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Aula 05 - Nutrição Esportiva - Planejamento dietético

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DESCRIÇÃO
O cálculo das necessidades nutricionais como ferramenta específica no planejamento dietético.
PROPÓSITO
Apresentar os cálculos das necessidades nutricionais, bem como o planejamento dietético para o
praticante de atividade física na busca por hipertrofia, emagrecimento e performance, amplia seus
conhecimentos para o atendimento clínico profissional na promoção da saúde.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar a avaliação da composição corporal e dos parâmetros bioquímicos em praticantes de
atividade física
MÓDULO 2
Listar fórmulas de cálculo de valor energético total (VET) e de múltiplos de equivalente metabólico (MET)
a partir do uso de exemplos de cálculo passo a passo
INTRODUÇÃO
Neste estudo, vamos conhecer a avaliação nutricional do praticante de atividade física para otimizar e
direcionar melhor suas necessidades nutricionais no propósito de hipertrofia e emagrecimento, bem
como calcular as necessidades de acordo com os objetivos propostos.
A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE UM PRATICANTE DE
ATIVIDADE FÍSICA SE ASSEMELHA A DE UM
SEDENTÁRIO, PORÉM, HÁ QUE SE AVALIAR
OUTROS PARÂMETROS: TIPO DE TREINAMENTO,
TEMPO DE PRÁTICA, DIAS QUE PRATICA,
OBJETIVOS, DISPONIBILIDADE DE TEMPO E
DINHEIRO PARA A CONCRETIZAÇÃO DO
PLANEJAMENTO NUTRICIONAL.
Vamos relacionar as fórmulas de cálculo com os objetivos propostos, visto que é muito comum o
planejamento nutricional sem bases mais precisas como fórmula de bolso para objetivos bem precisos
relacionados com as diferenças antropométricas no antes e depois.
Além disso, alguns parâmetros bioquímicos apresentam alterações comuns em atletas ou praticantes de
atividade física, seja de forma adaptativa, saudável, ou alteração de disfunção.
MÓDULO 1
 Identificar a avaliação da composição corporal e dos parâmetros bioquímicos em praticantes
de atividade física
DEFINIÇÕES
A avaliação nutricional e a composição corporal contam com uma série de parâmetros que sustentam o
planejamento nutricional. Para um nutricionista esportivo, é necessário saber em qual estado nutricional
o praticante/atleta se encontra, bem como o percentual de gordura e massa muscular.
A AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL PODE
SER TÃO EXTENSA QUANTO POSSÍVEL, TENDO
COMO OBJETIVO A APLICAÇÃO DE MEDIDAS PARA
O ESTUDO DE TAMANHO, FORMA, PROPORÇÃO,
COMPOSIÇÃO, MATURAÇÃO E CRESCIMENTO.
POR QUE AVALIAR A COMPOSIÇÃO CORPORAL?
Para tomada de decisões atuais e futuras, no âmbito estético, com objetivos reais, ou mesmo no âmbito
de saúde. Também para monitorar mudanças corporais a fim de acompanhar a especificidade da dieta
individualizada, bem como a possível necessidade de mudança de hábitos e ainda elucidar o público
ávido por informações sobre nutrição, reabilitação e manutenção saudável dos parâmetros almejados. A
avaliação da composição corporal na prática clínica esportiva conta com:
PESO CORPORAL
ESTATURA
PERCENTUAL DE GORDURA
MASSA MAGRA
As circunferências, de forma geral, servem para o profissional de educação física e fisioterapia ajustar
possíveis descompensações unilaterais ou mesmo para a clínica, onde se faz relação de
desenvolvimento infantil ou mesmo desnutrição. A relação cintura/quadril e, mais ainda, a de
circunferência da cintura são direcionadas para pacientes sedentários.
O índice de massa corporal (IMC) é uma ferramenta que conta com dois parâmetros:
PESO
ESTATURA
Embora muito utilizado em clínica, seus resultados refletem a relação do peso pelo corpo
indistintamente.
O IMC limita-se a excessos ou deficiências totais de peso, o que ainda assim alerta sobre os riscos
gerais para saúde cardiovascular, síndrome metabólica, hipertensão arterial sistêmica, resistência à
insulina, sobrepeso, obesidade e desnutrição.

No entanto, não é específico para massa magra e percentual de gordura, podendo, assim, direcionar
erroneamente a dieta para IMC elevado, mas com percentual de gordura baixo.
Uma avaliação de peso e percentual de gordura com dobras cutâneas dura em média 10 minutos, ao
acrescentar mais parâmetros é necessário um maior tempo para execução, como sabemos ainda que
percebamos diferenças significativas, por exemplo, de um membro para outro de um adulto saudável,
nutricionalmente nossa conduta será a mesma.
 ATENÇÃO
O peso corporal deve ser avaliado com roupas leves, sem calçado ou adornos, sempre no mesmo horário,
em todas as avaliações. O paciente deve estar em cima da balança calibrada, de costas para o visor (no
caso de digital), ou pesos e contrapesos, no caso de uma analógica, com pés juntos no centro, ombros
relaxados, braços ao longo do corpo e cabeça erguida, com olhar reto para a frente.
MÉTODOS INDIRETOS (PADRÃO OURO)
Os métodos de avaliação corporal diretos são os mais precisos, pois contam com a dissecação dos
tecidos (porém, somente em cadáveres). Logo, criaram-se os métodos indiretos de padrão ouro que
contam com:
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
ULTRASSOM DE MESA
DENSITOMETRIA FEITA POR DEXA
PESAGEM HIDROSTÁTICA
PLETISMOGRAFIA
A tomografia computadorizada, uma sequência de cortes de imagem computadorizada de alta
precisão através de arcos magnéticos. Entretanto, é um exame caro e depende de um pedido médico.
Outro é o ultrassom de mesa, que trabalha com emissão de som em frequência específica. Percorre a
pele, o tecido adiposo, a musculatura e é rebatido pelo osso no ponto em que se quer avaliar.
COMO TODO TECIDO TEM SEU GRAU DE
RESISTÊNCIA AO COMPRIMENTO DE ONDA EMITIDO
(SOM INAUDÍVEL), A IMAGEM DAS ESPESSURAS
DOS TECIDOS CONSEGUE SER FEITA
ESPECIFICAMENTE.
 
Imagem: shutterstock.com
 Ultrassom de mesa.
A densitometria feita por DEXA (dual energy x-ray absorptiometry – absorciometria de feixe duplo de
energia raio x) é diferente do raio x convencional, onde é emitido feixe de energia único de alta
intensidade que atravessa o indivíduo. Esse feixe é captado por placa específica para “impressão”.
O DEXA ENTÃO EMITE DOIS FEIXES,
POSTEROANTERIORES, DE BAIXÍSSIMA
INTENSIDADE, ATENUADOS PELO CORPO DO
PACIENTE, SENDO CAPTADOS POR UM DETECTOR
QUE CALCULA A DENSIDADE A PARTIR DO RAIO
QUE CONSEGUE ALCANÇÁ-LO.
Devido ao grau de absorção de raio x de cada tecido, é possível quantificar massa magra, percentual de
gordura, massa óssea e quantidade de água.
 
Imagem: shutterstock.com
 DEXA.
Pesagem hidrostática é a avaliação feita em uma piscina de tamanho pequeno onde se sabe com
exatidão o volume e o peso da água. Quando o indivíduo é submerso, há deslocamento dessa água.
Assim, a partir de fórmulas para volume e densidade, consegue-se calcular o percentual de gordura.
Na pletismografia, o indivíduo é posto em uma câmara hermeticamente fechada, comparando valores de
pressão e volume da câmara, sem o sujeito e depois com o sujeito, para calcular densidade corporal,
sendo possível assim saber o percentual de gordura.
 
Imagem: shutterstock.com
 Exame de pletismografia.
MÉTODOS DUPLAMENTE INDIRETOS
O percentual de gordura, na impossibilidade de avaliações padrão ouro, geralmente, é feito com
adipômetro ou bioimpedância elétrica. Porém, tem se tornado popular o uso de ultrassom portátil
com cabeçote fixo.
 COMENTÁRIO
A vantagem do ultrassom é a facilidade de uso com os mesmos pontos utilizados para dobras cutâneas e o
layout de impressão semelhante ao da bioimpedância elétrica que parece atrair o público.
A bioimpedância elétrica é um aparelho que emite corrente elétrica controlada e mede a impedância
(sendo a oposição ao fluxo da corrente elétrica pelo corpo), que é a soma vetorial de resistência e
reactância conforme passa pelo corpo, e fluirá mais prontamente através da água corporal, que contém
eletrólitos.
Resistência
É a oposição ao fluxo da corrente elétrica através das células.

Reactância
É a oposição imposta pelas membranas citoplasmáticas.
Originalmente, a bioimpedância possui quatro polos, dois de emissão e dois de captação, que
favorecem a estabilidade e a precisão no processo.
Atualmente, existem diversos modelos de equipamentos, inclusive com apenasdois polos, cuja precisão
é altamente questionável, e até de oito polos, sem diferença em relação ao de 4 polos.
 
Imagem: shutterstock.com
 Bioimpedância elétrica.
Os critérios para realizar o exame são os que se seguem:
Jejum de quatro horas antes do teste.
Não realizar atividades físicas extenuantes nas 24 horas que antecedem o teste.
Não ingerir bebidas alcoólicas nas 48 horas que antecedem o teste.
Não estar utilizando medicamentos diuréticos ou substância diurética nos sete dias que
antecedem o teste.
Urinar pelo menos trinta minutos antes do teste.
Não estar no período pré-menstrual.
Permanecer pelo menos de cinco a dez minutos deitado de costas, em repouso, antes de
executar o teste.
A vantagem é que pode ser utilizada em indivíduos obesos, porém, conta com a colaboração do
avaliado.
As dobras cutâneas contam com nove pontos (peitoral, tricipital, bicipital, supra ilíaca, axilar média,
abdominal, subescapular, coxa, panturrilha), que devem “separar” tecnicamente a pele e a gordura do
músculo em uma dobra e pinçar as dobras para posterior cálculo do percentual de gordura. O ideal é
não ter feito atividade nas 24 horas que antecedem a avaliação, fazendo a avaliação do lado direito
todo.
 
Imagem: shutterstock.com
 Adipômetro e dobra cutânea abdominal.
Por ser um equipamento mais barato e de alta precisão, validado por DEXA, o adipômetro torna-se a
ferramenta mais recomendada para percentual de gordura na prática clínica, tanto para praticantes de
atividade física de forma geral como para atletas, que, muitas vezes, não estão treinando em locais que
contam com equipamentos padrão ouro.
MAIS RECENTEMENTE, FOI CRIADA UMA
ADAPTAÇÃO PORTÁTIL E MUITO MAIS BARATA,
PORÉM, AINDA BEM MAIS CUSTOSA QUE O
ADIPÔMETRO, SEMELHANTE AOS EQUIPAMENTOS
MEDIANOS DE BIOIMPEDÂNCIA ELÉTRICA – O
ULTRASSOM PORTÁTIL COM CABEÇOTE FIXO –,
QUE APRESENTA TAMBÉM SUA VALIDAÇÃO POR
DEXA.
É mais uma possibilidade de avaliação do percentual de gordura e massa magra para atletas de alta
performance ou praticantes de atividade física, utilizando os mesmos pontos das dobras cutâneas, mas
que exige um avaliador treinado.
 
Imagem: shutterstock.com
 Ultrassom portátil.
Ainda que seja um equipamento de custo mais elevado, sua avaliação é mais rápida que a
bioimpedância elétrica e com precisão maior, com modelo de impressão semelhante – o que para um
público cada vez mais exigente se torna também uma ferramenta de marketing favorável.
Em comparação às dobras cutâneas, sua precisão e seu tempo de avaliação também são semelhantes,
tendo uma média de validade do equipamento de mais ou menos 10 mil avaliações. É algo que o torna
atrativo, visto que o adipômetro exige manutenção regular. Além disso, pode ser utilizado em pacientes
obesos e não exige critérios anteriores ao exame.
 ATENÇÃO
Vale ressaltar que qualquer um dos três equipamentos quando utilizados corretamente tem sua precisão
próxima, destacando atenção maior aos critérios da bioimpedância elétrica.
A avaliação do percentual de gordura para atletas é de suma importância para adequar a composição
corporal ao tipo de modalidade praticada com o intuito de melhorar a performance, bem como adequar
específica e individualizadamente a dieta e a suplementação, onde são utilizadas prescrições de acordo
com massa magra.
Em atletas fisiculturistas ou body builders, deve-se ter atenção ao método de avaliação devido às fases
de treino e objetivos a serem alcançados, pois muitos podem estar com excesso de água pelo uso de
hormônio testosterona e/ou creatina.

Tanto a avaliação da composição corporal pode estar equivocada quanto o cálculo de necessidades
energéticas exacerbado.

É importante acompanhar o praticante há bastante tempo ou fazer a anamnese com histórico ponderal.
INDICADORES BIOQUÍMICOS
HEMOGRAMA
O treinamento físico implica a somatória de inúmeras sessões de exercícios variados, com sobrecargas
progressivas, objetivando processo adaptativo contínuo para aumento de síntese proteica, hipertrofia e
melhoria de desempenho esportivo.
A combinação de variáveis, prescritas pelo profissional de educação física, leva ao distúrbio da
homeostase celular (estresse físico). Antes que se tenha o equilíbrio da homeostase ou algo próximo ao
equilíbrio – visto que a ideia é se manter em treinamento minimamente para manutenção da saúde –, há
alterações comuns e incomuns de indicadores bioquímicos dependentes diretamente da intensidade do
treino, bem como:
Genética
Uso de hormônios esteroidais anabólicos
Fármacos
Dieta ou alimentação; tempo total e qualidade de sono
Idade
Gênero
Estresse psicológico; entre outros
DE FORMA GERAL, TEMOS DOIS PÚBLICOS:
ATLETAS
Em suas diversas modalidades e intensidades.
PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA
Praticando esporte ou não, também sendo influenciados pelo tipo de treino e intensidade, muitas vezes,
sem supervisão ou controle.
O desequilíbrio da homeostase pode ser mais ou menos intenso e impactar mais ou menos nos
parâmetros bioquímicos. A falsa premissa de que para se obter a excelência no esporte (isso implica
ganhar as competições) ou ter a forma física socialmente aceita deve-se usar todos os subterfúgios ou
treinar mais e descansar menos com o máximo de sobrecarga que aguentar – independentemente da
qualidade de execução dos movimentos – pode levar a alterações bioquímicas mais severas.
Entre os exemplos de atividades e hábitos mais comuns que levam a tais alterações, temos:
Cross fit.
Musculação (principalmente, com uso de hormônio, o que tem feito crescer o número de usuários
na última década, especialmente, entre o público feminino, visto que o masculino já era alto).
Futebol americano (também com alta incidência de usuários de hormônios).
Futebol.
Maratonas e ultramaratonas.
Levantamento de peso olímpico.
Uso excessivo de sobrecargas.
Dieta incompatível com saúde ou atividade praticada (dieta low carb para atividades de alta
intensidade, por exemplo).
Percentual de gordura muito baixo.
Uso constante e exacerbado de álcool.
Ansiedade versus restrição de sono e treino mais que exaustivo.
Uso de hormônios.
Antes de se focar em desequilíbrio negativo da homeostase, é importante destacar que alterações
positivas também são esperadas com a prática de atividade física controlada, como aumento de
eritrócitos (glóbulos vermelhos) e hemoglobina, visto que são os responsáveis diretos pelo transporte de
oxigênio no sangue.
 SAIBA MAIS
Na prática regular de atividade física, há maior estímulo na medula óssea para aumentar suas produções, o
que significa adaptação ao treino, algo que, muitas vezes, é visto como maior disposição ou vitalidade.
Para relembrar e melhorar o entendimento sobre as funções de células sanguíneas, podemos ver nas
figuras abaixo, em sequência, a fonte de produção e tipos de células sanguíneas.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Medula óssea como fonte de células sanguíneas.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Células sanguíneas formadas a partir de célula-tronco hematopoiética.
Os leucócitos (grupo de células responsáveis pela defesa contra agressões externas e infecções) estão
presentes nas adaptações impostas pelo treinamento – principalmente, os neutrófilos segmentados que
compõem cerca de 50% a 60% do total de células circulantes.
A prática de atividade física gera microlesões musculares e é necessário degradar de forma integral a
seção lesionada para posterior reestruturação em uma seção mais resistente. No caso de células
musculares há aumento do número de miofibrilas (metaplasia, adaptação celular de resistência a
estímulo repetitivo em diversos tecidos).
A DIMINUIÇÃO DE LIPOPROTEÍNA DE BAIXA
DENSIDADE (LP-LDL), O AUMENTO DE
LIPOPROTEÍNA DE ALTA DENSIDADE (LP-HDL) E A
DIMINUIÇÃO DE TRIGLICERÍDEOS TOTAIS TAMBÉM
SÃO ADAPTAÇÕES POSITIVAS, ALÉM DE MUITOS
OUTROS ACONTECIMENTOS ADAPTATIVOS AO
TREINAMENTO REGULAR SAUDÁVEL, ONDE É
ESPERADO QUE SE TENHA MELHORA NOS
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS DE FORMA GERAL.
Contudo, mesmoprocessos comuns, como os dos neutrófilos segmentados, geram Espécies Reativas
de Oxigênio (EROs) que têm potencial oxidante. Logo, um organismo com quantidades inadequadas de
antioxidantes – basta estar abaixo das recomendações da DRI-recomendações diárias de ingestão,
resultado de dietas isoladas ou sem equilíbrio nutricional – pode gerar ainda mais prejuízo que o
esperado, levando a menos adaptação.
 VOCÊ SABIA
Quando se fala de extremos como maratonas, ultramaratonas e triatlo, é comum, nas 24h após a realização
dessas atividades, que haja elevação abrupta de proteínas de fase aguda inflamatória e algumas células:
citocinas inflamatórias (proteína C reativa, α-1-glicoproteína ácida e amiloide sérico A, que retornam a valores
basais entre 3 e 24 horas, por não se tratar de uma lesão severa, e por isso não seria uma preocupação
nesse período) e linfócitos (principalmente T e NK), neutrófilo. Porém, nas semanas seguintes, esses
mesmos parâmetros podem estar diminuídos (imunossupressão transitória), aumentando o risco de infecções
respiratórias superiores.
Na contramão, indivíduos fisicamente ativos (praticantes regulares com atividades realizadas três vezes
por semana, totalizando pelo menos noventa minutos semanais com intervalos de um dia) têm menor
frequência de infecções respiratórias superiores. Contudo, indivíduos sedentários têm maior frequência
(quadro abaixo).
Tipo celular Função Causas de Causas de
aumento diminuição
Neutrófilo
Componente da
resposta imune inata;
realiza fagocitose;
Produz EROs e
enzimas hidrolíticas
Atividade física
(efeito transitório);
infecções
bacterianas;
processos
inflamatórios;
leucemias
Deficiências
nutricionais;
leucemias; anemia
aplástica;
infecções
(hepatite,
tuberculose,
mononucleose);
imunossupressão
Eosinófilo
Destrói parasitas e
participa da reação
de fase tardia da
hipersensibilidade
imediata e processos
alérgicos
Parasitoses;
alergias; asma;
dermatoses;
doença de
Hodgkin; atividade
física (efeito
transitório)
Uso de esteroides;
infecção aguda
(viral e bacteriana);
tuberculose
Basófilo
Secreta histamina e
fator ativador de
plaquetas, mediador
da resposta
inflamatória, participa
da reação de
hipersensibilidade
imediata
Alergias; doenças
mieloproliferativas,
calor extremo do
banho
Uso de esteroides
Linfócito T
Participa da resposta
imune específica
Infecções virais,
bacterianas e
fúngicas (mais
raro)
Imunodeficiências;
estresse; uso de
corticosteroides
Linfócito B Sintetiza anticorpos
(imunoglobulinas)
*Resposta
adaptativa a corpo
estranho
Imunodeficiências;
estresse; uso de
reconhecido como
tal
corticosteroides;
quimioterapia
Monócito/macrófago Realiza fagocitose
Infecções virais
(imunonucleose e
hepatites);
toxoplasmose;
infecções
bacterianas;
tuberculose;
exercício agudo
Imunodeficiências
 Quadro: Subgrupos de leucócitos e suas respectivas funções. 
Extraído de Paschoal e Naves (2014, p. 293).
A hemólise é a destruição de glóbulos vermelhos (hemácias), um acontecimento comum no sangue.
Os exercícios de alta intensidade podem aumentar o grau de hemólise, devido à compressão exercida
pelo impacto dos pés no solo durante uma corrida, ou à contração muscular vigorosa em modalidades
como remo, natação, levantamento de peso e ciclismo.

Tais atividades podem levar a uma anemia (como visto na Figura abaixo), visto que as taxas de
eritropoiese (formação de eritrócitos) parecem ser menores que a hemólise nesse cenário.

Valores menores de eritrócitos, nesse cenário, que podem indicar anemia, não será por deficiência de
ferro ou vitaminas do complexo B, porém deve-se avaliar o estado nutricional antes de qualquer
conclusão isolada.
 
Imagem: shutterstock.com
 Anemia.
Caso o praticante intenso já esteja com deficiências bioquímicas (comprovadas por exame bioquímico
anterior) ou apresente sinais e sintomas aparentes (semiologia nutricional), o quadro de anemia pode
ser ainda mais severo.
Estes são alguns dos sinais e sintomas:
Cansaço maior que o comum (mantendo a prática da atividade na mesma intensidade).
Mucosa rosa bem clara.
Sonolência anormal ao longo do dia (sem ser após o almoço, devido a uma maré alcalina e maior
taxa de insulina, que aumentam sono).
Lapsos de memória frequentes; entre outros.
Para complementar a interpretação desse quadro, deve-se observar a hemoglobina (Figura abaixo), o
hematócrito, o VCM (volume corpuscular médio – tamanho do eritrócito) e a HCM (hemoglobina
corpuscular média – razão entre a quantidade de hemoglobina e o número de eritrócitos): se estiverem
diminuídos, trata-se de deficiência de ferro.
 
Imagem: shutterstock.com
 Hemoglobina destacada da hemácia.
Quando VCM estiver aumentado, HCM normal ou no limite inferior da faixa de normalidade clínica e
eritrócitos normais pode ser uma anemia megaloblástica (Figura abaixo), o que poderia indicar
deficiência de vitamina B12 e B9, sendo a deficiência de B12, complementada por valores elevados de
homocisteína.
 
Imagem: shutterstock.com
 Anemia megaloblástica.
VCM aumentado, HCM diminuído, eritrócito diminuído e hemoglobina baixa indicam tanto anemia
ferropriva quanto anemia megaloblástica, ou seja, hemácias grandes de forma geral e em menor
número total. Os sintomas seriam cansaço extremo e performance muito diminuída, que já estariam
dando sinais há semanas.
Outros dois parâmetros complementares ao quadro de anemia ferropriva são a ferritina (proteína de
armazenamento de ferro no fígado) abaixo de 12μg/L e saturação de transferrina (proteína
transportadora de ferro) abaixo de 16%.
É indicado nesses casos mais extremos a suplementação de vitaminas B12 (cianocobalamina), B9
(ácido fólico) e ferro, sendo as formas metilcobalamina, metilfolato e bisglicinato ferroso,
respectivamente, de melhor absorção, além de descanso pelo atleta.
 RECOMENDAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Caso o atleta ou praticante tenha gastrite, principalmente, não tratada, ou use medicamento para esse fim
por conta própria, é indicado utilizar vitamina B12 sublingual para garantir absorção.
Devemos ter atenção à interpretação de valores menores de hematócritos, eritrócitos e hemoglobina em
atletas de endurance comparativamente a atletas praticantes de treino de força ou sedentários. Com a
adaptação ao treino, há hipervolemia e maior viscosidade no sangue, o que acaba diluindo o número
total dessas células, podendo dar a falsa impressão de anemia.
BIOMARCADORES DE LESÃO TECIDUAL
O monitoramento de algumas enzimas musculares e metabólitos pode ser preditor de lesões, algo
importante na prevenção e nas adaptações ao treinamento. A presença desses metabólitos e enzimas
na corrente sanguínea se dá pela reação de radicais livres com a membrana celular ocasionando a
peroxidação lipídica, juntamente com o estresse mecânico do exercício alterando a permeabilidade
celular.
Algumas das proteínas celulares que podem ser liberadas com possíveis lesões de diversas naturezas
são:
Enzima creatina quinase (CK).
Aspartato aminotransferase (AST, também conhecida como TGO-transaminase oxalacética).
Alanina aminotransferase (ALT, também conhecida como TGP-transaminase glutâmica pirúvica).

A CK catalisa a fosforilação de adenosina difosfato (ADP) em adenosina trifosfato (ATP), usando a
fosfocreatina (PCr) como fonte de fósforo.
A CK pode se elevar drasticamente na corrente sanguínea com exercícios muito intensos, bem como
diminuir de acordo com a adaptação ao treino.


É preciso atenção por não possuir valor de referência de normalidade. Muitos são os fatores que
influenciam seus valores, como massa magra, níveis de estrogênio, etnia, idade, bem como método de
análise.
Há apenas comparativos de normalidade entre grupos não praticantes de atividade física ( ˂ 207U/L) e
indivíduos fisicamente ativos ( ˂ 1.309U/L), podendo chegar a valores muito mais elevados em
atividades mais intensas e ainda assim não haver perigo.
A CK é um parâmetro de comparativopessoal com valores anteriores próprios. Se houver alteração dos
valores comuns do indivíduo, deve existir relação com a intensidade de atividade praticada versus dor,
lesão aparente ou não, enzimas hepáticas, idade e saúde cardíaca, uso de hormônios esteroidais
anabólicos e massa muscular – ou seja, tudo que possa influenciar no aumento da CK.
A AST está presente principalmente:
FÍGADO
MÚSCULOS
RINS
MIOCÁRDIO
ERITRÓCITOS
Se a AST estiver elevada, em 24 horas haverá sobrecarga muscular.

Porém como muitos treinam intensamente seis dias na semana, isoladamente, esse parâmetro pode
falsear interpretações.

Logo, sua interpretação para lesão ou adaptação ao treino deve ser feita junto à CK.
A ALT sofre pouca influência do exercício. Porém, a relação AST/ALT serve como indicador de doença
hepática ou consumo elevado de álcool e esteroides (comuns no meio esportivo), bem como esteatose
hepática.
Para complementar os resultados hepáticos das aminotransferases, a gamaglutamiltransferase (GGT)
também pode estar elevada com alto consumo de álcool, bem como com uso de alguns analgésicos.
Descarta-se lesão muscular se todas estiverem elevadas.
 ATENÇÃO
A mioglobina é uma hemeproteína de armazenamento de oxigênio no músculo esquelético e cardíaco, já
sendo mais elevada em praticantes de atividade física ( ˂ 133ng/mL) em relação a sedentários ( ˂ 85ng/mL).
Valores ainda maiores junto a alterações severas de CK servem de marcadores de sobrecarga muscular,
podendo indicar lesão importante.
BIOMARCADORES DE ESTRESSE METABÓLICO
Alguns cenários não necessariamente envolvem lesão mais extensa da musculatura, mas também
exercícios com sobrecarga, e algumas alterações valem ser levadas em consideração, como:
ÁCIDO ÚRICO
UREIA
CREATININA
O ácido úrico é um antioxidante não enzimático do sangue e da saliva, sendo produto final do
metabolismo de purinas (bases nitrogenadas que compõem o nucleotídeo), presentes em alimentos
cárneos, leguminosas, oleaginosas, pães entre outros. Logo pode estar mais elevado em dietas com
quantidades excessivas desses alimentos. Além disso, o exercício agudo intenso, resistido ou aeróbico
promove aumentos tanto séricos quanto salivares, cujo aumento é proporcional ao esforço, com base
nos valores de referência de indivíduos fisicamente ativos (4 a 8,3mg/dL).
A ureia é o produto final da degradação de proteínas, tendo como valores de referência de indivíduos
fisicamente ativos 18 a 50mg/dL, sendo associada ao excesso de consumo de proteínas ou por
deficiência de proteínas da dieta, levando a catabolismo proteico, e ainda a catabolismo proteico
mediado pelo treinamento, sendo associado aos valores de CK elevados, indicando inadequação a
treinamento muito intenso.
A creatinina é o produto final da decomposição da PCr, reação irreversível que diariamente
corresponde de 1% a 2% de conversão de creatina livre em creatinina, proporcional à massa magra.
Embora seja utilizada em clínica como marcador de função renal com valores de referência de 0,7 a
1,3mg/dL, os valores para indivíduos fisicamente ativos alteram um pouco (0,88 a 1,5mg/dL). Além
disso, é muito comum o uso de creatina como suplemento para aumento de performance e força.
Portanto, na interpretação de parâmetros bioquímicos, é imprescindível inserir os resultados no contexto
de prática de atividade física e suas variáveis. Isso pode alterar os valores comparando com as
referências e ainda assim não indicar perigo ou lesão, mas sim atenção constante para que o desfecho
seja apenas de melhora na performance, hipertrofia, força ou emagrecimento – tudo mediado pela
prática de atividade física.
NA PRÁTICA CLÍNICA: UM EXEMPLO DE
AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL E
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS EM ATLETAS DE
ALTA PERFORMANCE
O especialista Nicolas Machado Tebaldi aborda sobre a importância da avaliação da composição
corporal e parâmetros bioquímicos de atletas de alta performance.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. OS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL VISAM
DISTINGUIR MASSA MAGRA, MASSA GORDA E MASSA ÓSSEA, BEM COMO
PERÍMETROS, FAZENDO ASSOCIAÇÃO COM PARÂMETROS DE NORMALIDADE
PARA SAÚDE E DESEMPENHO ESPORTIVO. PARA TAL, TEMOS MÉTODOS DE
ALTA PRECISÃO E MÉTODOS DE MENOR PRECISÃO ADAPTADOS À PRÁTICA
CLÍNICA. MARQUE A OPÇÃO QUE CONTÉM APENAS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO
PADRÃO OURO:
A) Pesagem hidrostática, adipômetro, pletismografia
B) DEXA, tomografia computadorizada, bioimpedância elétrica de 4 pontos
C) DEXA, ultrassom, pletismografia
D) Ultrassom portátil, bioimpedância elétrica, adipômetro
E) Bioimpedância elétrica, adipômetro, DEXA
2. A AVALIAÇÃO DE INDICADORES BIOQUÍMICOS É UMA FERRAMENTA DE
CONSTATAÇÃO DE POSSÍVEIS ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS MEDIADAS POR
DIVERSOS FATORES COMO EXERCÍCIO, INTENSIDADE, IDADE, GÊNERO,
ALIMENTAÇÃO, DIETA, GENÉTICA ENTRE OUTROS. MAS DEVEMOS TER
CAUTELA NA INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS QUANDO O AVALIADO FOR
ATLETA OU PRATICANTE DE ATIVIDADE FÍSICA. POR QUÊ?
A) Pelo fato de ser atleta, naturalmente, tem-se mais saúde e as alterações nunca serão indicação de
estado patológico.
B) Exercícios intensos, muitas vezes, alteram os parâmetros, indicando adaptação, não estado
patológico.
C) O que indicará estado patológico serão fatores antropométricos, não indicadores bioquímicos.
D) Os parâmetros nesses casos são outros muito aquém aos parâmetros de pessoas sedentárias.
E) Os indicadores bioquímicos nesses casos só têm validade com a complementação antropométrica.
GABARITO
1. Os métodos de avaliação da composição corporal visam distinguir massa magra, massa gorda
e massa óssea, bem como perímetros, fazendo associação com parâmetros de normalidade para
saúde e desempenho esportivo. Para tal, temos métodos de alta precisão e métodos de menor
precisão adaptados à prática clínica. Marque a opção que contém apenas métodos de avaliação
padrão ouro:
A alternativa "C " está correta.
 
Apesar de existir muitas formas de avaliação da composição corporal, apenas as que têm maior grau de
precisão foram reconhecidas como padrão ouro, e outros métodos como dobras cutâneas, ultrassom
portátil e bioimpedância elétrica, apesar de apresentarem alto grau de precisão, não são reconhecidos
como padrão ouro.
2. A avaliação de indicadores bioquímicos é uma ferramenta de constatação de possíveis
alterações bioquímicas mediadas por diversos fatores como exercício, intensidade, idade,
gênero, alimentação, dieta, genética entre outros. Mas devemos ter cautela na interpretação dos
resultados quando o avaliado for atleta ou praticante de atividade física. Por quê?
A alternativa "B " está correta.
 
Apesar de alterações bioquímicas classicamente indicarem distúrbios orgânicos negativos em
praticantes de atividade física, principalmente intensos, antes de talvez voltar à normalidade dos
parâmetros clínicos, muitas vezes, indicam estado de adaptação mediado por inflamação controlada
imposta pelo exercício.
MÓDULO 2
 Listar fórmulas de cálculo de valor energético total (VET) e de múltiplos de equivalente
metabólico (MET) a partir do uso de exemplos de cálculo passo a passo
COMPONENTES DO GASTO ENERGÉTICO
Ao longo do dia, precisamos de energia para exercer diversas funções, seja de metabolização, síntese,
reestruturação ou atividades diárias como trabalhar, estudar, fazer compras, limpar a casa, passar
roupa, lavar louça e atividade física específica.
TUDO QUE FAZEMOS AO LONGO DO DIA É PARTE
DO GASTO ENERGÉTICO DIÁRIO, QUE SE RESUME À
TAXA METABÓLICA BASAL (TMB), AO EFEITO
TÉRMICO DOS ALIMENTOS (ETA), À TERMOGÊNESE
FACULTATIVA (AMBIENTE, ESTRESSE, ALTERAÇÃO
RADICAL DA INGESTÃO CALÓRICA), ÀS ATIVIDADES
CORRIQUEIRAS (ESTUDAR, LIMPAR CASA,
TRABALHAR) E À ATIVIDADE FÍSICA ESPECÍFICA.
A TMB é a quantidade de energia necessária para manter as funções do organismo, podendo
representar cerca de 50% a 70% do valor energético total (VET), medida a partir da produção de calor
ou troca gasosa em jejum e no repouso físico e mental em um ambiente controlado.
O ETAé a quantidade de energia necessária para digestão e absorção dos nutrientes provenientes da
comida e bebida que ingerimos, sendo influenciada pela composição da dieta em si.
Quando se tem uma dieta mais rica em gordura, o ETA fica mais baixo; quando mais rico em
carboidratos, aumenta um pouco; com uma dieta equilibrada, fica em torno de 10%; e, quando mais rica
em proteínas, aumenta bastante – bem como as fibras –, de forma significativa. Então, por convenção,
manteve-se o valor de 10%.
A termogênese facultativa varia mais quando se é exposto a um ambiente mais frio ou a variações
muito bruscas de aporte calórico diário. Aportes maiores aumentam um pouco mais e aportes menores
abruptos tendem a diminuir, não obtendo um percentual predefinido.
 
Imagem: shutterstock.com
A atividade física, segundo a Física, envolve a mecânica, isto é, movimento e, com isso, tem-se gasto
calórico além da TMB. Porém, junto dessa área, existem atividades corriqueiras que envolvem trabalho,
estudo, passar roupa e lavar louça – ou seja, ações do dia a dia que podem ou não ser fixas. A atividade
física específica envolve algum esporte (atividade física com regras, idades específicas e de
competição) ou alguma atividade que pode ser um esporte sem competição necessariamente ou mesmo
o ato de se movimentar por algum tempo específico (caminhada, trilha, velejar, mergulhar, musculação,
jump, alongamento).
 ATENÇÃO
A atividade física específica, geralmente, está pautada em padrões de realização na semana, ou seja, dias
específicos na semana. Ou, se não for totalmente fixa, muitas vezes, há certa quantidade de dias na semana
em que essas atividades são praticadas.
FÓRMULAS DE PREDIÇÃO
A calorimetria indireta é um método de avaliação do gasto de energia basal por meio do diferencial de
consumo de oxigênio e da produção de gás carbônico do que é inspirado e expirado em um sistema
fechado ou aberto. A metabolização de substratos energéticos, em sua maioria, é baseada no
metabolismo aeróbico. Ao consumir oxigênio para produção de energia, os carbonos presentes nos
substratos são associados ao oxigênio, formando gás carbônico para ser expirados.
Gordura Carboidrato Proteína Álcool
Quociente respiratório
(QR)
0,71 1,0 0,835 0,667
VO2 (L/g) 2,010 0,746 0,952 1,461
VCO2 (L/g) 1,427 0,746 0,794 0,974
1L do 1L O2 4,69(kcal/L) 5,05 (kcal/L)
4,66
(Kcal/L)
4,86
(kcal/L)
Densidade energética 9,4 (kcal/g) 3,77 (kcal/g) 4,4 (kcal/g) 7,1 (kcal/g)
 Quadro: Consumo e produção de gases na metabolização de macronutrientes. 
Extraído de Diener (1997, p. 247).
Atualmente, existem equipamentos portáteis mais acessíveis que, no entanto, ainda são caros para o
público em geral. Apesar de sua altíssima precisão, tais equipamentos não fazem parte de uma
realidade no dia a dia dos consultórios. Por isso, as fórmulas de predição acabam sendo mais utilizadas.
Essas fórmulas foram criadas a partir de 1919 com base em estudos de calorimetria indireta e direta
(estudo de produção de calor pela emissão de calor de animais e humanos) ou água duplamente
marcada (baseia-se pela taxa de mudança de dois isótopos não radioativos de oxigênio e hidrogênio,
onde o indivíduo ingere o líquido e é avaliado após uma ou duas semanas, sendo avaliada a diferença
na eliminação desses dois isótopos).
Harris e Benedict (1919): (P = peso em kg, E = estatura em cm, I = idade em anos)
Homens: 66,5 + (13,8 x P) + (5 x E) – (6,8 x I)
Mulheres: 655,1 + (9,6 x P) + (1,8 x E) – (4,7 x I)
Schofield (1985): (P = peso em kg)
Idade
(anos)
Gênero
feminino
xGênero masculinoxx
3 a 10
(0.085 x
P +
2.033) x
239
(0.095 x P + 2.110) x 239
10 a 18
(0.056 x
P +
2.898) x
239
(0.074 x P + 2.754) x 239
18 a 30
(0.062 x
P +
2.036) x
239
(0.063 x P + 2.896) x 239
30 a 60
(0.034 x
P +
3.538) x
239
(0.048 x P + 3.653) x 239
FAO/WHO (2001/2004): (P = peso em kg)
Homens Mulheres
Idade
(anos)
TMB
(kcal/dia)
TMB (kcal/dia)
< 3
59,512 x
P – 30,4
58,317 x P – 31,1
3 – 9,9
22,706 x
P + 504,3
20,315 x P + 485,9
10 –
17,9
17,686 x
P + 658,2
13,384 x P + 692,6
18 –
29,9
15,057 x
P + 692,2
14,818 x P + 486,6
30 –
59,9
11,472 x
P + 873,1
8,126 x P + 845,6
> 60
11,711 x
P + 587,7
9,082 x P + 658,5
Cunningham (1991): (MLG = massa livre de gordura)
370 + 21,6 (MLG)
Henry e Rees (1991): ÚNICA DIRECIONADA PARA REGIÃO TROPICAL
Idade
(anos)
Gênero
feminino
Gênero masculino
3 a 10
(0,063 x
P +
2,466) x
239
(0,113 x P + 1,689) x 239
10 a 18 (0,047 x
P +
2,951) x
239
(0,084 x P + 2,122) x 239
18 a 30
(0,048 x
P +
2,562) x
239
(0,056 x P + 2,800) x 239
30 a 60
(0,048 x
P +
2,448) x
239
(0,046 x P + 3,160) x 239
Dietary Reference Intakes DRI (2002) (P = peso em kg, E = estatura em cm, I = idade em
anos)
Homem: 662 – 9,53(I) + AF((15,91(P) + 539,6(E))
Mulher: 354 – 6,9 (I) + AF((9,36(P) + 726(E))
AF = fator atividade física
Mulheres Homens
1,00 1,00
Trabalhos domésticos de esforço leve a moderado, caminhadas
para atividades relacionadas com o cotidiano, ficar sentado por
várias horas.
1,12 1,11
Caminhadas (6,4km/h), além das mesmas atividades relacionadas
ao nível sedentário.
1,27 1,25 Ginástica aeróbica, corrida, natação, jogar tênis, além das mesmas
atividades relacionadas ao nível sedentário.
1,45 1,48
Ciclismo de intensidade moderada, corrida, pular corda, jogar tênis,
além das mesmas atividades relacionadas ao nível sedentário.
 Tabela: Fórmulas de predição de gasto energético basal e repouso. 
Adaptado de Wahrlich e Anjos (2001, p. 41), Trumbo et al. (2002, p. 1621) e Haaf e Weijs (2014, p. 5).
As fórmulas, em sua maioria, baseiam-se no público europeu e norte-americano, onde há também
influência do clima frio e, com isso, maior TMB em relação ao público de regiões tropicais. Em 2001, no
sul do Brasil, foi feito um comparativo entre as fórmulas de Harris e Benedict, FAO/OMS (1985),
Schofield, Henry e Rees, e calorimetria indireta. Os achados foram de superestimativa da TMB pelas
fórmulas em 17,1%; 13,5%; 12,9% e 7,4%, respectivamente. O comparativo é justificado, visto que
muitas são as variáveis que podem interferir na TMB, inclusive, etnia.
ALÉM DISSO, OUTRO PARÂMETRO QUE FAZ PARTE
DO CÁLCULO DO GASTO ENERGÉTICO TOTAL (GET)
TAMBÉM FOI QUESTIONADO POR NÃO SER
ESPECÍFICO NA ESTIMATIVA E PODE OCASIONAR
UMA SUPERESTIMAÇÃO – POR EXEMPLO, O FATOR
ATIVIDADE FÍSICA.
 ATENÇÃO
Esse fator foi criado tendo em vista as possíveis atividades do dia a dia e atividades físicas específicas, como
podemos ver ao final do quadro acima, mais recentemente atualizado pela Dietary Reference Intakes (DRI).
Contudo, mesmo com atualização da DRI, também há erro de dimensionamento das atividades de fato,
pois é um fator, não o cálculo isoladamente da atividade física específica. Assim como temos a
calorimetria indireta utilizada para medir TMB, ela foi adaptada para avaliar o gasto energético com
atividade física específica – esteira, bicicleta ou natação – pela ergoespirometria.
A ergoespirometria avalia o consumo de oxigênio inserindo os valores em fórmula específica ou em um
equipamento de calorimetria indireta já apresentando o gasto de energia no visor.
Como muitas atividades físicas seriam impossíveis de ser testadas diretamente seguindo essa
metodologia, foi testado o VO2 máx em corrida. Verificou-se o gasto máximo de energia, que chegou a
16,6kcal/minuto. A partir daí, fez-se a proporção de energia gasta de acordo com o percentual de VO2
máx atingido, segundo a intensidade naquele momento.
 EXEMPLO
Vamos ver o cálculo feito para obter as calorias gastas, sabendo o percentual de VO2 máx:
Um corredor a 70% do VO2 máx corre por 1 hora.
16,6kcal x 0,7 (70%) = 11,6kcal/min
11,6kcal x 60min (uma hora de prática) = 696kcal
CÁLCULO DOS MÚLTIPLOS DE EQUIVALENTE
METABÓLICO (MET)
A partir do experimento de VO₂ máx, criou-se o MET, sendo representado da seguinte maneira:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Assim, hátambém a necessidade de tabelas com os valores de MET para diversas atividades físicas em
suas diversas intensidades para cada hora praticada.
Para o cálculo de calorias de determinada atividade em dada intensidade, devemos proceder utilizando
os valores de MET com a seguinte fórmula:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
1 MET   =  3, 5mL O2/kg/min OU  0, 0175kcal/kg/min
nº MET  X Peso X (Duração exercício (min)  ÷  60 (min))
Número de
MET
Contexto principal Atividade específica
6,0 Ciclismo
Ciclismo, 16 a 19km/h, lento, lazer, esforço
leve
8,0 Ciclismo
Ciclismo, 19 a 22km/h, lazer, esforço
moderado
10,0 Ciclismo
Ciclismo, 22 a 25km/h, lazer, rápido, esforço
vigoroso
3,5
Exercício de
condicionamento
Calistenia, exercício em casa, esforço leve a
moderado
8,0
Exercício de
condicionamento
Calistenia, pesado, esforço vigoroso
 Quadro: Número de MET das modalidades. 
Extraído de Farinatti (2003, p. 187).
VEJA O EXEMPLO: UM INDIVÍDUO PESANDO 70KG
QUE PEDALA A 20KM/H DURANTE 40 MINUTOS
TERÁ QUAL GASTO CALÓRICO?
RESPOSTA
javascript:void(0)
AVALIAÇÃO DO GASTO ENERGÉTICO
Para o cálculo de necessidades energéticas do praticante de atividade física, atleta ou não, utiliza-se a
metodologia que se segue no Quadro.
1º Calcular a TMB
2º Dividir a TMB por 24h
3º
Calcular o VCT (valor calórico total = VE1 + VE2 + VE3): 
a) VE1 = valor encontrado no 2º Passo x horas de sono 
b) VE2 = valor encontrado no 2º Passo x horas rotineiras x fator atividade
(CORRIQUEIRAS) 
c) VE3 = gasto energético com a atividade física específica (MET → kcal)
4º VCT x 1,1 (Fator térmico do alimento)
 Quadro: Método de cálculo de VET para a praticantes de atividade física. 
Adaptado de FAO, WHO e UNU (2004, p. 40).
CASO CLÍNICO
Joana quer hipertrofiar e pratica musculação intensa por cinquenta minutos; corre a 12km/h por quarenta
minutos, de segunda a sexta-feira, às 18h; tem 29 anos; pesa 55kg; dorme sete horas por noite; trabalha
como gerente de um banco (sentada por 90% do tempo); e em casa lava apenas a louça, pois conta
com uma funcionária para os afazeres domésticos, inclusive, para preparar as marmitas que leva para o
trabalho.
POR SER A ÚNICA FÓRMULA PENSADA PARA
POPULAÇÃO DE CLIMA TROPICAL, HENRY E REES
(0,048 X P + 2,562) X 239 (SELECIONADA A PARTIR
DO GÊNERO E FAIXA DE IDADE) SERÁ UTILIZADA
NO CÁLCULO.
Vale ressaltar que as horas rotineiras necessárias para o cálculo da letra b do 3º passo são encontradas
subtraindo o total de horas praticadas e as horas de sono.
1º PASSO: (0,048 X 55 + 2,562) X 239 = 1.243,27KCAL
 
2º PASSO: 1.243,27 ÷ 24HS = 51,8KCAL/HORA
 
3º PASSO: A) VE1 = 51,8 X 7HS DE SONO = 362,6KCAL
B) VE2 = 51,8 X (24HS – 7HS DE SONO – 1,5H TOTAIS DA
ATIVIDADE FÍSICA) X 1 (FATOR ATIVIDADE ROTINEIRA) =
51,8 X 15,5 X 1 = 802,9KCAL
C) VE3 (VALORES DE MET PARA MUSCULAÇÃO 6,0 E
CORRIDA 11,5 ENCONTRADOS NA TABELA DE MET)
MUSCULAÇÃO: 6,0 X 55 X (50 ÷ 60) = 275KCAL
CORRIDA: 11,5 X 55 X (40 ÷ 60) = 421KCAL
VCT = 362,6 + 802,9 + 275 + 421 = 1.862,16KCAL
 
4º PASSO: 1.862, 16 X 1,1 (EFEITO TERMOGÊNICO DOS
ALIMENTOS) = 2.048,38KCAL
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Apesar de saber que a fórmula de predição utilizada superestima as necessidades energéticas de TMB,
não se tem um consenso sobre o percentual a ser deduzido do valor encontrado, pois os estudos são
pequenos. Ainda que um desses estudos tenha sido feito em população brasileira, não é lícito utilizar o
valor de 7,4% apresentado anteriormente. Portanto, fica a ressalva de atenção para a avaliação dos
resultados obtidos entre um atendimento e outro.
 
Imagem: shutterstock.com
O motivo pelo qual as horas de sono são utilizadas à parte é que, nesse momento, o metabolismo pode
ser reduzido em relação ao estado de alerta ativo das horas rotineiras. O valor das horas rotineiras tem
como base aqueles momentos em que a pessoa não está dormindo nem praticando atividade física
específica. Vale lembrar que o fator atividade física foi baseado no tipo de trabalho (90% sentado), que
foi apresentado no caso clínico.
O cálculo da atividade física específica é feito separadamente. Não há necessidade de levar isso em
consideração ao escolher o fator atividade física, diferentemente do cálculo feito pela área clínica, que
torna subjetiva essa escolha. Por convenção, o valor de efeito termogênico dos alimentos é de 10%
sobre o VCT; logo, o valor numérico utilizado é de 1,1 para encontrar o VET para manutenção.
 ATENÇÃO
No caso clínico apresentado, o objetivo era de hipertrofia. Até o 4º passo, o valor encontrado serve apenas
para manutenção, sendo necessário adicionar calorias.
Para um aumento de até 454g de massa magra por semana (o máximo sem uso de hormônio
testosterona) é necessário incluir de 5 a 8kcal por cada grama almejado.

Ou seja, alguém que seja iniciante na prática de musculação conseguiria hipertrofiar 454g por semana –
454 x 5 a 8kcal dariam de 2.270 a 3.632kcal por semana de acréscimo, com 324 a 519kcal a mais por
dia no VET.

Então, no exemplo do caso clínico, deve-se acrescentar de 324 a 519kcal ao valor de manutenção
encontrado, que ficaria entre 2.372,38 e 2.567,38kcal/dia para o propósito de hipertrofia.
Para se obter emagrecimento, deve-se impor o deficit calórico, e é tido como saudável a perda de 500g
a 1,0kg por semana de gordura. Considerando que 1kg de gordura corporal tem de 7.300 a 7.700 kcal,
se o objetivo for reduzir 4kg de gordura em um mês, deve-se multiplicar a quantidade total de gordura
que se deseja reduzir pelos valores calóricos apresentados.
O cálculo se daria da seguinte forma:
4 X 7.300 = 29.200KCAL
OU
4 X 7.700 = 30.800KCAL
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Se a redução for idealizada para um mês, deve-se dividir os valores totais encontrados por trinta dias do
mês e subtrair das calorias encontradas no 4º passo, como mostrado a seguir:
29.200 ÷ 30 = 973KCAL/DIA A MENOS
30.800 ÷ 30 = 1.026KCAL/DIA A MENOS
OU SEJA, 2.048,38 – 973 = 1.075,38KCAL OU 2.048,38 – 1.026
= 1.022,38KCAL AO DIA
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
É extremamente indicado que se avalie com rigor o histórico do paciente e o perfil de aceitação de
dietas ao longo da vida, pois restrições muito severas podem não ter aderência pelo paciente ou mesmo
agravar deficiências preexistentes.
 VOCÊ SABIA
Embora estudos indiquem que restrições maiores em primeiro momento mantêm aderência do paciente por
mostrar resultados, muitos poderão sofrer aumento de irritabilidade, ansiedade ou demonstrar outros
sintomas de oscilação de humor.
Apesar de nenhuma dieta emagrecer mais, de forma significativa, que outra com o mesmo deficit
calórico, a individualidade de cada paciente deve ser levada em consideração, bem como as possíveis
deficiências geradas pela menor quantidade e diversidade de alimentos que tal dieta pode levar. Com
isso, correções de micronutrientes devem ser feitas com suplementos orais, caso seja necessário.
É muito comum a demanda por emagrecimento e hipertrofia ao mesmo tempo e, como sabemos, isso
não é possível. Mas, também é grande a quantidade de casos expostos nas redes sociais e até alguns
artigos mostrando justamente o contrário. Porém, o viés é a não avaliação da quantidade de água
também perdida no processo de emagrecimento.
Fatores envolvidos na redução drástica de água no meio extra e intracelular são diminuição de
inflamação, seja por menor quantidade de alimentos danosos ao organismo, seja por inclusão de
alimentos funcionais (alimentos que apresentam efeitos benéficos à saúde além de suas funções
nutricionais básicas, como efeito anti-inflamatório, antioxidante, antibiótico...), e redução de carboidratos
totais (visto que a cada mol de glicogênio armazenado, levam-se 3 mols de H2O).
Foto: Shutterstock
UM CONCEITO MUITO IMPORTANTE É O DE
TRABALHAR EMCICLOS COM OS OBJETIVOS DE
HIPERTROFIA E EMAGRECIMENTO DEVIDO À
OSCILAÇÃO DE METABOLISMO MEDIADO POR
RESTRIÇÃO CALÓRICA, SUPERÁVIT CALÓRICO E
ESTILO DE DIETA.
Como há redução de ganho de massa magra e de metabolismo com o tempo, é válido utilizar uma
estratégia em ciclos de dois a três meses para cada um (hipertrofia e emagrecimento), até mesmo
porque, durante o processo de hipertrofia, há aumento do percentual de gordura, mas durante o
emagrecimento é possível manter ao máximo a massa magra já conquistada. Assim fica mais fácil
controlar a ansiedade gerada pelo déficit calórico e ter mais aderência à dieta durante a hipertrofia.
 
Foto: Shutterstock.com
Para hipertrofia, devemos levar a musculatura à fadiga por volume de treino. Como, geralmente, são
exercícios resistidos e de força, há maior necessidade de carboidratos, principalmente, perto do treino
em si.
Uma dieta para esse objetivo deve ser rica em carboidrato, com o uso do protocolo de 5,5 a 7g/kg/dia
para homens e 4,5 a 6,5g/kg/dia para mulheres, bem como o uso de proteínas, que vai de 1,5 a
2,0g/kg/dia, e de lipídios, de 0,6 a 1,0g/kg/dia. No caso clínico apresentado anteriormente para
hipertrofia, o VET ficou entre 2.372,38 a 2.567,38 kcal/dia. Ao distribuirmos os macronutrientes,
poderíamos encontrar isto:
PTN: 2,0G X 55 = 110G → 110 X 4KCAL = 440KCAL
CHO: 6,5G X 55 = 357,5G → 357,5 X 4 = 1.430KCAL
LIP: 2.372,38KCAL – 1.430 – 440 = 502,38KCAL → 502 ÷
9KCAL = 55,82G TOTAIS DE LIPÍDIOS QUE DARIA
1,01G/KG/DIA
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Ao começarmos pelo menor valor de VET calculado para hipertrofia (com adição de calorias baseada no
valor encontrado no 4º passo), já conseguimos adequar os protocolos de macronutrientes para esse
propósito. Já para a redução de gordura corporal, a variável de calorias pode ser maior. Então, podemos
reduzir um pouco apenas, cerca de 500kcal de escolha, nesse caso.
Lembre-se que seria em cima do valor achado no 4º passo, e que se fosse escolhida a hipertrofia
primeiro certamente a massa corporal teria variado bastante, gerando outro valor de VET. Contudo,
nesse caso, teríamos:
2.048,38KCAL – 500KCAL = 1.548,38KCAL
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Os protocolos de macronutrientes para o emagrecimento variam:
PTN, DE 1,8 A 2,5G/KG/DIA
CHO, DE 3,0 A 4,0G/KG/DIA PARA HOMENS E 2,5 A
3,5G/KG/DIA PARA MULHERES
LIPÍDIOS, DE 0,6 A 1,0G/KG/DIA
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Então, a distribuição para o caso clínico anterior poderia ficar assim:
PTN: 1,8G X 55 = 99G → 99 X 4KCAL = 396KCAL
CHO: 3,0G X 55 = 165G → 165 X 4 = 660KCAL
LIP: 1,0G X 55 = 55G → 55 X 9 = 495KCAL
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Nesse caso, optou-se por manter 1,8g/kg/dia de proteína, pois é o mínimo para emagrecimento a fim de
preservar a massa magra, que acaba deixando mais calorias para o carboidrato servir de substrato para
os treinos de qualidade, mantendo o mesmo protocolo de lipídio em 1,0g/kg/dia.
 DICA
Uma opção seria reduzir as quantidades de gordura para aumentar as de carboidratos e garantir mais
energia rapidamente, ajudando ainda mais a manter massa magra.
Em ambas as possibilidades de escolhas de protocolos para o emagrecimento, é importante se ater às
escolhas alimentares para suprir as quantidades totais de macronutrientes, pensando em atender
também os protocolos de micronutrientes e fibras. Tais protocolos, além de modularem a função
intestinal, ajudam a dar saciedade, mantendo aderência ao planejamento dietético.
NA PRÁTICA CLÍNICA: UM EXEMPLO DE
PLANEJAMENTO DIETÉTICO EM ATLETAS DE
ALTA PERFORMANCE
O especialista Nicolas Machado Tebaldi fala sobre um caso clínico com enfoque no planejamento
dietético em atletas de alta performance.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUANDO NÃO É POSSÍVEL CALCULAR AS NECESSIDADES ENERGÉTICAS
POR MEIO DE MÉTODOS DE ALTA PRECISÃO COMO CALORIMETRIA INDIRETA,
UTILIZAM-SE AS FÓRMULAS DE PREDIÇÃO CRIADAS A PARTIR DE 1919.
PORÉM, HÁ QUE SE TER CUIDADO AO UTILIZÁ-LAS DEVIDO ÀS DIFERENÇAS
DE RESULTADOS. O QUE ESTARIA INTERFERINDO NO RESULTADO PARA O
PÚBLICO BRASILEIRO?
A) As fórmulas antes de Henry e Rees não foram pensadas para o público de clima tropical.
B) As condições de acesso aos alimentos e a pobreza mudam completamente os resultados.
C) No Brasil, há menos poluição e, com isso, há mais disponibilidade de oxigênio, modificando os
resultados.
D) No Brasil, há menos obesos que nos Estados Unidos da América.
E) No Brasil, se faz muito mais trabalhos domésticos, o que interfere na TMB.
2. O CONSUMO DE OXIGÊNIO PELO CORPO HUMANO VISA AVALIAR O
METABOLISMO ENERGÉTICO AERÓBICO SEJA EM SEDENTÁRIOS OU EM
PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA, E COM ISSO CALCULAR O GASTO DE
ENERGIA DIÁRIO. O MET É UM EQUIVALENTE METABÓLICO CRIADO
UTILIZANDO TAMBÉM O CONSUMO DE OXIGÊNIO. O QUE ELE PROPÕE?
A) O cálculo do VET.
B) O cálculo do gasto energético através da ergoespirometria.
C) O cálculo de energia da taxa metabólica de repouso.
D) O cálculo de energia da atividade física quando não é possível utilizar métodos mais precisos.
E) O cálculo das necessidades energéticas da prática de atividade física apenas.
GABARITO
1. Quando não é possível calcular as necessidades energéticas por meio de métodos de alta
precisão como calorimetria indireta, utilizam-se as fórmulas de predição criadas a partir de 1919.
Porém, há que se ter cuidado ao utilizá-las devido às diferenças de resultados. O que estaria
interferindo no resultado para o público brasileiro?
A alternativa "A " está correta.
 
Ainda que não se tenha uma fórmula criada a partir do público brasileiro, foi visto que as condições
climáticas e a etnia de regiões tropicais modificam as necessidades energéticas por si só. A única
alternativa pensada nesse propósito foi a de Henry e Rees.
2. O consumo de oxigênio pelo corpo humano visa avaliar o metabolismo energético aeróbico
seja em sedentários ou em praticantes de atividade física, e com isso calcular o gasto de energia
diário. O MET é um equivalente metabólico criado utilizando também o consumo de oxigênio. O
que ele propõe?
A alternativa "D " está correta.
 
Como não é possível o uso de calorimetria indireta com ergoespirometria em todas as modalidades para
todos os clientes e possibilidades de atividade física, foi criado o MET utilizando o máximo de consumo
de oxigênio na intensidade máxima de um exercício e derivando a proporção de acordo com diferentes
intensidades possíveis.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As diferenças corporais variam muito em todo o mundo, por diversos fatores, como etnia, idade, gênero,
clima, doença e prática de atividade física. Além disso, muitos métodos de avaliação de alta precisão
não podem ser utilizados devido ao alto custo e à falta de praticidade para o atendimento clínico do dia a
dia.
Ao utilizar métodos substitutivos de menor precisão, deve-se ter cautela com a metodologia de avaliação
pois há implicação direta nos resultados – não só na bioimpedância elétrica com protocolo extenso, que
conta com a colaboração total do avaliado ao cumprir as exigências, mas nas dobras cutâneas com
treinamento técnico e prática do avaliador.
As necessidades de atletas se tornam um pouco mais abrangentes devido ao alto dispêndio energético,
especificidade do esporte e competição. Minúcias como essas levam a um planejamento dietético mais
preciso, aumentando as chances de excelência e desempenho esportivo. Vale lembrar que alterações
bioquímicas são comuns, e saber distinguir o resultado como desequilíbrio saudável ou prejudicial é
crucial para não haver exageros nutricionais.
O desafio maior está em transformar objetivos e necessidades nutricionais em planejamento dietético
com variedade de alimentos, adequando-os à individualidade de cada cliente, independentemente da
época do ano e da condição financeira.Portanto, conheça tantos alimentos e suas minúcias nutricionais
quanto for possível, assim, você não será guiado por dietas limitantes da moda.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos explorados neste conteúdo:
Leia:
O artigo da American College of Sports Medicine, Academy of Nutrition and Dietetics, Dietitians of
Canada. Nutrition and Athletic Performance. Medicine & Science in Sports & Exercise, 2016.
MAUGHAN, R. J. et al. IOC consensus statement: dietary supplements and the high-performance
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STELLINGWERFF, T. et al. Nutrition for power sports: middle-distance running, track cycling,
rowing, canoeing/kayaking, and swimming. Journal of Sports Sciences, 2011, v. 29, S1, p. S79-89,
2011.
Acesse:
O site do Journal of International Society of Sports Nutrition.
CONTEUDISTA
Nicolas Machado Tebaldi
 CURRÍCULO LATTES
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