Prévia do material em texto
Para Samulski (2002), o objetivo do treinamento psicológico é desenvolver e melhorar competências psicológicas (cognitiva, motivacional, emocional e social) de atletas, técnicos e equipes estabilizando o (autocontrole emocional), e otimizando o processo de reabilitação e recuperação. São as emoções, pouco antes da competição, também chamado de pré-competitivos São as emoções durante o processo de competição o chamado flow-feeling Emoções das experiências de vitórias e fracassos experenciadas pelos atletas Em tempos onde se busca o melhor resultado esportivo, principalmente nos esportes de alto rendimento, trabalhar os aspectos psicológicos pode ser um dos fatores determinantes na busca de bons resultados (RÚBIO, 2007). Assim, é de suma importância, que o atleta, consiga lidar com as emoções no momento da competição, mantendo sua autoconfiança e motivação (SONOO et al., 2010). Existem inúmeras definições, porém para o contexto esportivo, de acordo com Leahy, Tirch, e Napolitano (2013), podem ser definidas como um conjunto de processos que envolvem: avaliação do evento, sensação física, comportamento motor, intencionalidade e expressão interpessoal. Ainda de acordo com Samulski (2002), é um sistema de inter-relações entre três sistemas: o psíquico (processos cognitivos), o fisiológico (nível de ativação) e o social (relações sociais), com respostas subjetivas desencadeadas por um estímulo (TREVELIN; ALVES, 2018). Podem ser classificadas em primárias e secundárias, sendo as primárias o medo, raiva, tristeza e alegria, que são partilhadas por todos. Já as secundárias são resultado dos processos de aprendizagem e socialização, como, por exemplo, ciúmes, inveja, vergonha (DAMÁSIO, 1996). A emoção consiste é um processo, desencadeado por um objeto ou circunstância que pode ser identificado, gerando uma série de respostas corporais, como a mudança de expressões faciais ou até mesmo uma série de reações hormonais como a liberação de cortisol mediante a essas situações estressantes. (DAMÁSIO,2011) São as nossas percepções dessas reações corporais, ou seja, a interpretação é o que dá sentido à emoção, mediante a série de processos. Por sua vez, o sentimento emocional que desenvolvemos em relação a um objeto ou a alguém, vem da subjetividade das nossas percepções do estado corporal, isto é do estado emocional provocado pelo objeto (DAMÁSIO, 2011). No contexto esportivo, as emoções possuem algumas funções muito importantes, como: organizar, controlar as ações do atleta e de motivação (TREVELIN;ALVES, 2018). A forma como o atleta lida com suas emoções e as expressa pode contribuir de forma positiva ou negativa, em seu rendimento e desempenho. De acordo com a literatura do assunto, diferentes momentos influenciam nas emoções dos atletas como (SAMULSKI,2009): Além das emoções do atleta, também existem as emoções da família, torcida e técnicos. Que costumam exercer uma grande pressão sobre o atleta durante o momento da competição (MACHADO et al., 2016 apud TREVELIN; ALVES, 2018). Um alto estresse psíquico, em decorrência da antecipação da competição. Nestes casos, o atleta antecipa a situação ainda não vivenciada (a competição) e pode ficar preocupado, inquieto, com medo, inseguro ou ainda ficar ansioso pela oportunidade (TREVELIN; ALVES, 2018). Puni (1961) destaca três diferentes estados pré-competitivos, cada um com suas reações fisiológicas, psicológicas e motoras: São reações psicológicas (emoções) como nervosismo, incapacidade de concentração, instabilidade emocional, inquietude, também falta de controle psicomotor, medo do adversário etc... Intervêm reações como apatia mental, estado de mau humor, aversão à competição, descontentamento e intensidade diminuída de percepção, pensamento e concentração. Nível ótimo de ativação, motivação positiva, autoconfiança, otimismo, orientação ao êxito, concentração ótima e alta capacidade psicomotora etc... Alguns fatores podem influenciar nos estados pré-competitivos, como: A importância da competição e as consequências resultantes dela, a relação técnico-atleta, nível de rendimento do adversário, as experiências competitivas e o nível de autoconfiança, podem influenciar. Durante a competição, é comum que os esportistas, sintam o chamado flow-feeling. A teoria, foi proposta por Mihaly Csikszentmihalyi, na década de 70. (MIRANDA; BARA FILHO, 2008). Antes de estudar esse fenômeno no esporte, explorou o flow nas áreas de jogos e estudos sobre a felicidade. Existem diversas definições, a depender do autor. “Pode-se entender como um estado psicológico ótimo, em que os atletas e praticantes de atividade física conseguem abstrair-se completamente do seu rendimento, até um ponto em que suas sensações, percepções e ações são experimentadas de forma extremamente positiva, e aparentemente chegam a efetuar um bom rendimento de forma quase automática” (JACKSON, 2000 apud Oliveira, 2009 p15) Existem alguns aspectos comuns a quase todas as definições: O alto nível de concentração, a satisfação e apreciação por sentir o flow e a relação com o rendimento ótimo Torres (2006 apud Oliveira, 2009) ressalta que o “Flow” pode variar em seu nível de intensidade e profundidade. Para alcançar este estado, precisamos de condições, como: As atividades em que estamos envolvidos precisam ter objetivos claros e nos fornece um meio explícito de informar o nosso progresso nelas, as habilidades necessárias para realizar a atividade e a dificuldade do desafio proposto precisa estar em um perfeito equilíbrio. O EIXO HORIZONTAL representa nosso nível de habilidades e o EIXO VERTICAL representa os desafios diante de nós. Quanto maior o desafio e nosso grau de competência, maior a tendência em encontrar flow. Dependendo dos seus níveis de habilidade e da dificuldade dos desafios, você pode estar em um estado mental diferente. Imagine, que um atleta que tem um grande desafio pela frente, não possui as habilidades necessária para ganhar, então o eixo vertical é alto, e o horizontal, não. Não chega no processo de flow. Na palestra de Mihaly Csikszentmihalyi no TED Talks, (clique na frase anterior para acessar o vídeo) o autor menciona que em geral estamos no ponto do meio, então, ao buscar o estado de flow em uma tarefa, é importante que o atleta perceba como está se sentindo. Se ele perceber que está em um estado de controle, deve procurar aumentar seu desafio. Se sentir que o desafio lhe causa alguma ansiedade ou excitação, foque em aumentar suas habilidades em relação à tarefa. De uma forma geral, esse flow é a sensação de fluidez e alegria durante uma atividade que eu sei que possuo habilidade, e me sinto desafiado. Exercendo um alto nível de concentração e desempenho. Em todos os momentos, inclusive nos pré-competitivos as vivências emocionais de raiva podem ocorrer, para Lazarus (2000) tanto a ansiedade como a raiva podem surgir nos momentos em que os atletas avaliam suas atitudes com uma sensação de frustração ou seja, quando atletas experimentam raiva, ocorre um impulso poderoso de contra-atacar, com a finalidade de “ganhar”. As ações geradoras de discussões, tais como o confronto com árbitros, torcida, técnico, ou adversário, podem ocasionar reação de raiva e fúria, mesmo em novos confrontos, podendo ser um gerador de violência (LAZARUS, 2000). As situações de irritação no esporte, podem estar ligadas: O resultado negativo poderia ter sido evitado por ele mesmo; Outras pessoas impediram o alcance de um bom resultado; Depois de um bom resultado,não se apresenta o efeito esperado; Quando impedem sua participação em uma competição; Quando surgem dificuldades durante a competição etc... Outras pessoas se comportam de forma injusta; Outras pessoas se comportam de forma não confiável. O atleta pode vivenciar emoções positivas ou negativas após a competição, que vão depender, de qual era o significado que ele atribuiu ao resultado (SAMULSKI, 2009). Sucesso não é o mesmo que vitória, e fracasso não é o mesmo que derrota, ambos tem relação com o rendimento esperado, servindo como catalisador. https://www.youtube.com/watch?v=BAljbVf-HXA WEINBERG, Robert S.; GOULD, Daniel. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. Artmed editora, 2016.