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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MBA EM DESIGN DIGITAL Resenha Crítica de Caso Mariana Martins Pais de Oliveira Trabalho da disciplina Design de Personagens e Cenários Digitais Tutor: Prof. FRANCISCO CARLOS MALTA Rio de Janeiro - RJ 2021 http://portal.estacio.br/ 2 Game mods: novas perspectivas no cenário de jogos eletrônicos Referência: PEREIRA, Leônidas Soares; VAN DER LINDEN, Júlio Carlos de Souza; BERNARDES, Maurício Moreira e Silva. Game Mods: novas perspectivas no cenário de jogos eletrônicos. In: VAN DER LINDEN, Júlio Carlos de Souza; BRUSCATO, Underléa Miotto; BERNARDES, Maurício Moreira e Silva (Orgs.). Design em Pesquisa – Vol. II. Porto Alegre: Marcavisual, 2018. p 379-394 O game modding é uma prática que ocorre a mais tempo do que o jogador atual pode sequer perceber. Tendo seu início tímido com a repaginação de jogos para a plataforma Atari na década de 1960, ou até mesmo sendo ligado, como um predecessor, à prática de “tuning” de carros. No caso estudado, Leônidas, Linden e Bernardes exploram a criação de modificações em jogos em todo seu potencial acadêmico, apontando a necessidade de uma discussão formal sobre o assunto. Uma indústria que movimentou 23.5 bilhões de dólares apenas nos Estados Unidos da América no ano de 2015 (Entertainment Software Association, 2016) e que, no mesmo país, ano de 2019 gerou 35.4 bilhões de dólares (Entertainment Software Association, 2020), mostra-se ao mesmo tempo consolidada como uma das maiores indústrias de entretenimento global, e como uma indústria volátil com investimentos considerados de alto risco. A prática de modding, como referenciado pelos autores do caso, “abre espaço para constantes inovações e novas práticas” (p. 379), visto que a criação de modificações de um jogo pode fazer desde pequenas correções de bugs, gráficos ou cores, como criar um jogo completamente novo usando o código base do original como referência. A definição do termo “Mod” é apresentada de formas diferentes, mas essencialmente traduzindo para a mesma ideia. “(...) termo geralmente aplicado a um jogo de computador customizado (ou alterado) pelo público em geral” (INtense!, 3 2007). Entretanto, estudiosos e especialistas consideram diferentes aspectos sobre os mods para ditarem o que é exatamente, um mod. De acordo com estudiosos citados pelos autores do caso, como Erik Champion , o termo “arbitrário” utilizado por D. B Nieborg, seria exagerado, visto que é clara a dificuldade de se chegar a uma definição única. Dessa forma, acadêmicos da área podem considerara também que qualquer modificação ao código do jogo, por menor que ela possa ser, pode ser considerado um mod. Esta discussão leva os autores a outra questão, a prática de cracking, produção de versões pirateadas de jogos, ou desenvolvimento de game cheats. A ocorrência frequente de criação de modificações game cheating é tão forte entre jogos, que em certos casos como jogos de FPS (First Person Shooters, Atiradores em Primeira Pessoa) onde grande parte dos jogadores procura ascender para nível profissional, plataformas como a Vanguard (Riot Games, 2020) foram criadas para bloquear qualquer tipo de modificação e até mesmo banir o hardware de usuários destas técnicas, em seu jogo mais recente Valorant (2020). Em caso citado, a empresa Nintendo é uma das que se mostra mais resistente a possibilidade de uso de mods e desenvolvimento de novos jogos com seus códigos, muitas vezes encerrando projetos de fãs que desejam fazer alterações em seus jogos. Desta forma é compreensível concordar com os autores do caso e os acadêmicos mencionados que há uma dificuldade óbvia na discussão de desenvolvimento de uma definição única para o termo mod. Os game mods, mesmo sendo banidos por algumas empresas de acordo com o que a mesma julga ser proveitoso para seu próprio lucro, são incentivados por outras. O exemplo dado pelos autores é da empresa Valve Software, criadora de jogos como Half-Life e Portal, que desde o início de sua criação permitiu a modificação de seus jogos e deu espaço para um dos jogos mais conhecidos de hoje, Counter-Strike, ser projetado tendo em base o jogo Half-Life. Não somente como citado, a empresa disponibiliza na plataforma mais tarde criada pela própria Valve Software, a Steam, um programa específico de modificação do jogo Half-Life, chamado “Gary’s Mod”. O programa permite criação de novos modos de jogo, alguns como prop hunt (caçada de objetos) popularizado por jogadores e streamers, além da possibilidade de permitir animação de personagens, auxiliando na produção de curtas animados, 4 paródias entre outros. O mesmo acontece com o jogo The Sims, jogo de simulação de vida, que também desde cedo em suas edições permitiu a modificação de objetos, itens cosméticos e até mesmo funções que impactam na experiência de jogo. Hoje em dia é fácil recorrer à mods para correção de erros de código, correção de cores e melhoria na qualidade de gráficos, sem ser necessária a espera por um desenvolvimento privado da empresa criadora dos jogos. Como mencionado pelos autores, a indústria de mod ajuda a indústria dos jogos. Os modders, como são chamados os criadores de mod, diversas vezes são impedidos de arrecadar dinheiro sobre suas criações, tendo que recorrer a programas de fidelidade no estilo “assinaturas premium” para conteúdo específico, ou usar de anúncios em seus sites a fim de mantê-los no ar. Esta prática levanta a discussão sobre a justiça por trás nos modders, visto que muitas vezes suas interações mais profundas com o código do jogo pode detectar falhas e propor melhorias aos desenvolvedores, sem que os modders em si ganhem qualquer dinheiro com esta função e sem que a empresa em si gaste dinheiro com a resolução desses erros. Esta é uma problemática a ser profundamente discutida, visto que implica que o programador, fã e modder possivelmente esteja trabalhando de graça para uma empresa que pode faturar milhões de dólares anuais. Os autores citam em conclusão, a necessidade de mais artigos acadêmicos sobre a questão de desenvolvimento de game mods e da reação da indústria a essa prática. Um dos sinais claros dessa necessidade é justamente, como previamente citado, a falta de uma definição específica para o termo Mod. A prática de game modding é algo que pode facilmente estreitar a comunicação entre usuários e as empresas, podendo até mesmo abrir portas para jovens desenvolvedores que muitas vezes não encontram oportunidade em um mercado que produz em ritmo industrial jogos a todo momento. A necessidade de artigos acadêmicos também vem de uma necessidade de dados mais precisos, como o impacto de mods na indústria de forma financeira para que, possivelmente, no futuro a relação entre empresas e modders possa ser mais amigável e mais justa também para os programadores independentes e voluntários. A cultura de game modding já está fortemente inserida na cultura gamer em geral, e deve ser estudada de acordo.
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