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DESCRIÇÃO O cálculo das necessidades nutricionais como ferramenta específica no planejamento dietético. PROPÓSITO Apresentar os cálculos das necessidades nutricionais, bem como o planejamento dietético para o praticante de atividade física na busca por hipertrofia, emagrecimento e performance, amplia seus conhecimentos para o atendimento clínico profissional na promoção da saúde. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar a avaliação da composição corporal e dos parâmetros bioquímicos em praticantes de atividade física MÓDULO 2 Listar fórmulas de cálculo de valor energético total (VET) e de múltiplos de equivalente metabólico (MET) a partir do uso de exemplos de cálculo passo a passo INTRODUÇÃO Neste estudo, vamos conhecer a avaliação nutricional do praticante de atividade física para otimizar e direcionar melhor suas necessidades nutricionais no propósito de hipertrofia e emagrecimento, bem como calcular as necessidades de acordo com os objetivos propostos. A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE UM PRATICANTE DE ATIVIDADE FÍSICA SE ASSEMELHA A DE UM SEDENTÁRIO, PORÉM, HÁ QUE SE AVALIAR OUTROS PARÂMETROS: TIPO DE TREINAMENTO, TEMPO DE PRÁTICA, DIAS QUE PRATICA, OBJETIVOS, DISPONIBILIDADE DE TEMPO E DINHEIRO PARA A CONCRETIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO NUTRICIONAL. Vamos relacionar as fórmulas de cálculo com os objetivos propostos, visto que é muito comum o planejamento nutricional sem bases mais precisas como fórmula de bolso para objetivos bem precisos relacionados com as diferenças antropométricas no antes e depois. Além disso, alguns parâmetros bioquímicos apresentam alterações comuns em atletas ou praticantes de atividade física, seja de forma adaptativa, saudável, ou alteração de disfunção. MÓDULO 1 Identificar a avaliação da composição corporal e dos parâmetros bioquímicos em praticantes de atividade física DEFINIÇÕES A avaliação nutricional e a composição corporal contam com uma série de parâmetros que sustentam o planejamento nutricional. Para um nutricionista esportivo, é necessário saber em qual estado nutricional o praticante/atleta se encontra, bem como o percentual de gordura e massa muscular. A AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL PODE SER TÃO EXTENSA QUANTO POSSÍVEL, TENDO COMO OBJETIVO A APLICAÇÃO DE MEDIDAS PARA O ESTUDO DE TAMANHO, FORMA, PROPORÇÃO, COMPOSIÇÃO, MATURAÇÃO E CRESCIMENTO. POR QUE AVALIAR A COMPOSIÇÃO CORPORAL? Para tomada de decisões atuais e futuras, no âmbito estético, com objetivos reais, ou mesmo no âmbito de saúde. Também para monitorar mudanças corporais a fim de acompanhar a especificidade da dieta individualizada, bem como a possível necessidade de mudança de hábitos e ainda elucidar o público ávido por informações sobre nutrição, reabilitação e manutenção saudável dos parâmetros almejados. A avaliação da composição corporal na prática clínica esportiva conta com: PESO CORPORAL ESTATURA PERCENTUAL DE GORDURA MASSA MAGRA As circunferências, de forma geral, servem para o profissional de educação física e fisioterapia ajustar possíveis descompensações unilaterais ou mesmo para a clínica, onde se faz relação de desenvolvimento infantil ou mesmo desnutrição. A relação cintura/quadril e, mais ainda, a de circunferência da cintura são direcionadas para pacientes sedentários. O índice de massa corporal (IMC) é uma ferramenta que conta com dois parâmetros: PESO ESTATURA Embora muito utilizado em clínica, seus resultados refletem a relação do peso pelo corpo indistintamente. O IMC limita-se a excessos ou deficiências totais de peso, o que ainda assim alerta sobre os riscos gerais para saúde cardiovascular, síndrome metabólica, hipertensão arterial sistêmica, resistência à insulina, sobrepeso, obesidade e desnutrição. No entanto, não é específico para massa magra e percentual de gordura, podendo, assim, direcionar erroneamente a dieta para IMC elevado, mas com percentual de gordura baixo. Uma avaliação de peso e percentual de gordura com dobras cutâneas dura em média 10 minutos, ao acrescentar mais parâmetros é necessário um maior tempo para execução, como sabemos ainda que percebamos diferenças significativas, por exemplo, de um membro para outro de um adulto saudável, nutricionalmente nossa conduta será a mesma. ATENÇÃO O peso corporal deve ser avaliado com roupas leves, sem calçado ou adornos, sempre no mesmo horário, em todas as avaliações. O paciente deve estar em cima da balança calibrada, de costas para o visor (no caso de digital), ou pesos e contrapesos, no caso de uma analógica, com pés juntos no centro, ombros relaxados, braços ao longo do corpo e cabeça erguida, com olhar reto para a frente. MÉTODOS INDIRETOS (PADRÃO OURO) Os métodos de avaliação corporal diretos são os mais precisos, pois contam com a dissecação dos tecidos (porém, somente em cadáveres). Logo, criaram-se os métodos indiretos de padrão ouro que contam com: TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA ULTRASSOM DE MESA DENSITOMETRIA FEITA POR DEXA PESAGEM HIDROSTÁTICA PLETISMOGRAFIA A tomografia computadorizada, uma sequência de cortes de imagem computadorizada de alta precisão através de arcos magnéticos. Entretanto, é um exame caro e depende de um pedido médico. Outro é o ultrassom de mesa, que trabalha com emissão de som em frequência específica. Percorre a pele, o tecido adiposo, a musculatura e é rebatido pelo osso no ponto em que se quer avaliar. COMO TODO TECIDO TEM SEU GRAU DE RESISTÊNCIA AO COMPRIMENTO DE ONDA EMITIDO (SOM INAUDÍVEL), A IMAGEM DAS ESPESSURAS DOS TECIDOS CONSEGUE SER FEITA ESPECIFICAMENTE. Imagem: shutterstock.com Ultrassom de mesa. A densitometria feita por DEXA (dual energy x-ray absorptiometry – absorciometria de feixe duplo de energia raio x) é diferente do raio x convencional, onde é emitido feixe de energia único de alta intensidade que atravessa o indivíduo. Esse feixe é captado por placa específica para “impressão”. O DEXA ENTÃO EMITE DOIS FEIXES, POSTEROANTERIORES, DE BAIXÍSSIMA INTENSIDADE, ATENUADOS PELO CORPO DO PACIENTE, SENDO CAPTADOS POR UM DETECTOR QUE CALCULA A DENSIDADE A PARTIR DO RAIO QUE CONSEGUE ALCANÇÁ-LO. Devido ao grau de absorção de raio x de cada tecido, é possível quantificar massa magra, percentual de gordura, massa óssea e quantidade de água. Imagem: shutterstock.com DEXA. Pesagem hidrostática é a avaliação feita em uma piscina de tamanho pequeno onde se sabe com exatidão o volume e o peso da água. Quando o indivíduo é submerso, há deslocamento dessa água. Assim, a partir de fórmulas para volume e densidade, consegue-se calcular o percentual de gordura. Na pletismografia, o indivíduo é posto em uma câmara hermeticamente fechada, comparando valores de pressão e volume da câmara, sem o sujeito e depois com o sujeito, para calcular densidade corporal, sendo possível assim saber o percentual de gordura. Imagem: shutterstock.com Exame de pletismografia. MÉTODOS DUPLAMENTE INDIRETOS O percentual de gordura, na impossibilidade de avaliações padrão ouro, geralmente, é feito com adipômetro ou bioimpedância elétrica. Porém, tem se tornado popular o uso de ultrassom portátil com cabeçote fixo. COMENTÁRIO A vantagem do ultrassom é a facilidade de uso com os mesmos pontos utilizados para dobras cutâneas e o layout de impressão semelhante ao da bioimpedância elétrica que parece atrair o público. A bioimpedância elétrica é um aparelho que emite corrente elétrica controlada e mede a impedância (sendo a oposição ao fluxo da corrente elétrica pelo corpo), que é a soma vetorial de resistência e reactância conforme passa pelo corpo, e fluirá mais prontamente através da água corporal, que contém eletrólitos. Resistência É a oposição ao fluxo da corrente elétrica através das células. Reactância É a oposição imposta pelas membranas citoplasmáticas. Originalmente, a bioimpedância possui quatro polos, dois de emissão e dois de captação, que favorecem a estabilidade e a precisão no processo. Atualmente, existem diversos modelos de equipamentos, inclusive com apenasdois polos, cuja precisão é altamente questionável, e até de oito polos, sem diferença em relação ao de 4 polos. Imagem: shutterstock.com Bioimpedância elétrica. Os critérios para realizar o exame são os que se seguem: Jejum de quatro horas antes do teste. Não realizar atividades físicas extenuantes nas 24 horas que antecedem o teste. Não ingerir bebidas alcoólicas nas 48 horas que antecedem o teste. Não estar utilizando medicamentos diuréticos ou substância diurética nos sete dias que antecedem o teste. Urinar pelo menos trinta minutos antes do teste. Não estar no período pré-menstrual. Permanecer pelo menos de cinco a dez minutos deitado de costas, em repouso, antes de executar o teste. A vantagem é que pode ser utilizada em indivíduos obesos, porém, conta com a colaboração do avaliado. As dobras cutâneas contam com nove pontos (peitoral, tricipital, bicipital, supra ilíaca, axilar média, abdominal, subescapular, coxa, panturrilha), que devem “separar” tecnicamente a pele e a gordura do músculo em uma dobra e pinçar as dobras para posterior cálculo do percentual de gordura. O ideal é não ter feito atividade nas 24 horas que antecedem a avaliação, fazendo a avaliação do lado direito todo. Imagem: shutterstock.com Adipômetro e dobra cutânea abdominal. Por ser um equipamento mais barato e de alta precisão, validado por DEXA, o adipômetro torna-se a ferramenta mais recomendada para percentual de gordura na prática clínica, tanto para praticantes de atividade física de forma geral como para atletas, que, muitas vezes, não estão treinando em locais que contam com equipamentos padrão ouro. MAIS RECENTEMENTE, FOI CRIADA UMA ADAPTAÇÃO PORTÁTIL E MUITO MAIS BARATA, PORÉM, AINDA BEM MAIS CUSTOSA QUE O ADIPÔMETRO, SEMELHANTE AOS EQUIPAMENTOS MEDIANOS DE BIOIMPEDÂNCIA ELÉTRICA – O ULTRASSOM PORTÁTIL COM CABEÇOTE FIXO –, QUE APRESENTA TAMBÉM SUA VALIDAÇÃO POR DEXA. É mais uma possibilidade de avaliação do percentual de gordura e massa magra para atletas de alta performance ou praticantes de atividade física, utilizando os mesmos pontos das dobras cutâneas, mas que exige um avaliador treinado. Imagem: shutterstock.com Ultrassom portátil. Ainda que seja um equipamento de custo mais elevado, sua avaliação é mais rápida que a bioimpedância elétrica e com precisão maior, com modelo de impressão semelhante – o que para um público cada vez mais exigente se torna também uma ferramenta de marketing favorável. Em comparação às dobras cutâneas, sua precisão e seu tempo de avaliação também são semelhantes, tendo uma média de validade do equipamento de mais ou menos 10 mil avaliações. É algo que o torna atrativo, visto que o adipômetro exige manutenção regular. Além disso, pode ser utilizado em pacientes obesos e não exige critérios anteriores ao exame. ATENÇÃO Vale ressaltar que qualquer um dos três equipamentos quando utilizados corretamente tem sua precisão próxima, destacando atenção maior aos critérios da bioimpedância elétrica. A avaliação do percentual de gordura para atletas é de suma importância para adequar a composição corporal ao tipo de modalidade praticada com o intuito de melhorar a performance, bem como adequar específica e individualizadamente a dieta e a suplementação, onde são utilizadas prescrições de acordo com massa magra. Em atletas fisiculturistas ou body builders, deve-se ter atenção ao método de avaliação devido às fases de treino e objetivos a serem alcançados, pois muitos podem estar com excesso de água pelo uso de hormônio testosterona e/ou creatina. Tanto a avaliação da composição corporal pode estar equivocada quanto o cálculo de necessidades energéticas exacerbado. É importante acompanhar o praticante há bastante tempo ou fazer a anamnese com histórico ponderal. INDICADORES BIOQUÍMICOS HEMOGRAMA O treinamento físico implica a somatória de inúmeras sessões de exercícios variados, com sobrecargas progressivas, objetivando processo adaptativo contínuo para aumento de síntese proteica, hipertrofia e melhoria de desempenho esportivo. A combinação de variáveis, prescritas pelo profissional de educação física, leva ao distúrbio da homeostase celular (estresse físico). Antes que se tenha o equilíbrio da homeostase ou algo próximo ao equilíbrio – visto que a ideia é se manter em treinamento minimamente para manutenção da saúde –, há alterações comuns e incomuns de indicadores bioquímicos dependentes diretamente da intensidade do treino, bem como: Genética Uso de hormônios esteroidais anabólicos Fármacos Dieta ou alimentação; tempo total e qualidade de sono Idade Gênero Estresse psicológico; entre outros DE FORMA GERAL, TEMOS DOIS PÚBLICOS: ATLETAS Em suas diversas modalidades e intensidades. PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA Praticando esporte ou não, também sendo influenciados pelo tipo de treino e intensidade, muitas vezes, sem supervisão ou controle. O desequilíbrio da homeostase pode ser mais ou menos intenso e impactar mais ou menos nos parâmetros bioquímicos. A falsa premissa de que para se obter a excelência no esporte (isso implica ganhar as competições) ou ter a forma física socialmente aceita deve-se usar todos os subterfúgios ou treinar mais e descansar menos com o máximo de sobrecarga que aguentar – independentemente da qualidade de execução dos movimentos – pode levar a alterações bioquímicas mais severas. Entre os exemplos de atividades e hábitos mais comuns que levam a tais alterações, temos: Cross fit. Musculação (principalmente, com uso de hormônio, o que tem feito crescer o número de usuários na última década, especialmente, entre o público feminino, visto que o masculino já era alto). Futebol americano (também com alta incidência de usuários de hormônios). Futebol. Maratonas e ultramaratonas. Levantamento de peso olímpico. Uso excessivo de sobrecargas. Dieta incompatível com saúde ou atividade praticada (dieta low carb para atividades de alta intensidade, por exemplo). Percentual de gordura muito baixo. Uso constante e exacerbado de álcool. Ansiedade versus restrição de sono e treino mais que exaustivo. Uso de hormônios. Antes de se focar em desequilíbrio negativo da homeostase, é importante destacar que alterações positivas também são esperadas com a prática de atividade física controlada, como aumento de eritrócitos (glóbulos vermelhos) e hemoglobina, visto que são os responsáveis diretos pelo transporte de oxigênio no sangue. SAIBA MAIS Na prática regular de atividade física, há maior estímulo na medula óssea para aumentar suas produções, o que significa adaptação ao treino, algo que, muitas vezes, é visto como maior disposição ou vitalidade. Para relembrar e melhorar o entendimento sobre as funções de células sanguíneas, podemos ver nas figuras abaixo, em sequência, a fonte de produção e tipos de células sanguíneas. Imagem: Shutterstock.com Medula óssea como fonte de células sanguíneas. Imagem: Shutterstock.com Células sanguíneas formadas a partir de célula-tronco hematopoiética. Os leucócitos (grupo de células responsáveis pela defesa contra agressões externas e infecções) estão presentes nas adaptações impostas pelo treinamento – principalmente, os neutrófilos segmentados que compõem cerca de 50% a 60% do total de células circulantes. A prática de atividade física gera microlesões musculares e é necessário degradar de forma integral a seção lesionada para posterior reestruturação em uma seção mais resistente. No caso de células musculares há aumento do número de miofibrilas (metaplasia, adaptação celular de resistência a estímulo repetitivo em diversos tecidos). A DIMINUIÇÃO DE LIPOPROTEÍNA DE BAIXA DENSIDADE (LP-LDL), O AUMENTO DE LIPOPROTEÍNA DE ALTA DENSIDADE (LP-HDL) E A DIMINUIÇÃO DE TRIGLICERÍDEOS TOTAIS TAMBÉM SÃO ADAPTAÇÕES POSITIVAS, ALÉM DE MUITOS OUTROS ACONTECIMENTOS ADAPTATIVOS AO TREINAMENTO REGULAR SAUDÁVEL, ONDE É ESPERADO QUE SE TENHA MELHORA NOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS DE FORMA GERAL. Contudo, mesmoprocessos comuns, como os dos neutrófilos segmentados, geram Espécies Reativas de Oxigênio (EROs) que têm potencial oxidante. Logo, um organismo com quantidades inadequadas de antioxidantes – basta estar abaixo das recomendações da DRI-recomendações diárias de ingestão, resultado de dietas isoladas ou sem equilíbrio nutricional – pode gerar ainda mais prejuízo que o esperado, levando a menos adaptação. VOCÊ SABIA Quando se fala de extremos como maratonas, ultramaratonas e triatlo, é comum, nas 24h após a realização dessas atividades, que haja elevação abrupta de proteínas de fase aguda inflamatória e algumas células: citocinas inflamatórias (proteína C reativa, α-1-glicoproteína ácida e amiloide sérico A, que retornam a valores basais entre 3 e 24 horas, por não se tratar de uma lesão severa, e por isso não seria uma preocupação nesse período) e linfócitos (principalmente T e NK), neutrófilo. Porém, nas semanas seguintes, esses mesmos parâmetros podem estar diminuídos (imunossupressão transitória), aumentando o risco de infecções respiratórias superiores. Na contramão, indivíduos fisicamente ativos (praticantes regulares com atividades realizadas três vezes por semana, totalizando pelo menos noventa minutos semanais com intervalos de um dia) têm menor frequência de infecções respiratórias superiores. Contudo, indivíduos sedentários têm maior frequência (quadro abaixo). Tipo celular Função Causas de Causas de aumento diminuição Neutrófilo Componente da resposta imune inata; realiza fagocitose; Produz EROs e enzimas hidrolíticas Atividade física (efeito transitório); infecções bacterianas; processos inflamatórios; leucemias Deficiências nutricionais; leucemias; anemia aplástica; infecções (hepatite, tuberculose, mononucleose); imunossupressão Eosinófilo Destrói parasitas e participa da reação de fase tardia da hipersensibilidade imediata e processos alérgicos Parasitoses; alergias; asma; dermatoses; doença de Hodgkin; atividade física (efeito transitório) Uso de esteroides; infecção aguda (viral e bacteriana); tuberculose Basófilo Secreta histamina e fator ativador de plaquetas, mediador da resposta inflamatória, participa da reação de hipersensibilidade imediata Alergias; doenças mieloproliferativas, calor extremo do banho Uso de esteroides Linfócito T Participa da resposta imune específica Infecções virais, bacterianas e fúngicas (mais raro) Imunodeficiências; estresse; uso de corticosteroides Linfócito B Sintetiza anticorpos (imunoglobulinas) *Resposta adaptativa a corpo estranho Imunodeficiências; estresse; uso de reconhecido como tal corticosteroides; quimioterapia Monócito/macrófago Realiza fagocitose Infecções virais (imunonucleose e hepatites); toxoplasmose; infecções bacterianas; tuberculose; exercício agudo Imunodeficiências Quadro: Subgrupos de leucócitos e suas respectivas funções. Extraído de Paschoal e Naves (2014, p. 293). A hemólise é a destruição de glóbulos vermelhos (hemácias), um acontecimento comum no sangue. Os exercícios de alta intensidade podem aumentar o grau de hemólise, devido à compressão exercida pelo impacto dos pés no solo durante uma corrida, ou à contração muscular vigorosa em modalidades como remo, natação, levantamento de peso e ciclismo. Tais atividades podem levar a uma anemia (como visto na Figura abaixo), visto que as taxas de eritropoiese (formação de eritrócitos) parecem ser menores que a hemólise nesse cenário. Valores menores de eritrócitos, nesse cenário, que podem indicar anemia, não será por deficiência de ferro ou vitaminas do complexo B, porém deve-se avaliar o estado nutricional antes de qualquer conclusão isolada. Imagem: shutterstock.com Anemia. Caso o praticante intenso já esteja com deficiências bioquímicas (comprovadas por exame bioquímico anterior) ou apresente sinais e sintomas aparentes (semiologia nutricional), o quadro de anemia pode ser ainda mais severo. Estes são alguns dos sinais e sintomas: Cansaço maior que o comum (mantendo a prática da atividade na mesma intensidade). Mucosa rosa bem clara. Sonolência anormal ao longo do dia (sem ser após o almoço, devido a uma maré alcalina e maior taxa de insulina, que aumentam sono). Lapsos de memória frequentes; entre outros. Para complementar a interpretação desse quadro, deve-se observar a hemoglobina (Figura abaixo), o hematócrito, o VCM (volume corpuscular médio – tamanho do eritrócito) e a HCM (hemoglobina corpuscular média – razão entre a quantidade de hemoglobina e o número de eritrócitos): se estiverem diminuídos, trata-se de deficiência de ferro. Imagem: shutterstock.com Hemoglobina destacada da hemácia. Quando VCM estiver aumentado, HCM normal ou no limite inferior da faixa de normalidade clínica e eritrócitos normais pode ser uma anemia megaloblástica (Figura abaixo), o que poderia indicar deficiência de vitamina B12 e B9, sendo a deficiência de B12, complementada por valores elevados de homocisteína. Imagem: shutterstock.com Anemia megaloblástica. VCM aumentado, HCM diminuído, eritrócito diminuído e hemoglobina baixa indicam tanto anemia ferropriva quanto anemia megaloblástica, ou seja, hemácias grandes de forma geral e em menor número total. Os sintomas seriam cansaço extremo e performance muito diminuída, que já estariam dando sinais há semanas. Outros dois parâmetros complementares ao quadro de anemia ferropriva são a ferritina (proteína de armazenamento de ferro no fígado) abaixo de 12μg/L e saturação de transferrina (proteína transportadora de ferro) abaixo de 16%. É indicado nesses casos mais extremos a suplementação de vitaminas B12 (cianocobalamina), B9 (ácido fólico) e ferro, sendo as formas metilcobalamina, metilfolato e bisglicinato ferroso, respectivamente, de melhor absorção, além de descanso pelo atleta. RECOMENDAÇÃO DE MEDICAMENTOS Caso o atleta ou praticante tenha gastrite, principalmente, não tratada, ou use medicamento para esse fim por conta própria, é indicado utilizar vitamina B12 sublingual para garantir absorção. Devemos ter atenção à interpretação de valores menores de hematócritos, eritrócitos e hemoglobina em atletas de endurance comparativamente a atletas praticantes de treino de força ou sedentários. Com a adaptação ao treino, há hipervolemia e maior viscosidade no sangue, o que acaba diluindo o número total dessas células, podendo dar a falsa impressão de anemia. BIOMARCADORES DE LESÃO TECIDUAL O monitoramento de algumas enzimas musculares e metabólitos pode ser preditor de lesões, algo importante na prevenção e nas adaptações ao treinamento. A presença desses metabólitos e enzimas na corrente sanguínea se dá pela reação de radicais livres com a membrana celular ocasionando a peroxidação lipídica, juntamente com o estresse mecânico do exercício alterando a permeabilidade celular. Algumas das proteínas celulares que podem ser liberadas com possíveis lesões de diversas naturezas são: Enzima creatina quinase (CK). Aspartato aminotransferase (AST, também conhecida como TGO-transaminase oxalacética). Alanina aminotransferase (ALT, também conhecida como TGP-transaminase glutâmica pirúvica). A CK catalisa a fosforilação de adenosina difosfato (ADP) em adenosina trifosfato (ATP), usando a fosfocreatina (PCr) como fonte de fósforo. A CK pode se elevar drasticamente na corrente sanguínea com exercícios muito intensos, bem como diminuir de acordo com a adaptação ao treino. É preciso atenção por não possuir valor de referência de normalidade. Muitos são os fatores que influenciam seus valores, como massa magra, níveis de estrogênio, etnia, idade, bem como método de análise. Há apenas comparativos de normalidade entre grupos não praticantes de atividade física ( ˂ 207U/L) e indivíduos fisicamente ativos ( ˂ 1.309U/L), podendo chegar a valores muito mais elevados em atividades mais intensas e ainda assim não haver perigo. A CK é um parâmetro de comparativopessoal com valores anteriores próprios. Se houver alteração dos valores comuns do indivíduo, deve existir relação com a intensidade de atividade praticada versus dor, lesão aparente ou não, enzimas hepáticas, idade e saúde cardíaca, uso de hormônios esteroidais anabólicos e massa muscular – ou seja, tudo que possa influenciar no aumento da CK. A AST está presente principalmente: FÍGADO MÚSCULOS RINS MIOCÁRDIO ERITRÓCITOS Se a AST estiver elevada, em 24 horas haverá sobrecarga muscular. Porém como muitos treinam intensamente seis dias na semana, isoladamente, esse parâmetro pode falsear interpretações. Logo, sua interpretação para lesão ou adaptação ao treino deve ser feita junto à CK. A ALT sofre pouca influência do exercício. Porém, a relação AST/ALT serve como indicador de doença hepática ou consumo elevado de álcool e esteroides (comuns no meio esportivo), bem como esteatose hepática. Para complementar os resultados hepáticos das aminotransferases, a gamaglutamiltransferase (GGT) também pode estar elevada com alto consumo de álcool, bem como com uso de alguns analgésicos. Descarta-se lesão muscular se todas estiverem elevadas. ATENÇÃO A mioglobina é uma hemeproteína de armazenamento de oxigênio no músculo esquelético e cardíaco, já sendo mais elevada em praticantes de atividade física ( ˂ 133ng/mL) em relação a sedentários ( ˂ 85ng/mL). Valores ainda maiores junto a alterações severas de CK servem de marcadores de sobrecarga muscular, podendo indicar lesão importante. BIOMARCADORES DE ESTRESSE METABÓLICO Alguns cenários não necessariamente envolvem lesão mais extensa da musculatura, mas também exercícios com sobrecarga, e algumas alterações valem ser levadas em consideração, como: ÁCIDO ÚRICO UREIA CREATININA O ácido úrico é um antioxidante não enzimático do sangue e da saliva, sendo produto final do metabolismo de purinas (bases nitrogenadas que compõem o nucleotídeo), presentes em alimentos cárneos, leguminosas, oleaginosas, pães entre outros. Logo pode estar mais elevado em dietas com quantidades excessivas desses alimentos. Além disso, o exercício agudo intenso, resistido ou aeróbico promove aumentos tanto séricos quanto salivares, cujo aumento é proporcional ao esforço, com base nos valores de referência de indivíduos fisicamente ativos (4 a 8,3mg/dL). A ureia é o produto final da degradação de proteínas, tendo como valores de referência de indivíduos fisicamente ativos 18 a 50mg/dL, sendo associada ao excesso de consumo de proteínas ou por deficiência de proteínas da dieta, levando a catabolismo proteico, e ainda a catabolismo proteico mediado pelo treinamento, sendo associado aos valores de CK elevados, indicando inadequação a treinamento muito intenso. A creatinina é o produto final da decomposição da PCr, reação irreversível que diariamente corresponde de 1% a 2% de conversão de creatina livre em creatinina, proporcional à massa magra. Embora seja utilizada em clínica como marcador de função renal com valores de referência de 0,7 a 1,3mg/dL, os valores para indivíduos fisicamente ativos alteram um pouco (0,88 a 1,5mg/dL). Além disso, é muito comum o uso de creatina como suplemento para aumento de performance e força. Portanto, na interpretação de parâmetros bioquímicos, é imprescindível inserir os resultados no contexto de prática de atividade física e suas variáveis. Isso pode alterar os valores comparando com as referências e ainda assim não indicar perigo ou lesão, mas sim atenção constante para que o desfecho seja apenas de melhora na performance, hipertrofia, força ou emagrecimento – tudo mediado pela prática de atividade física. NA PRÁTICA CLÍNICA: UM EXEMPLO DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL E PARÂMETROS BIOQUÍMICOS EM ATLETAS DE ALTA PERFORMANCE O especialista Nicolas Machado Tebaldi aborda sobre a importância da avaliação da composição corporal e parâmetros bioquímicos de atletas de alta performance. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. OS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL VISAM DISTINGUIR MASSA MAGRA, MASSA GORDA E MASSA ÓSSEA, BEM COMO PERÍMETROS, FAZENDO ASSOCIAÇÃO COM PARÂMETROS DE NORMALIDADE PARA SAÚDE E DESEMPENHO ESPORTIVO. PARA TAL, TEMOS MÉTODOS DE ALTA PRECISÃO E MÉTODOS DE MENOR PRECISÃO ADAPTADOS À PRÁTICA CLÍNICA. MARQUE A OPÇÃO QUE CONTÉM APENAS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO PADRÃO OURO: A) Pesagem hidrostática, adipômetro, pletismografia B) DEXA, tomografia computadorizada, bioimpedância elétrica de 4 pontos C) DEXA, ultrassom, pletismografia D) Ultrassom portátil, bioimpedância elétrica, adipômetro E) Bioimpedância elétrica, adipômetro, DEXA 2. A AVALIAÇÃO DE INDICADORES BIOQUÍMICOS É UMA FERRAMENTA DE CONSTATAÇÃO DE POSSÍVEIS ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS MEDIADAS POR DIVERSOS FATORES COMO EXERCÍCIO, INTENSIDADE, IDADE, GÊNERO, ALIMENTAÇÃO, DIETA, GENÉTICA ENTRE OUTROS. MAS DEVEMOS TER CAUTELA NA INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS QUANDO O AVALIADO FOR ATLETA OU PRATICANTE DE ATIVIDADE FÍSICA. POR QUÊ? A) Pelo fato de ser atleta, naturalmente, tem-se mais saúde e as alterações nunca serão indicação de estado patológico. B) Exercícios intensos, muitas vezes, alteram os parâmetros, indicando adaptação, não estado patológico. C) O que indicará estado patológico serão fatores antropométricos, não indicadores bioquímicos. D) Os parâmetros nesses casos são outros muito aquém aos parâmetros de pessoas sedentárias. E) Os indicadores bioquímicos nesses casos só têm validade com a complementação antropométrica. GABARITO 1. Os métodos de avaliação da composição corporal visam distinguir massa magra, massa gorda e massa óssea, bem como perímetros, fazendo associação com parâmetros de normalidade para saúde e desempenho esportivo. Para tal, temos métodos de alta precisão e métodos de menor precisão adaptados à prática clínica. Marque a opção que contém apenas métodos de avaliação padrão ouro: A alternativa "C " está correta. Apesar de existir muitas formas de avaliação da composição corporal, apenas as que têm maior grau de precisão foram reconhecidas como padrão ouro, e outros métodos como dobras cutâneas, ultrassom portátil e bioimpedância elétrica, apesar de apresentarem alto grau de precisão, não são reconhecidos como padrão ouro. 2. A avaliação de indicadores bioquímicos é uma ferramenta de constatação de possíveis alterações bioquímicas mediadas por diversos fatores como exercício, intensidade, idade, gênero, alimentação, dieta, genética entre outros. Mas devemos ter cautela na interpretação dos resultados quando o avaliado for atleta ou praticante de atividade física. Por quê? A alternativa "B " está correta. Apesar de alterações bioquímicas classicamente indicarem distúrbios orgânicos negativos em praticantes de atividade física, principalmente intensos, antes de talvez voltar à normalidade dos parâmetros clínicos, muitas vezes, indicam estado de adaptação mediado por inflamação controlada imposta pelo exercício. MÓDULO 2 Listar fórmulas de cálculo de valor energético total (VET) e de múltiplos de equivalente metabólico (MET) a partir do uso de exemplos de cálculo passo a passo COMPONENTES DO GASTO ENERGÉTICO Ao longo do dia, precisamos de energia para exercer diversas funções, seja de metabolização, síntese, reestruturação ou atividades diárias como trabalhar, estudar, fazer compras, limpar a casa, passar roupa, lavar louça e atividade física específica. TUDO QUE FAZEMOS AO LONGO DO DIA É PARTE DO GASTO ENERGÉTICO DIÁRIO, QUE SE RESUME À TAXA METABÓLICA BASAL (TMB), AO EFEITO TÉRMICO DOS ALIMENTOS (ETA), À TERMOGÊNESE FACULTATIVA (AMBIENTE, ESTRESSE, ALTERAÇÃO RADICAL DA INGESTÃO CALÓRICA), ÀS ATIVIDADES CORRIQUEIRAS (ESTUDAR, LIMPAR CASA, TRABALHAR) E À ATIVIDADE FÍSICA ESPECÍFICA. A TMB é a quantidade de energia necessária para manter as funções do organismo, podendo representar cerca de 50% a 70% do valor energético total (VET), medida a partir da produção de calor ou troca gasosa em jejum e no repouso físico e mental em um ambiente controlado. O ETAé a quantidade de energia necessária para digestão e absorção dos nutrientes provenientes da comida e bebida que ingerimos, sendo influenciada pela composição da dieta em si. Quando se tem uma dieta mais rica em gordura, o ETA fica mais baixo; quando mais rico em carboidratos, aumenta um pouco; com uma dieta equilibrada, fica em torno de 10%; e, quando mais rica em proteínas, aumenta bastante – bem como as fibras –, de forma significativa. Então, por convenção, manteve-se o valor de 10%. A termogênese facultativa varia mais quando se é exposto a um ambiente mais frio ou a variações muito bruscas de aporte calórico diário. Aportes maiores aumentam um pouco mais e aportes menores abruptos tendem a diminuir, não obtendo um percentual predefinido. Imagem: shutterstock.com A atividade física, segundo a Física, envolve a mecânica, isto é, movimento e, com isso, tem-se gasto calórico além da TMB. Porém, junto dessa área, existem atividades corriqueiras que envolvem trabalho, estudo, passar roupa e lavar louça – ou seja, ações do dia a dia que podem ou não ser fixas. A atividade física específica envolve algum esporte (atividade física com regras, idades específicas e de competição) ou alguma atividade que pode ser um esporte sem competição necessariamente ou mesmo o ato de se movimentar por algum tempo específico (caminhada, trilha, velejar, mergulhar, musculação, jump, alongamento). ATENÇÃO A atividade física específica, geralmente, está pautada em padrões de realização na semana, ou seja, dias específicos na semana. Ou, se não for totalmente fixa, muitas vezes, há certa quantidade de dias na semana em que essas atividades são praticadas. FÓRMULAS DE PREDIÇÃO A calorimetria indireta é um método de avaliação do gasto de energia basal por meio do diferencial de consumo de oxigênio e da produção de gás carbônico do que é inspirado e expirado em um sistema fechado ou aberto. A metabolização de substratos energéticos, em sua maioria, é baseada no metabolismo aeróbico. Ao consumir oxigênio para produção de energia, os carbonos presentes nos substratos são associados ao oxigênio, formando gás carbônico para ser expirados. Gordura Carboidrato Proteína Álcool Quociente respiratório (QR) 0,71 1,0 0,835 0,667 VO2 (L/g) 2,010 0,746 0,952 1,461 VCO2 (L/g) 1,427 0,746 0,794 0,974 1L do 1L O2 4,69(kcal/L) 5,05 (kcal/L) 4,66 (Kcal/L) 4,86 (kcal/L) Densidade energética 9,4 (kcal/g) 3,77 (kcal/g) 4,4 (kcal/g) 7,1 (kcal/g) Quadro: Consumo e produção de gases na metabolização de macronutrientes. Extraído de Diener (1997, p. 247). Atualmente, existem equipamentos portáteis mais acessíveis que, no entanto, ainda são caros para o público em geral. Apesar de sua altíssima precisão, tais equipamentos não fazem parte de uma realidade no dia a dia dos consultórios. Por isso, as fórmulas de predição acabam sendo mais utilizadas. Essas fórmulas foram criadas a partir de 1919 com base em estudos de calorimetria indireta e direta (estudo de produção de calor pela emissão de calor de animais e humanos) ou água duplamente marcada (baseia-se pela taxa de mudança de dois isótopos não radioativos de oxigênio e hidrogênio, onde o indivíduo ingere o líquido e é avaliado após uma ou duas semanas, sendo avaliada a diferença na eliminação desses dois isótopos). Harris e Benedict (1919): (P = peso em kg, E = estatura em cm, I = idade em anos) Homens: 66,5 + (13,8 x P) + (5 x E) – (6,8 x I) Mulheres: 655,1 + (9,6 x P) + (1,8 x E) – (4,7 x I) Schofield (1985): (P = peso em kg) Idade (anos) Gênero feminino xGênero masculinoxx 3 a 10 (0.085 x P + 2.033) x 239 (0.095 x P + 2.110) x 239 10 a 18 (0.056 x P + 2.898) x 239 (0.074 x P + 2.754) x 239 18 a 30 (0.062 x P + 2.036) x 239 (0.063 x P + 2.896) x 239 30 a 60 (0.034 x P + 3.538) x 239 (0.048 x P + 3.653) x 239 FAO/WHO (2001/2004): (P = peso em kg) Homens Mulheres Idade (anos) TMB (kcal/dia) TMB (kcal/dia) < 3 59,512 x P – 30,4 58,317 x P – 31,1 3 – 9,9 22,706 x P + 504,3 20,315 x P + 485,9 10 – 17,9 17,686 x P + 658,2 13,384 x P + 692,6 18 – 29,9 15,057 x P + 692,2 14,818 x P + 486,6 30 – 59,9 11,472 x P + 873,1 8,126 x P + 845,6 > 60 11,711 x P + 587,7 9,082 x P + 658,5 Cunningham (1991): (MLG = massa livre de gordura) 370 + 21,6 (MLG) Henry e Rees (1991): ÚNICA DIRECIONADA PARA REGIÃO TROPICAL Idade (anos) Gênero feminino Gênero masculino 3 a 10 (0,063 x P + 2,466) x 239 (0,113 x P + 1,689) x 239 10 a 18 (0,047 x P + 2,951) x 239 (0,084 x P + 2,122) x 239 18 a 30 (0,048 x P + 2,562) x 239 (0,056 x P + 2,800) x 239 30 a 60 (0,048 x P + 2,448) x 239 (0,046 x P + 3,160) x 239 Dietary Reference Intakes DRI (2002) (P = peso em kg, E = estatura em cm, I = idade em anos) Homem: 662 – 9,53(I) + AF((15,91(P) + 539,6(E)) Mulher: 354 – 6,9 (I) + AF((9,36(P) + 726(E)) AF = fator atividade física Mulheres Homens 1,00 1,00 Trabalhos domésticos de esforço leve a moderado, caminhadas para atividades relacionadas com o cotidiano, ficar sentado por várias horas. 1,12 1,11 Caminhadas (6,4km/h), além das mesmas atividades relacionadas ao nível sedentário. 1,27 1,25 Ginástica aeróbica, corrida, natação, jogar tênis, além das mesmas atividades relacionadas ao nível sedentário. 1,45 1,48 Ciclismo de intensidade moderada, corrida, pular corda, jogar tênis, além das mesmas atividades relacionadas ao nível sedentário. Tabela: Fórmulas de predição de gasto energético basal e repouso. Adaptado de Wahrlich e Anjos (2001, p. 41), Trumbo et al. (2002, p. 1621) e Haaf e Weijs (2014, p. 5). As fórmulas, em sua maioria, baseiam-se no público europeu e norte-americano, onde há também influência do clima frio e, com isso, maior TMB em relação ao público de regiões tropicais. Em 2001, no sul do Brasil, foi feito um comparativo entre as fórmulas de Harris e Benedict, FAO/OMS (1985), Schofield, Henry e Rees, e calorimetria indireta. Os achados foram de superestimativa da TMB pelas fórmulas em 17,1%; 13,5%; 12,9% e 7,4%, respectivamente. O comparativo é justificado, visto que muitas são as variáveis que podem interferir na TMB, inclusive, etnia. ALÉM DISSO, OUTRO PARÂMETRO QUE FAZ PARTE DO CÁLCULO DO GASTO ENERGÉTICO TOTAL (GET) TAMBÉM FOI QUESTIONADO POR NÃO SER ESPECÍFICO NA ESTIMATIVA E PODE OCASIONAR UMA SUPERESTIMAÇÃO – POR EXEMPLO, O FATOR ATIVIDADE FÍSICA. ATENÇÃO Esse fator foi criado tendo em vista as possíveis atividades do dia a dia e atividades físicas específicas, como podemos ver ao final do quadro acima, mais recentemente atualizado pela Dietary Reference Intakes (DRI). Contudo, mesmo com atualização da DRI, também há erro de dimensionamento das atividades de fato, pois é um fator, não o cálculo isoladamente da atividade física específica. Assim como temos a calorimetria indireta utilizada para medir TMB, ela foi adaptada para avaliar o gasto energético com atividade física específica – esteira, bicicleta ou natação – pela ergoespirometria. A ergoespirometria avalia o consumo de oxigênio inserindo os valores em fórmula específica ou em um equipamento de calorimetria indireta já apresentando o gasto de energia no visor. Como muitas atividades físicas seriam impossíveis de ser testadas diretamente seguindo essa metodologia, foi testado o VO2 máx em corrida. Verificou-se o gasto máximo de energia, que chegou a 16,6kcal/minuto. A partir daí, fez-se a proporção de energia gasta de acordo com o percentual de VO2 máx atingido, segundo a intensidade naquele momento. EXEMPLO Vamos ver o cálculo feito para obter as calorias gastas, sabendo o percentual de VO2 máx: Um corredor a 70% do VO2 máx corre por 1 hora. 16,6kcal x 0,7 (70%) = 11,6kcal/min 11,6kcal x 60min (uma hora de prática) = 696kcal CÁLCULO DOS MÚLTIPLOS DE EQUIVALENTE METABÓLICO (MET) A partir do experimento de VO₂ máx, criou-se o MET, sendo representado da seguinte maneira: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Assim, hátambém a necessidade de tabelas com os valores de MET para diversas atividades físicas em suas diversas intensidades para cada hora praticada. Para o cálculo de calorias de determinada atividade em dada intensidade, devemos proceder utilizando os valores de MET com a seguinte fórmula: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 1 MET = 3, 5mL O2/kg/min OU 0, 0175kcal/kg/min nº MET X Peso X (Duração exercício (min) ÷ 60 (min)) Número de MET Contexto principal Atividade específica 6,0 Ciclismo Ciclismo, 16 a 19km/h, lento, lazer, esforço leve 8,0 Ciclismo Ciclismo, 19 a 22km/h, lazer, esforço moderado 10,0 Ciclismo Ciclismo, 22 a 25km/h, lazer, rápido, esforço vigoroso 3,5 Exercício de condicionamento Calistenia, exercício em casa, esforço leve a moderado 8,0 Exercício de condicionamento Calistenia, pesado, esforço vigoroso Quadro: Número de MET das modalidades. Extraído de Farinatti (2003, p. 187). VEJA O EXEMPLO: UM INDIVÍDUO PESANDO 70KG QUE PEDALA A 20KM/H DURANTE 40 MINUTOS TERÁ QUAL GASTO CALÓRICO? RESPOSTA javascript:void(0) AVALIAÇÃO DO GASTO ENERGÉTICO Para o cálculo de necessidades energéticas do praticante de atividade física, atleta ou não, utiliza-se a metodologia que se segue no Quadro. 1º Calcular a TMB 2º Dividir a TMB por 24h 3º Calcular o VCT (valor calórico total = VE1 + VE2 + VE3): a) VE1 = valor encontrado no 2º Passo x horas de sono b) VE2 = valor encontrado no 2º Passo x horas rotineiras x fator atividade (CORRIQUEIRAS) c) VE3 = gasto energético com a atividade física específica (MET → kcal) 4º VCT x 1,1 (Fator térmico do alimento) Quadro: Método de cálculo de VET para a praticantes de atividade física. Adaptado de FAO, WHO e UNU (2004, p. 40). CASO CLÍNICO Joana quer hipertrofiar e pratica musculação intensa por cinquenta minutos; corre a 12km/h por quarenta minutos, de segunda a sexta-feira, às 18h; tem 29 anos; pesa 55kg; dorme sete horas por noite; trabalha como gerente de um banco (sentada por 90% do tempo); e em casa lava apenas a louça, pois conta com uma funcionária para os afazeres domésticos, inclusive, para preparar as marmitas que leva para o trabalho. POR SER A ÚNICA FÓRMULA PENSADA PARA POPULAÇÃO DE CLIMA TROPICAL, HENRY E REES (0,048 X P + 2,562) X 239 (SELECIONADA A PARTIR DO GÊNERO E FAIXA DE IDADE) SERÁ UTILIZADA NO CÁLCULO. Vale ressaltar que as horas rotineiras necessárias para o cálculo da letra b do 3º passo são encontradas subtraindo o total de horas praticadas e as horas de sono. 1º PASSO: (0,048 X 55 + 2,562) X 239 = 1.243,27KCAL 2º PASSO: 1.243,27 ÷ 24HS = 51,8KCAL/HORA 3º PASSO: A) VE1 = 51,8 X 7HS DE SONO = 362,6KCAL B) VE2 = 51,8 X (24HS – 7HS DE SONO – 1,5H TOTAIS DA ATIVIDADE FÍSICA) X 1 (FATOR ATIVIDADE ROTINEIRA) = 51,8 X 15,5 X 1 = 802,9KCAL C) VE3 (VALORES DE MET PARA MUSCULAÇÃO 6,0 E CORRIDA 11,5 ENCONTRADOS NA TABELA DE MET) MUSCULAÇÃO: 6,0 X 55 X (50 ÷ 60) = 275KCAL CORRIDA: 11,5 X 55 X (40 ÷ 60) = 421KCAL VCT = 362,6 + 802,9 + 275 + 421 = 1.862,16KCAL 4º PASSO: 1.862, 16 X 1,1 (EFEITO TERMOGÊNICO DOS ALIMENTOS) = 2.048,38KCAL Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Apesar de saber que a fórmula de predição utilizada superestima as necessidades energéticas de TMB, não se tem um consenso sobre o percentual a ser deduzido do valor encontrado, pois os estudos são pequenos. Ainda que um desses estudos tenha sido feito em população brasileira, não é lícito utilizar o valor de 7,4% apresentado anteriormente. Portanto, fica a ressalva de atenção para a avaliação dos resultados obtidos entre um atendimento e outro. Imagem: shutterstock.com O motivo pelo qual as horas de sono são utilizadas à parte é que, nesse momento, o metabolismo pode ser reduzido em relação ao estado de alerta ativo das horas rotineiras. O valor das horas rotineiras tem como base aqueles momentos em que a pessoa não está dormindo nem praticando atividade física específica. Vale lembrar que o fator atividade física foi baseado no tipo de trabalho (90% sentado), que foi apresentado no caso clínico. O cálculo da atividade física específica é feito separadamente. Não há necessidade de levar isso em consideração ao escolher o fator atividade física, diferentemente do cálculo feito pela área clínica, que torna subjetiva essa escolha. Por convenção, o valor de efeito termogênico dos alimentos é de 10% sobre o VCT; logo, o valor numérico utilizado é de 1,1 para encontrar o VET para manutenção. ATENÇÃO No caso clínico apresentado, o objetivo era de hipertrofia. Até o 4º passo, o valor encontrado serve apenas para manutenção, sendo necessário adicionar calorias. Para um aumento de até 454g de massa magra por semana (o máximo sem uso de hormônio testosterona) é necessário incluir de 5 a 8kcal por cada grama almejado. Ou seja, alguém que seja iniciante na prática de musculação conseguiria hipertrofiar 454g por semana – 454 x 5 a 8kcal dariam de 2.270 a 3.632kcal por semana de acréscimo, com 324 a 519kcal a mais por dia no VET. Então, no exemplo do caso clínico, deve-se acrescentar de 324 a 519kcal ao valor de manutenção encontrado, que ficaria entre 2.372,38 e 2.567,38kcal/dia para o propósito de hipertrofia. Para se obter emagrecimento, deve-se impor o deficit calórico, e é tido como saudável a perda de 500g a 1,0kg por semana de gordura. Considerando que 1kg de gordura corporal tem de 7.300 a 7.700 kcal, se o objetivo for reduzir 4kg de gordura em um mês, deve-se multiplicar a quantidade total de gordura que se deseja reduzir pelos valores calóricos apresentados. O cálculo se daria da seguinte forma: 4 X 7.300 = 29.200KCAL OU 4 X 7.700 = 30.800KCAL Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Se a redução for idealizada para um mês, deve-se dividir os valores totais encontrados por trinta dias do mês e subtrair das calorias encontradas no 4º passo, como mostrado a seguir: 29.200 ÷ 30 = 973KCAL/DIA A MENOS 30.800 ÷ 30 = 1.026KCAL/DIA A MENOS OU SEJA, 2.048,38 – 973 = 1.075,38KCAL OU 2.048,38 – 1.026 = 1.022,38KCAL AO DIA Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal É extremamente indicado que se avalie com rigor o histórico do paciente e o perfil de aceitação de dietas ao longo da vida, pois restrições muito severas podem não ter aderência pelo paciente ou mesmo agravar deficiências preexistentes. VOCÊ SABIA Embora estudos indiquem que restrições maiores em primeiro momento mantêm aderência do paciente por mostrar resultados, muitos poderão sofrer aumento de irritabilidade, ansiedade ou demonstrar outros sintomas de oscilação de humor. Apesar de nenhuma dieta emagrecer mais, de forma significativa, que outra com o mesmo deficit calórico, a individualidade de cada paciente deve ser levada em consideração, bem como as possíveis deficiências geradas pela menor quantidade e diversidade de alimentos que tal dieta pode levar. Com isso, correções de micronutrientes devem ser feitas com suplementos orais, caso seja necessário. É muito comum a demanda por emagrecimento e hipertrofia ao mesmo tempo e, como sabemos, isso não é possível. Mas, também é grande a quantidade de casos expostos nas redes sociais e até alguns artigos mostrando justamente o contrário. Porém, o viés é a não avaliação da quantidade de água também perdida no processo de emagrecimento. Fatores envolvidos na redução drástica de água no meio extra e intracelular são diminuição de inflamação, seja por menor quantidade de alimentos danosos ao organismo, seja por inclusão de alimentos funcionais (alimentos que apresentam efeitos benéficos à saúde além de suas funções nutricionais básicas, como efeito anti-inflamatório, antioxidante, antibiótico...), e redução de carboidratos totais (visto que a cada mol de glicogênio armazenado, levam-se 3 mols de H2O). Foto: Shutterstock UM CONCEITO MUITO IMPORTANTE É O DE TRABALHAR EMCICLOS COM OS OBJETIVOS DE HIPERTROFIA E EMAGRECIMENTO DEVIDO À OSCILAÇÃO DE METABOLISMO MEDIADO POR RESTRIÇÃO CALÓRICA, SUPERÁVIT CALÓRICO E ESTILO DE DIETA. Como há redução de ganho de massa magra e de metabolismo com o tempo, é válido utilizar uma estratégia em ciclos de dois a três meses para cada um (hipertrofia e emagrecimento), até mesmo porque, durante o processo de hipertrofia, há aumento do percentual de gordura, mas durante o emagrecimento é possível manter ao máximo a massa magra já conquistada. Assim fica mais fácil controlar a ansiedade gerada pelo déficit calórico e ter mais aderência à dieta durante a hipertrofia. Foto: Shutterstock.com Para hipertrofia, devemos levar a musculatura à fadiga por volume de treino. Como, geralmente, são exercícios resistidos e de força, há maior necessidade de carboidratos, principalmente, perto do treino em si. Uma dieta para esse objetivo deve ser rica em carboidrato, com o uso do protocolo de 5,5 a 7g/kg/dia para homens e 4,5 a 6,5g/kg/dia para mulheres, bem como o uso de proteínas, que vai de 1,5 a 2,0g/kg/dia, e de lipídios, de 0,6 a 1,0g/kg/dia. No caso clínico apresentado anteriormente para hipertrofia, o VET ficou entre 2.372,38 a 2.567,38 kcal/dia. Ao distribuirmos os macronutrientes, poderíamos encontrar isto: PTN: 2,0G X 55 = 110G → 110 X 4KCAL = 440KCAL CHO: 6,5G X 55 = 357,5G → 357,5 X 4 = 1.430KCAL LIP: 2.372,38KCAL – 1.430 – 440 = 502,38KCAL → 502 ÷ 9KCAL = 55,82G TOTAIS DE LIPÍDIOS QUE DARIA 1,01G/KG/DIA Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Ao começarmos pelo menor valor de VET calculado para hipertrofia (com adição de calorias baseada no valor encontrado no 4º passo), já conseguimos adequar os protocolos de macronutrientes para esse propósito. Já para a redução de gordura corporal, a variável de calorias pode ser maior. Então, podemos reduzir um pouco apenas, cerca de 500kcal de escolha, nesse caso. Lembre-se que seria em cima do valor achado no 4º passo, e que se fosse escolhida a hipertrofia primeiro certamente a massa corporal teria variado bastante, gerando outro valor de VET. Contudo, nesse caso, teríamos: 2.048,38KCAL – 500KCAL = 1.548,38KCAL Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Os protocolos de macronutrientes para o emagrecimento variam: PTN, DE 1,8 A 2,5G/KG/DIA CHO, DE 3,0 A 4,0G/KG/DIA PARA HOMENS E 2,5 A 3,5G/KG/DIA PARA MULHERES LIPÍDIOS, DE 0,6 A 1,0G/KG/DIA Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Então, a distribuição para o caso clínico anterior poderia ficar assim: PTN: 1,8G X 55 = 99G → 99 X 4KCAL = 396KCAL CHO: 3,0G X 55 = 165G → 165 X 4 = 660KCAL LIP: 1,0G X 55 = 55G → 55 X 9 = 495KCAL Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Nesse caso, optou-se por manter 1,8g/kg/dia de proteína, pois é o mínimo para emagrecimento a fim de preservar a massa magra, que acaba deixando mais calorias para o carboidrato servir de substrato para os treinos de qualidade, mantendo o mesmo protocolo de lipídio em 1,0g/kg/dia. DICA Uma opção seria reduzir as quantidades de gordura para aumentar as de carboidratos e garantir mais energia rapidamente, ajudando ainda mais a manter massa magra. Em ambas as possibilidades de escolhas de protocolos para o emagrecimento, é importante se ater às escolhas alimentares para suprir as quantidades totais de macronutrientes, pensando em atender também os protocolos de micronutrientes e fibras. Tais protocolos, além de modularem a função intestinal, ajudam a dar saciedade, mantendo aderência ao planejamento dietético. NA PRÁTICA CLÍNICA: UM EXEMPLO DE PLANEJAMENTO DIETÉTICO EM ATLETAS DE ALTA PERFORMANCE O especialista Nicolas Machado Tebaldi fala sobre um caso clínico com enfoque no planejamento dietético em atletas de alta performance. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUANDO NÃO É POSSÍVEL CALCULAR AS NECESSIDADES ENERGÉTICAS POR MEIO DE MÉTODOS DE ALTA PRECISÃO COMO CALORIMETRIA INDIRETA, UTILIZAM-SE AS FÓRMULAS DE PREDIÇÃO CRIADAS A PARTIR DE 1919. PORÉM, HÁ QUE SE TER CUIDADO AO UTILIZÁ-LAS DEVIDO ÀS DIFERENÇAS DE RESULTADOS. O QUE ESTARIA INTERFERINDO NO RESULTADO PARA O PÚBLICO BRASILEIRO? A) As fórmulas antes de Henry e Rees não foram pensadas para o público de clima tropical. B) As condições de acesso aos alimentos e a pobreza mudam completamente os resultados. C) No Brasil, há menos poluição e, com isso, há mais disponibilidade de oxigênio, modificando os resultados. D) No Brasil, há menos obesos que nos Estados Unidos da América. E) No Brasil, se faz muito mais trabalhos domésticos, o que interfere na TMB. 2. O CONSUMO DE OXIGÊNIO PELO CORPO HUMANO VISA AVALIAR O METABOLISMO ENERGÉTICO AERÓBICO SEJA EM SEDENTÁRIOS OU EM PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA, E COM ISSO CALCULAR O GASTO DE ENERGIA DIÁRIO. O MET É UM EQUIVALENTE METABÓLICO CRIADO UTILIZANDO TAMBÉM O CONSUMO DE OXIGÊNIO. O QUE ELE PROPÕE? A) O cálculo do VET. B) O cálculo do gasto energético através da ergoespirometria. C) O cálculo de energia da taxa metabólica de repouso. D) O cálculo de energia da atividade física quando não é possível utilizar métodos mais precisos. E) O cálculo das necessidades energéticas da prática de atividade física apenas. GABARITO 1. Quando não é possível calcular as necessidades energéticas por meio de métodos de alta precisão como calorimetria indireta, utilizam-se as fórmulas de predição criadas a partir de 1919. Porém, há que se ter cuidado ao utilizá-las devido às diferenças de resultados. O que estaria interferindo no resultado para o público brasileiro? A alternativa "A " está correta. Ainda que não se tenha uma fórmula criada a partir do público brasileiro, foi visto que as condições climáticas e a etnia de regiões tropicais modificam as necessidades energéticas por si só. A única alternativa pensada nesse propósito foi a de Henry e Rees. 2. O consumo de oxigênio pelo corpo humano visa avaliar o metabolismo energético aeróbico seja em sedentários ou em praticantes de atividade física, e com isso calcular o gasto de energia diário. O MET é um equivalente metabólico criado utilizando também o consumo de oxigênio. O que ele propõe? A alternativa "D " está correta. Como não é possível o uso de calorimetria indireta com ergoespirometria em todas as modalidades para todos os clientes e possibilidades de atividade física, foi criado o MET utilizando o máximo de consumo de oxigênio na intensidade máxima de um exercício e derivando a proporção de acordo com diferentes intensidades possíveis. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS As diferenças corporais variam muito em todo o mundo, por diversos fatores, como etnia, idade, gênero, clima, doença e prática de atividade física. Além disso, muitos métodos de avaliação de alta precisão não podem ser utilizados devido ao alto custo e à falta de praticidade para o atendimento clínico do dia a dia. Ao utilizar métodos substitutivos de menor precisão, deve-se ter cautela com a metodologia de avaliação pois há implicação direta nos resultados – não só na bioimpedância elétrica com protocolo extenso, que conta com a colaboração total do avaliado ao cumprir as exigências, mas nas dobras cutâneas com treinamento técnico e prática do avaliador. As necessidades de atletas se tornam um pouco mais abrangentes devido ao alto dispêndio energético, especificidade do esporte e competição. Minúcias como essas levam a um planejamento dietético mais preciso, aumentando as chances de excelência e desempenho esportivo. Vale lembrar que alterações bioquímicas são comuns, e saber distinguir o resultado como desequilíbrio saudável ou prejudicial é crucial para não haver exageros nutricionais. O desafio maior está em transformar objetivos e necessidades nutricionais em planejamento dietético com variedade de alimentos, adequando-os à individualidade de cada cliente, independentemente da época do ano e da condição financeira.Portanto, conheça tantos alimentos e suas minúcias nutricionais quanto for possível, assim, você não será guiado por dietas limitantes da moda. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BIESEK, S.; ALVES, L. A.; GUERRA, I. Estratégias de nutrição e suplementação no esporte. 3. ed. São Paulo: Manole, 2016. CUNNINGHAM, J. J. Body composition as a determinant of energy expenditure: a synthetic review and a proposed general prediction equation. American Journal of Clinical Nutrition, v. 54, p. 963-969, 1991. DIENER, J. R. C. Calorimetria indireta. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 43, n. 3, p. 247, 1997. FAO – FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION; WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION; UNU – UNITED NATIONS UNIVERSITY. Human energy requirements. Rome: FAO, 2004. 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CONTEUDISTA Nicolas Machado Tebaldi CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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