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Aula 04 - Nutrição Esportiva - Recursos ergogênicos e doping

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DESCRIÇÃO
Compreensão geral sobre a utilização lícita ou ilícita de recursos ergogênicos, com seus respectivos
conceitos, aplicações, protocolos e contraindicações para praticantes de atividades físicas e atletas.
PROPÓSITO
Discutir as bases gerais da suplementação de recursos ergogênicos de acordo com suas definições,
origens, estruturas, funcionalidades, riscos, benefícios e protocolos de utilização para prescrição
dietética/médica, no intuito de aprimorar o preparo ou a recuperação de indivíduos praticantes de
esportes.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Analisar conceitos e critérios sobre doping esportivo para prescrição de recursos ergogênicos segundo a
Legislação Nacional
MÓDULO 2
Identificar suplementos nutricionais de origem proteica com fins ergogênicos
MÓDULO 3
Examinar suplementos nutricionais estimulantes, termogênicos ou com finalidade de redução adiposa
INTRODUÇÃO
A indústria de suplementos alimentares e fitoterápicos cresce continuamente, uma vez que a busca por
soluções mais ágeis, que respondam aos anseios estéticos, esportivos ou clínicos, mantém demanda
crescente na sociedade. Contudo, ainda há extrema controvérsia sobre o consumo de diversos
produtos, seja por limitação nas evidências científicas, no público-alvo ou mesmo nos riscos potenciais.
Comumente, suplementos nutricionais ou outros agentes farmacológicos são denominados como
recursos ergogênicos, porque alguns ativos parecem melhorar a performance humana, seguindo
protocolo prescricional seguro e organizado.
Ampliadamente, é de profundo interesse da sociedade (acadêmica ou não) trazer luz sobre o que a
legislação vigente permite ou proíbe, bem como o que fontes científicas pujantes esclarecem sobre a
segurança, origem, estrutura, mecanismos de ação, efeitos (benéficos ou deletérios) e formas de
ingestão de diversos agentes ditos ergogênicos.
Sendo assim, neste conteúdo, vamos debater sobre o uso, por vezes, indiscriminado, de recursos
ergogênicos e suas consequências legais, esportivas ou envolvidas em fitness e wellness. A partir disso,
apontaremos critérios e métodos de prescrição dos suplementos nutricionais mais utilizados e buscados
pelo mercado.
MÓDULO 1
 Analisar conceitos e critérios sobre doping esportivo para prescrição de recursos
ergogênicos segundo a Legislação Nacional
RECURSOS ERGOGÊNICOS
Por definição, o termo ergogênese abarca o prefixo "ergo" (proveniente do grego ergon, com significado
de trabalho, emprego ou labor) e o sufixo "gênese" (que exprime ideia de desenvolvimento, síntese,
produção ou origem).
 
Foto: Shutterstock.com
Na conjuntura esportiva, ergogênese pode ser atribuído como uma técnica ou substância utilizada com
propósito de aprimorar o rendimento atlético, melhorando valências esportivas como velocidade,
potência, força, resistência ou hipertrofia muscular.
 ATENÇÃO
Nem todo agente ergogênico pode ser considerado seguro, lícito, justificado, legítimo ou legal. Existem
suplementos nutricionais, concentrados fitoterápicos, drogas e fármacos que podem apresentar potenciais
danos à saúde humana e/ou vantagens esportivas ilegais, tais como hormônios anabolizantes esteroides e
infusão sanguínea.
Nesse contexto, suplementos nutricionais podem, por vezes, ser tratados erroneamente como sinônimo
de recursos ergogênicos, uma vez que nem todos geram melhores condições de desempenho humano
metrificáveis ou asseguradas pela literatura. Antes do interesse prescricional de suplementos
nutricionais no esporte, é necessário compreender se o recurso será, de fato, ergogênico ou estratégico
em suas finalidades.
Outro ponto importante reside no fato de que diversos recursos podem ser classificados como
ergogênicos, mesmo não tendo classificação de componente nutricional, como, por exemplo: os
recursos ergogênicos farmacológicos, psicológicos, fisiológicos e mecânicos.
AGENTES ERGOGÊNICOS MECÂNICOS
Qualquer tipo de equipamento ou ferramenta utilizada durante o exercício com a finalidade de melhorar
valências esportivas pode ser considerado como agente ergogênico mecânico.
O uso de roupas de neoprene entre nadadores e surfistas, bastões de apoio para modalidades na neve,
sapatilhas entre velocistas e luvas entre levantadores de peso são alguns dos vários exemplos de
auxílio esportivo através de vestimentas ou materiais usados no exercício físico.
 
Foto: Shutterstock.com
É muito comum observar, por exemplo, melhoria de performance esportiva entre corredores que utilizam
roupas de compreensão no esporte. Isso porque esse tipo de vestimenta reduz consideravelmente o
nível de oscilação do deslocamento muscular em altas velocidades ou no movimento de explosão.
AGENTES ERGOGÊNICOS FARMACOLÓGICOS
O aumento do nível de exigência competitiva em esportes de elite costumeiramente leva atletas a
buscar quaisquer meios de melhorar seu rendimento e sobressair aos seus adversários. Nesse sentido,
o consumo de fármacos e drogas lícitas ou ilícitas cresce consideravelmente no intuito de ergogenia.
Dentre esses ativos químicos, os mais usados são:
HORMÔNIOS ESTEROIDES ANDROGÊNICOS ANABOLIZANTES
HORMÔNIO DO CRESCIMENTO (GH)
ANFETAMINAS
ERITROPOIETINA (EPO)
Adicionalmente, a procura por ergogênicos farmacológicos não é limitada (e crescente) apenas em
atletas profissionais: praticantes de atividades físicas de diferentes faixas etárias fazem parte de uma
grande fatia do mercado de uma indústria que já é considerada multimilionária.
 VOCÊ SABIA
Em um estudo realizado com 117 pessoas, entre estudantes e professores de Educação Física, em uma
amostragem de 43 academias de Belém/PA, foi constatado que aproximadamente 70% dos indivíduos
buscaram deliberadamente adquirir e consumir um ou mais hormônios anabolizantes. Nesse estudo,
conduzido por Abrahin et al. (2013), entre os participantes que confirmaram fazer uso de anabolizantes
androgênicos, as maiores justificativas foram condições dissociadas do esporte, como intuito estético (76%)
e/ou finalidades de marketing profissional pessoal (24%).
AGENTES ERGOGÊNICOS PSICOLÓGICOS
A sensação de bem-estar pessoal, em uma condição confortável e motivadora, pode ampliar a
capacidade atlética em indivíduos engajados em esporte. Alguns fatores psicológicos parecem melhorar
consistentemente o resultado esportivo, tais como a realização de treinos com estímulos sonoros ou
competir em ambientes agradáveis (como equipes de esportes coletivos que participam de partidas sob
seus domínios locais).
OUVIR MÚSICA TEM SIDO UMA ESTRATÉGIA
ERGOGÊNICA PSICOLÓGICA EFICAZ PARA REDUZIR
A PERCEPÇÃO DA FADIGA.
 
Foto: Shutterstock.com
Além disso, o indivíduo tenta sincronizar seus movimentos ao ritmo da música e, dessa forma, associa
as batidas por minuto da canção com sua velocidade, especialmente, em exercícios de ciclismo e
corrida.
AGENTES ERGOGÊNICOS FISIOLÓGICOS
A adaptação ou os métodos de treinamento no esporte são considerados recursos ergogênicos
fisiológicos, uma vez que a padronização de séries individualizadas e a execução de exercícios em
ambientes diversos − com variações de temperatura, umidade relativa do ar e altitude − geram
mudanças fisiológicas nos sistemas corporais, destacadamente nos sistemas muscular e cardiovascular.
A adaptação fisiológica induzida por condições ambientais é denominada de aclimatação. Em suma, a
aclimatação gera mudanças positivas que acabam melhorando o desempenho físico em médio prazo e
preservando mais o desgaste corporal inerente ao esporte, destacando-se:
Redução da frequência cardíaca submáxima.
Melhor controle da sudorese e da atividade hipotalâmica da temperatura central corporal.
Aumento do volume plasmático.
Diminuição da excreção eletrolítica, especialmente, do sódio.
Menor fluxo sanguíneo cutâneo.
Aumento da síntese de proteínas de choque térmico, fundamentais para responder frente ao
estresse fisiológico.
 
Foto: Shutterstock.com
A aclimatação, portanto, aperfeiçoa condições fisiológicas relacionadas ao treinamento, permitindo que o
indivíduotenha melhor desempenho atlético por limitar o excesso de atividade termorregulatória,
respiratória, metabólica, cardíaca e musculoesquelética.
 EXEMPLO
Quando indivíduos buscam altitudes consideradas relativamente acima do nível do mar para treinar (a partir
de 500m), a característica atmosférica de menor concentração de oxigênio disponível induz modificações
hematológicas, como maior síntese de eritropoietina e hemoglobina. Isso resulta, segundo Lancaster & Smart
(2012), em melhor capacidade aeróbica, consistindo em uma condição esportiva peculiar comumente
denominada de live low-train high (do inglês, "treine em altas e viva em baixas altitudes").
Outro bom exemplo pode ser observado na aclimatação de atletas em locais de temperaturas elevadas.
Após dias de aclimatação em ambientes quentes, são notáveis as melhorias no metabolismo energético,
na resistência à fadiga, na capacidade circulatória e no remodelamento da fibra muscular. A Imagem 1
ilustra como a exposição repetida ao calor pode aumentar a amplitude do pico de potência na contração
muscular após período adaptativo.
 
Imagem: Adaptado de Racinais & Périard, 2019, p. 166.
 Imagem 1: Aumento do pico do torque de contração do músculo plantar da região posterior da perna
de atletas após aclimatação ao calor.
Assim como a aclimatação, a periodização monitorada, programada e personalizada de treinamentos
pode ser agregada ao contexto de ergogênese esportiva fisiológica, pois incita alterações importantes
tanto no sistema musculoesquelético como em diversos outros tecidos.
 EXEMPLO
A execução de treinos de resistência muscular acarreta, dentre outras modificações, no aumento do volume e
da força de massa muscular esquelética, além do aumento do consumo de oxigênio e do gasto energético
em repouso.
AGENTES ERGOGÊNICOS NUTRICIONAIS
Usualmente, os agentes ergogênicos nutricionais são denominados de suplementos nutricionais ou
alimentares, e podem ser segmentados em diferentes classes, geralmente tipificadas de acordo com sua
estrutura e origem. A Quadro 1 apresenta os principais tipos de suplementos nutricionais consumidos
por indivíduos esportistas, apresentando exemplos e suas proposições:
Tipo de
suplemento
Exemplo de
composto
Suposto benefício
Carboidratos Maltodextrina
Oferta de carboidratos com intuito de contribuição de
preparação ou reposição de glicogênio muscular ou
manutenção de glicemia durante exercício.
Proteínas Ovoalbumina
Oferta de aminoácidos de alto valor biológico no pool
plasmático para reparação do dano muscular e funções
plásticas de síntese proteica muscular.
Lipídios
Triglicerídeos
de cadeia
média
Oferta energética substituta de lipídios de cadeia longa,
com propósito de melhor digestibilidade e efeito
termogênico.
Peptídeos L-carnosina
Prevenção e retardo de fadiga periférica por acidez
muscular precoce.
Aminoácidos L-glutamina Melhora da função imune.
Metabólitos
β-hidroxi-β-
metilbutirato
(HMB)
Estímulo à síntese proteica muscular.
Alcaloides Cafeína Aumento do estado de alerta e atividade lipolítica.
Tamponantes
Bicarbonato
de sódio
Prevenção e retardo de fadiga periférica por acidez
muscular precoce.
Vitaminas Vitamina C
Coadjuvante na absorção de nutrientes e agente de
recuperação imune e antioxidante.
Minerais Magnésio
Melhoria do controle e da capacidade contrátil muscular e
cardíaca. Aumento da capacidade antioxidante.
 Quadro 1: Principais classes de suplementos nutricionais com finalidades de desempenho esportivo,
com respectivos exemplos e expectativa de ação no organismo humano. 
Adaptado de: COSTA, A.; ROSADO, E.; LOPES, M., 2012.
Não obstante, a classificação de suplementos nutricionais esportivos pode ser de difícil organização,
uma vez que diversas classes de nutrientes podem ser combinadas e denominadas de acordo com a
função atribuída ao conjunto, tais como:
TERMOGÊNICOS E ESTIMULANTES
Podem ser compostos isolados ou combinados de cafeína com outros alcaloides, como sinefrina, por
exemplo.
PRÉ-TREINOS
Combinados de estimulantes, tamponantes, aminoácidos e peptídeos para excitar o sistema neural e
disponibilizar recursos energéticos, aminoacídicos e vasodilatadores previamente ao exercício.
RECUPERADORES
Combinados de proteínas e carboidratos para facilitar a recuperação nutricional esportiva plena, em
especial a ressíntese proteica, a reparação de fluidos, o ajuste antioxidante e a regeneração de
estoques de glicogênio muscular.
HIPERCALÓRICOS, REPOSITORES ENERGÉTICOS E
SUBSTITUTOS DE REFEIÇÕES
Combinados de macronutrientes para maior oferta energética para ganho de peso ou atendimento a
altas demandas energéticas esportivas.
Para que nutricionistas e médicos tenham predisposição em orientar o consumo de suplementos
nutricionais, alguns critérios de análise devem ser levados em consideração. O Quadro 2 elenca os
principais fundamentos que devem ser considerados para eventual prescrição ou descarte dos
suplementos nutricionais.
Densidade energética
Oferta quando não for possível atingir a demanda energética exclusivamente através do consumo
alimentar.
Impacto em necessidades nutricionais
Deficiências, insuficiências ou aumento da demanda de algum nutriente ou ativo específico
induzido pelo exercício e incapaz de ser oferecido adequadamente por matrizes alimentares.
Timing
Necessidade de oferta de nutrientes em curto espaço de tempo no preparo, na continuidade ou na
recuperação do exercício
Praticidade
A execução, o preparo, o deslocamento ou a qualidade de refeições dietéticas pode estar aquém
das necessidades do indivíduo.
Ergogênese e eficácia
Premissa de melhoria de rendimento esportivo mensurável e cientificamente validada
Qualidade e segurança
O isolamento de determinado ativo pode ser mais seguro para o indivíduo para ingestão
(intratreino, na maioria das vezes).
Custo x benefício
Mais vantajoso financeira ou estrategicamente substituir refeições.
 Quadro 2: Principais critérios consideráveis para prescrição qualitativa e acompanhamento da
suplementação nutricional esportiva. 
Adaptado de: Maughan et al. (2018)
PERFIL DO CONSUMO DE SUPLEMENTOS
NUTRICIONAIS NO PAÍS
A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD)
encomendou um estudo, em 2015, entrevistando 1007 pessoas com mais de 17 anos de idade. Esse
estudo demonstrou, entre diversos dados, que 53% dos brasileiros consomem algum tipo de suplemento
nutricional, com destaque para a busca de concentrados de ácidos graxos poli-insaturados Ômega 3 (na
forma de óleo de peixe em cápsula), aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA, do inglês Branched-
Chain Amino Acids), cálcio, óleo de fígado de bacalhau, goji berry, whey protein, polivitamínicos, fibras e
probióticos. Essa mesma pesquisa ainda apresenta outros dados bastante elucidativos sobre perfil de
aquisição, orientação e busca de suplementos no país, como, por exemplo:
SOBRE A INDICAÇÃO
60% dos entrevistados que consomem suplementos relataram que foram orientados por profissionais de
saúde. Destes, 29% eram médicos, 16% eram profissionais de Educação Física, 8% eram farmacêuticos
e somente 7% eram nutricionistas.
AS PRINCIPAIS RAZÕES
dentre os consumidores de suplementos, 86% buscaram produtos para benefícios à saúde, 57% com
propósito de melhoria de desempenho físico e 45% para finalidade exclusivamente estética,
especialmente para ganho de tecido muscular e/ou redução de massa gorda absoluta.
Em 2020, a própria ABIAD encomendou pesquisa para atualizar a ingestão dos suplementos
alimentares durante a pandemia do coronavírus (SARS-CoV2 ou COVID-19) no país. Dentre diversas
constatações, notou-se que:
 
Foto: Shutterstock.com
59% dos domicílios no Brasil possuem ao menos um tipo de suplemento alimentar.
48% dos consumidores de suplementos aumentaram sua ingestão durante a pandemia, visando
principalmente melhora de imunidade (91%).
70% dos indivíduos que passaram a ingerir suplementos durante a pandemiapretendem continuar
ingerindo definitivamente os novos produtos.
A grande variedade de suplementos nutricionais disponíveis no mercado − segmentados em tipificação
estrutural ou função proposta −, na maioria das vezes, falha significativamente em entregar suas
prerrogativas de ingestão. Os motivos para isso são diversos: qualidade do produto, eficácia do princípio
ativo, adoção de protocolos de consumo ou até mesmo devido a problemas de contaminação ou
manipulação.
Nesse sentido, o Ministério da Saúde brasileiro procura acompanhar os principais critérios técnico-
científicos e as normas de segurança através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no
interesse de permitir ou vedar a veiculação de suplementos nutricionais com ações que visam benefícios
à saúde ou o rendimento atlético.
 
Foto: Shutterstock.com
LEGISLAÇÃO DE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS
No mundo, algumas instituições são responsáveis por determinar regras para que as legislações
vigentes estabeleçam o grau de segurança do consumo de suplementos nutricionais.
 
Foto: Shutterstock.com
A Anvisa é o órgão regulador e centralizador de resoluções, portarias e decretos que determinam a
legalidade de veiculação e prescrição de recursos ergogênicos, incluindo suplementos alimentares,
princípios ativos e outros constituintes, através de produtos comercializados pelo mercado brasileiro.
Muitas das decisões da Anvisa referentes ao espectro de suplementos nutricionais esportivos
consideram pareceres técnico-científicos publicados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), pela
Agência Mundial Antidoping (Worldwide Anti-Doping Agency − WADA), pela Sociedade Brasileira de
Medicina do Exercício e do Esporte (SBME) e pela American College of Sports Medicine (ACSM).
Cronologicamente, a legislação brasileira que regula suplementos nutricionais, em geral, publicou as
seguintes portarias e resoluções especiais:
1998
Portaria no 32/98: Regulamento técnico para suplementos vitamínicos e/ou minerais.
1999
Resolução no 16/99: Regulamento técnico para novos alimentos, determinando produtos como óleo de
cártamo e óleo de prímula.
Resolução no 18/99: Regulamento técnico para alimentos com alegações de propriedades funcionais
e/ou de saúde, determinando produtos como óleo de peixe e carotenoides (licopeno, luteína e
zeaxantina).
2010
Resolução no 18/10: Regulamento técnico para alimentos para atletas, regulando potenciais recursos
ergogênicos.
2018
Resolução no 243/18: Dispõe sobre requisitos para composição, qualidade, segurança e rotulagem dos
suplementos alimentares e para atualização das listas de nutrientes, substâncias bioativas, enzimas e
probióticos, de limites de uso, de alegações e de rotulagem complementar desses produtos.
2020
Instrução Normativa no 76/20: Dispõe sobre a atualização das listas de constituintes, limites de uso,
alegações e rotulagem complementar dos suplementos alimentares.
SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS PARA ATLETAS
A resolução RDC no 18, de 27 de abril de 2010, dispõe sobre regulamento técnico aprovado
denominado “Alimento para atletas”, tipificando os seguintes itens subclassificáveis:
HIDROELETROLÍTICOS
O termo hidroeletrolítico provém da composição hídrica acompanhada de concentrações razoáveis de
eletrólitos ou elementos-traços, que nada mais são que micronutrientes que possuem carga elétrica.
São, portanto, íons, que, mesmo em baixas concentrações, apresentam potencial funcional significativo.
Dentre os principais eletrólitos, emergem: sódio (Na+), potássio (K+), magnésio (Mg2+), fosfato (PO3-) e
cloreto (Cl-). Os suplementos hidroeletrolíticos devem também ter conteúdo energético exclusivamente
proveniente de fontes de carboidratos que não sejam à base de amido ou poliois. A Tabela 1 apresenta
os principais pontos obrigatórios para que repositores hidroeletrolíticos sejam considerados adequados
pela Anvisa:
Nutriente Recomendação
Sódio Entre 460 e 1150 mg/L.
Potássio Até 700 mg/L.
Carboidratos 8% de concentração (massa/volume).
Proteínas e lipídios Sem adição.
Fibras alimentares Sem adição.
Vitaminas e outros minerais Podem ser adicionados.
 Tabela 1: Principais requisitos nutricionais para enquadramento de suplementos hidroeletrolíticos
para atletas. 
Adaptado de: RDC no 18/2010.
ENERGÉTICOS
Os suplementos energéticos devem prover conteúdo nutricional capaz de preparar ou recuperar atletas,
à base de macronutrientes, como carboidratos, proteínas e lipídios. A principal premissa reside na
condição de reestabelecimento de reservas de glicogênio, hepáticas e musculares, por meio da massiva
presença de carboidratos.
Alguns produtos podem ser adicionados de vitaminas, minerais ou outros nutrientes para intensificar as
bases reparadoras do treino, como antioxidantes e eletrólitos, por exemplo. É permitido, ainda,
acréscimo de proteínas e lipídios para participar tanto do reparo da degradação proteica-muscular
quanto incentivar o balanço energético positivo. A Tabela 2 resume as principais condições para
designação de suplementos energéticos pela Anvisa:
Nutriente Recomendação
Energia total No mínimo 75% proveniente de carboidratos.
Carboidratos No mínimo 15 g na porção-dose.
Proteínas e lipídios Podem ser adicionados.
Fibras alimentares Sem adição.
Vitaminas e minerais Podem ser adicionados.
 Tabela 2: Principais requisitos nutricionais para enquadramento de suplementos energéticos para
atletas. 
Adaptado de RDC no 18/2010.
PROTEICOS
Os suplementos proteicos para atletas devem procurar atender a demanda de ressíntese de proteínas
estimulada pelo exercício físico, aumentando a presença de aminoácidos essenciais na corrente
sanguínea. A segurança e a eficiência para veiculação do produto no mercado são determinadas de
acordo com o Score químico de Aminoácidos Corrigidos por Digestibilidade Proteica (PDCAAS, em
inglês Protein Digestibility Corrected Amino Acids Score). O PDCAAS mede a relação entre o processo
digestivo de biodisponibilização de aminoácidos e sua demanda em humanos. A escala varia de 0 a 1,
sendo proteínas que se aproximem de PDCAAS valor 1 com melhor grau de qualidade. De acordo com
a Anvisa, os suplementos de origem proteica devem ter PDCAAS superiores a 0,9. A Tabela 3
apresenta as principais premissas para esse subgrupo de suplemento.
Nutriente Recomendação
Energia total No mínimo 50% proveniente de proteínas.
Proteínas No mínimo 10g na porção-dose.
Fibras alimentares Sem adição.
Vitaminas e minerais Pode ser adicionado.
 Tabela 3: Principais requisitos nutricionais para enquadramento de suplementos proteicos para
atletas. 
Adaptado de RDC no 18/2010.
SUBSTITUTOS PARCIAIS DE REFEIÇÕES
Também conhecidos como MRS (do inglês, Meal Replacement Supplements), os substitutos de
refeições buscam oferecer conteúdos nutricionais que encaixem nas demandas fisiológicas e esportivas
de atletas. Esses produtos devem possuir concentrações variadas dos macronutrientes. Vale ressaltar
que o conteúdo proteico deve ter valor de PDCAAS acima de 0,9. A Tabela 4 demonstra os principais
pontos-chave para determinação de suplementos substitutos parciais de refeições.
Nutriente Recomendação
Energia
total
Carboidratos de 50 a 70%, proteínas de 13 a 20% e lipídios no máximo 30% do
Valor Energético Total (VET), sendo a soma dos macronutrientes resultante
mínima de 300 Kcal na porção-dose.
Lipídios
saturados
No máximo 10% do VET.
Lipídios
insaturados
trans
No máximo 1% do VET.
Fibras
alimentares
Pode ser adicionado.
Vitaminas e
minerais
Pode ser adicionado.
 Tabela 4: Principais requisitos nutricionais para enquadramento de suplementos substitutos parciais
de refeições para atletas. 
Adaptado de: RDC no 18/2010.
CREATINA
A creatina é um tipo de aminoácido bastante distinto dos aminoácidos essenciais e dos biológicos. Isso
porque sua síntese é feita a partir de aminoácidos que fazem parte do ciclo da ureia, principalmente.
Sua característica mais importante é sua capacidade de combinação com o fosfatopresente na
biomolécula energética de adenosina trifosfato (ATP) para formação de composto fosfocreatina (PCr),
que serve como substrato energético imediato para esportes de explosão muscular, geralmente muito
intensos e de curta duração. Embora existam várias maneiras de apresentação química da creatina, a
Anvisa determina que a veiculação seja especificamente para forma de alta pureza mono-hidratada. A
Tabela 5 elenca os fatores necessários para comercialização do produto.
Nutriente Recomendação
Creatina De 1,5 a 3,0g na porção-dose.
Carboidratos Podem ser adicionados.
Fibras alimentares Sem adição.
 Tabela 5: Principais requisitos nutricionais para enquadramento de suplementos de creatina para
atletas. 
Adaptado de: RDC no 18/2010.
CAFEÍNA
O consumo de cafeína por vezes é escolhido por atletas em virtude de sua capacidade estimulante, que
pode resultar, quando bem controlada, em benefícios esportivos consideráveis, como: aumento do grau
de lipólise, melhora do estado de alerta e excitabilidade contrátil musculoesquelética. No Brasil, a Anvisa
determina que a forma química de venda do produto seja composta de, no mínimo, 98,5% de 1,3,7-
trimetilxantina de sua base anidra. A Tabela 6 lista as condições preconizadas pela Anvisa.
Nutriente Recomendação
Cafeína De 210 a 420 mg na porção-dose.
Macronutrientes Sem adição.
Fibras alimentares Sem adição.
 Tabela 6: Principais requisitos nutricionais para enquadramento de suplementos de cafeína para
atletas. 
Adaptado de RDC no 18/2010.
Demais suplementos e comentários gerais
De acordo com o artigo 12º, capítulo IV, da RDC no 18/2010, que confere requisitos específicos, outros
compostos somente têm autorização da Anvisa desde que haja segurança, por regulamentação técnica
específica, e eficácia de sua ação ou finalidade com bases sólidas na literatura científica competente.
Nesse sentido, um dos principais cuidados na análise e na permissibilidade de produtos aprovados e
liberados pela Anvisa leva em consideração os critérios rígidos de controle de substâncias ilícitas para
prática esportiva estabelecidos pela Agência Mundial Antidoping (WADA). Anualmente, a WADA atualiza
a lista de substâncias proibidas para prática esportiva, em especial de modalidades consideradas
olímpicas, e serve como referência técnica para agências reguladoras de produtos com finalidades
esportivas por todo mundo.
CRITÉRIOS DE EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS PARA
SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS
Recomenda-se sempre buscar ou compreender o nível de evidência e o grau de recomendação de
suplementos nutricionais baseados em investigações científicas amplas e minuciosas. Para tal, é
possível seguir orientações do posicionamento consensual do Comitê Olímpico Internacional (COI) ou
as diretrizes da SBME, respectivamente apresentadas na Imagem 2 e na Quadro 3.
 
Foto: Adaptado de Maughan <em>et al</em>. (2018, p. 441)
 Imagem 2: Nível de evidência de acordo com o COI para critérios de prescrição e boas práticas de
suplementos nutricionais. Do topo para a base, o nível científico decresce.
Nível de evidência
Nível
1
Evidência baseada em muitos estudos randomizados, controlados, amplos,
concordantes e com poder estatístico adequado; preferencialmente com revisão
sistemática conclusiva.
Nível
2
Evidência baseada em poucos estudos randomizados, controlados, concordantes e de
médio porte ou metanálises de vários estudos dessa natureza, pequenos ou de médio
porte.
Nível
3
Evidência baseada em poucos estudos randomizados, controlados e de ótima
qualidade.
Nível
4
Evidência baseada em mais de um estudo de coorte, de ótima qualidade.
Nível
5
Evidência baseada em mais de um estudo caso-controle, de qualidade.
Nível
6
Evidência baseada em mais de uma série de casos de alta qualidade. Inclui registros.
Nível
7
Evidência baseada apenas em: extrapolações de resultados coletados para outros
propósitos (testar outras hipóteses); conjecturas racionais, experimentos com animais
ou baseados em modelos mecanísticos de fisiopatologia e/ou mecanismos de ação;
conduta antiga baseada em prática comum; opiniões sem referência a estudos
anteriores.
Grau de recomendação
Grau
A
Sempre usar. Recomendação conclusiva, sendo adotada por unanimidade; conduta
conclusivamente útil e segura; eficácia e segurança comprovadas. Quase sempre se
requer níveis de evidência 1 ou 2 para que esse grau de recomendação seja adotado.
Grau
B
Deve ser geralmente indicada. Recomendação considerada aceitável, mas com
ressalvas; conduta aceitável e segura; grande potencial de utilidade, mas ainda sem
comprovação conclusiva, com nível de evidência menos sólido.
Grau
C
Fica a critério pessoal. Recomendação indefinida; conduta a respeito da qual não há
evidência segura, a favor ou contra, quanto à eficácia e a segurança.
Grau
D
Em geral, não se deve usar. Conduta não recomendada, embora possa em algum
contexto excepcional ser adotada, tratando-se de opção muito fraca; evidência mínima
de eficácia e segurança, embora se vislumbre algum potencial de utilidade em
algumas circunstâncias.
Grau
E
Nunca usar. Não recomendada por unanimidade.
 Quadro 3: Nível de evidência e grau de recomendação das diretrizes da SBME para critérios de
prescrição e boas práticas de suplementos nutricionais. 
Adaptado de: SBME (2009).
PRESCRIÇÃO DIETÉTICA DE SUPLEMENTOS
NUTRICIONAIS POR NUTRICIONISTAS
Especificamente para nutricionistas, a Lei no 8.234/1991, que regulamenta a profissão, em seu artigo 4o
e inciso VII, permite que suplementos nutricionais possam ser prescritos para contemplar o
planejamento dietético. Essa lei deve seguir o regulamento atualizado pela Resolução no 656/2020, do
Conselho Federal de Nutricionistas (CFN). A prescrição de suplementos por nutricionistas pode incluir:
nutrientes, substâncias bioativas, enzimas, prebióticos, probióticos, produtos apícolas (como mel,
própolis, geleia real e pólen), novos alimentos e novos ingredientes e outros autorizados pela Anvisa
para comercialização − isolados ou combinados −, bem como medicamentos isentos de prescrição à
base de vitaminas e/ou minerais e/ou aminoácidos e/ou proteínas isolados ou associados entre si.
Outros pontos dessa resolução devem ser destacados:
A via de ingestão de suplementos deve ser exclusivamente oral ou enteral. É excludente a veiculação de
nutrientes através de via parenteral, intramuscular, anorretal ou qualquer outro método invasivo.
O profissional deve adotar critérios objetivos e/ou subjetivos baseados em estratégias científicas de
avaliação e triagem nutricional, no intuito de determinar carências, insuficiências ou riscos nutricionais
que possam ser reestabelecidos como métodos protocolares de prescrição suplementar dietética.
Deve-se procurar ajustar a concentração dos nutrientes dentro dos limites máximos (UL, do inglês Upper
Limits) estabelecidos pelas revisões de consumos dietéticos de referência, como a DRI (do inglês
Dietary Reference Intake) de 2002. Exceção feita somente caso haja respaldo científico pujante com
elevado grau de evidência e nível de segurança.
DOPING ESPORTIVO
Como abordado anteriormente, a WADA consiste na principal instituição reguladora e pesquisadora de
substâncias potencialmente danosas ou ética e disciplinarmente questionáveis para prática esportiva e,
por vezes, para saúde humana.
O termo doping vem do inglês dope, que significa entorpecente, droga ou narcótico. Portanto, a
dopagem consiste na ação de utilização deliberada ou não de substâncias, por vezes não naturais ao
corpo, para ergogênese direta ou indireta.
A WADA trabalha em parceria com diversas outras agências controladoras no esporte, em destaque
para o COI e a Agência Norte-americana Antidoping (USADA). Esta última monitora intimamente as
competições nos Estados Unidos, dando suporte mais intenso nos últimos anos para eventos de Artes
Marciais Mistas (MMA, do inglês Mixed Martial Arts), com destaque para o Ultimate Fighting
Championship (UFC). O COI, porsua vez, busca administrar as modalidades olímpicas, principalmente
no período de Jogos Olímpicos Mundiais.
A WADA busca, ano após ano, atualizar sua lista de substâncias proibidas, bem como aumentar a
rigidez na análise e no diagnóstico laboratorial dos testes realizados em atletas de elite. Nas publicações
anuais da WADA, constam também detalhamento de eventuais autorizações/permissões de ingestão de
substâncias proibidas. Para tal, é necessário verificar os formulários de autorização denominados de
Isenção de Uso Terapêutico (TUE, do inglês Therapeutic Use Exemption), geralmente acompanhados
de registros profissionais de médicos justificados por questões de saúde.
 ATENÇÃO
É comum que alguns atletas façam ingestão de produtos aparentemente seguros, mas que podem
apresentar algum tipo de contaminação ilícita. O rol de substâncias proibidas pode ser classificado de acordo
com a sazonalidade (dentro ou fora de competições), especificidade ou dependência química
(substâncias de abuso, como drogas sociais).
Para organização da grande quantidade de substâncias proibidas, a WADA organiza os agentes em
classes, geralmente, com códigos que determinem por letras e números se são substâncias ilícitas (S);
métodos (M); ou substâncias proibidas em determinados esportes (P), segundo a Sociedade Brasileira
de Medicina do Exercício e do Esporte (2009).
Substâncias ilícitas e proibidas dentro ou fora de competições:
S1. AGENTES ANABÓLICOS
Esteroides Androgênicos Anabolizantes (EAA) exógenos ou endógenos ou outros agentes
anabolizantes, como clembuterol, moduladores receptivos de receptores androgênicos (SARMs, do
inglês Selective Androgenic Receptors Modulators), tibolona, zeranol e zilpaterol.
S2. HORMÔNIOS, SUBSTÂNCIAS AFINS E SEUS FATORES
DE LIBERAÇÃO
Eritropoietina (EPO), hormônio do crescimento humano (HGH), fator de crescimento semelhante à
insulina (IGF-1), fatores de crescimento mecânicos (MGFs), gonadotrofinas (como hormônio luteinizante
e hormônio coriônico gonadotrófico, proibidas somente em homens), insulinas, corticotrofinas e outras
substâncias com estrutura química similar ou efeito biológico(s) similar(es).
S3. BETA-2-AGONISTAS
Todos os beta-2-agonistas, tanto isômeros D- como L-, são proibidos.
S4. AGENTES COM ATIVIDADE ANTIESTROGÊNICA
Inibidores da aromatase (tais como: anastrozola, letrozola, aminoglutetimida, exemestano, formestano e
testolactona), moduladores de receptor seletivo a estrógenos (SERMs, do inglês Selective Estrogen
Recpetors Modulators), outras substâncias antiestrogênicas (como, por exemplo, clomifeno, ciclofenila e
fulvestranto) e agentes modificadores da função(ões) da miostatina.
S5. DIURÉTICOS E OUTROS AGENTES MASCARANTES
Diuréticos, epitestosterona, probenecida, inibidores da alfa redutase (como finasterida e adutasterida),
expansores de plasma (como albumina, dextran e hidroxietilamido) e outras substâncias com efeito(s)
biológico(s) similar(es).
MÉTODOS PROIBIDOS
M1. AUMENTO DO CARREAMENTO DE OXIGÊNIO
a) Doping sanguíneo, incluindo o uso de sangue autólogo, homólogo ou heterólogo, ou de produtos
contendo glóbulos vermelhos de qualquer origem.
b) Aumento artificial da captação, do transporte ou do aporte de oxigênio, tais como
perfluoroquímicos, efaproxiral (RSR 13) e produtos à base de hemoglobina modificada (como substitutos
de sangue com base em hemoglobina e produtos com hemoglobina microencapsulada).
M2. MANIPULAÇÃO QUÍMICA E FÍSICA
a) Manipular ou tentar manipular, visando alterar a integridade e a validade das amostras coletadas no
controle de dopagem, como, dentre outras possibilidades, a substituição e/ou alteração da urina.
b) Infusões intravenosas são proibidas. Em caso de emergência médica em que o método for
necessário, isenção de uso terapêutico retroativa será necessária.
M3. DOPING GENÉTICO
É proibido o uso não terapêutico de células, genes, elementos genéticos ou a modulação da expressão
genética que tenham a capacidade de aumentar o desempenho do atleta.
SUBSTÂNCIAS E MÉTODOS PROIBIDOS EM
COMPETIÇÃO
Adicionalmente, as substâncias de S1 a S5 e os métodos de M1 a M3, nos períodos competitivos,
adicionam-se à lista proibida:
S6. ESTIMULANTES
Todos os estimulantes são proibidos, incluindo seus isômeros óticos (D- e L-), quando relevantes, exceto
derivados de imidazol para uso tópico e aqueles estimulantes incluídos no programa de monitoramento
de 2008.
S7. NARCÓTICOS
Buprenorfina, dextromoramida, diamorfina (heroína), fentanil e seus derivados, hidromorfona, metadona,
morfina, oxicodona, oximorfona, pentazocina e petidina.
S8. CANABINOIDES
Canabinoides (haxixe e maconha, por exemplo).
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S9. GLICOCORTICOSTEROIDES
Todos os glicocorticosteroides são proibidos quando administrados por via oral, retal, intramuscular ou
endovenosa. Seu uso terapêutico requer a aprovação de uma TUE.
P1. ÁLCOOL
O etanol é proibido, seguindo controle de limite séricos, apenas nas competições de: Aeronáutica, arco e
flecha, automobilismo, boliche, lancha de potência, karatê, motociclismo e pentatlo moderno (em tiro).
P2. BETABLOQUEADORES
Proibido nas seguintes competições: Aeronáutica, arco e flecha (incluindo fora da competição),
automobilismo, bilhar, bobsledge (trenó de velocidade), boliche (incluindo boliche com 9 pinos), curling
(nos Jogos de Inverno, com pedras de granito no gelo), esqui/snowboarding (salto com esqui e estio
livre em snowboard), ginástica, lancha de potência, lutas, motociclismo, pentatlo moderno (para
disciplinas envolvendo tiro), tiro (também fora da competição) e vela (exclusivamente para match race).
OS RISCOS DO USO DE ANABOLIZANTES EM
ATLETAS E PRATICANTES DE ATIVIDADE
FÍSICA
O especialista Daniel Ronaldo Chreem fala sobre os riscos à saúde do uso de anabolizantes em atletas
e praticantes de atividade física.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA PARA CONTROLE DA VENDA E DO CONSUMO
DE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS NO PAÍS É REALIZADA PELA AGÊNCIA
NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). AO LONGO DOS ÚLTIMOS 30
ANOS, A ANVISA VEM ATUALIZANDO E FISCALIZANDO A SEGURANÇA DOS
PRODUTOS DISPONÍVEIS PARA CONSUMIDORES DO MERCADO DOMÉSTICO.
NO QUE TANGE AOS CUIDADOS DE SUPLEMENTOS PARA FINALIDADE
ESPORTIVA, A ANVISA FEZ PUBLICAÇÃO EM 2010 QUE CONTROLA A
QUALIDADE DE VÁRIOS PRODUTOS, DENTRE ELES OS PROTEICOS E
HIDROELETROLÍTICOS, POR EXEMPLO. SOBRE A RDC Nº 18, QUE DISPÕE
SOBRE ALIMENTOS PARA ATLETAS, É CORRETO AFIRMAR QUE:
A) Suplementos proteicos devem obrigatoriamente conter a totalidade de sua composição energética de
proteínas.
B) Suplementos hidroeletrolíticos são exclusivamente indicados para atletas de endurance.
C) Tanto os suplementos energéticos como os proteicos devem ser adicionados de fibra alimentar, para
maior saúde do consumidor.
D) Os suplementos de cafeína não devem conter nenhuma adição de macronutrientes em sua
composição.
E) Os suplementos de creatina não devem conter nenhuma adição de macronutrientes em sua
composição.
2. A AGÊNCIA MUNDIAL ANTIDOPING (WADA) COSTUMA GERAR
PUBLICAÇÕES A CADA DIA 1º DE JANEIRO, ATUALIZANDO A LISTA DE
SUBSTÂNCIAS PROIBIDAS NO ESPORTE. CONTUDO, ALGUMAS SUBSTÂNCIAS
SÃO PROIBIDAS SOMENTE NO PERÍODO COMPETITIVO E, EVENTUALMENTE,
LIBERADAS FORA DESSA CONDIÇÃO. SÃO ELAS:
A) Álcool, narcóticos e canabinoides
B) Doping sanguíneo
C) Doping genético
D) Esteroides androgênicos anabolizantes
E) Diuréticos
GABARITO
1. A legislação brasileira para controle da venda e do consumo de suplementos nutricionais no
país é realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ao longo dos últimos 30
anos, a Anvisa vem atualizando e fiscalizando a segurança dos produtos disponíveis para
consumidores do mercado doméstico. No que tange aos cuidados de suplementos para
finalidade esportiva, a Anvisa fez publicação em 2010 que controla a qualidade de vários
produtos, dentre eles os proteicos e hidroeletrolíticos, por exemplo. Sobre a RDC nº 18, que
dispõe sobrealimentos para atletas, é correto afirmar que:
A alternativa "D " está correta.
 
De acordo com a RDC nº 18, de 2010, a Anvisa dispõe que: suplementos proteicos devem ter pelo
menos 50% da energia do produto advinda de proteínas; suplementos hidroeletrolíticos não têm
discriminação de tipo de modalidade esportiva; suplementos energéticos e proteicos não devem ser
adicionados de fibras dietéticas (para garantir que não haja retardo do esvaziamento gástrico e perda de
conteúdo e da velocidade absortiva dos produtos); e os suplementos de creatina podem ser adicionados
de carboidratos.
2. A Agência Mundial Antidoping (WADA) costuma gerar publicações a cada dia 1º de janeiro,
atualizando a lista de substâncias proibidas no esporte. Contudo, algumas substâncias são
proibidas somente no período competitivo e, eventualmente, liberadas fora dessa condição. São
elas:
A alternativa "A " está correta.
 
Fora dos períodos competitivos, a WADA não considera proibitiva a ingestão de drogas sociais, como
álcool, narcóticos e canabinoides. As demais alternativas são proibidas dentro ou fora de períodos
competitivos, pois trazem vantagens ou danos à saúde cumulativos ou agudos.
MÓDULO 2
 Identificar suplementos nutricionais de origem proteica com fins ergogênicos
TURNOVER PROTEICO E DEMANDA
NUTRICIONAL DO EXERCÍCIO
O treino esportivo gera, fisiologicamente, microdanos na fibra muscular, por razões mecânicas,
oxidativas e até mesmo metabólicas. Dá-se o nome de turnover proteico à relação entre a degradação
de proteínas durante o exercício e a indução à síntese proteica posterior. Destacam-se os principais
agentes causadores da proteólise muscular durante e após o exercício de forma concomitante:
LESÕES MECÂNICAS
Dano mecânico. Intensidade e volume do treino:
Interação natural entre as proteínas sarcoméricas (como actina e miosina) para suporte da contração
muscular, gerando ruptura da microestrutura da miofibrila.
LESÕES OXIDATIVAS
Dano oxidativo. Radicais livres:
Aumento das Espécies Reativas de Oxigênio e Nitrogênio (ERON) por incremento no consumo de
oxigênio durante o exercício.
As ERON geram lipoperoxidação das membranas e de outros conteúdos da fibra muscular, resultando
em microdanos.
LESÕES METABÓLICAS
Dano metabólico. Adrenalina e cortisol:
Para auxílio no suprimento energético, mesmo que significativamente diminuto, há estímulo para
proteólise de tecido magro durante o exercício, para maior oferta de aminoácidos no plasma sanguíneo.
O controle desse processo ocorre através do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. O córtex adrenal é capaz
de produzir hormônios adrenalina e cortisol, que são significativamente catabolizantes, para colaboração
energética e neoglicêmica.
As lesões microscópicas, inerentes ao exercício, liberam proteínas, antes intramusculares, em direção à
corrente sanguínea − tais como creatino kinase (CK) e lactato desidrogenase (LDH), que servem
como biomarcadores da extensão das injúrias da célula muscular frente ao exercício. Esse fenômeno é
acompanhado da liberação de hormônios eicosanoides, em especial de prostaglandinas tipo E2
(PGE2), que têm grande importância na indução à quimiotaxia. Esta, por sua vez, acarreta processo de
resposta inflamatória por citocinas liberadas por células de defesa.
É justamente esse mecanismo da relação de dano até a indução ao feedback pró-inflamatório que
permite que os conteúdos do tecido muscular sejam remodelados, tanto para sua própria reparação
quanto para maior estímulo à síntese proteica muscular. Essas modificações, quando controladas em
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sua magnitude, são capazes de gerar as adaptações fisiológicas desejadas pela prática esportiva, como
aumento da resistência e hipertrofia muscular, por exemplo.
QUIMIOTAXIA
É um processo de migração das células em direção a um gradiente químico, podendo ser de forma
negativa ao gradiente, por exemplo, as células se movem em sentido oposto de uma substância e
positiva as células se movem em direção a um gradiente químico.
 ATENÇÃO
A atividade física demanda ingestão de conteúdos proteicos maiores do que para indivíduos sedentários, de
qualquer faixa etária, justamente para atender ao turnover de proteínas.
Em média, as recomendações para consumo de proteínas entre esportistas adultos seguem a seguinte
orientação, segundo a American College of Sports Medicine (2016):
EXERCÍCIOS DE ENDURANCE
1,2 a 1,6g de proteínas por kg de peso ao dia.
EXERCÍCIOS DE FORÇA, POTÊNCIA OU HIPERTROFIA
1,4 a 2,0g de proteínas por kg de peso ao dia.
FISICULTURISTAS
na fase de bulking, 1,4 a 2,0g de proteínas por kg de peso ao dia.
na fase de cutting, 2,0 até 3,1g de proteínas por kg de peso ao dia.
SÍNTESE PROTEICA E HIPERTROFIA MUSCULAR
Por vezes, é natural observar confusão entre os processos de síntese proteica muscular (SPM) e de
hipertrofia muscular. Entenda as diferenças abaixo:
SÍNTESE PROTEICA MUSCULAR (SPM)
Aumento da construção de proteínas estruturantes da fibra muscular que participam de uma série de
funções e atividades, como na formação de energia aeróbica (caso de proteínas mitocondriais) ou na
contração muscular (caso de proteínas miofibrilares).

HIPERTROFIA MUSCULAR
É um resultado do aumento do volume muscular considerando o tamanho adquirido pelas fibras que
compõem o tecido. O acréscimo pode ser resultado de maior presença de proteínas, água e até mesmo
glicogênio, gerando aumento significativo da célula.
 
Foto: Shutterstock.com
 ATENÇÃO
Não há nenhuma relação de dependência ou obrigatoriedade do consumo de suplementos nutricionais para
se atingir balanço proteico positivo (BPP), em prol do êxito em quaisquer objetivos esportivos desejados,
seja hipertrofia muscular ou outros benefícios de uma síntese proteica significativa (maior atividade aeróbica
e anaeróbica, maior resistência à fadiga, maior resistência ao dano, melhor recuperação ao dano etc.).
Para que um indivíduo gere BPP, alguns pontos são relevantes, segundo Phillips (2014):
A SPM é favorecida pela presença de aminoácidos no período pós-prandial (após refeições),
acompanhada de treinos de resistência muscular.
O período de recuperação (popularmente chamado de “pós-treino”) compreende melhor timing para
ingestão de proteínas ou aminoácidos, por aproveitar a indução à síntese proteica após a proteólise
muscular induzida pelo exercício.
Proteínas completas, com todos os aminoácidos essenciais (AAE) e bom conteúdo de leucina,
favorecem a SPM.
Alguns componentes são comumente associados a proteínas para melhoria da SPM ou supressão da
degradação proteica muscular (DPM), como carboidratos, arginina e glutamina. No entanto, nenhuma
dessas associações gera eficácia observável em aumentar SPM, diferentemente da hipertrofia, que
pode ser favorecida de uma boa ingestão, em especial, de carboidratos.
Evidências sugerem que dietas hiperproteicas associadas a exercícios de resistência muscular são
capazes de gerar BBP, SPM e hipertrofia, mesmo diante de restrição calórica para promoção de perda
de peso. Contudo, a extensão da hipertrofia é claramente inferior quando comparada às dietas de
balanço energético positivo ou hipercalóricas frente ao exercício resistido.
O treino de resistência, isoladamente, já é capaz de promover o estímulo de SPM, inclusive em
condições de jejum. Entretanto, no jejum também é observado aumento da DPM.
A forma como os aminoácidos atingem a corrente sanguínea é irrelevante para o processo de SPM. Ou
seja, os aminoácidos que atingem o meio interno através da digestão de alimentos proteicos (como bifes
e ovos), das proteínas suplementadas (como whey protein ou ovoalbumina) ou até mesmo por oferta via
intravenosa, indicam a mesma magnitude de SPM, em velocidades distintas. Contanto, porém, que
tenham o mesmo perfil de aminoácidos.
O estímulo insulinêmico que acompanha ingestão proteica após exercício não é necessariamente
estimulante à SPM, mas, provavelmente,supressora da proteólise e da DPM, favorecendo a
recuperação do tecido. Em outras palavras, a insulina, como hormônio anabólico que é, cria condições
mais adequadas e permissivas para SPM.
Por outro lado, de fato, existem recursos nutricionais que apresentam respostas ergogênicas, contanto
que respeitem os critérios de demanda corporal frente ao consumo dietético do indivíduo, além de outros
fatores pré-requisitantes. Nesse sentido, a eficácia de suplementos nutricionais proteicos está íntima e
dependentemente ligada à composição proteica dietética e à demanda de SPM do exercício físico.
 
Foto: Shutterstock.com
Alguns dos suplementos dietéticos que apresentam bom nível de evidência na literatura, como
proteínas de alto valor biológico e creatina monohidratada, devem estar condizentes às condições
de treinamento, dieta e composição corporal do indivíduo, segundo Phillips (2014).
SUPLEMENTAÇÃO DE PROTEÍNAS E DERIVADOS NO
ESPORTE
Os anseios esportivos, estéticos e de busca de bem-estar nutrem o interesse de indivíduos em
suplementos nutricionais, por conta das agressivas estratégias de marketing impostas pelo mercado.
Entretanto, com a aplicação dos critérios prescricionais mais indicados, é possível saber fazer uso dos
recursos ergogênicos disponíveis. Dentre os principais suplementos adquiridos, destacam-se os
produtos de origem ou derivação proteica, como proteínas hidrolisadas, peptídeos, aminoácidos e
metabólitos.
Proteínas
Os suplementos de proteínas disponíveis pela indústria podem auxiliar praticantes de exercícios físicos
a compor seu planejamento dietético, no intuito de gerar tanto BPP quando balanço nitrogenado positivo
(BNP) para ajuste da SPM. Nesse quesito, é fundamental que as proteínas ingeridas sejam
consideradas de alto valor biológico/completas, ou seja, contendo todos os AAE (aminoácidos
essenciais). Os AAE são aqueles aminoácidos que são incapazes de serem sintetizados pelo corpo,
sendo dependentes da ingestão alimentar para sua biodisponibilidade. De acordo com Church et al.
(2020), são eles:
TREONINA
METIONINA
VALINA
LEUCINA
ISOLEUCINA
FENILALANINA
TRIPTOFANO
TIROSINA
HISTIDINA
A Quadro 4 segmenta as proteínas completas mais utilizadas como suplementos nutricionais,
apresentando velocidade de oferta de aminoácidos para corrente sanguínea, por conta de maior ou
menor digestibilidade, e sugestão de ingestão.
Proteína Velocidade/Digestibilidade
Sugestão de
ingestão
Fontes
dietéticas
Proteínas do
soro do leite
(whey protein)
Rápida/Elevada
30 minutos antes e
imediatamente após
o treino.
Leites e
derivados.
Ovoalbumina Rápida/Elevada
30 minutos antes e
imediatamente após
o treino.
Ovos de
galinha
brancos ou
caipiras.
Soja Intermediária/Média
Em grandes
refeições, pelo
menos 2 horas antes
ou após o treino.
Grãos de soja,
leite de soja,
proteína
texturizada da
soja.
Caseína Lenta/Baixa
Desjejuns, ceias ou
grandes refeições,
afastadas do pré e
do pós-exercício.
Leites e
derivados.
Bife de carne
vermelha
Lenta/Baixa
Grandes refeições,
afastadas em pelo
menos 2-3h do
exercício.
Alcatra,
patinho,
músculo, filé
mignon.
 Quadro 4: Características de proteínas e aplicações práticas para o esporte. 
Adaptado de: Lowery & Antonio (2012).
Dependendo do tipo de proteína ingerida, há impacto na velocidade de presença de aminoácidos no
pool plasmático. Essa condição resulta em diferentes tempos de desenvolvimento de SPM e em taxas
de síntese fracionadas (FSR, do inglês Fractional Synthesis Rate) de proteínas. Isso ocorre, pois a
concentração de aminoácidos do plasma sanguíneo é precursora da presença de aminoácidos
intramusculares para SPM. A FSR proteica consiste na taxa na qual uma determinada proteína é
incorporada na massa proteica, nesse caso muscular, do corpo.
A imagem 3 apresenta diferença da FSR da SPM após 1h de consumo de três tipos de proteínas
hidrolisadas suplementadas (whey protein, caseína e soja), tanto em repouso quanto após o exercício
físico de resistência muscular, em 18 homens, divididos por grupo de produto ingerido. Nesse ensaio, é
possível observar que:
a) Em repouso, a porcentagem de FSR tanto do whey protein como da soja foram significativamente
maiores que o da caseína;
b) Em repouso, a porcentagem de FSR do whey protein foi maior, porém não significativamente superior,
ao da soja;
c) Após o exercício, todos os três grupos tiveram a porcentagem de FSR maior do que no estado de
repouso;
d) Após o exercício, o consumo de whey protein gerou mais rapidamente a porcentagem de FSR que os
demais.
Isso demonstra que a digestibilidade da proteína pode resultar em oscilações na velocidade SPM pós-
exercício. Todavia, segundo Tang et al. (2009), é fundamental compreender que:
Não é porque uma proteína gera maior velocidade de SPM que ela necessariamente gera maior
SPM que as demais. Conforme já vimos, independentemente do tipo de proteína e forma de oferta,
caso essa fonte seja composta de AAE e acompanhada de exercício de resistência muscular,
haverá estímulo de SPM na mesma extensão (somente em velocidades diferentes).
Existem casos nos quais a recuperação da SPM pode ser realizada de forma mais lenta, como no
caso de indivíduos que buscam reduzir a massa corporal ou reduzir a atrofia muscular induzida
pelo sono ou grandes períodos em jejum.
 
Foto: Shutterstock.com
 Imagem 3: Valor % de FSR após 1h de ingestão de cerca de 20 g de suplementos de whey protein,
caseína e soja, tanto em repouso quanto após o exercício. 
Adaptado de: Ingestion of whey hydrolysate, casein, or soy protein isolate. TANG et al., 2009, p.
990.
A velocidade na qual os AAE chegam à corrente sanguínea está, portanto, intimamente ligada à
capacidade digestiva da proteína, seja por sua estrutura (grande ou pequena massa molecular, por
exemplo) ou estado de oferta (líquida ou sólida).
A imagem 4 demonstra a relação de tempo e variação das concentrações de AAE de acordo com o tipo
de proteína consumida:
 
Foto: Shutterstock.com
 Imagem 4: Concentração de AAE após ingestão de whey protein, soja e caseína. É possível
observar, em asterisco, que a concentração de AAE após ingestão do whey protein encontra-se
significativamente mais elevada de forma mais rápida que os demais. 
Adaptada de: Tang et al. (2009, p. 990).
Whey protein
O whey protein (WP) é um termo em inglês para as proteínas encontradas no soro do leite. O conjunto
de proteínas do WP pode ser adquirido a partir do isolamento químico das proteínas totais do leite,
principalmente de vaca.
 
Foto: Shutterstock.com
A desnaturação da caseína por redução de pH resulta na separação do precipitado da coalhada do leite
denso nessa proteína, enquanto o soro translúcido em fase líquida na camada superior da amostra
contém diversas proteínas que compreendem o rol de componentes do WP.
A Tabela 7 apresenta os principais constituintes do WP, com suas respectivas características mais
relevantes:
Proteína do
soro do leite
Concentração Característica
β-
lactoglobulinas
(β-Lg)
45-57%
Contém cerca de 25% de aminoácidos de BCAA da
amostra total de WP.
α-lactoalbumina
(α-La)
15-25%
Contém 6% de triptofano da amostra total de WP,
sendo considerada maior fonte dietética desse
aminoácido.
Soroalbumina 10% Contém 6% de cistina da amostra total de WP.
bovina (BSA)
Imunoglobulinas
(Ig)
10-15% 80% é composta por IgG.
Outras
subfrações
proteicas
< 1% Lactoferrina. Atividade antimicrobiana na amostra.
< 1% Lactoperoxidade. Atividade antimicrobiana na amostra.
< 1% Lisozima. Atividade antimicrobiana na amostra.
10-15% Glicomacropeptídeos. Favorece absorção de minerais.
 Tabela 7: Composição das proteínas presentes no WP. 
Adaptado de: Souza et al. (2012, p. 2).
Uma das principais características marcantes do WP consiste na baixa massa molecular do seu
conjunto de proteínas. De acordo com Vasconcelos, Bachur & Aragão (2018), é justamente por essa
condição estrutural que a ação de enzimas proteolíticasdegrada as ligações peptídicas do WP mais
rapidamente, quando comparadas a outras proteínas de peso molecular elevado, como a caseína. Outro
detalhe importante reside nas variadas formas de ofertas de suplementos proteicos de WP
disponibilizados no mercado.
A Quadro 5 descreve detalhadamente as diferenças entre as os suplementos concentrados,
hidrolisados e isolados de WP:
Proteína concentrada
29 a 89% de proteína concentrada de WP acompanhada de carboidratos (como lactose) e lipídios.

Proteína hidrolisada
Proteínas de WP que foram previamente hidrolisadas para melhor digestão e absorção de peptídeos e
aminoácidos provenientes do WP. No mercado, os suplementos de WP concentrados e isolados
apresentam variação do grau de hidrólise. Quando maior o % de hidrólise, mais digerível e rapidamente
absorvível é o produto.

Proteína isolada
A partir de 90% de concentração de proteínas WP. Remoção total ou parcial de carboidratos e lipídios
(dependendo do grau de isolamento).
 Quadro 5: Características dos suplementos de proteínas concentrados, hidrolisados e isolados. 
Adaptado de: INMETRO (2015).
A ingestão de WP pode gerar uma série de benefícios na dieta de indivíduos engajados em esportes ou
não. Mas esses efeitos são observados apenas quando a ingestão do suplemento se encontra ajustado
à demanda do consumo proteico e energético do indivíduo. Assim, não existe uma dose de
recomendação diária para o WP, pois o acréscimo dietético depende, obrigatoriamente, da organização
do plano alimentar.
 ATENÇÃO
É fundamental se atentar também ao consumo de proteínas por refeição. Em média, o consumo de 20 a 40g
de proteínas de alto valor biológico costuma manter constante a oferta de AAE na corrente sanguínea para
atender a SPM, sem necessariamente aumentar a ureagênese ou outras escórias nitrogenadas com
potencial dano aos tecidos renais e hepático.
Além da capacidade de oferta qualitativa de perfil de aminoácidos de forma ágil para SPM, o WP parece
apresentar boa atividade do ponto de vista clínico-funcional. Segundo Souza et al. (2012) e
Vasconcelos, Bachur & Aragão (2018), dentre as principais vantagens a partir da ingestão de WP,
emergem:
AÇÃO ANABÓLICA MUSCULAR
O excelente aminograma fornecido após digestão do WP favorece aumento da SPM e, por
consequência, propicia melhor cenário para hipertrofia, força, resistência e potência muscular.
AÇÃO ANTIOXIDANTE
A lactoferrina possui relevante ação antioxidante, propiciando cenário de redução do estresse oxidativo
e envelhecimento celular.
AÇÃO CARDIOVASCULAR
Peptídeos de β-Lg e α-La são capazes de gerar inibição da enzima conversora de angiotensina (ECA). A
ECA gera produção de angiotensina II, componente com característica vasoconstritora do sistema
renina-angiotensina-aldosterona (SRAA), sistema este que controla a pressão arterial e o volume
plasmático intravascular. Logo, com a inibição de ECA, observa-se redução da pressão arterial.
AÇÃO HIPOGLICEMIANTE
A ingestão de WP acarreta no aumento de insulina pós-prandial e de jejum. Isso acontece porque a
rápida presença de AAE desencadeia ação da insulina, induzindo redução de glicemia.
AÇÃO SACIETÓGENA
A ingestão de WP pode interferir no balanço energético diário e favorecer emagrecimento, por estimular
redução da secreção de hormônios orexígenos − tais como a grelina gástrica − e aumentar a liberação
de incretinas sacietógenas no intestino ou no tecido adiposo, como a GIP (peptídeo inibidor gástrico), a
GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon-1) e a leptina.
Ovoalbumina
O ovo consiste em uma das fontes alimentares de melhor custo-benefício na dieta, pois possui conteúdo
nutricional de alta qualidade acompanhado de baixo valor econômico, na maioria dos países.
 
Foto: Shutterstock.com
Um ovo branco, em média, apresenta composição dividida em 57% de albúmen (popularmente
conhecida como clara do ovo) e 31% de gema, sendo os outros componentes geralmente não
consumíveis, como a cápsula (casca) de carbonato de cálcio. Dentre os principais nutrientes
encontrados no ovo, verifica-se grande conteúdo proteico de alto valor biológico, gordura (como ácidos
graxos essenciais), minerais e vitaminas hidro e lipossolúveis.
A presença de alguns componentes enfatiza a categorização de alimento funcional para ovos, muito em
virtude da sua ação antioxidante − principalmente a partir de carotenoides como a luteína e a zeaxantina
−, e pró-cognitiva, pelo conteúdo de colina.
A Quadro 6 destaca o conjunto de proteínas observadas nos seus compartimentos comestíveis:
Localização Proteína Característica
Ovoalbumina
Clara Glicoproteína fosforilada mais abundante no ovo e de
melhor composição de aminoácidos. Pode apresentar
potencial alergênico importante.
Ovotransferrina
Transportadora de ferro dentro do ovo para formação
embrionária animal.
Ovomucoide Significativo potencial alergênico.
Ovomucina Estrutura gelatinosa da clara.
Lisozima Ação antimicrobiana.
Avidina
Ação antinutricional, em especial a vitamina biotina
(vitamina B7).
Ovoglobulina Dá propriedades espumosas à clara.
Lipoproteína de
baixa densidade
(LDL)
Gema
Capacidade adsortiva.
Lipoproteína de
alta densidade
(HDL)
Função antioxidante.
Fosvitina Função emulsificante.
Livetina Potencial alergênico.
 Quadro 6: Composição proteica do ovo. 
Adaptado de Guha, Majumder & Mine (2018).
A ovoalbumina (OA) consiste no componente majoritário de todo ovo (54% das proteínas da clara) e
tem elevado valor nutricional pela sua excelente distribuição de aminoácidos, especialmente BCAA,
aminoácidos aromáticos e cisteína. Além disso, assim como o WP, a OA é uma proteína de alta
digestibilidade, tornando-se excelente fonte proteica para indivíduos que almejam rápida recuperação ou
presença de AAE no sangue para SPM pós-exercício.
 COMENTÁRIO
Assim como discutido anteriormente, quaisquer proteínas oferecidas devem estar computadas no cálculo de
ingestão proteica diária, em função do tipo de exercício praticado. Adicionalmente, ressaltamos que doses de
20 a 40g de suplementação de AO são capazes de gerar ótima resposta para SPM e síntese de proteínas
plasmáticas, como a própria albumina humana, transferrina etc., de acordo com Jäguer et al. (2017).
Proteínas vegetais
A procura pelo aumento de ingestão de alimentos com conteúdo proteico vegetal pode acontecer em
virtude de diversas condições, baseadas na redução ou na substituição total de fontes proteicas animais,
seja por escolhas socioculturais, pessoais, clínicas ou até mesmo gustativas.
 ATENÇÃO
Os alimentos vegetais, em sua maioria, apresentam limitação no perfil disponível de aminoácidos. Isso torna
seu conteúdo proteico de menor qualidade e valor biológico, quando comparados às demais proteínas de
origem (ou derivadas de) animais. Entretanto, isso não significa que não é possível manter uma dieta dentro
do espectro do vegetarianismo em combinação com elevada demanda esportiva.
Como debatido anteriormente, o exercício eleva a demanda proteica no indivíduo para atender às
requisições da SPM, seja para reparo dos microdanos ou para aumento de proteínas intramusculares.
Contudo, também como já apresentado, a origem da combinação dos aminoácidos presentes no sangue
e com destino ao músculo é indiferente para SPM.
Segundo Rogerson (2017), para que vegetarianos obtenham capacidade de oferta proteica adequada,
será necessário: escolher fontes proteicas de melhor qualidade, como a soja; ou combinar fontes
proteicas limitantes em aminoácidos para que elas se completem, tornando a soma total da ingestão
proteica vegetal combinada condizendo com a necessidade fisiológica induzida pelo exercício.
A melhor maneira de compor a oferta proteica vegetal, de acordo com Mariotti & Gardner (2019), pode
ser apresentada pela combinação simultânea e frequente nas refeições de fontes alimentares de
leguminosas, oleaginosas e sementes (LNS, do inglês Legumes, Nuts and Seeds). Recomenda-se
que a dieta proteica vegetariana seja compostade 80 a 100% de LNS.
 
Foto: Shutterstock.com
A Tabela 8 apresenta uma lista de fontes alimentares vegetais com seu respectivo conteúdo proteico.
Ressalta-se que o cozimento das fontes de LNS geralmente reduz em 40-50% a presença de proteínas
disponíveis no alimento.
Alimento Proteína por 100g
Soja (crua) 36,5
Semente de abóbora desidratada 30,2
Lentilhas (sem cocção) 24,6
Feijão preto (sem cocção) 21,6
Amêndoas (cruas) 21,2
Tofu 17,3
Aveia 16,9
Quinoa 14,1
 Tabela 8: Conteúdo proteico em alimentos de origem vegetal. 
Adaptado de Rogerson (2017).
A análise físico-química da soja apresenta distribuição de aproximadamente 40% da sua composição
formada por proteínas com valor de PDCAAS de 1,0, assemelhando-se às fontes proteicas animais. A
digestibilidade das proteínas da soja gera certo retardo na capacidade absortiva e na velocidade de
presença de aminoácidos na corrente sanguínea, em função de alguns fatores antinutricionais presentes
no alimento. No mercado de suplementos, a proteína da soja (PS) pode ser encontrada nas formas
apresentadas a seguir:
Proteína texturizada
A partir de 50% de PS, acompanhada de carboidratos e lipídios.

Proteína concentrada
A partir de 70% de PS, acompanhada de macronutrientes.

Proteína isolada
A partir de 90% de concentração de PS. Remoção total ou parcial de carboidratos e lipídios
(dependendo do grau de isolamento).
Mesmo com aporte proteico adequado e bom estímulo à SPM, adeptos do vegetarianismo devem estar
atentos à eventual insuficiência nutricional − com destaque aos micronutrientes −, comum nesses
indivíduos (principalmente por veganistas) em função da retirada de fontes derivadas de animais. Dentre
os nutrientes passíveis de análise ou suplementação, encontram-se:
Vitamina B12
Ferro
Zinco
Cálcio
Vitamina D
Iodo
Ácidos graxos poli-insaturados ômega 3
PEPTÍDEOS, AMINOÁCIDOS E METABÓLITOS
Creatina
A creatina consiste em um aminoácido denominado de “não proteico”, por não ter função biológica direta
na síntese de proteínas corporais. Sua estrutura é formada após sucessivas transformações químicas,
que envolvem a participação de aminoácidos fundamentais para conversão e excreção de amônia no
ciclo da ureia hepático, como arginina e ornitina, além de outros aminoácidos, como a glicina e a
metionina.
 
Foto: Shutterstock.com
Após sua síntese endógena ou seu consumo dietético por variadas fontes alimentares (Tabela 9), a
creatina é majoritariamente endereçada ao tecido muscular esquelético, para colaboração no
metabolismo energético anaeróbico alático, também conhecido como sistema fosfagênio. Na fibra
muscular em repouso, a creatina é transportada para o interior da membrana mitocondrial para
fosforilação e formação do composto PCr, que serão depositadas no interior do sarcoplasma da fibra
muscular.
Em situações de rápida e intensa contração muscular, as reservas de fosfocreatina (PCr) são
catabolizadas pela enzima creatinokinase (CK), formando como produtos a liberação de fosfato, energia
e creatina. Tanto a energia quanto o fosfato são utilizados para ressintetizar imediatamente o ATP do
tecido muscular. O ATP desenvolvido é então hidrolisado, liberando energia química para o sarcômero
realizar interação entre as proteínas miofibrilares e o movimento cinético, tendo como resultado a
contração/relaxamento muscular e o acúmulo de adenosina difosfato (ADP) e fosfato inorgânico (Pi).
Paralelamente, a maior parte da creatina originada da degradação da PCr é acumulada no sarcoplasma
da fibra muscular até significativa redução da intensidade ou término do exercício, para que sua
molécula seja encaminhada novamente para a mitocôndria da célula e ressintetize PCr.
Alimento Creatina (g/Kg)
Arenque 6,5-10
Carne suína magra 5
Carne bovina magra 4,5
Salmão 4,5
Atum 4
Bacalhau 3
Peixe solha 2
Leite 0,1
Frutas silvestres 0,02
 Tabela 9: Fontes alimentares e concentração de creatina. 
Adaptado de: Williams, Kreider & Branch (2000).
A suplementação de creatina na forma mono-hidratada (CM) consiste em um dos 5 suplementos
considerados de maior nível de evidência e grau de recomendação pela American College of Sports
Medicine. Há vasta publicação científica apontando para efeitos ergogênicos, principalmente, ganho de
força, hipertrofia e potência muscular. A prescrição de CM deve ser protocolada para manter segurança
de ingestão dietética e não desenvolver concentrações significativas de creatinina (seu metabólito
nitrogenado), o que, eventualmente, poderia aumentar o risco de dano renal. As principais orientações
para suplementação de CM são:
Oferecer ingestão diariamente, independentemente dos dias de repouso do treinamento.
Consumir no mínimo por 3 meses.
A oferta por períodos prolongados deve vir acompanhada do monitoramento das escórias
nitrogenadas − como ureia, ácido úrico e creatinina − e da taxa de filtração glomerular.
As doses podem variar de 0,05 g por kg de massa corporal ao dia ou em valores fixos de 1 a 5 g
por dia.
Os modelos de suplementação de duas fases (saturação e manutenção) não parecem apresentar
vantagens ao protocolo de suplementação única.
Nefropatas não devem buscar ingestão do suplemento.
Tomar atenção à ingestão hídrica diária, de aproximadamente 35 mL de água por kg de peso ao
dia em adição ao consumo hídrico de reposição da desidratação do treino.
Lutadores e fisiculturistas devem estar atentos à retirada da suplementação nos períodos de corte
de peso para redução hídrica.
Glutamina
Geralmente, envolvida em debates acerca de incremento do estado imune, a glutamina costuma ser
estudada em análises sobre recuperação clínica ou esportiva.
ESSENCIALMENTE O AMINOÁCIDO MAIS
ABUNDANTE DO CORPO, A GLUTAMINA É DEFINIDA
COMO UM AMINOÁCIDO CONDICIONALMENTE
ESSENCIAL.
Sua síntese, seu armazenamento e sua liberação na corrente sanguínea ocorre de forma predominante
pelo tecido muscular esquelético, e costuma ser endereçada para o intestino, o fígado, os rins e os
leucócitos.
As principais funções fisiológicas desse aminoácido estão associadas à sua capacidade de:
Colaboração energética e na síntese proteica.
Produção de intermediários de vias aeróbicas, antioxidantes, aminoácidos e neurotransmissores.
Nutrição de micro-organismos desejáveis (agindo como prebiótico), enterócitos e colonócitos.
Além disso, a glutamina ainda é capaz de auxiliar na biossíntese endógena de glicogênio e colágeno e
colaborar para melhor processo de detoxificação da amônia por meio do ciclo da ureia, de acordo com
Newsholme et al. (2011).
A glutamina tem relação direta com o glutamato, funcionando tanto como precursor como produto deste.
Por exemplo, o glutamato produz cerca de 40% da glutamina dentro da fibra muscular através de reação
catalisada pela glutamina sintetase, que condensa glutamato e amônia.
A imagem 5s apresenta capacidade da glutamina em se converter a glutamato para síntese de várias
moléculas de participação fisiológica da manutenção do estado nutricional.
 
Adaptado de: Cruzat, Petry & Tirapegui. Glutamina: aspectos bioquímicos, metabólicos, moleculares e
suplementação, 2009, p. 393.
 Imagem 5: Conversão de glutamina intramuscular a glutamato.
O glutamato tanto pode voltar a sintetizar glutamina, com adição de ATP, como pode produzir
neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA), intermediários do ciclo de Krebs, glutationa
(potente antioxidante plasmático) e outras moléculas de importância na manutenção do status
nutricional.
A suplementação de glutamina parece ser interessante em algumas condições e irrelevante em outras,
principalmente nos cenários nos quais não se observa depleção desse aminoácido.
 ATENÇÃO
É fundamental compreender que além de existir significativa abundância de glutamina no plasma sanguíneo,
sua síntese não é de difícil execução. Contudo, em condições fisiológicas ou patológicas de aumento
substancial do catabolismo proteico (como na combinação de treinos extenuantes e falta de entrega
energéticaou glicídica), há chance de redução de suas concentrações circulantes ou armazenadas.
As principais orientações para sua prescrição são:
Oferecer doses diárias, concentradas ou fragmentadas em cenários de indução à
hipoglutaminemia:
Dietas de restrição de carboidratos (menos de 2g de carboidratos por Kg de peso ao dia) ou
energia (abaixo ou com proximidade da taxa metabólica basal).
Em exercícios de endurance ou ultraendurance.
Nos estados caracterizados de overtraining e disbiose nutricional, a suplementação controlada de
glutamina parece apresentar resultados relevantes de melhora de performance, ambiente imune,
capacidade absortiva e saúde nutricional.
A ingestão pode ser realizada em doses únicas ou segmentadas de 0,01 g por Kg de peso ao dia ou em
quantidades fixas de 5-20 g ao dia.
Arginina e nitrato
A discussão sobre a finalidade de ingestão ou prescrição de arginina e glutamato costuma ser conjunta,
em função de ambos terem ação predisponente de cenário de hemodilatação. Nesse cenário, há
constatação de maior chegada de sangue, oxigênio e nutrientes à fibra muscular, melhorando suas
valências esportivas e, consequentemente, o desempenho físico.
A arginina é um aminoácido classificado como condicionalmente essencial, isto é, se torna apenas
imprescindível para consumo diante de alguns cenários específicos. Além de participar da síntese
proteica corporal, desempenha um papel importante na regulação desse processo.
De forma complementar, a arginina ainda apresenta as seguintes funções:
Foto: Shutterstock.com
Embora não haja observação considerável na literatura sobre a relação direta da ingestão de arginina
com hipertrofia muscular, alguns achados até apresentam respostas de ganho de força, mas não
necessariamente aumento de volume muscular. Essa ingestão é interessante, portanto, para atletas cujo
controle de peso e volume corporal seja necessário, tais como lutadores e remadores ou canoístas (para
não aumentar o peso da soma embarcação-atleta).
Os resultados mais interessantes, porém, desse tipo de resposta na potência e na força muscular de
atletas parece estar necessariamente indicado à suplementação de 0,05 g de arginina/kg de peso/dia,
em combinação com doses de BCAA, citrulina e ornitina. Segundo Castell et al. (2009) e Centeno et al.
(2017), também é possível encontrar certa consistência de resultados da suplementação conjunta de
arginina, ornitina, citrulina e BCAA na recuperação de atletas de endurance em estado de overtraining.
O nitrato também é capaz de ter interferência na produção de NO endógena, principalmente em
condições de claudicação da oferta de oxigênio durante a prática esportiva. A dieta pode ser um fator
determinante na presença endógena de nitrato, especialmente por conta de suas principais fontes
alimentares, como alguns vegetais − aipo, beterraba, espinafre, alface, rúcula, agrião etc. Por exemplo,
100 g de beterraba in natura apresenta 250 mg de nitrato em 100 g de alimento.
A Tabela 10 apresenta concentração média de nitrato encontrado a partir da origem dietética de alguns
alimentos:
Alimento Nitrato (µg/mL)
Beterraba (suco) 476
Beterraba (em pó) 16.478
Aipo (suco) 255
Aipo (pó) 716
Espinafre (pó) 28.867
 Tabela 10: Conteúdo de nitrato em alguns alimentos-fonte. 
Adaptado de: Shah et al. (2013, p. 3).
Curiosamente, a síntese de NO tem relação com a presença de micro-organismos no trato
gastrointestinal com capacidade de converter e alterar nitrato e nitrito gasoso (tanto na saliva como no
estômago) em NO. Adicionalmente, ao contrário da suplementação de arginina, a ingestão de nitrato via
dieta ou suplemento tem maior eficiência para melhora no desempenho físico e recuperação da fadiga,
ao reduzir o custo da oxidação de oxigênio no metabolismo aeróbico e aumentar a tolerância ao esforço.
As principais respostas de desempenho esportivo avaliadas sobre o consumo ou a suplementação de
nitrato estão associadas a indivíduos treinados, geralmente atletas de alto desempenho, e os resultados
mais marcantes são:
Melhora do tempo e da distância percorrida até a exaustão.
Aumento da atividade e função de fibras musculares de contração rápida, favorecendo aumento de
explosão e torque.
 RECOMENDAÇÃO
Em média, recomenda-se a suplementação de doses de 5 a 9 mmol (310-560 mg) ao dia, durante 3 a 6 dias,
cerca de 2 a 3h antes do treino-alvo. Outra estratégia pode residir na oferta de 8 a 10 mg de nitrato de sódio
ou nitrato de potássio por Kg de peso ao dia, antes do exercício, de acordo com Jones (2014) e Maughan et
al. (2018).
BCAA
A denominação de BCAA advém da sua estrutura ramificada no radical R acoplado ao carbono central
assimétrico dos seus constituintes leucina, isoleucina e valina. Os BCAA são aminoácidos essenciais,
portanto, obrigatoriamente devem constar na dieta humana, pois não são fabricáveis pelo organismo.
De modo geral, as fontes de carnes, ovos e leites e derivados fornecem cerca de 15 a 20 g de BCAA em
100 g de fonte alimentar. Bioquimicamente, os BCAA têm papel de grande importância no metabolismo
energético intramuscular esquelético, em especial na transaminação com cetoácidos de cadeia
ramificada (BCKA) e glutamato, gerando a amônia como subproduto dessa reação. Além disso, níveis
controlados de BCAA no sangue interferem diretamente sob o estado de fadiga central durante o
exercício físico. Isso ocorre pois existe uma competição na barreira hematocefálica neural entre BCAA e
aminoácidos aromáticos (AAA), com destaque ao triptofano.
 
Foto: Shutterstock.com
Caso ocorra redução nos níveis de BCAA sérico, geralmente em direção ao suprimento energético do
tecido muscular esquelético intraexercício, as concentrações de triptofano neurais costumam aumentar,
gerando, como consequência, o aumento da síntese de neurotransmissor 5-hidroxi-triptofano (5-HTP ou
serotonina). A serotonina tem como característica principal a geração de sensação de bem-estar por
relaxamento neural, sendo assim contraproducente ao intuito ergogênico estimulante necessário para o
prolongamento da duração de exercícios físicos.
Geralmente, a ingestão de BCAA isolado parece ser mais eficiente para combater efeitos
seretoninérgicos deletérios, em função da redução de BCAA sérico em atividades de endurance e
ultraendurance. No entanto, em consensos da literatura científica contemporânea está estabelecido que
a suplementação isolada de BCAA, isto é, sem a presença dos demais AAE, não é capaz de gerar SPM
e, portanto, resposta de ganho direto de força, hipertrofia ou potência muscular.
 RECOMENDAÇÃO
As doses de suplementação de BCAA recomendadas para redução de indução à fadiga central são de 0,03 a
0,05 g/kg de peso por hora de treinamento ou 2-4g/h de treino, ingerida preferencialmente na proximidade ou
durante o exercício. O consumo pós-treino pode ser indicado, contato que exista cuidado na ingestão
conjunta de proteínas completas − se o interesse for de aumento da SPM e levando em consideração que
fontes proteicas dietéticas de alto valor biológico já contêm concentração razoável de BCAA.
Embora os BCAA sejam naturalmente circulantes e seu consumo possa parecer inofensivo, doses
elevadas de suplementação isolada (geralmente, entre 10-30g) parecem interferir na uragênese, no
estímulo insulinotrópico ou mesmo na variação pressórica.
A IMPORTÂNCIA DA SUPLEMENTAÇÃO
PROTEICA PARA HIPERTROFIA MUSCULAR
O especialista Daniel Ronaldo Chreem fala sobre a importância da suplementação proteica para
hipertrofia muscular
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. NA MAIORIA DAS VEZES, A BUSCA DO CONSUMIDOR ESPORTISTA POR
SUPLEMENTOS DE ORIGEM PROTEICA TEM O INTUITO DE AUMENTO DE
MASSA MUSCULAR. A HIPERTROFIA MUSCULAR É RESULTADO DO AUMENTO
DO VOLUME DA FIBRA MUSCULAR, GERADO PELA COMBINAÇÃO DE
INCREMENTO DA SÍNTESE PROTEICA MUSCULAR (POR BALANÇO
NITROGENADO POSITIVO), BOA PRESENÇA DE AMINOÁCIDOS DISPONÍVEIS
NO SANGUE E CONCENTRAÇÃO REGULADA DE HORMÔNIOS ANABÓLICOS
ENDÓGENOS (PRINCIPALMENTE INSULINA E SOMATOMEDINA-C).

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