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Manuella Soussa Braga Cirurgia II PROTOCOLO CIRÚRGICO PARA TERCEIROS MOLARES INCLUSOS 1. Príncipios Básicos: Retalhos ENVELOPE O retalho em envelope pode ser conduzido tanto para terceiros molares superiores quanto para terceiros molares inferiores. Esse tipo de retalho consiste em uma incisão posterior ao segundo molar para acesso ao terceiro molar e uma incisão intrasulcular por vestibular até a base distal da papila mesial do primeiro molar. Como o retalho envelope não tem uma incisão relaxante, de acordo com o grau de profundidade/posição do terceiro molar, é necessário estender essa incisão intrasulcular, já que a elasticidade do retalho é dada pela sua extensão. RETALHO EM L Esse retalho já possui uma incisão relaxante, permitindo que a amplitude de elevação, durante a divulsão, seja muito maior. Por conta dessa incisão, não há a necessidade de estender tanto o retalho para anterior para poder ter essa amplitude de visualização do campo cirúrgico. Normalmente o retalho em L é limitado ao bordo posterior da mandíbula ( já que essa é uma característica bastante variável entre os pacientes). Esse retalho consiste em uma incisão posterior ao segundo molar, uma incisão intrasulcular por vestibular até a base distal da papila mesial do segundo molar e uma incisão relaxante divergente para a região de mucosa (permitindo que a base do retalho seja mais larga = maior suprimento sanguíneo). Incisões relaxantes muito curtas, dependendo da posição do dente, faz com que a osteotomia fique em cima da linha do retalho. Isso faz com que, durante a sutura, não tenha tecido ósseo sadio para apoiar o retalho, prejudicando a cicatrização. A incisão retromolar deve ser linear e centralizada sobre a estrutura óssea, acompanhando a angulação divergente do ramo ascendente.Incisões mal executadas, fora do apoio, levam a lesões de tecidos moles e riscos ao nervo lingual. A extensão anterior (incisão intrasulcular) é determinada pela profundidade de impacção. Rebatimento do Retalho: o periósteo deve ser rebatido junto com a mucosa gengival e o minnesota é apoiado sobre o osso. O tanto que afasta é o tanto necessário para realizar a osteotomia e a odontossecção. 1. Princípios Básicos: Osteotomia Nem sempre esse procedimento é necessário. Utiliza-se brocas em alta rotação (normalmente as esféricas) com refrigeração abundante. O princípio da osteotomia é remover osso na região da coroa do dente para que se crie espaço para a remoção dessa coroa e das raízes (visualização e ponto de apoio). A quantidade de osso removido depende da localização e da forma que o dente está retido dentro do osso . O eixo de saída do terceiro molar é para distal ou para oclusal. A alavanca é apoiada por vestibular. Em dentes horizontais bem centralizados, faz-se uma osteotomia por oclusal, estendendo-a um pouco menos do primeiro terço da raiz, permitindo visualização e ponto de apoio para a alavanca. Na face vestibular, faz-se uma osteotomia em forma de canaleta. É muito importante que se mexa pouquíssimo na tábua óssea lingual. Em dentes distoangulados, também é realizada uma osteotomia por oclusal e em forma de canaleta por vestibular. 1. Princípios Básicos: Odontossecção Nem sempre esse procedimento é necessário. É indicado quando, mesmo depois da osteotomia, o dente ainda não consegue sair inteiro, seja pelo número de raízes, dilaceração radicular, posicionamento (como em casos de dentes distoangulados que, durante o eixo de saída para distal, ainda continuam batendo na estrutura óssea). Manuella Soussa Braga Cirurgia II Terceiros molares verticais com duas raízes volumosas divergentes que não conseguem sair juntas. Não há retenção na mesial ou distal. A odontosecção é feita com o objetivo de separar as raízes . Normalmente tira a mesial antes (por oclusal) e depois a distal (por distal ou oclusal). Coloca a alavanca por vestibular entre as raízes. Terceiros molares mesioangulados. É necessário seccionar a porção que está impactada (mesial). Às vezes só uma odontossecção com desgaste maior (ao invés de duas mais finas) é necessário dependendo do caso. Quando faz duas odontossecções, remove o fragmento central primeiro, seguido do fragmento mesial retido e depois o restante do dente. Quando o espaço que se tem para remover o fragmento é menor do que seu tamanho (caso b - ou seja, um fragmento retentivo), não vai sair. É necessário realizar uma odontossecção de forma que o fragmento anterior seja favorável à remoção (caso a). Terceiros molares distoangulados. Secciona a parte do dente que está impactada (distal), removendo-a. Quando você faz isso, cria-se um espaço para que o restante do dente possa girar (eixo de saída na distal) e sair. Terceiros molares horizontais. É necessário separar a coroa do restante do dente para que seja possível fazer o giro desse dente. A odontossecção é feita um pouco aquém da osteotomia, permitindo o ponto de apoio da alavanca. A odontossecção na junção amelocementária oferece menor resistência quando comparada ao esmalte. Quando as raízes estão fusionadas, uma odontossecção para separar a coroa resolve. Quando as raízes estão divergentes, é necessário realizar a odontossecção também na porção radicular de maneira oblíqua em relação ao longo eixo das raízes, pela impossibilidade física do direcionamento da broca cirúrgica. 1. Princípios Básicos: Remoção do Dente É feito um giro com a alavanca por vestibular, levando o dente para distal ou para oclusal. 1. Princípios Básicos: Limpeza Feito com curetas de alvéolo. É necessário sempre realizar a remoção do folículo pericoronário. 1. Princípios Básicos: RegularizaçãoÓssea Na mandíbula, normalmente a regularização óssea é feita com brocas. Na maxila, por se tratar de um osso mais poroso, normalmente é feita com limas. 1. Princípios Básicos: Sutura Nos retalhos em L, a sutura começa pela incisão relaxante, porque é necessário posicionar o retalho no lugar correto. Sutura o vértice da incisão, unindo-a à papila. Depois de finalizar a incisão relaxante, sutura a distal do segundo molar, finalizando a sutura na região posterior. Normalmente utilizamos fio de seda. EXTRAÇÃO DE TERCEIROS MOLARES INFERIORES É contra-indicado operar um paciente que está num quadro de pericoronarite. Sempre reverte primeiro o quadro para depois operá-lo. O trans e pós-operatório de casos com a região infeccionada é dificultado por muitos motivos, como o fato do tecido inflamado não ter a firmeza e elasticidade que um tecido sadio tem, por exemplo, se rompendo com facilidade. Ainda, quadros de inflamação seguidos de infecção possuem associação de trismo, dificultando o acesso cirúrgico do paciente. EXAMES RADIOGRÁFICOS Avalia grau de dificuldade. A estrutura óssea deverá ser analisada (se existe um trabeculado ósseo saudável; ossos compactos - com pouco trabeculado ósseo - indicam um maior grau de retenção e dificuldade para extração dentária, além de que a probabilidade de infecção é maior). Observa-se também a condição do dente, bem como a orientação do seu longo eixo, suas relações esqueléticas com o ramo e o corpo mandibular e relações dentárias com o segundo molar. FATORES DE PROGNÓSTICO A ANALISAR ● impacção mesioangular ● classe I de retenção no ramo mandibular ● classe A de retenção na profundidade ● ligamento periodontal amplo ● raízes parcialmente formadas (⅓ a ⅔) ● folículo pericoronário amplo ● osso elástico Manuella Soussa Braga Cirurgia II ● espaço entre o 3º e 2º molar ● distância do nervo alveolar inferior ● impacção apenas por tecido gengival ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO RADICULAR É mais difícil extrair um dente que só tem a coroa formada, sem desenvolvimento radicular, por conta da profundidade do elemento (todo intra-ósseo) e pelo fato de que não há apoio para extraí-lo com alavanca (fica girando). Por isso, é necessário realizar a odontossecção desse elemento, pois apenas a osteotomia exigiria uma remoção óssea extensa equivalente ao tamanho da coroa e pinça. É mais fácil extrair um dente que possui pelo menos ⅓ a ⅔ da raiz formada, por conta de uma profundidade um pouco menor e pelo fato de que, por não ter uma raiz completa, não há variações anatômicas como raízes dilaceradas e quatro raízes, por exemplo, que dificultariam a remoção desse elemento. Normalmente é necessário fazer a odontossecção desses dentes quando eles estão retidos em posição mesioangular e muito perto do segundo molar, por exemplo. ● impacção distoangular ● classe III de retenção do ramo mandibular ● classe C de retenção na profundidade ● raízes divergentes ou curvas (dilaceradas) ● raízes longas e finas ● ausência de folículo pericoronário ● osso denso inelástico ● ausência de espaço entre o 3º e 2º molar ● proximidade do nervo alveolar inferior ● completa impacção óssea FORMA DA RAIZ ● divergentes x fusionadas ● longas x curtas ● proximidade a estruturas nobres ● perda do espaço do ligamento periodontal ● áreas de osteoesclerose ● hipercementose COMPLICAÇÕES ● lesão do nervo alveolar inferior ● lesão do nervo lingual ● hemorragia ● fraturas da raiz ● lesão de lábio ou tecido mole intrabucal ESPECIFICIDADES ANATÔMICAS DO TERCEIRO MOLAR SUPERIOR ● trabécula óssea menos densa - fraturas* ● inserções do músculo bucinador ● bola gordurosa de bichat ● relação com seio maxilar é variável ● 75% das raízes são fundidas PROTOCOLO CIRÚRGICO ● anestesia ● incisão - retalho mucoperiosteal ○ incisão retromolar ○ extensão do sulco anterior ○ normalmente retalho em L ● osteotomia - trepanação óssea ○ região de tábua óssea - cortical vest. ○ broca esférica longa ○ baixa ou alta rotação ● extração do dente impactado ○ normalmente a alavanca é por mesial ○ raramente seccionado ● limpeza ○ remoção do folículo ● sutura COMPLICAÇÕES ● fratura da tuberosidade ● projeção do dente no seio maxilar ● deslocamento do dente na fossa pterigopalatina ● fraturas da raiz ● lesão de lábio ou tecido mole intrabucal
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