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@resumosdamed_ 1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL PARA ALÉM DO ESPAÇO GEOGRÁFICO TERRITÓRIO VIVO DE INTERAÇÕES SOCIAIS: • Local onde flui a vida em suas múltiplas dimensões, que se manifesta e se constrói a cidadania, ou seja, campo impregnado de conflitos e interesses diversos. • Amplia-se, nesse sentido, a noção de contexto local como simples espaço geográfico onde os serviços de saúde se organizam e as práticas de saúde e de formação acontecem. “Trata-se de ampliar a compreensão das relações humanas com o espaço local ocupado, sua complexidade e historicidade definidos na interação tempo-espaço. A produção social do contexto local está, desta forma, intimamente relacionada ao cotidiano da população e às relações sociais dinâmicas, muitas vezes influenciadas por relações de poder de dominação e apropriação deste espaço” PERSPECTIVAS PARA OLHAR O TERRITÓRIO: Olhar de PERTO e de DENTRO x Olhar de FORA e de LONGE à à Pensar o território constituído por diferentes práticas sociais e não somente pelo território como uma totalidade ou uma forma específica de assentamento QUESTIONAMENTOS • No serviço de saúde em que estagiei nas atividades práticas, quais as perspectivas de gestão e de atendimento que predominam? • Eu, enquanto futuro profissional de saúde, sou capaz de olhar qualitativamente para o cenário de prática, exercitando o olhar mais atento e profundo da realidade? OLHAR DE FORA E DE LONGE X OLHAR DE PERTO E DE DENTRO CONCEITO DINÂMICO – O CONTEXTO DO TERRITÓRIO ABRANGE: • Espaço percebido – associado à perspectiva física, à prática onde a sociedade associa a realidade cotidiana e a realidade espacial construída. Exemplos: a Unidade Básica de Saúde; o Hospital. • Espaço concebido – representações onde acontecem as práticas sociais e políticas. Exemplos: Unidades Básicas de Saúde como porta de entrada para o sistema de saúde, com casos de baixa complexidade tecnológica; Hospital como espaço para práticas de saúde complexas com uso de tecnologia. • Espaço vivido – espaço de representações sociais do cotidiano, das situações vividas pelas pessoas e coletividades – é preciso dar voz aos sujeitos às suas vivências locais. Exemplos: Unidades Básicas de Saúde @resumosdamed_ 2 absorvem problemas sociais complexos de difícil resolução por parte dos profissionais. PLANEJAMENTO EM SAÚDE • Planejar é uma forma de intervir sobre a realidade de maneira contínua. • Processo que expressa um modelo de gestão, incorpora instrumentos e metodologias que influenciam a tomada de decisão nos processos de trabalho e orienta a programação de ações. ENFOQUES: NORMATIVO X ESTRATÉGICO CONCEITO DE SITUAÇÃO Pressuposto – existência de diferentes interpretações de um determinado contexto. DIAGNÓSTICO # SITUAÇÃO No planejamento tradicional, utiliza-se o conceito de diagnóstico (emprestado da medicina) para explicar a realidade. Diagnóstico como sinônimo de “a verdade” – universalizável. “Considera que dados e informações objetivas são interpretados do mesmo modo pelas pessoas a partir da aplicação de uma racionalidade técnica que desvela uma realidade assim como uma patologia”. • Abordagem situacional: considera a leitura de dados e informações que expressam uma determinada interpretação da realidade, construída em função de distintos valores, interesses e inserção social daquele que a explica. • Depende de “quem” explica a realidade. “Assim, mesmo que tenhamos diferentes interpretações de uma mesma realidade, é importante reconhecermos essas diferenças que, fundamentalmente, têm relação com a posição que assumimos em um determinado jogo social” (Matus, 1993). Diferentes interpretações produzem ações que modificam a realidade. CONCEITO DE JOGO SOCIAL • Realidade como movimento e mudança, que se assemelha a um JOGO. • Diferente de um sistema, no jogo há reprodução, criação, conflitos, transformação e o inesperado. CONCEITO DE ATOR SOCIAL, O OUTRO E A SUBJETIVIDADE @resumosdamed_ 3 • Atores sociais são pessoas ou forças sociais que controlam algum poder no jogo social, podendo ser um grupo, uma associação ou organização em torno da qual pessoas se organizam, de modo relativamente estável ou contínuo, para alcançar objetivos comuns. • Atores são capazes de produzir eventos que alteram a situação, e o fazem segundo suas percepções e pontos de vista – aspecto RELACIONAL: construção de sujeitos a partir do contato, da relação com o outro. • A realidade é, para os seres humanos, um mundo intersubjetivo. • Considerando as diferentes interpretações construídas pelos sujeitos sobre a realidade, esses, na posição de atores sociais, buscam agir sobre o mundo e nele produzir mudanças segundo seus desejos. Para tanto, de modo mais ou menos organizado, elaboram projetos de intervenção por meio da construção de estratégias. CONCEITO DE PROBLEMA • Discrepância entre situação real e situação ideal (ou pretendida). • Determinada situação configura como “problema” quando um ator social (ou vários) a define como inaceitável e passível de ser transformada, portanto, se para uma situação não há solução, não configura “problema”. • Há duas categorias de problema: bem-estruturado e quase-estruturado (mal estruturado) CONCEITO DE ESTRATÉGIA • Palavra com diferentes significados. • No planejamento, o conceito deve ser compreendido como o uso ou a aplicação de uma mudança situacional visando alcançar a situação objetivo. • Tática – entendida como o uso ou a aplicação de recursos escassos para obter uma mudança situacional imediata. • Estratégia também como uma forma de se antecipar aos possíveis obstáculos que surgirão. “Para promover mudanças na realidade, especificamente em relação à situação inicial, é como se participássemos de um jogo e, para vencer as dificuldades, precisássemos analisar como pensam os outros participantes, como se comportam diante da mesma realidade, quais conflitos poderão ocorrer em função das relações existentes ou não, como devo me comportar diante desses possíveis conflitos para perseguir meus desejos e interesses. Nesse sentido, entende-se que a existência de conflitos é inerente às relações humanas e à existência de atores sociais”. TRIÂNGULO DE GOVERNO • Conceito que contribui para o desenvolvimento do pensamento estratégico. • Auxilia no entendimento das estratégias de viabilização de um Plano de Ação – bastante aplicável a instâncias de governo (SMS) @resumosdamed_ 4 PROJETO – conteúdo propositivo dos projetos de ação que um ator social se propõe a realizar para alcançar seus objetivos. CAPACIDADE DE GOVERNO – refere-se ao acervo de técnicas, domínio da teoria, métodos, destrezas, habilidades e experiência de planejamento que o ator e sua equipe de governo dominam, além de outros conteúdos necessários à execução do projeto, especialmente aí incluídas as capacidades de lidar com a dimensão subjetiva e social envolvidas nas leituras que outros atores farão do projeto apresentado. GOVERNABILIDADE – relação entre as variáveis controladas e não controladas pelo ator social que propõe um determinado projeto. • É importante que os planejadores procurem dar harmonia aos vértices. “Não basta ter um excelente plano de ação (ou seja, um excelente projeto) se não forem desenvolvidos os outros outros vértices do triângulo, a capacidade de execução e a governabilidade”. MOMENTOS DO PES MOMENTOS DO PROCESSO DE PES • Momento explicativo: identificação dos problemas, por parte dos atores envolvidos. Busca por explicar como tais problemas se manifestam, porque existem e como foram gerados. Causas e consequências. Utilização da árvore explicativa. • Momento normativo: definem-se os resultados que se querem alcançar, a partir do enfrentamento dos problemas selecionados, o que se deve fazer (operações e ações) para alcançar tais resultados, os recursos necessários pararealização das operações, os responsáveis para elas. • Momento estratégico: analisa-se o grau de dificuldade (viabilidade) para realizar as operações e alcançar os resultados. • Necessidade de examinar as posições (motivações) dos atores relevantes e sua capacidade (poder) de facilitar, ou dificultar/impedir a realização das operações. • Busca de estratégias – negociações. • Momento tático-operacional: momento de execução do plano. • O grande desafio é garantir a coerência entre as decisões do dia a dia e os objetivos de médio e longo prazo do plano. • Processo de gerência contínua das execuções. • Monitoramento acontece por meio de indicadores e sinais de atenção e alarme, selecionados no início do PES. • O sistema de gestão estratégica propõe um controle sobre a agenda do dirigente (distribuição dos tempos e dos compromissos), para se evitar dispersão com problemas de menor valor estratégico. @resumosdamed_ 5 INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO Para apoiar a gestão, os instrumentos destinam-se a: • auxiliar a tomada de decisão baseada em informação; • estimular o trabalho em equipe e a sinergia entre as equipes de trabalho; • valorizar o saber dos trabalhadores; • direcionar o trabalho, com foco na busca e eliminação de problemas. BRAINSTORMING Tempestade de ideias – técnica de grupo para levantamento de ideias sobre uma questão ou um tema. Pode ser utilizada em várias etapas do planejamento, em especial, no levantamento de problemas e suas causas. Pressupõe a participação voluntária de atores sociais e tem por objetivo levantar, detalhar e compartilhar opiniões sobre o tema de maneira rápida e descontraída. Algumas orientações: • constituir grupo de trabalho (5 a 15 pessoas) com coordenador e duração pré-definida; • possibilitar que cada tema seja objeto das considerações dos participantes por, pelo menos, em duas oportunidades seguidas (rodada de discussão); • incentivar a participação de todos os integrantes do grupo; • agregar (registrar) todas as ideias que forem expressas; • permitir a expressão livre de ideias (sem crítica, censura ou julgamento); • facultar análise, síntese e seleção de ideias ao final de cada rodada de discussão. TÉCNICA DE PRIORIZAÇÃO Gravidade, Urgência e Tendência –GUT – trabalho em grupo, por meio da construção de consensos. Utilizada para priorizar problemas a partir de sua classificação conforme os seguintes critérios: Gravidade – impacto do problema para pessoas, organizações, tarefas, processos e resultados, caso não haja intervenção; Urgência – prazo para resolver determinado problema, considerando o tempo para surgimento de possíveis resultados indesejáveis (quanto maior a urgência, menor o tempo necessário para resolver o problema); Tendência – avaliação (estimativa) das possibilidades de crescimento, redução ou desaparecimento do problema na ausência de ação etapa 1 – listar os problemas; etapa 2 – classificar os problemas segundo critérios atribuindo a cada um valor de 1 a 3: a) de gravidade – sem gravidade = 1; grave = 2 e extremamente grave = 3; b) de urgência – pode esperar = 1; mais rápido possível = 2; ação imediata = 3; c) de tendência – não mudar = 1; piorar = 2; piorar rapidamente = 3. etapa 3 – multiplicar os valores atribuídos a cada um dos critérios (G x U x T) classificando os problemas segundo ordem decrescente do resultado: @resumosdamed_ 6 PLANEJAMENTO NO SUS • No território, o planejamento vincula-se ao conjunto de instrumentos instituídos para o governo e para a política setorial. • Os entes da federação (União, Estados e Municípios) possuem definidas suas competências, responsabilidades e seus níveis de decisão, que também determinam sua atuação e os recursos que controlam (elementos que delimitam e articulam a gestão dos sistemas de saúde). • Para que a ação pública alcance eficiência, são necessários mecanismos de governança para gerenciar as relações político- administrativas. REFERÊNCIAS 1. Rouquayrol: Epidemiologia e Saúde 2. https://www.scielo.br/j/prod/a/pCwYWXkFS6NyL3FYC8FwxWw/?lan g=pt&format=pdf