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IMPOSTO DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO 
 
 
Imposto	sobre	a	Renda	e	Proventos	de	Qualquer	Natureza	(IR)	
	
A	 competência	 para	 a	 instituição	 do	 Imposto	 sobre	 a	 Renda	 e	
Proventos	 de	 Qualquer	 Natureza	 (IR)	 consta	 do	 art.	 153,	 III,	 da	
CRFB,	além	do	que,	no	§	2o	do	mesmo	artigo,	a	CF	estabelece	os	
critérios	 a	 serem	 observados	 na	 sua	 instituição:	 generalidade,	
universalidade	 e	 progressividade.	 Os	 arts.	 43	 a	 45	 do	 CTN	
estabelecem	as	normas	gerais	atinentes	ao	imposto	sobre	a	renda	
e	proventos,	definindo	os	arquétipos	para	o	fato	gerador,	base	de	
cálculo	e	contribuintes.	O	Imposto	sobre	a	Renda	da	Pessoa	Fı́sica	
(IRPF)	tem	suporte,	no	âmbito	da	legislação	ordinária,	nas	Leis	n.	
7.713/88	 e	 n.	 9.250/95,	 entre	 outras,	 sendo	 que	 a	 IN	 RFB	 n.	
1.500/14	“dispõe	sobre	normas	gerais	de	 tributação	 relativas	ao	
Imposto	 sobre	 a	 Renda	 das	 Pessoas	 Fı́sicas”.	 O	 Imposto	 sobre	 a	
Renda	da	Pessoa	Jurı́dica	(IRPJ),	por	sua	vez,	tem	suporte	nas	Leis	
n.	 8.981/95	 e	 n.	 9.430/96,	 entre	 outras.	 A	 IN	 RFB	 n.	 1.700/17	
detalha	o	seu	regime.	O	Decreto	n.	9.580,	de	22	de	novembro	de	
2018,	 regulamenta	 a	 fiscalização,	 arrecadação	 e	 administração	
tanto	do	IRPF	como	do	IRPJ	e	é	designado	RIR/18.	 
O	 art.	 153,	 III,	 da	 CRFB	 outorga	 competência	 à	 União	 para	 a	
instituição	 de	 imposto	 sobre	 “renda	 e	 proventos	 de	 qualquer	
natureza”.	 
A	 extensão	 dos	 termos	 “renda”	 e	 “proventos	 de	 qualquer	
natureza”	dá	o	contorno	do	que	pode	ser	tributado	e	do	que	não	
pode	 ser	 tributado	 a	 tal	 tı́tulo.	 Na	 instituição	 do	 imposto,	 o	
legislador	 ordinário	 não	 pode	 extrapolar	 a	 amplitude	 de	 tais	
conceitos,	sob	pena	de	inconstitucionalidade.	 
A	 renda	 é	 o	 acréscimo	 patrimonial	 produto	 do	 capital	 ou	 do	
trabalho.	Proventos	são	os	acréscimos	patrimoniais	decorrentes	
de	 uma	 atividade	 que	 já	 cessou.	 “Acréscimo	 patrimonial”,	
portanto,	é	o	elemento	comum	e	nuclear	dos	conceitos	de	renda	e	
de	proventos,	ressaltado	pelo	próprio	art.	43	do	CTN	na	definição	
do	fato	gerador	de	tal	imposto.		
Está	bastante	sedimentada,	ainda,	a	 jurisprudência	no	sentido	de	
que	as	 indenizações	não	ensejam	a	 incidência	de	 imposto	de	
renda.	 Isso	porque	não	 implicam	acréscimo	patrimonial,	 apenas	
reparam	 uma	 perda,	 constituindo	 mera	 recomposição	 do	
patrimônio,	conforme	o	STF,	RE	188.684-6/SP.		
Embora	 sujeito	 à	 anterioridade	 de	 exercício	 estabelecida	 pelo	
art.	 150,	 III,	 b,	 da	 CF,	 o	 Imposto	 de	 Renda	 foi	 excepcionado	 da	
necessidade	de	observância	da	anterioridade	nonagesimal	mı́nima	
de	que	cuida	a	alı́nea	c	do	mesmo	inciso,	conforme	se	vê	do	§	1o	do	
art.	150,	de	modo	que	a	majoração	ocorrida	ao	final	de	determinado	
ano	poderá	produzir	efeitos	relativamente	ao	perı́odo	a	se	iniciar	
em	1o	de	janeiro	seguinte	independentemente	de	haver	ou	não	o	
interstı́cio	de	noventa	dias	entre	a	publicação	da	lei	e	a	virada	do	
exercı́cio.		
A	 generalidade	 é	 critério	 a	 ser	 observado	 na	 instituição	 do	
Imposto	de		Renda.	Conforme	DIFINI:	“Generalidade	significa	que	o	
tributo	deve	abranger	todos	os	contribuintes	que	pratiquem	o	ato	
ou	 estejam	 em	 igual	 relação	 com	 o	 fato	 descrito	 na	 hipótese	 de	
incidência.	 
Outro	critério	a	ser	observado	é	a	universalidade,	segundo	o	qual	
o	imposto	de	renda	deve	abranger	quaisquer	rendas	e	proventos	
auferidos	 pelo	 contribuinte.	 Ed 	 este,	 também,	 o	 entendimento	 de	
DIFINI:	“[...]	universalidade	significa	incidir	o	tributo	sobre	todos	os	
fatos	descritos	na	hipótese	de	 incidência	(no	caso	do	 imposto	de	
renda,	 incidir	 indistintamente	 sobre	 diversas	 espécies	 de	
rendimentos)”.	 
Em	face	do	critério	constitucional	da	universalidade,	 ter-se-ia	de	
considerar	 a	 totalidade	 das	 rendas	 do	 contribuinte	 como	 uma	
unidade,	 sem	 estabelecer	 distinções	 entre	 tipos	 de	 rendas	 para	
efeito	de	tributação	diferenciada.	 
A	 progressividade,	 por	 sua	 vez,	 é	 critério	 que	 exige	 variação	
positiva	da	alı́quota	à	medida	que	há	aumento	da	base	de	cálculo.	
De	 fato,	 ocorre	 progressividade	 quando	 há	 diversas	 alı́quotas	
graduadas	 progressivamente	 em	 função	 do	 aumento	 da	 base	 de	
cálculo:	quanto	maior	a	base,	maior	a	alı́quota.	Como	imposto	de	
natureza	pessoal,	o	IR	deve	necessariamente	ser	graduado	segundo	
a	 capacidade	 econômica	 do	 contribuinte	 também	 por	 força	 de	
determinação	 expressa	 constante	 do	 art.	 145,	 §	 1o,	 da	 CRFB.	 A	
progressividade,	aliás,	serve	de	instrumento	para	a	tributação	da	
renda	conforme	a	capacidade	contributiva.		
O	CTN	dispõe	sobre	o	aspecto	material	(fato	gerador)	do	imposto,	
dizendo	 que	 é	 a	 aquisição	 da	 disponibilidade	 econômica	 ou	
jurídica	de	renda	ou	de	proventos	de	qualquer	natureza:	“Art.	
43.	O	imposto,	de	competência	da	União,	sobre	a	renda	e	proventos	
de	 qualquer	 natureza	 tem	 como	 fato	 gerador	 a	 aquisição	 da	
disponibilidade	 econômica	 ou	 jurı́dica:	 I	 –	 de	 renda,	 assim	
entendido	o	produto	do	capital,	do	trabalho	ou	da	combinação	de	
ambos;	II	–	de	proventos	de	qualquer	natureza,	assim	entendidos	
os	acréscimos	patrimoniais	não	compreendidos	no	inciso	anterior.	 
§	1o	A	incidência	do	imposto	independe	da	denominação	da	receita	
ou	 do	 rendimento,	 da	 localização,	 condição	 jurı́dica	 ou	
nacionalidade	 da	 fonte,	 da	 origem	 e	 da	 forma	 de	 percepção.	
(Parágrafo	incluído	pela	LC	104,	de	 
10.1.2001)	§	2o	Na	hipótese	de	receita	ou	de	rendimento	oriundos	
do	exterior,	a	lei	estabelecerá	as	condições	e	o	momento	em	que	se	
dará	 sua	 disponibilidade,	 para	 fins	 de	 incidência	 do	 imposto	
referido	 neste	 artigo.	 (Parágrafo	 incluído	 pela	 LC	 104,	 de	
10.1.2001)”.		
Aquisição	é	o	ato	de	adquirir,	ou	seja,	de	obter,	conseguir,	passar	
a	ter.	 
Disponibilidade	 é	a	qualidade	ou	estado	do	que	é	disponı́vel,	do	
que	se	pode	usar	 livremente,	 é	a	“qualidade	dos	valores	e	 tı́tulos	
integrantes	 do	 ativo	 de	 um	 comerciante,	 que	 podem	 ser	
prontamente	convertidos	em	numerário”	 
 
Sujeito	ativo	do	imposto	sobre	a	renda	é	a	própria	União,	cabendo	
a	administração	do	imposto	à	Secretaria	da	Receita	Federal.	 
Quanto	aos	contribuintes,	dispõe	o	CTN:	“Art.	45.	Contribuinte	do	
imposto	é	o	titular	da	disponibilidade	a	que	se	refere	o	artigo	43,	
sem	 prejuı́zo	 de	 atribuir	 a	 lei	 essa	 condição	 ao	 possuidor,	 a	
qualquer	 tı́tulo,	 dos	bens	produtores	de	 renda	ou	dos	proventos	
tributáveis.	Parágrafo	único.	A	lei	pode	atribuir	à	fonte	pagadora	da	
renda	ou	dos	proventos	tributáveis	a	condição	de	responsável	pelo	
imposto	cuja	retenção	e	recolhimento	lhe	caibam”.	 
No	 Imposto	 de	 Renda	 Pessoa	 Física	 (IRPF),	 considera-se	
ocorrido	o	fato	gerador	em	31	de	dezembro	do	ano-calendário,	
embora	haja	 a	 determinação	de	antecipações	anuais,	 sujeitas	 a	
posterior	ajuste.		
No	 IRPJ,	 tem-se	 período	 de	 apuração	 trimestral,	 podendo	 a	
pessoa	jurı́dica	que	pagar	com	base	no	lucro	real	fazer	opção	pelo	
período	anual,		com	 antecipações	 mensais.	 No	 imposto	
trimestral,	 considera-se	 ocorrido	 fato	 gerador	 ao	 final	 de	 cada	
trimestre.	 civil;	no	anual,	em	31	de	dezembro	do	ano-calendário.		
	
Imposto	sobre	Produtos	Industrializados	(IPI)	
	
O	 art.	 153,	 IV,	 da	 CRFB	 outorga	 competência	 à	 União	 para	 a	
instituição	 de	 imposto	 sobre	 “produtos	 industrializados”,	 o	 IPI.	
Combinando-se	 tal	 dispositivo	 com	 o	 §	 2o,	 I,	 do	 mesmo	 artigo,	
depreende-se	que	pode	ser	tributada	a	“operação”	com	“produtos	
industrializados”.	 
A	palavra	industrializado	designa	o	que	se	industrializou,	ou	seja,	
o	que	foi	objeto	de	indústria.	O	parágrafo	único	do	art.	46	dispõe	no	
sentido	de	que	se	considera	industrializado	o	produto	“que	tenha	
sido	submetido	a	qualquer	operação	que	lhe	modifique	a	natureza	
ou	 a	 finalidade,	 ou	 o	 aperfeiçoe	 para	 o	 consumo”.	 O	 art.	 3o,	
parágrafo	 único,	 daLei	 n.	 4.502/64,	 refere	 que	 se	 considera	
industrialização	 “qualquer	 operação	 de	 que	 resulte	 alteração	 da	
natureza,	funcionamento,	utilização,	acabamento	ou	apresentação	
do	produto.	
O	§	1o	do	art.	150	da	CRFB	estabelece	exceção	à	anterioridade	de	
exercı́cio	 relativamente	 ao	 IPI,	 mas	 não	 à	 anterioridade	
nonagesimal,	 restando,	 pois,	 submetida	 a	 esta	 a	 instituição	 e	 a	
majoração	do	imposto.		
Já	 o	 §	 3o	 do	 art.	 153	 estabelece	 que	 o	 IPI	 será	 seletivo	 e	 não	
cumulativo,	 imuniza	 os	 produtos	 destinados	 ao	 exterior	 e	
determina	a	redução	do	seu	impacto	sobre	a	aquisição	de	bens	de	
capital.	 
O	critério	da	seletividade	constitui	uma	imposição	constitucional,	
e	não	uma	faculdade	do	legislador,	nos	termos	do	inciso	I	do	§	3o	
do	 art.	 153	 da	 CF.	 As	 alı́quotas	 deverão	 variar	 em	 função	 da	
essencialidade	do	produto,	sob	pena	de	inconstitucionalidade.	Ser	
seletivo	 implica	 ter	 alı́quotas	 diferenciadas	 dependendo	 do	
produto	(individualmente	considerado)	ou	do	tipo	de	produto	(se	
alimentı́cio,	 de	 higiene,	 têxtil	 etc.),	 sendo	 que	 o	 critério	 para	 tal	
seletividade	 é	 dado	 pelo	 próprio	 constituinte:	 o	 grau	 de	
essencialidade	do	produto.	A	seletividade	não	se	confunde	com	a	
progressividade,	 em	 que	 se	 tem	 simples	 agravamento	 do	 ônus	
tributário	conforme	aumenta	a	base	de	cálculo.	 
 
Impostos	 sobre	 Operações	 de	 Crédito,	 Câmbio,	 Seguro	 ou	
Relativas	a	Títulos	ou	Valores	Mobiliários	(IOF)		
O	 art.	 153,	 V,	 da	 CRFB	 outorga	 competência	 à	 União	 para	 a	
instituição	 de	 imposto	 sobre	 “operações	 de	 crédito,	 câmbio	 e	
seguro,	 ou	 relativas	 a	 tı́tulos	 ou	 valores	mobiliários”	 .	 Vê-se,	 de	
pronto,	que	não	se	trata	de	uma	única	base	econômica	outorgada	à	
tributação,	 mas	 de	 quatro	 bases	 econômicas:	 •	 operações	 de	
crédito;	•	operações	de	câmbio;	•	operações	de	seguro;	•	operações	
relativas	a	tı́tulos	ou	valores	mobiliários.		
A	CRFB	não	prevê	 a	base	 econômica	 “operações	 financeiras”.	De	
qualquer	modo,	é	usual,	inclusive	na	legislação	tributária,	o	uso	da	
locução	 “Imposto	 sobre	 Operações	 Financeiras	 –	 IOF”	 para	
designar	o	conjunto	de	 tais	 impostos	previstos	no	art.	153,	V,	da	
CRFB.		
	
Imposto	sobre	Importação	(II)	 
O	art.	 153,	 I,	 da	CF	outorga	competência	à	União	para	 instituir	
imposto	sobre	“importação	de	produtos	estrangeiros”.	Os	arts.	19	a	
22	do	CTN	estabelecem	o	âmbito	possı́vel	de	seu	fato	gerador,	base	
de	 cálculo	 e	 contribuintes.	 A	 instituição	 do	 Imposto	 sobre	
Importação	consta	do	Decreto-	Lei	n.	37/66,	editado	com	força	de	
lei	e	ainda	em	vigor.	Ed 	regulamentado	pelo	Decreto	n.	6.759/09.		
Importação	 é	o	ato	de	trazer	para	o	território	nacional	ou,	como	
diz	AUREd LIO,	 “fazer	 vir	de	outro	paı́s	 [...]”	 .	Mas,	 em	seu	 sentido	
jurı́dico,	 não	 basta	 o	 simples	 ingresso	 fı́sico.	 Ed 	 imprescindı́vel	 a	
entrada	 no	 território	 nacional	 para	 incorporação	 do	 bem	 à	
economia	interna,	seja	para	fins	industriais,	comerciais	ou	mesmo	
de	consumo.		
Produto	é	termo	amplo	que	abrange	tanto	mercadorias	(que	têm	
finalidade	 comercial)	 como	 outros	 bens	 (destinados	 ao	 uso	 ou	
consumo	pelo	importador).	
	Estrangeiro,	por	sua	vez,	designa	o	produto	que	tem	origem	em	
outro	paı́s,	nele	tendo	sido	produzido	pela	natureza	ou	pela	ação	
humana.	 Não	 se	 confunde	 com	 o	 produto	 nacional	 que	
eventualmente	retorne	ao	paı́s,	que	não	pode	ser	tributado	a	tı́tulo	
de	II,	sob	pena	de	inconstitucionalidade.	
	O	 fato	 gerador	 (aspecto	 material	 da	 norma	 de	 incidência)	 é	
delimitado	pelo	art.	19	do	CTN:	“Art.	19.	O	imposto,	de	competência	
da	União,	sobre	a	importação	de	produtos	estrangeiros	tem	como	
fato	gerador	a	entrada	destes	no	território	nacional”.	O	art.	1o	do	
Decreto-Lei	n.	37/66,	que	institui	o	Imposto	de	Importação,	por	sua	
vez,	 dispõe:	 “Art.	 1o	O	 Imposto	 sobre	 a	 Importação	 incide	 sobre	
mercadoria	estrangeira	e	tem	como	fato	gerador	sua	entrada	no	
Território	Nacional.		
Considera-se	 ocorrido	 o	 fato	 gerador,	 como	 regra,	 na	 data	 do	
registro	 da	 declaração	 de	 importação	 (aspecto	 temporal),	
realizado	 eletronicamente	 através	 do	 Sistema	 Integrado	 de	
Comércio	Exterior	(Siscomex).	
	
Imposto	sobre	Exportação	(IE)	 
O	 art.	 153,	 II,	 da	 CRFB	 outorga	 competência	 à	 União	 para	 a	
instituição	 de	 imposto	 sobre	 “exportação,	 para	 o	 exterior,	 de	
produtos	 nacionais	 ou	 nacionalizados”.	 Os	 arts.	 23	 a	 28	 do	 CTN	
estabelecem	 as	 normas	 gerais	 atinentes	 ao	 Imposto	 sobre	 a	
Exportação,	 definindo	 o	 arquétipo	 para	 o	 fato	 gerador,	 base	 de	
cálculo	 e	 contribuintes.	 O	 diploma	 básico	 do	 Imposto	 sobre	 a	
Exportação	 é	 o	Decreto-Lei	n.	1.578/77,	que	 instituiu	o	 imposto,	
dispondo	sobre	todos	os	elementos	da	sua	hipótese	de	incidência.		
Exportação	é	o	envio	de	produto	para	fora	do	território	nacional.	 
O	 termo	produtos	 abrange	 tanto	 a	mercadoria	 (com	destinação	
comercial)	como	outros	bens	(para	consumo,	incorporação	ao	ativo	
fixo	etc.),	além	do	que	abrange	tanto	os	produtos	da	ação	humana	
(produtos	 manufaturados,	 industrializados	 etc.)	 como	 os	 da	
própria	natureza	(produtos	primários).		
Nacionais	 são	 os	 produtos	 produzidos	 no	 território	 nacional,	
enquanto	 nacionalizados	 são	 os	 produtos	 que	 tenham	 sido	
produzidos	 fora,	mas	 importados	para	o	 território	nacional	para	
uso	 industrial,	 comercial	 ou	 consumo.	 O	 Imposto	 sobre	 a	
Exportação	pode	recair	tanto	sobre	a	saı́da	de	produtos	nacionais	
como	 de	 produtos	 nacionalizados,	 mas	 não	 sobre	 a	 saı́da	 de	
produto	 estrangeiro	 que	 tenha	 entrado	 no	 paı́s	 apenas	 para	
participação	em	uma	feira	ou	para	simples	trânsito	pelo	território	
nacional,	pois,	nestes	casos,	nem	chegou	a	ser	“nacionalizado”.	 
O	art.	23	do	CTN	estabelece	o	possı́vel	 fato	gerador	do	 Imposto	
sobre	a	Exportação:	“Art.	23.	O	imposto,	de	competência	da	União,	
sobre	a	exportação,	para	o	estrangeiro,	de	produtos	nacionais	ou	
nacionalizados	tem	como	fato	gerador	a	saída	destes	do	território	
nacional”.	O	Decreto-Lei	n.	1.578/77,	que	institui	o	Imposto	sobre	
a	 Exportação,	 repete	 o	 CTN,	 dispondo	 em	 seu	 art.	 1o,	 com	 as	
alterações	 das	 Leis	 n.	 9.019/95	 e	 9.716/98:	 “Art.	 1o	O	 Imposto	
sobre	 a	 Exportação,	 para	 o	 estrangeiro,	 de	 produto	 nacional	 ou	
nacionalizado	 tem	 como	 fato	 gerador	 a	 saı́da	 deste	 do	 território	
nacional”.		
	
Imposto	sobre	Propriedade	Territorial	Rural	(ITR)	
	
O	art.	153,	III,	da	CRFB	outorga	competência	à	União	para	a	
instituição		de	imposto	sobre	“propriedade	territorial	rural”		
A	propriedade	 é	 o	mais	 amplo	 dos	 direitos	 reais,	 envolvendo	 a	
faculdade	de	usar,	gozar	e	dispor	da	coisa	e	o	direito	de	reavê-la	do	
poder	de	quem	quer	que	injustamente	a	possua	ou	detenha.	Ed 	como	
aparece	 retratada	 no	 art.	 1.228	 do	 Código	 Civil	 (Lei	 n.	
10.406/02)757	e	que	já	constava	do	art.	524	do	Código	Civil	de	1916.	
Ed 	 esta	 revelação	 de	 riqueza	 que	 foi	 apontada	 pela	 Constituição	
como	capaz	de	ensejar	a	sujeição	do	seu	titular	a	um	imposto	de	
competência	da	União	com	fundamento	no	seu	art.	153,	VI.	Assim,	
não	obstante	toda	a	prática	em	sentido	contrário	e	mesmo	a	letra	
do	art.	29	do	CTN,	o	legislador	só	poderia	indicar	como	contribuinte	
o	proprietário,	e	não	o	titular	de	outros	direitos	reais	menos	densos	
e	que	não	revelam	riqueza	na	condição	de	proprietário,	ainda	que	
seus	 titulares	 exerçam	 prerrogativas	 tı́picas	 do	 proprietário.	
Nesses	casos,	sempre	serão	prerrogativas	parciais	ou	temporárias	
como	no	direito	de	superfı́cie,	nas	servidões,	no	usufruto,	no	uso	e	
no	direito	do	promitente	comprador,	previstos	no	art.	1.225,	 II	a	
VII,	do	Código	Civil	(Lei	n.	10.406/02).		
O	adjetivo	territorial	indica	que	a	competência	é	para	a	tributação	
dagrandeza	 dimensionada	 pela	 propriedade	 da	 terra	 nua,	
diferentemente	do	que	 se	 tem	no	 art.	 156,	 I,	 em	que	 a	CRFB,	 ao	
definir	a	base	econômica	de	competência	dos	Municı́pios,	refere-se	
à	propriedade	“predial	e	territorial”	urbana.	A	Lei	n.	9.393/96,	aliás,	
estabelece	a	incidência	do	ITR	sobre	a	propriedade	de	imóvel	por	
natureza,	 apontando,	 como	base	de	 cálculo,	 o	 valor	da	 terra	nua	
tributável	(VTNt).		
A	palavra	rural,	por	sua	vez,	é	adjetivo	que	designa	o	que	é	próprio	
do	campo,	em	oposição	ao	que	é	próprio	da	“cidade”.	Imóvel	rural	
é	o	que	se	de	imposto	sobre	“propriedade	territorial	rural”.	Se,	de	
um	lado,	é	certo	dizer	que	o	imóvel	rural	normalmente	é	destinado	
às	 atividades	agropastoris,	de	outro	 é	preciso	deixar	 claro	que	o	
critério	para	a	distinção	de	imóveis	rurais	de	imóveis	urbanos	é	o	
da	localização,	e	não	o	da	destinação,	sendo	relevante	para	tanto	a	
análise	 do	 plano	 diretor	 de	 cada	 Municı́pio.	 Deve-se,	 ainda,	
contrastar	 o	 plano	 diretor	 com	 o	 art.	 32,	 §	 1o,	 do	 CTN	 que,	 ao	
estabelecer	os	requisitos	mı́nimos	de	infraestrutura	urbana	para	a	
consideração	do	que	seja	zona	urbana	(e,	a	contrario	sensu,	o	que	
seja	zona	rural),	previne	conflitos	de	competência	e	dá	elementos	
objetivos	 para	 que	 se	 resolvam	 os	 conflitos	 que	 porventura	
surgirem.	Mas	o	STJ	tem	aplicado	o	art.	15	do	Decreto-Lei	n.	57/66	
que,	 estabelecendo	 exceção	 ao	 art.	 29	 do	 CTN,	 submete	 ao	 ITR	
também	 o	 imóvel	 situado	 na	 cidade,	 mas	 que	 esteja	 sendo	
destinado	 a	 atividade	 rural,	 conforme	 se	 vê,	 adiante,	 quando	
cuidamos	do	fato	gerador	desse	imposto.		
O	 texto	constitucional,	no	§	4o	do	art.	153,	 com	a	redação	da	EC	
42/03,	 também	 estabelece	 critérios	 a	 serem	 observados	 por	
ocasião	da	instituição	do	ITR.	Refere,	em	primeiro	lugar,	que	“será	
progressivo	e	terá	suas	alı́quotas	fixadas	de	forma	a	desestimular	
a	manutenção	de	propriedades	improdutivas”	(inciso	I	do	§	4o	
do	art.	153).	Isso	enseja	tanto	o	estabelecimento	de	alı́quota	maior	
à	medida	que	aumenta	a	base	de	cálculo	(progressividade),	como	a	
utilização	 extrafiscal	 do	 ITR,	 de	 modo	 que	 seja	 mais	 onerado	 o	
proprietário	que	não	dê	destinação	econômica	ao	seu	imóvel	rural,	
produza	apenas	em	parte	do	mesmo	ou	com	baixo	rendimento.	O	
STF	 entende	 válida	 a	 progressividade	 estabelecida	 pela	 Lei	
9.393/96,	 “que	 leva	 em	 conta,	 de	maneira	 conjugada,	 o	 grau	 de	
utilização	(GU)	e	a	área	do	imóvel”.

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