade física 
apresentam fraqueza muscular e, 
consequentemente, redução maior na capacidade 
de realizá-la, além de perderem de massa e força 
nos músculos. 
Atividades aeróbicas, como caminhar, correr, 
pedalar ou nadar, aumentam o consumo máximo 
de oxigênio, melhoram a adaptação 
neuromuscular e a função muscular e estão 
associadas à diminuição da morbidade e 
mortalidade nessa população. Exercícios 
aeróbicos não contribuem tanto para hipertrofia 
muscular quanto os exercícios resistidos, mas 
estimulam a síntese proteica e ativam células 
satélites. 
Um aspecto importante dos exercícios aeróbicos é 
que, ao reduzirem a massa gordurosa, incluindo a 
gordura intramiocelular (mioesteatose), 
melhoram a força muscular. Em contrapartida, 
massa muscular, força e qualidade muscular (força 
ajustada para massa muscular) melhoram 
significativamente com treinamento de exercícios 
resistidos, mesmo quando realizado por idosos 
frágeis. 
–
 
 
 
- BAIXA INGESTA CALÓRICA 
A taxa de síntese de proteína muscular sofre 
redução de aproximadamente 30% no idoso. 
Fatores nutricionais, doenças e inatividade são os 
principais fatores responsáveis por essa redução. 
Baixa ingesta calórica e proteica em pessoas idosas 
está associada ao desenvolvimento de fragilidade. 
Diversos mecanismos levam à diminuição da 
ingesta alimentar pelo idoso (anorexia do 
envelhecimento), como diminuição do apetite, 
redução da função de órgãos sensoriais como 
paladar e olfato, alteração na dentição e saciedade 
precoce (em decorrência do aumento da liberação 
de colecistocinina e elevação da leptina). 
A maioria dos estudos confirma que a ingesta 
proteica no idosos deve superar a quantidade 
recomendada para adultos jovens (0,8 g/kg/dia), 
para que se evite a perda de massa muscular. 
- MODIFICAÇÕES HORMONAIS 
Há evidências de que alterações hormonais 
relacionadas com o envelhecimento estão ligadas 
à perda de massa e força muscular. Insulina, 
estrógeno, testosterona, deidroepiandrosterona 
(DHEA), hormônio do crescimento (GH), fator de 
crescimento insulina-símile (IGF-1), vitamina D e 
paratormônio (PTH) estão envolvidos na 
etiopatogenia da sarcopenia. 
• INSULINA: 
A sarcopenia pode ser acompanhada por aumento 
progressivo da gordura corporal total e da gordura 
intramiocelular, as quais estão associadas a risco 
elevado de resistência à insulina. Embora estimule 
a síntese de proteína da musculatura esquelética, 
ainda não está claro se o efeito anabolizante da 
insulina é alterado com o envelhecimento. O 
aumento dos níveis de insulina após ingestão de 
–
 
glicose e aminoácidos resulta em menor taxa de 
síntese proteica quando comparados aos jovens. 
Além disso, a hiperinsulinemia pode estar 
associada à redução da função mitocondrial no 
idoso. 
• ESTRÓGENO: 
Estudos epidemiológicos sugerem que o 
estrógeno previne a perda de massa muscular, já 
que, com o seu declínio associado à idade, 
aumentam os níveis de citocinas pró-inflamatórias 
(fator de necrose tumoral [TNF-α] e interleucina 6 
[IL-6]) envolvidas no processo da sarcopenia. 
Contudo, nenhum dos ensaios clínicos recentes 
relatou aumento da massa muscular após terapia 
de reposição hormonal (Rolland et al., 2008). 
Efeitos do estrógeno na força e função muscular 
também são controversos. Além disso, estrógeno 
associado a exercícios resistidos não produziu 
efeito de aumento da massa ou força muscular nos 
trabalhos publicados até o momento. 
• GH E IGF-1: 
Tanto o GH quanto o IGF-1 declinam com a idade 
e estão entre os prováveis contribuintes para o 
desenvolvimento da sarcopenia. Reposição de GH 
diminui a gordura corporal, aumenta a massa 
magra e melhora o perfil lipídico. O IGF-1 ativa a 
proliferação e a diferenciação de células satélites, 
além de aumentar a síntese de proteína nas fibras 
existentes. Estudos apresentam resultados 
controversos quanto ao efeito de aumento na 
força muscular. 
A maioria dos estudos com GH ou IGF-1 utilizou 
métodos como a densitometria e a bioimpedância 
para avaliar massa muscular, porém esses 
métodos não conseguem diferenciar os 
componentes aquoso (edema) e não aquoso da 
massa muscular. 
• TESTOSTERONA 
Os níveis de testosterona declinam lentamente no 
homem idoso a uma taxa de 1% ao ano. Estudos 
epidemiológicos sugerem uma relação entre 
baixos níveis de testosteronano idoso e perda de 
massa, de força e de função muscular. A 
testosterona provoca aumento no número de 
células satélites musculares. Quando indicada 
para indivíduos hipogonádicos ou para idosos com 
baixos níveis séricos de testosterona, ela aumenta 
a massa, a força muscular e a síntese proteica. 
• DEIDROEPIANDROSTERONA 
Os níveis de DHEA, outro hormônio esteroide 
anabolizante, diminuem consideravelmente com a 
idade. Apesar de evidências mostrando que a 
suplementação de DHEA resulte em aumento nos 
níveis de testosterona na mulher e em aumento 
de IGF-1 no homem, poucos estudos relatam 
efeito positivo na massa e na força muscular. 
• VITAMINA D E PARATORMÔNIO: 
Os níveis de 25(OH) vitamina D diminuem com a 
idade. Estudo epidemiológico recente evidenciou 
associação entre a sarcopenia e os baixos níveis de 
vitamina D, a qual exerce provável efeito no 
anabolismo muscular (Rolland et al., 2008). Baixos 
níveis séricos podem influenciar o turnover das 
proteínas musculares a partir da redução da 
secreção de insulina. Baixos níveis de vitamina D 
são frequentemente associados à elevação do 
PTH, porém estudos sugerem que o aumento do 
PTH é fator independentemente associado à 
sarcopenia e ao aumento no risco de quedas. O 
PTH pode modular a função muscular a partir do 
aumento do cálcio intracelular ou pela indução de 
uma via pró-inflamatória. 
- ELEVADOS NÍVEIS DE CITOCINAS 
O envelhecimento está associado a aumento 
gradual e crônico da produção de citocinas pró-
inflamatórias (IL-6, TNF-α). Há evidências de que o 
aumento da massa gordurosa e a diminuição nos 
níveis de hormônios sexuais circulantes 
decorrentes do envelhecimento colaborem para 
isso. A elevação de citocinas constitui um estímulo 
catabólico e pode estar relacionada com o 
aumento da quebra das proteínas das fibras 
musculares. Estudos longitudinais mostram 
associação entre altos níveis de TNF-α, IL-6 e 
proteína C reativa (PCR) e risco elevado para 
diminuição da força muscular (Rolland et al., 
2008). 
O aumento das citocinas estimula a ubiquitina 
protease, elevando a degradação de proteínas e, 
além disso, diminui a produção do fator de 
crescimento insulina-símile (IGF-1), o que constitui 
um desequilíbrio entre a síntese e a degradação de 
proteínas musculares. O TNF-α estimula a perda 
de massa muscular por meio da ativação da via 
apoptótica. 
 
–
 
- PERDA DA FUNÇÃO NEUROMUSCULAR 
A contribuição neurológica para a sarcopenia 
ocorre com a perda de neurônios motores-alfa. 
Esse declínio tem início após a sétima década de 
vida, com uma perda de cerca de 50% dos 
neurônios motores-alfa, o que afeta 
principalmente os membros inferiores. Os 
neurônios motores remanescentes aumentam o 
seu território de controle por meio da captura de 
fibras denervadas. No entanto, o aumento do 
tamanho das unidades motoras e a redução no 
número de neurônios-alfa e de unidades motoras 
resulta em declínio na ativação da coordenação 
muscular e diminuição da força muscular. Durante 
o envelhecimento, o número de células satélites e 
sua habilidade para recrutamento são reduzidos, 
com maior prejuízo para as fibras tipo II. As células 
satélites são precursoras miogênicas, as quais 
podem se diferenciar em novas fibras musculares 
ou novas células satélites caso sejam ativadas 
durante o processo de regeneração. 
- DISFUNÇÃO MITOCONDRIAL 
O papel da disfunção mitocondrial na sarcopenia é 
controverso. A função mitocondrial pode ser 
afetada pelo dano cumulativo ao DNA 
mitocondrial do músculo que é observado com o 
envelhecimento. Esse fato pode resultar em 
redução da taxa de síntese de proteína muscular e 
de trifosfato de adenosina (ATP) e, finalmente, na 
morte das fibras musculares e perda de massa 
muscular. Contudo, a falta de atividade física 
desempenharia papel fundamental no início do 
processo de disfunção mitocondrial. Alguns 
estudos evidenciam que o exercício físico pode 
atenuar esse processo. 
- APOPTOSE 
Mutações acumuladas no DNA mitocondrial do 
tecido muscular são associadas a apoptose 
acelerada dos miócitos, a qual pode ser a via de 
ligação entre a disfunção mitocondrial e a perda 
de massa muscular. Estudos recentes sugerem 
que as fibras tipo II são mais suscetíveis à morte 
pela via apoptótica. Duas vias apoptóticas têm 
sido descritas: a caspase-dependente e a caspase-
independente. Caspases são grupos de proteases 
com papel fundamental na apoptose e na morte 
celular programada. O processo de 
envelhecimento tem sido associado ao aumento 
dos níveis de várias caspases. Outros mecanismos 
– como estresse oxidativo, diminuição de fatores 
de crescimento e imobilidade – também podem 
resultar em apoptose pelas duas vias. 
- INFLUÊNCIA GENÉTICA 
Fatores genéticos são os principais fatores 
relacionados com a variabilidade da força 
muscular de um indivíduo. Estudos 
epidemiológicos genéticos sugerem que entre 36 
e 65% da força muscular individual, 57% do 
desempenho da atividade dos membros inferiores 
e 34% da habilidade para realizar atividades 
básicas de vida diária são explicados pela 
hereditariedade. Sarcopenia e baixo desempenho 
físico no idoso também estão associados a baixo 
peso ao nascimento em homens e mulheres, 
independentemente do peso e da estatura 
alcançados na idade adulta. Poucos estudos têm 
investigado genes relacionados com a força 
muscular. 
Na maioria dos casos é difícil identificar uma causa 
única como responsável pelo processo de 
sarcopenia. Contudo, classificá-la como primária 
ou secundária pode ser útil na prática clínica. 
A sarcopenia pode ser considerada primária 
quando não se encontra nenhuma causa 
identificável, além do próprio envelhecimento. É 
considerada secundária quando uma ou mais 
causas são evidentes. Em muitos idosos a causa é 
multifatorial, tornando muito difícil a classificação 
da sarcopenia em primária ou secundária. 
O estadiamento dessa enfermidade reflete a 
gravidade da condição. Essa informação pode ser 
útil na prática clínica, pois pode auxiliar na 
identificação precoce e no manejo preventivo e 
terapêutico da sarcopenia. O EWGSOP sugere três 
estágios para essa condição: pré-sarcopenia, 
sarcopenia e sarcopenia grave. A pré-sarcopenia é 
caracterizada por diminuição da massa muscular, 
sem impacto na força muscular ou no 
desempenho físico. Esse estágio pode ser 
identificado somente por técnicas de medidas 
precisas da massa muscular em comparação a 
uma população padrão. O estágio de sarcopenia é 
caracterizado por diminuição da massa muscular 
além de diminuição na força muscular ou no 
desempenho físico. A sarcopenia grave é 
–
 
identificada quando os três critérios estão 
presentes. 
Os parâmetros para identificação da sarcopenia 
são a quantidade de músculo e suas funções. As 
variáveis mensuráveis são a massa, a força e o 
desempenho físico. Serão apresentados a seguir 
métodos que podem ser utilizados nas medidas 
dessas variáveis e sua aplicabilidade na prática 
clínica e em pesquisas. 
- MASSA MUSCULAR: 
Diversos métodos podem ser utilizados para 
avaliar a massa muscular. Custo, disponibilidade e 
facilidade de uso podem determinar se os 
métodos são mais adequados para a prática clínica 
ou para pesquisa. 
• MÉTODOS DE IMAGEM CORPORAL: 
Tomografia computadorizada, ressonância 
magnética nuclear e densitometria de 
corpo inteiro são os três métodos de 
imagem utilizados para estimar massa 
muscular. A tomografia e a ressonância são 
métodos de muita precisão e são 
considerados padrão-ouro para estimativa 
da massa muscular em pesquisa. Custo 
elevado, baixa disponibilidade e 
preocupação em relação à radiação 
limitam a utilização desses métodos de 
imagem de corpo inteiro na rotina da 
prática clínica. A densitometria é um 
método alternativo atrativo para 
diferenciar gordura, músculo e osso tanto 
na prática clínica como em pesquisa. Tem 
custo mais baixo que os anteriores e ainda 
expõe o paciente a pouca radiação. 
• BIOIMPEDÂNCIA: A bioimpedânciaestima 
o volume de gordura e a massa muscular 
do indivíduo. O método tem custo mais 
baixo que os métodos de imagem corporal 
e tem, dentre outras características, o fato 
de ser um recurso portátil e de fácil 
manuseio, que pode ser utilizado em 
idosos ambulatoriais ou acamados. 
• ANTROPOMETRIA: Cálculos baseados na 
circunferência do braço e na espessura de 
dobras cutâneas têm sido utilizados para 
–
 
estimar a massa muscular em idosos 
ambulatoriais. 
- FORÇA MUSCULAR 
Há poucos métodos validados para se avaliar a 
força muscular. Embora os membros inferiores 
sejam mais relevantes que os membros superiores 
para marcha e atividade física, a força de preensão 
palmar tem sido amplamente utilizada e 
apresenta boa correlação com diminuição da força 
muscular de membros inferiores. Porém, é 
interessante lembrar que fatores não relacionados 
com a musculatura, tais como motivação e 
cognição, podem atrapalhar a avaliação correta da 
força muscular. 
• FORÇA DE PREENSÃO PALMAR: A força 
isométrica de preensão palmar é 
fortemente relacionada com a potência 
muscular dos membros inferiores, com a 
amplitude de extensão dos joelhos e com a 
área de secção transversal da musculatura 
da panturrilha. Força de preensão palmar 
diminuída é melhor marcador clínico de 
comprometimento da mobilidade do que 
baixa massa muscular. 
• FLEXÃO E EXTENSÃO DO JOELHO: A 
avaliação da força muscular por meio da 
flexão e extensão do joelho pode ser 
realizada por diversos equipamentos. 
Contudo, sua utilização na prática clínica é 
limitada, uma vez que são necessários 
equipamentos especiais de custo elevado. 
• PICO DE FLUXO RESPIRATÓRIO: Em idosos 
sem doença pulmonar, o pico de fluxo 
expiratório é determinado pela força dos 
músculos respiratórios. Apesar de ser um 
método de baixo custo, faltam estudos que 
o correlacionem com a sarcopenia. 
- DESEMPENHO FÍSICO: 
Diversos testes amplamente conhecidos podem 
ser utilizados para avaliar o desempenho físico, 
incluindo o Short Physical Performance 
Battery (SPPB), a velocidade da marcha, o Timed 
Up and Go Test (TUGT) e o Stair Climb Power 
Test (SCPT). 
• Short Physical Performance Battery 
(SPPB). O SPPB é um instrumento que 
avalia o desempenho físico por meio de 
testes de equilíbrio, velocidade da marcha, 
além de força e resistência dos membros 
inferiores. Avalia habilidades, como 
capacidade de permanecer com os pés 
juntos, lado a lado, com o calcâneo do pé 
da frente encostado no hálux do pé de trás, 
e com o calcâneo do pé da frente 
encostado em todos os dedos do pé de 
trás. 
• Velocidade da marcha. A velocidade da 
marcha faz parte do SPPB, mas pode ser 
utilizada como parâmetro isolado para 
avaliar desempenho físico, tanto em 
pesquisas quanto na prática clínica. Nesse 
teste, é medido o tempo, em segundos e 
milésimos de segundo, que o indivíduo 
leva para percorrer 3 ou 4 metros. 
 
• Timed Up and Go Test (TUGT). O TUGT, 
muito aplicado na avaliação geriátrica 
ampla, também pode ser utilizado como 
instrumento de medida do desempenho 
físico. O teste avalia o tempo que o 
indivíduo leva para se levantar de uma 
cadeira, andar 3 metros, retornar e sentar. 
• Stair Climb Power Test (SCPT). O SCPT tem 
sido proposto como medida clínica 
relevante de avaliação de potência 
muscular dos membros inferiores. O teste 
avalia o tempo que o indivíduo gasta para 
subir 6 lances de escadas de 12 degraus. 
–
 
Antes de iniciar a avaliação, o indivíduo é 
orientado a realizá-lo no menor tempo 
possível. 
A abordagem terapêutica atual da sarcopenia 
baseia-se em intervenções não farmacológicas e 
farmacológicas. Estudos sugerem que a 
sarcopenia seja uma causa potencialmente 
reversível de incapacidade e que pode haver 
benefícios caso as intervenções sejam realizadas, 
especialmente, nos estágios mais precoces. 
 
INTERVENÇÕES NÃO FARMACOLÓGICAS: 
Exercício físico e ingesta nutricional adequada são, 
atualmente, as intervenções mais efetivas para o 
tratamento da sarcopenia. 
- EXERCÍCIO: 
Exercício físico em qualquer faixa etária requer 
potência, força e resistência muscular. Potência é 
a capacidade de gerar força elevada no menor 
tempo possível, como a força necessária para um 
salto. Força, por outro lado, é a capacidade de 
gerar a maior força possível sem se preocupar com 
o tempo, como levantar um objeto pesado. 
Resistência é a energia gerada para manter o 
exercício físico. 
 
Apesar das dificuldades e limites para manter a 
musculatura do idoso, diversos esquemas de 
exercícios têm se mostrado eficazes para prevenir 
ou reverter aspectos da sarcopenia. O 
treinamento progressivo de exercícios resistidos 
em idosos melhora significativamente a força 
muscular, velocidade da marcha e habilidade para 
subir escadas. Para idosos obesos, a melhor 
estratégia para reduzir a limitação funcional e a 
resistência insulínica foi a combinação de 
exercícios resistidos e exercícios aeróbicos. 
 
Recomenda-se que os idosos iniciem o 
treinamento com exercícios resistidos de baixa 
velocidade (para força), 2 vezes/semana, em dias 
não consecutivos, por 4 semanas. Devem iniciar 
com 30 a 50% da carga de uma repetição máxima 
(RM), e progredir para 80% com dez a quinze 
repetições. Recomenda-se iniciar com uma série e 
então progredir até três séries, com um a três 
minutos de repouso entre elas. Deve-se iniciar os 
exercícios pelos grandes grupos musculares e 
depois trabalhar com os grupos menores. Em 
seguida, deve-se progredir para exercícios 
resistidos de alta velocidade (para potência), 2 
vezes/semana, em dias não consecutivos. Pode-se 
ainda inserir treinamento aeróbico nos dias em 
que não sejam realizados exercícios para força e 
potência muscular. 
 
É importante que os programas de treinamento 
para idosos iniciem-se com exercícios leves e que 
a progressão para os exercícios mais intensos seja 
feita lentamente, respeitando-se o limite de cada 
indivíduo 
–
 
- NUTRIÇÃO: 
Estudos recentes mostram que a falta de proteína 
em quantidade adequada na dieta e a falta de 
resposta anabólica a sua ingesta são mecanismos 
envolvidos na sarcopenia. 
 
A razão para a suplementação de proteína na dieta 
tem base na hipótese de que isso estimularia a 
síntese de proteína muscular. Estudos têm 
demonstrado que suplementação de quantidade 
moderada de aminoácidos essenciais estimula a 
síntese proteica em pessoas idosas. Alguns 
estudos não evidenciaram melhora do anabolismo 
proteico em idosos suplementados com 
aminoácidos não essenciais. 
 
Alimentos ricos em proteína, como a do soro do 
leite (rica em leucina) ou suplementos nutricionais 
por via oral podem ser um meio prático e de baixo 
custo para adicionar fornecimento de proteína. 
Atualmente, há grande discussão sobre qual seria 
a quantidade ideal de ingesta proteica para 
minimizar ou reverter o processo de sarcopenia. A 
maioria dos autores é unânime em dizer que a 
ingesta deve ser maior do que o 0,8 g/kg de peso 
por dia recomendado para os adultos. 
Atualmente, recomenda-se ingerir entre 1,2 e 1,5 
g/kg de peso por dia para prevenir e tratar a 
sarcopenia. 
É importante considerar não somente a 
quantidade de proteína ingerida, mas também o 
horário de consumo ao longo do dia. A distribuição 
igualitária da quantidade de proteína entre as três 
principais refeições (café da manhã, almoço e 
jantar) pode produzir síntese máxima de proteína 
e com isso, maior resposta anabólica. 
Diversos estudos mostram que fornecimento de 
suplemento nutricional enriquecido com 
aminoácidos essenciais pode melhorar massa, 
força e função muscular mesmo sem realização de 
exercícios. Contudo, os resultados são melhores 
quando os exercícios são combinados à 
suplementação nutricional comparado a ambos 
isoladamente. 
INTERVENÇÕES FARMACOLÓGICAS: 
- TESTOSTERONA 
Cerca de 20% dos homens acima dos 60 anos de 
idade e 50% dos homens acima dos 80 anos de 
idade são considerados hipogonádicosutilizando-
se como critério níveis de testosterona total dois 
desvios padrão abaixo da média para adultos 
jovens saudáveis. Diversos estudos com reposição 
de testosterona em idosos saudáveis mostram que 
há pequeno aumento da massa muscular, porém, 
muitos deles não evidenciam melhora na força 
muscular. 
 
A testosterona aumenta a massa e a força 
muscular por meio de estímulo na produção de 
células satélites, assim como na síntese de 
proteína muscular. 
 
A reposição de testosterona pode ser realizada 
pelas vias transdérmica ou injetável. O gel de 
propionato de testosterona a 1% é utilizado na 
dose de 5 g por dia, enquanto o undecanoato de 
testosterona 1.000 mg administrado 
–
 
trimestralmente é injetável, com maior 
comodidade posológica e com menos efeitos 
adversos quando comparado às aplicações de 
cipionato e enantato de testosterona a cada 2 ou 
3 semanas. 
- DEIDROEPIANDROSTERONA 
Os níveis de DHEA sofrem declínio com o 
envelhecimento. Baixos níveis de DHEA foram 
associados à diminuição da massa e da força 
muscular, no entanto, até o presente momento, os 
estudos com reposição de DHEA, na dose de 50 a 
100 mg/dia, tanto em homens quanto em 
mulheres idosas falharam em mostrar aumento da 
massa e da força muscular. 
- NANDROLONA 
O decanoato de nandrolona é um esteroide 
anabolizante injetável, de baixo custo, disponível 
nas doses de 25 mg ou 50 mg por ampola. Estudo 
realizado com administração de 50 mg por via 
intramuscular, a cada 3 semanas, em mulheres 
idosas com osteoporose por período de 2 anos 
evidenciou, além de diminuição das fraturas, 
aumento da massa muscular. 
- ESTRÓGENO E TIBOLONA 
Revisão recente dos efeitos do uso de terapia de 
reposição estrogênica e da tibolona na 
composição corporal e na força muscular de 
mulheres pós-menopausa evidenciou aumento da 
força muscular, mas somente a tibolona (esteroide 
sintético com atividade estrogênica, androgênica 
e progestogênica) aumentou massa magra e 
diminuiu massa gordurosa. Entretanto, nenhum 
estudo confirmou esses benefícios na população 
idosa, não sendo recomendado atualmente no 
tratamento da sarcopenia. 
- HORMÔNIO DO CRESCIMENTO 
A reposição de GH aumenta massa e força 
muscular em indivíduos jovens com 
hipopituitarismo. Nos idosos, que 
frequentemente têm menores níveis séricos de 
GH, a maioria dos estudos mostra que 
suplementação do hormônio pode aumentar a 
massa muscular sem, no entanto, aumentar a 
força muscular. Porém, a suplementação de GH 
nessa população provocou maior frequência de 
efeitos adversos como edema, síndrome do túnel 
do carpo, artralgia e alterações glicêmicas. 
Atualmente, não há evidências suficientes para 
recomendar a terapia de suplementação de GH no 
tratamento da sarcopenia. 
- VITAMINA D 
Suplementação de 800 UI de vitamina D por dia 
reduz o risco de fratura de quadril e qualquer 
outra fratura não vertebral, além de diminuir o 
risco de quedas no idoso. O mecanismo 
responsável pode ser o aumento da força 
muscular. 
 
Reposição de vitamina D em idosos com baixos 
níveis séricos melhorou força muscular e 
desempenho físico em publicação que revisou 
diversos trabalhos que correlacionavam 
deficiência de vitamina D com manifestações da 
musculatura esquelética. 
 
O papel da vitamina D na prevenção da sarcopenia 
permanece incerto e a dose a ser reposta em 
pacientes com deficiência é muito variável. 
Entretanto, na prática as doses de reposição 
costumam ser muito maiores do que as 800 UI 
diárias utilizadas para reduzir risco de fratura e 
quedas no idoso. 
- CREATINA 
A suplementação com creatina pode aumentar a 
síntese de massa muscular em razão da elevação 
da creatina e fosfocreatina intramuscular, porém, 
poucos estudos com a população idosa mostram 
resultados conflitantes. Até o momento, não deve 
ser recomendada na prevenção ou no tratamento 
da sarcopenia. 
- ESTIMULADORES DO EIXO GH/IGF-1 
Estratégias alternativas para estimular o eixo 
GH/IGF-1, como a administração de hormônio 
liberador de GH (GHRH) e do complexo IGF-1 
associado à proteína ligadora (IGFBP-3) parecem 
promissoras. 
 
A proteína da família dos supressores de 
sinalização da citocina SOC-2 tem sido descrita 
como a principal moduladora da ação do GH. Essa 
proteína tem propriedade de inibir a produção de 
citocinas; portanto, estudar o sistema de 
proteínas SOC pode oferecer uma nova 
perspectiva na terapêutica da sarcopenia. 
 
REFERÊNCIA: TRATADO DE GERIATRIA

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