Buscar

Transtornos alimentares

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
ORIGEM 
 O transtorno alimentar precisa ser percebido 
pelo psicólogo como multicausal, envolvendo aspectos 
do paciente como biológicos/genéticos, psicológico, 
social/ambiental e demais dimensões. 
 É caracterizado por uma perturbação 
persistente na alimentação ou no comportamento 
relacionado à alimentação que resulta no consumo ou 
na absorção alterada de alimentos e que compromete 
significativamente a saúde física ou o funcionamento 
psicossocial. 
 Devemos ainda considerar que o índice de 
massa corporal não mede a composição corporal e 
não se aprofunda em características de densidade 
óssea e quantidade de água no corpo, por exemplo, 
trazendo apenas uma visão geral sobre o corpo do 
indivíduo. 
 
 O comportamento alimentar não envolve 
apenas o ato de comer, mas a escolha do alimento na 
hora da compra, as restrições e os sentimentos vindos 
do sujeito que come entre demais experiências tornam 
este comportamento bastante complexo. 
 A prevalência de transtornos alimentares é um 
grande problema pois a estimação é que a cada ano 
milhões de pessoas são acometidas por alguma 
 
 
 
 
modalidade do transtorno, destas, mais de 90% são 
adolescentes do sexo feminino. 
TRANSTORNOS DO DSM-V 
PICA 
 Aparece bastante em crianças e é 
caracterizado pela (a) ingestão persistente de 
substâncias não nutritivas e não alimentares sendo (b) 
inapropriada ao estágio do desenvolvimento do 
indivíduo (c) o comportamento não deve fazer parte 
de uma prática culturalmente aceita e, (d) quando 
ocorre no contexto de outro transtorno mental ou 
condição médica é suficientemente grave a ponto de 
necessitar de atenção clínica adicional; 
 As substâncias típicas ingeridas tendem a variar 
com a idade e a disponibilidade e podem incluir papel, 
sabão, tecido, cabelo, fios, terra, giz, talco, tinta, cola, 
metal, pedras, carvão vegetal ou mineral, cinzas, 
detergente ou gelo. 
 Embora deficiências de vitaminas e minerais 
tenham sido descritas em alguns casos, frequentemente 
nenhuma outra anormalidade biológica é encontrada, e 
em algumas ocasiões chega à clínica acompanhando de 
problemas fisiológicos (como estomacais). 
TRANSTORNO DE RUMINAÇÃO 
 (a) Regurgitação repetida de alimento durante 
um período mínimo de um mês, o alimento regurgitado 
pode ser ou não remastigado, novamente deglutido ou 
cuspido (b) a regurgitação repetida não é atribuível a 
uma condição gastrintestinal ou a outra condição 
médica (c) não ocorre exclusivamente durante o curso 
de anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno de 
compulsão alimentar ou restritivo/evitativo. (d) se os 
sintomas ocorrem no contexto de outro transtorno 
deve ser desconsiderado. 
 O alimento pode ser remastigado e então 
ejetado da boca ou novamente deglutido. A 
regurgitação no transtorno de ruminação deverá ser 
2 
 
frequentemente, ocorrendo pelo menos várias vezes 
por semana, em geral todos os dias. 
 A desnutrição secundária à regurgitação 
repetida pode estar associada a atraso no crescimento 
e pode ter um efeito negativo no potencial de 
desenvolvimento e aprendizagem. Alguns indivíduos 
mais velhos com o transtorno restringem 
deliberadamente e a ingestão de alimentos em virtude 
do aspecto socialmente indesejável da regurgitação. 
Eles podem, assim, apresentar-se com perda ponderal 
ou baixo peso. Em criança mais velhas, adolescentes e 
adultos, o funcionamento social tende a ser afetado de 
forma mais adversa. 
TRANSTORNO ALIMENTAR RESTRITIVO/EVITATIVO 
 (a) Falta aparente de interesse na alimentação 
ou em alimentos, existindo a esquiva manifestada por 
fracasso persistente em satisfazer as necessidades 
nutricionais ou energéticas seguidas por um ou mais 
dos seguintes aspectos (1) perda de peso significativo ou 
insucesso no ganho de peso sem a busca ou a 
preocupação com este peso, (2) deficiência nutricional 
significativa (3) dependência de alimentação enteral ou 
suplementos nutricionais orais (4) interferência 
marcante no funcionamento psicossocial. (b) não é 
explicada por indisponibilidade de alimento ou por uma 
prática culturalmente aceita (c) a perturbação não 
ocorre exclusivamente durante a anorexia nervosa ou 
bulimia nervosa e não há evidência de perturbação na 
maneira como o peso ou a forma corporal é vivenciada. 
(d) não é explicada por outra condição de transtorno 
mental. 
 Crianças com transtorno alimentar 
restritivo/evitativo podem ser irritadiças e difíceis de 
consolar durante a amamentação ou parecer apáticas e 
retraídas. 
 
 
 
 
 
ANOREXIA NERVOSA 
 (a) Restrição da infesta calórica em relação às 
necessidades, levando a um peso corporal abaixo do 
contexto da idade, gênero, desenvolvimento físico, 
sendo um peso significativamente menor do que o 
mínimo esperado, (b) medo intenso de ganhar peso ou 
engordar mesmo estando com peso significativamente 
abaixo do peso. (c) a perturbação no modo como o 
peso ou a forma corporal são vivenciados, influência 
indevida do peso ou da forma corporal na autoavaliação 
ou ausência persistente de reconhecimento da 
gravidade do baixo peso atual, pode contar com o 
subtipo (1) sendo o restritivo onde não se envolve em 
recorrentes da compulsão ou comportamentos 
purgativos mas usa de dietas ou exercícios exagerados 
ou então subtipo (2) purgativo onde nos últimos 3 
meses o indivíduo se envolve em compulsão alimentar 
purgativa (vômitos autoinduzidos ou uso indevido de 
laxantes, diuréticos ou edemas). 
 A gravidade do transtorno é considerada de 
acordo com o IMC: 
• Leve: menor ou igual 17kg/m2 
• Moderada: entre 16 e 16,99 kg/m2 
• Grave: entre 15 e 15,99 kg/m2 
• Extrema: 15kg/m2 ou menos. 
 Alguns pontos normalmente observados sem 
sujeitos que sofrem de anorexia nervosa são as 
reclamações constantes sobre estarem estragando suas 
roupas (neste aspecto podem culpar a mãe ou 
companheiro de alargar as roupas na hora de lavá-las, 
quando na verdade se está emagrecendo), aplicativos 
de celular que controlam o IMC e a ingestão de calorias, 
comportamento antissocial (uma forma de evitar que 
coma em socializações, tendo em vista que essa seria 
uma possibilidade de engordar), irritação constante, uso 
de mídias sociais em excesso, ideia de beleza drástica e 
rígida, desejo de não existir, dificuldade em perder o 
corpo infantil, vício dos movimentos purgativos e 
normalmente se existe o desconhecimento da família 
sobre seu transtorno. 
 Movimentos e intervenções que devem ser 
adotadas incluem o controle dos riscos de vida (buscar 
trazer uma melhor qualidade de vida ao indivíduo), 
3 
 
renutrição (ajustar o indivíduo a sua nova alimentação), 
entender qual seria a função dos 
sintomas/comportamentos para o indivíduo, diálogo 
com a família, aspectos que podem estar levando o 
paciente a se ajustar com o transtorno, percepção da 
fome, ressignificação do tamanho corporal, olhar 
diferente para o corpo e suas funções, forma de ligar 
com a comida versus forma de lidar com o mundo e 
buscar entender como é o transtorno para aquele 
paciente. 
 Um trabalho que pode ser feito para que o 
indivíduo perceba o real/concreto é fazer com que 
este desenhe em um papel craft o corpo que imagina 
ter, depois pedir para que este deite e fazer o seu 
contorno em cima da figura para que exista uma 
comparação. 
• Tipo restritivo; durante os últimos três meses o 
indivíduo não se envolveu em episódios 
recorrentes de compulsão alimentar ou 
comportamento purgativo. Esse subtipo 
descreve apresentações nas quais a perda de 
peso seja conseguida essencialmente por meio 
de dieta, jejum e/ou exercícios excessivos. 
• Tipo compulsão alimentar purgativa; nos 
últimos três meses, o indivíduo se envolveu em 
episódios recorrentes de compulsão alimentar 
purgativa que pode ocorrer em remissão 
parcial (depois de terem sido preenchidos 
previamente todos os critérios para anorexia 
nervosa, ocritério A não foi mais satisfeito por 
um período sustentado, porém ou o critério B 
(medo intenso de ganhar peso ou engordar ou 
comportamento que interfere no ganho de 
peso), ou o critério C (perturbações na 
autopercepção do peso e da forma) ainda está 
presente) ou em remissão completa (depois de 
terem sido satisfeitos previamente todos os 
critérios para anorexia nervosa, nenhum dos 
critérios foi o mais satisfeito por um período 
sustentado) 
. O medo intenso de engordar não costuma ser 
aliviado pela perda de peso, na verdade essa 
preocupação pode até mesmo aumentar conforme o 
peso diminui. Indivíduos com anorexia nervosa podem 
exibir uma gama de limitações funcionais associadas ao 
transtorno. Enquanto alguns permanecem ativos no 
funcionamento social e profissional, outros demonstram 
isolamento social significativo e/ou fracasso em atingir o 
nível acadêmico ou profissional potencial. 
BULÍMIA NERVOSA 
 (a) episódios recorrentes de compulsão 
alimentar, caracterizado por (1) ingestão em um período 
de tempo determinado (ex. a cada duas horas) de uma 
quantidade de alimento definitivamente maior do que a 
maioria dos indivíduos consumiriam no mesmo período 
sob circunstâncias semelhantes; (2) sensação de falta 
de controle sobre a ingestão durante o episódio (ex. 
sentimentos de que não conseguirá parar de comer ou 
controlar o que e o quanto se esta ingerindo. (b) 
comportamentos compensatórios inapropriados 
recorrentes a fim de impedir o ganho de peso, como 
vômitos autoinduzidos, uso indevido de laxantes, 
diuréticos ou outros medicamentos, jejum ou exercícios 
físicos em excesso. (c) a compulsão alimentar e os 
comportamentos compensatórios inapropriados 
ocorrem, em média, no mínimo uma vez por semana, 
durante três meses. (d) a autoavaliação é indevidamente 
influenciada pela forma e pelo peso corporal. (e) a 
perturbação não ocorre exclusivamente durante 
episódios de anorexia nervosa. 
 Alguns sinais que podem aparecer dentro da 
bulimia nervosa são sinais de russel (machucados e 
ressecamentos nos nós dos dedos da mãe, a 
destruição das peças dentárias e glândulas parótidas 
inchadas. Transtorno de compulsão alimentar; 
comorbidade que chama a atenção é a borderline, (a) 
episódios recorrentes de compulsão alimentar 
caracterizado pela (1) ingestão, em um período 
determinado (ex. dentro de cada período de duas 
horas), de uma quantia de alimento definitivamente 
maior do que a maioria das pessoas consumiria no 
mesmo período sob circunstâncias semelhantes. (2) 
sensação de falta de controle sobre a ingestão durante 
o episódio (ex. sentimento de não conseguir parar de 
comer ou controlar o que e o quanto se está 
ingerindo). (b) os episódios de compulsão alimentar 
estão associados a três (ou mais) dos seguintes 
aspectos: (1) comer mais rapidamente do que o normal 
4 
 
(2) comer até se sentir desconfortavelmente cheio (3) 
comer grandes quantidades de alimento na ausência da 
sensação física de fome (4) comer sozinho por 
vergonha do quanto se está comendo (5) sentir-se 
desgostoso de si mesmo, deprimido ou muito culpado 
em seguida. (c) sofrimento marcante em virtude da 
compulsão alimentar (d) os episódios de compulsão 
alimentar ocorrem, em média, ao menos uma vez por 
semana durante três meses (e) a compulsão alimentar 
não está associada ao uso recorrente de 
comportamento compensatório inapropriado como na 
bulimia nervosa e não ocorre exclusivamente durante o 
curso da bulimia nervosa ou anorexia nervosa. 
• Leve: 1 a 3 episódios de compulsão alimentar 
por semana. 
• Moderada: 4 a 7 episódios de compulsão 
alimentar por semana. 
• Grave: 8 a 13 episódios de compulsão alimentar 
por semana. 
• Extrema: 14 ou mais episódios de compulsão 
alimentar por semana. 
OUTROS TRANSTORNOS ALIMENTARES 
ESPECIFICADOS 
• Anorexia nervosa atípica; todos os critérios 
para anorexia nervosa são preenchidos, exceto 
que, apesar da perda de peso significativa, o 
peso do indivíduo está dentro ou acima da faixa 
normal. 
• Bulimia nervosa de baixa frequência e/ou 
duração limitada; todos os critérios para bulimia 
nervosa são atendidos, excetos que a 
compulsão alimentar e comportamentos 
compensatórios indevidos ocorrem, em média, 
menos de uma vez por semana e/ou por 
menos de três meses. 
• Transtorno de compulsão alimentar de baixa 
frequência e/ou duração limitada; todos os 
critérios para o transtorno de compulsão 
alimentar são preenchidos, exceto que a 
hiperfagia ocorre, em média, menos de uma 
vez por semana e/ou por menos de três 
meses. 
• Transtorno de purgação; comportamento de 
purgação recorrente para influenciar o peso ou 
a forma do corpo (ex. vômitos autoinduzidos, 
uso indevido de laxantes, diuréticos ou outros 
medicamentos) na ausência de compulsão 
alimentar. 
• Síndrome de comer noturno; episódios 
recorrentes de ingestão noturna, manifestados 
pela ingestão ao despertar do sono noturno ou 
pelo consumo excessivo de alimentos depois 
de uma refeição noturna. Há consciência e 
recordação da ingesta. A ingestão noturna 
causa sofrimento significativo e/ou prejuízo no 
funcionamento. 
 
 
 
 
 
 
• Transtorno alimentar não especificado; 
ESQUEMATIZAÇÃO DO FUNCIONAMENTO DO 
TRANSTORNO ALIMENTAR 
 
BLOGS ANAS E MIAS 
 São encontrados em diversas plataformas 
(principalmente grupos do facebook, Tumblr e twitter) 
onde consideram a ANorexiA e a bulimia como parte 
de um estilo de vida, ensinam meios para perder peso 
ou técnicas de purgação, encorajam as colegas e 
apoiam em seus objetivos assim como buscam por 
comportamentos imitativos e repetitivos. 
5 
 
 Fazem uso de autoria desconhecida, 
estabelecem regras e metas que provocam a perda de 
peso e utilizam do reconhecimento ou pertencimento a 
um grupo a seu favor. 
O PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO 
 Deve ser guiado com muita paciência com o 
processo pessoal, reconhecimento corporal, reflexão e 
flexibilidades alimentares e reconexão mente-corpo. 
 
 
 
 
 
 
 
SIMILARIEDADES 
 Alguns indivíduos com os transtornos descritos 
relatam sintomas alimentares semelhantes aos 
geralmente relatados por indivíduos com transtornos 
por uso de substâncias, como fissura e padrões de uso 
compulsivo. Essa similaridade pode refletir o 
envolvimento dos mesmos sistemas neurais, incluindo 
os implicados no autocontrole regulatório e de 
recompensa, em ambos os grupos de transtornos. 
INDICAÇÕES DE CONTEÚDOS 
• O mínimo para viver (Netflix); 
• Geladeira do divã (livro); 
• Como lidar com transtornos alimentares (livro);

Continue navegando