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1 INTRODUÇÃO: • A OMS reconhece o suicídio como o ato de tirar a própria vida deliberadamente, tentativa de suicídio como a conduta suicida que não causou morte e ideação suicida os comportamentos que incluem pensar/planejar o ato suicida; AVALIAÇÃO DE RISCO: • A avaliação é feita por meio da estratificação por fatores de risco; • Entre os principais fatores de risco estão a tentativa prévia (principalmente no último mês) e a presença de transtorno psiquiátrico; • Outros fatores são: história passada de ideação e comportamento suicida, história familiar de suicídio, desesperança e falta de visão de futuro, desamparo e falta de sensação de controle, sentimento de inutilidade, presença de estressores de vida atuais (conflitos no trabalho, em casa, incapacidade de lidar com situações adversas), história de heteroagressividade, dor crônica, outras doenças crônicas (como por exemplo, HIV, hepatite C, trauma cranioencefálico e), bem como mostrar-se desconectado e sem empatia durante a entrevista; • Deve-se determinar a presença de ideação suicida (pensamentos), inclusive o conteúdo e duração (importante saber se os pensamentos suicidas são ativos: “eu quero me matar” ou passivos: “eu queria estar morto”), questionar se os pensamentos são novos ou antigos, o que mudou 2 (intensidade, frequência), se consegue controlar esses pensamentos e como faz isso, as expectativas sobre a morte, se há o pensamento de punir alguém, se há intenção de acabar com uma situação psicológica ou física e se há pensamentos de ferir outra pessoa antes de si mesmo. • Escalas e estratégias foram propostas com a finalidade de estimar o risco de suicídio, entretanto, nenhuma delas demonstrou eficiência plena para essa finalidade. A entrevista clínica realizada de forma clara e empática permanece sendo a melhor estratégia para avaliar o risco de comportamentos suicidas, sendo importante o estabelecimento de vínculo baseado em confiança e colaboração para a efetividade dessa avaliação; • Cabe aos profissionais avaliar o risco individual para comportamentos suicidas, embora a capacidade de predizer quem cometerá ou não suicídio seja limitada. Essa avaliação deve ser baseada nos fatores de risco e nos fatores de proteção, estimados durante a entrevista clínica; • O primeiro passo da avaliação do risco de suicídio consiste em determinar a presença de pensamentos suicidas, incluindo conteúdo e duração desses pensamentos. Caso seja de caráter crônico, deve-se indagar sobre mudanças nas características dos pensamentos dessa natureza, como aumento na intensidade ou na frequência, e questionar sobre perda de interesse em viver ou sobre sentimentos de que seria preferível estar morto. • Determinar o quão intensa é a presença dos pensamentos e dos planos suicidas e a habilidade do paciente de controlar impulsos é fundamental para elucidar a presença de ideação suicida; ESTRATIFICAÇÃO DO RISCO AO SUICÍDIO: • De acordo com a OMS, os pacientes devem ser classificados em baixo, médio e alto risco; • Os de baixo risco são aqueles que têm pensamentos suicidas ocasionais, mas sem planos, enquanto os de médio risco apresentam pensamentos e planos, embora não sejam de caráter imediato; • No grupo de pacientes de alto risco, são incluídas as pessoas que têm um plano definido e meios de execução, além de ter caráter imediato. • Aos pacientes de baixo risco, orienta-se fornecer suporte emocional e encaminhamento a um profissional de saúde mental ou médico, além de instituir a combinação de a pessoa ser vista em intervalos regulares. Cabe trabalhar os sentimentos suicidas, propiciando um processo de reflexão. • Já os de médio risco devem ser estimulados quanto a trabalhar seus sentimentos suicidas e sua possível ambivalência, fortalecendo o desejo de viver; • Já os pacientes de alto risco devem ser acompanhados em tempo integral até que se providencie a hospitalização, que deve ser imediata. A família deve ser informada, e o apoio por parte do profissional, reafirmado. Se houver meios de suicídio em posse do paciente, devem ser removidos. CONCEITOS: • Intenção suicida: Expectativa subjetiva e desejo de morrer. • Ideação suicida: Pensamentos de servir como agente de sua própria morte. Pode variar em gravidade, dependendo da especificidade de planos de suicídio e do grau de intenção suicida. • Tentativa de suicídio: Comportamento autolesivo com consequências não fatais, acompanhado de evidências de que a pessoa pretendia morrer. • Tentativa abortada de suicídio: Comportamento potencialmente autolesivo com evidências (explícitas ou implícitas) de que a pessoa pretendia morrer, mas a tentativa foi interrompida antes do dano ocorrido. • Letalidade do comportamento suicida: Ameaça objetiva para a vida associada a um método ou ação suicida. • Suicídio: Morte autoprovocada com evidências (explícitas ou implícitas) de que a pessoa pretendia morrer. FATORES DE RISCO: • Sexo: Homens cometem suicídio com frequência quatro vezes maior do que mulheres; • Idade: Entre homens, o suicídio atinge seu auge após os 45 anos; entre mulheres, a maior quantidade de suicídios consumados ocorre após os 55 anos; • Raça: Os índices de suicídio entre homens brancos são cerca de 2 a 3 vezes maiores do que entre homens e mulheres afro-americanos; • Estado civil: O casamento reduz significativamente o risco de suicídio, sobretudo quando a união gerou filhos; 3 • Ocupação: Quanto maior o nível social do indivíduo, maior o risco de suicídio, mas uma queda do nível social também aumenta esse risco; • Saúde física: A relação de saúde física e doença com suicídio é significativa; • Doença mental: Quase 95% de todas as pessoas que cometem suicídio ou que fazem tentativas de suicídio foram diagnosticadas com algum transtorno mental; • Paciente psiquiátrico: O risco de suicídio entre pacientes psiquiátricos é de 3 a 12 vezes maior do que entre não pacientes; • Transtornos depressivos: Transtornos do humor são os mais associados a suicídio; • Esquizofrenia: O risco de suicídio é elevado entre pacientes com esquizofrenia: até 10% cometem suicídio. Assim, os fatores de risco para suicídio entre pacientes com esquizofrenia são juventude, sexo masculino, estado civil solteiro, tentativa anterior de suicídio, vulnerabilidade a sintomas depressivos e alta recente do hospital; • Dependência de álcool: Até 15% de todas as pessoas dependentes de álcool cometem suicídio. FATORES PROTETORES: • Suporte social, vínculo familiar, gestação, maternidade e religiosidade; • Estilos de vida saudáveis, caracterizados por socialização com pessoas que não fazem uso de drogas ou álcool de forma inadequada, manutenção de uma boa alimentação, de bons padrões de sono, prática de exercício físico e conservação de uma vida ativa, complementam essa lista. O MANEJO INICIAL: • Entre as estratégias para lidar com os pensamentos e comportamentos suicidas, pode-se elaborar com o usuário um plano de segurança que deverá ser seguido nesses momentos críticos e de angústia; 4 • Sempre que o risco suicida for identificado, independente da gravidade, o caso deve ser discutido com o médico e enfermeiro da Unidade Básica; • O manejo do comportamento suicida irá variar de acordo com a circunstância e as características da pessoa. PREVENÇÃO: • Quanto à prevenção ao comportamento suicida, a Atenção Primária à Saúde (APS) é estratégica, ela deve ser o contato preferencial e centro de comunicação da Rede de Atenção à Saúde (RAS); sua proximidade e vínculo deveriam facilitar a identificação precoce de situações de vulnerabilidade e viabilizar intervenção da equipe multiprofissional em concepção ampliada e interagindo com os diferentes campos do conhecimento; • Por estar inserida na comunidade, a APS ocupa uma posição privilegiada em decorrência da proximidade com as famílias, e consideradacomo ponto promissor de ações de prevenção e enfrentamento às altas taxas de comportamento suicida; • Os processos de intervenção ao comportamento suicida dos profissionais na APS demandam atuação em concepção ampliada, interagindo com os diferentes campos do conhecimento. ESQUIZOFRENIA: • Pacientes com esquizofrenia apresentam taxas elevadas de mortalidade e significativa redução da expectativa de vida, quando comparados com a população em geral; • Suicídio é a causa de 1/3 da mortalidade excessiva entre indivíduos com esquizofrenia, e incide cerca de 12 vezes mais do que na população geral; • A maior parte dos indivíduos que cometem suicídio já tem um diagnóstico psiquiátrico, o que indica algum atendimento prévio com profissionais de saúde; 5 REFERÊNCIAS BERTOLOTE, José Manoel; MELLO-SANTOS, Carolina de; BOTEGA, Neury José. Detecção do risco de suicídio nos serviços de emergência psiquiátrica. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 32, p. S87-S95, 2010. FERREIRA, Micheli Leal et al. Comportamento suicida e atenção primária à saúde. Enfermagem em Foco, v. 9, n. 4, 2018. DE ALMEIDA MOGADOURO, Mônica et al. Mortalidade e esquizofrenia. Arquivos Médicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, p. 119-126, 2009. Rio de Janeiro. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Saúde. Avaliação do Risco de Suicídio e sua Prevenção. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro; 2016. Disponível em: <https://subpav.org/download/prot/Guia_Suicidio.pdf>. https://subpav.org/download/prot/Guia_Suicidio.pdf
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