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CIRURGIA DE DENTES RETIDOS E TERCEIROS MOLARES Um dente retido é aquele que não consegue erupcionar na arcada dentária dentro do tempo esperado e ocupar sua posição na arcada dentária. Ele se torna impactado devido aos dentes adjacentes, recobrimento por osso denso, excesso de tecido mole, ou uma anormalidade genética que evita a erupção. Os dentes impactados mais comuns são os terceiros molares maxilares e mandibulares, seguidos pelos caninos maxilares e pré-molares mandibulares. A sua etiologia envolve discrepância entre volume dos dentes e osso, perda precoce ou permanência além do tempo de dentes decíduos, dentes supra-numerários, aspectos de ordem geral ou sindrômicos e teoria antropológica. As indicações incluem prevenção de doença periodontal, cáries, pericoronite, reabsorção radicular, cistos e tumores odontogênicos e fraturas mandibulares (o espaço ocupado por um terceiro molar impactado no ramo e/ou corpo da mandíbula reduz a quantidade de resistência óssea, concentrando forças, tornando a região mais suscetível à fratura, dessa maneira, quanto o maior o grau de impactação, maior a predisposição de um individuo a sofrer uma fratura de mandíbula nesse local, quando exposto a um trauma); dentes impactados sobre próteses dentárias (devem ser removidos antes que a prótese seja confeccionada, porque se o dente impactado for removido após a confecção, o processo alveolar poderá ser alterado pela extração e a prótese torna-se-á sem atrativos e menos funcional); desvio ou má-oclusão; tratamento de dores sem origem aparente; manifestações neurológicas; facilitação de tratamento ortodôntico; otimização da saúde periodontal. As contra-indicações são extremos da idade, condição médica comprometida, dano excessivo às estruturas adjacentes. OBS: Os exames pré-operatórios devem ser levados em consideração o tipo de cirurgia, a classificação ASA e a idade do paciente. Os mais comumente requisitados são: hemograma, leucograma, contagem de plaquetas, glicemia em jejum, tempo de protrombina e de tromboplastina parcial ativada. Os exames de imagem geralmente incluem radiografia panorâmica e periapical. Na maioria dos casos a panorâmica é melhor por identificar a presença dos terceiros molares, localizar posições ectópicas, demonstrar a posição do terceiro molar (angulação e posicionamento vertical), indicar doenças relacionadas ao terceiro ou segundo molar (cárie, doença periodontal, cistos etc), relacionar o canal mandibular ao terceiro molar inferior. Nela também podemos identificar: → Escurecimento da raiz do terceiro molar: indica contato íntimo da raiz com o canal mandibular, o que resulta em sua menor densidade radiográfica. → Interrupção da cortical do canal mandibular: a linha radiopaca fica descontínua devido à inserção da raiz no canal. → Divergência do canal mandibular: ocorre mudança na sua direção quando em contato com a raiz. → Desvio ou estreitamento da raiz do terceiro molar: observa-se dilaceração abrupta da raiz ou diminuição do seu diâmetro, quando em contato com o canal mandibular. → Estreitamento do canal mandibular. Havendo dúvidas quanto a localização da raiz e se esta atinge o canal mandibular, o cirurgião-dentista pode pedir uma TC do tipo Cone Beam que possibilita ter uma visão 3D, prevenindo assim futuras lesões no nervo alveolar inferior. Classificações Quanto a angulação (Winter): este fator determina como o ciente deve ser seccionado e discrimina diferentes graus de dificuldade, de acordo com a classificação. Baseia-se na angulação do terceiro molar inferior em relação ao longo eixo do segundo molar, possuindo quatro categorias, apresentadas aqui em ordem crescente de dificuldade: mesioangular (Fig. 4.3A); horizontal (Fig. 4.3B); vertical (Fig. 4.3C); distoangular (Fig. 4.3D). Quanto à relação ao ramo ascendente da mandíbula (Pell e Gregory): Este segundo aspecto faz a relação do posicionamento do terceiro molar em relação ao ramo mandibular, o que deter minará maior ou menor cobertura óssea do dente, no sentido anteroposterior. Classe I: O diâmetro mesiodistal do dente encontra-se completamente à frente da borda anterior do ramo mandibular. Se relacionarmos esta angulação com o tipo de angulação, é esperado que os terceiros molares verticais tenham maior possibilidade de erupcionarem. Classe II: Cerca de metade da coroa do dente encontra-se encoberta pelo ramo mandibular. Em relação à Classe 1, será necessária a remoção óssea da parte distal da coroa. Classe III: Nestes casos, o terceiro molar encontra-se completamente dentro do ramo mandibular. Esta impacção é a mais difícil de resolver, pois há mais dificuldade de acesso e maior necessidade de remoção óssea. Quanto à relação com o plano oclusal (Pell e Gregory): esta terceira maneira de classificar o terceiro molar com relação ao seu posicionamento também foi proposta por Pell e Gregory. Ela determina a quantidade de tecido ósseo que recobre o dente acima de sua coroa, avaliando seu posicionamento em relação ao plano oclusal do segundo molar. Classe A: a superfície oclusal do terceiro molar encontra-se no mesmo nível oclusal do segundo molar. Classe B: o plano oclusal do terceiro molar encontra-se entre a superfície oclusal e a linha cervical do segundo molar. Classe C: a superfície oclusal do terceiro molar encontra-se abaixo da linha cervical do segundo molar. Este tipo de impactação é a mais complicada pela grande quantidade de tecido ósseo que recobre a coroa, dificultando o acesso para os procedimentos de odontossecção e luxação. Quanto à posição no arco (Thomas): vestibular, palatina/lingual, intermediária, transalveolar, paranormal e invertida. Formas terapêuticas Exodontia cirúrgica Tracionamento ortodôntico Laçamento Transfixação Colagem de brackets ou botões Transplantes dentais Fatores Importantes a serem considerados Profundidade do ponto da alavanca; Tamanho e condições da coroa; Distância entre as raízes maior do que a largura da junção coroa-raiz; Número de raízes e morfologia radicular; Área da superfície radicular; Largura do germe dental: Pacientes jovens possuem capuz pericoronário alargado, o que exige menor quantidade de osso a ser removido. Se este espaço não estiver naturalmente presente, deve ser criado por meio de brocas, aumentando a dificuldade do procedimento; Doenças associadas aos terceiros molares; Condição periodontal; Condição restauradora do segundo molar adjacente; Proximidade do canal alveolar inferior; Mandíbula atrófica ou raízes muito longas do terceiro molar; Proximidade com outras estruturas; Dificuldade de acesso à região a ser operada (macroglossia, trismo, limitação de abertura de boca). → Considerações sobre os Terceiros Molares Superiores A maioria dos pontos debatidos anteriormente também se aplica aos terceiros molares superiores. Para os terceiros molares superiores, os dentes mesioangulares são os que apresentam maior dificuldade, uma vez que o osso da região posterior da túber deve ser removido, que é mais denso, dificultando sua remoção e expansão. Os dentes verticalizados e distoangulares resultam em cirurgias mais fáceis (Fig. 4.12). A classificação Pell e Gregory 1,2 e 3 não se aplica aos terceiros molares superiores. A classificação A, B e C é aplicável, merecendo as mesmas considerações em relação à dificuldade. Um fator que deve ser considerado no planejamento da extração destes dentes é a proximidade com o seio maxilar. Dentes com relação íntima com o seio maxilar merecem melhor exposição e luxação mais cautelosa, para que o dente não seja inadvertidamente deslocado para esta cavidade anatômica. Dentes com esta proximidade apresentam mais dificuldade na sua remoção. →SEQUENCIA DA TÉCNICA CIRÚRGICA← 1. Anestesia 2. Incisão mucoperiósteal – maxila e mandíbula, vestibular e palato/lingual 3. Ostectomia – alta rotação com brocas cirúrgicas 4. Odontossecção 5. Exodontia (alavancas, extratores e forcéps) 6. Limpeza da cavidade e irrigação 7. Sutura Incisão em molares inferiores Incisar de maneira firme e contínua, já que incisões interrompidas (com paradas) causam maior traumatismo tecidual, pois formam pequenas ilhas de tecido ("orelhinhas"). Ainda que não possa ser visto macroscopicamente, quando há parada no momento do corte, o fio da lâmina do bisturi não continua no mesmo trajeto anterior, formando outro caminho. Estas "orelhinhas" são áreas de irrigação diminuída e poderão sofrer necrose, possibilitando deiscência de sutura com posterior cicatriz exuberante. Incisar de maneira perpendicular à superfície, criando, desta maneira, margens simétricas melhor vascularizadas, que quando corretamente aproximadas resultam em melhor reparo, pois o tecido epitelial não ficará sem seu suprimento do tecido conjuntivo. Para os terceiros molares, a única estrutura nobre envolvida durante a incisão é o nervo lingual. Nas cirurgias de terceiro molar, a incisão é feita sobre o local da remoção óssea e/ou sobre o dente a ser removido. Devido a este fator, é comum observarmos deiscência de sutura, principalmente nos terceiros molares inferiores. Devemos lembrar que a mandíbula após o segundo molar não continua em linha reta, mas, sim, diverge lateralmente. Como as incisões devem ser feitas sobre osso e preservando estruturas nobres, o cirurgião deve colocara incisão lateralmente, a partir da distal do segundo ou terceiro molar (quando total ou parcialmente erupcionado), em direção à linha oblíqua. Outro fator a ser considerado é que uma incisão em linha reta nesta região não resulta em um retalho com bom relaxamento, dificultando as etapas seguintes. Retalho em Envelope 1º Passo - Tracionamento da mucosa jugal e palpação da linha oblíqua: o tracionamento da mucosa jugal, palpação da linha oblíqua mostra o direcionamento correto da incisão (para lateral), evitando danos ao nervo lingual. Recomendamos o dedo polegar do cirurgião para realizar esta etapa. 2º passo: Incisão no trígono retromolar até a linha oblíqua: realizar uma incisão de espessura total, desde o centro da face distal do segundo ou terceiro molar (quando parcial ou totalmente erupcionado), divergindo em direção lateral, no sentido do dedo que está realizando o tracionamento da mucosa. OBS: Se o cirurgião optar por iniciar sua incisão próximo ao dedo polegar, indo em direção ao centro da face distai do segundo ou terceiro molar, o tecido junto à distal do dente poderá não ser completamente incisado. Diante desta situação, o cirurgião deve inverter o sentido da lâmina e completar a incisão. Para facilitar esta etapa, uma lâmina nº 12 poderá ser utilizada. O cirurgião deve estender por cerca de 1 cm a incisão em mucosa alveolar, para que o relaxamento necessário do retalho seja obtido. Durante toda a incisão, o contato do bisturi com o tecido ósseo e/ ou dente deve ser sentido. Se este cuidado for observado, facilitará a realização de um retalho mucoperiósteo correto. 3° Passo - Incisão em torno do terceiro e segundo molares: Afastar a mucosa jugal da região de molar, com um afastador tipo Minessota. Iniciar uma incisão intrassulcular na região do terceiro molar (quando parcial ou totalmente erupcionado). Continuar a incisão na distai do segundo molar, contornando sua face vestibular, até o seu ângulo mesial. Continuar o afastamento da mucosa jugal da região de molar. A partir do ângulo mesial do segundo molar, manter a incisão intrassulcular, liberando sua papila mesial. Esta incisão deve ser a mais interna possível, visando obter um bom volume de papila. Continuar pelo sulco gengival vestibular do primeiro molar até a papila mesial, sem abrangê- la. Desta maneira, o retalho em envelope foi concluído. Retalho com incisão anterior relaxante A diferença entre este e o retalho em envelope encontra-se na parte anterior da incisão. Assim, os itens apresentados anteriormente (anestesia isquêmica e execução da parte posterior da incisão) para o retalho em envelope, devem ser repetidos com os mesmos cuidados. Indicação: reservados para casos de maior impactação, como os terceiros molares Pell e Gregory C. Seguem os passo a passo: • Afastar a mucosa jugal na região de molares com um afastador tipo Minessota, tracionando a mucosa alveolar firmemente. • A partir do ângulo mesial do segundo molar realiza- se uma incisão relaxante. • A incisão relaxante deve ser direcionada levemente para anterior (para que a base do retalho seja maior que seu ápice, não comprometendo a vascularização), compreendendo a mucosa ceratinizada e adentrando a mucosa alveolar, de 3 a 5 mm. Nas situações onde a gengiva inserida desta área ser de qualidade ruim e não permitir a sutura, a papila deve ser envolvida. Incisão em molares superiores A cirurgia dos terceiros molares superiores apresenta mais dificuldade de visualização, quando comparadas com a dos terceiros molares inferiores, o que exige do cirurgião mais cuidado no desenho do retalho. Os casos podem ser resolvidos com retalhos em envelope ou com incisão anterior relaxante. Retalho em envelope (Pell e Gregory tipo A e B) Afastar a mucosa jugal da região com afastador de Minessota para facilitar a visualização. Incisar sobre a mucosa ceratinizada da túber da maxila, colocando a incisão levemente vestibularizada, mantendo sempre contato com o tecido ósseo e/ou dente. A incisão pode ser feita do dente para o final da túber ou vice-versa. Se o início da incisão for na parte posterior do túber, o tecido junto à face distal do segundo molar pode não ser totalmente incisado. Diante desta situação, o sentido da lâmina deve ser invertido, incisando completamente o tecido. Para facilitar esta etapa, uma lâmina nº 12 pode ser utilizada. Iniciar uma incisão intrassulcular pela metade distal do segundo molar, contornando sua vestibular até a liberação de sua papila mesial, o mais dentro possível desta ameia, na tentativa de obter o maior volume dela. Continuar pelo sulco gengival vestibular do primeiro molar, não abrangendo sua papila mesial. O tecido delgado desta região não nos permite trabalhar com retalhos muito curtos. Sabe-se que uma incisão longa e íntegra repara melhor que uma curta e lacerada. Assim, quando o cirurgião prever dificuldade de acesso e tensão no retalho, deve optar por um retalho com incisão relaxante anterior. Retalho com incisão relaxante anterior A diferença entre este e o retalho em envelope encontra-se na parte anterior da incisão. Indicação: impactações C. Afastar a mucosa jugal na região de segundo molar com um afastador tipo Minessota, tracionando a mucosa alveolar firmemente. A partir do ângulo mesial do segundo molar, realizar uma incisão relaxante Nas situações onde a gengiva inserida desta área tiver qualidade ruim e não permitir a sutura, a papila pode ser envolvida no retalho. A incisão relaxante deve ser direcionada levemente para anterior (para que a base do retalho seja maior que seu ápice, não com prometendo a vascularização), compreendendo a mucosa ceratinizada e adentrando a mucosa alveolar, de 3 a 5 mm. Exodontia do Terceiro Molar Mesio-Angular Pell e Gregory A-1 Incisão: retalho em envelope. Ostectomia: geralmente este dente não requer ostectomia. O cirurgião deve estar atento ao nível da crista óssea distal, que poderá impedir o movimento de luxação posterior do dente. Se presente, esta obstrução deve ser resolvida. Odontossecção: a necessidade deste passo cirúrgico depende das características radiculares. Na presença alterações radiculares, como divergências e dilacerações, a odontossecção deve ser feita no longo eixo do dente, buscando a separação radicular. Remoção do dente: se houver espaço para a saída em direção ao ramo, a alavanca reta pode ser inserida na região mesial, deslocando o dente para distal. Um ponto de aplicação vestibular também pode ser utilizado, direcionando o dente para fora do alvéolo. Quando o dente for seccionado, a alavanca reta ou angulada é inserida na canaleta onde foi feita a clivagem, deslocando a parte distal para o sentido disto-oclusal. Em seguida, o segmento mesial do dente é deslocado para distal, através da aplicação da alavanca em sua mesial. A saída deste segmento é em sentido oclusal, podendo a alavanca ser aplicada na vestibular ou na câmara pulpar. Pell e Gregory A-2 e A-3 Incisão: retalho em envelope. Ostectomia: deve ser realizada uma canaleta liberando as regiões vestibular e distal do dente. Odontossecção: o terceiro molar inferior mesioangulado possui como protocolo de odontossecção a remoção da parte distal da coroa do dente (unirradiculares ou com raízes fusionadas), terminando na distal, levemente abaixo da linha cervical, ou secção no seu longo eixo, na região da furca, para realizar a realizar a separação do dente em duas metades, criando um espaço para a luxação. Em casos onde a formação radicular ainda não for completa, a odontossecção pode não ser necessária. Remoção do dente: tal remoção depende do tipo de odontossecção realizada. Nos casos de raízes fusionadas, onde foi removida a parte distal da coroa, a alavanca deve ser aplicada na região mesial, deslocando o dente para a região posterior, no espaço criado pela odontossecção. Nos casos de dentes com raízes separadas e divergentes, onde a odontossecção foi realizada no longo eixo do dente, aplica-se a alavanca na canaleta da odontossecção, deslocando a metade distal do dente em sentido disto-oclusal. Um ponto de apoio vestibular pode auxiliar na remoção desta metade em sentido superior. Em seguida, o segmento mesial do dente é deslocado para distal, através da aplicação da alavanca em sua mesial. A saída deste segmento é em sentido oclusal, podendo a alavanca ser aplicada na vestibular ou na câmara pulpar. Pell e Gregory B (B1, B2, B3) A técnica para os três tipos é semelhante, entretanto, a abordagem B3 apresenta maiores dificuldades no acesso ao dente e exige maior quantidade de remoção óssea. Incisão: a maioria dos casos pode ser resolvida com retalho em envelope. Se em qualquer momento o cirurgião encontrar dificuldades de afastar o retalho para obter boa visualização do campo operatório e manusear seguramente o instrumental, deve optar por um retalho com incisão anterior relaxante. A experiência e habilidade do profissional são importantes na escolha do retalho a ser criado. Ostectomia: deve ser removido todo o osso que cobre a superfície oclusal do dente. Em seguida, a ostectomia progride, em forma de canaleta, liberando a retenção vestibular e a distal. Se necessário, o osso da região mesial do dente pode ser removido, para a criação de um ponto de apoio para a alavanca, tendo o cuidado de não atingir o segundo molar. Odontossecção: segue as mesmas orientações do dente Pell e Gregory A2-A3. Quando a formação radicular não for completa, a odontossecção pode não ser necessária. Remoção do dente: segue as mesmas orientações do dente Pell e Gregory A2-A3, mas apresenta maior dificuldade para o acesso da alavanca e luxação do dente. Pell e Gregory C (C1, C2 e C3) As impactações tipo C são aquelas que apresentam mais possibilidades de dano ao NAI, devido a proximidade do dente com esta estrutura. A ocorrência de danos transoperatórios ao segundo molar, bem como a manutenção de um defeito ósseo em sua superfície distai, é mais frequente nestes casos. O cirurgião deve, ao se defrontar com dentes com este nível de impactação, considerar muito o risco-benefício de extraí-los. Incisão: devido à sua localização profunda, o retalho com incisão anterior relaxante está indicado. Ele permite melhor acesso às regiões mais profundas, tornando o procedimento mais seguro. Ostectomia: igual aos dentes Pelle Gregory B, com mais necessidade de remoção óssea. Odontossecção: igual aos dentes Pell e Gregory B. Remoção do dente: segue as mesmas orientações do dente Pell e Gregory B, com maior dificuldade para o acesso da alavanca e luxação do dente. Confeccionar um ponto de apoio com a broca na estrutura coronária remanescente facilita a execução deste passo. Exodontia do Terceiro Molar Horizontal Pell e Gregory A (A1, A2 e A3) Incisão: retalho em envelope. Ostectomia: é feita em forma de canaleta e iniciada pela face vestibular, para se expor toda a coroa. A canaleta prossegue em direção distal, numa profundidade aproximada de 2 mm abaixo da linha cervical do dente. Odontossecção e Remoção do dente: a odontossecção é sempre necessária para dentes horizontais, pois a coroa deve ser primeiramente removida para criar espaço para a saída das raízes. Secção da Coroa: a broca é posicionada verticalmente para que o segmento mais profundo da coroa tenha o mesmo tamanho do que o superior. Se o segmento mais inferior da coroa for maior que o superior, sua remoção ficará bloqueada. É também importante que o corte seja feito de maneira que a parte vestibular da coroa tenha mais volume que sua parte lingual, para facilitar sua saída. A broca nº 703 deve trabalhar em toda sua extensão, em sentido apical. Sugerimos manter 2mm de coroa junto com o segmento radicular, com o objetivo de termos apoio para a aplicação da alavanca e remoção da raiz. A tentativa inicial é pela retirada da coroa em um único bloco. Quando a coroa for muito volumosa, um corte longitudinal adicional deve ser feito para facilitar sua saída, e assim, removê-la em dois segmentos. A coroa deve ser clivada com uma alavanca reta, nos sentidos das canaletas criadas. A coroa deve ser inicialmente deslocada para o local da canaleta criada pela broca, através de aplicação de alavanca entre o segundo e terceiro molares. Em seguida, a alavanca deve ser colocada por vestibular, deslocando a coroa para superior, que será o seu eixo de saída. Secção da raiz: Realizada nos casos em que as raízes apresentem resistência à luxação, como em divergências, dilacerações ou raízes muito volumosas. Para raízes divergentes e/ou com lacerações, a broca nº 703 deve trabalhar na região da furca, individualizando as raízes. Nos casos de raízes longas e bulbosas, pode ser necessária uma expansão da canaleta óssea, associada ou não à divisão da mesma, objetivando obter espaço para sua saída. A alavanca é aplicada entre a canaleta óssea e porção dental remanescente, de modo a deslocá-la em direção ao espaço previamente ocupado pela coroa. Esta etapa pode ser facilitada pela confecção de um ponto de apoio com broca. Geralmente, raízes únicas são removidas com facilidade. Quando for necessária secção radicular, a raiz superior é removida primeiro. Pell e Gregory B (B1, B2 e B3) Incisão: a maioria dos casos pode ser resolvida com retalho em envelope. Se em qualquer momento o cirurgião encontrar dificuldades de afastar o retalho para obter boa visualização do campo operatório e em manusear seguramente o instrumental, deve optar por um retalho com incisão anterior relaxante. A experiência e habilidade do profissional são importantes na escolha do retalho a ser criado. Ostectomia: são feitas as mesmas considerações de um dente Pell e Gregory A; no entanto, como o dente está mais para apical, o volume de tecido ósseo a ser removido é maior. Odontossecção e remoção do dente: a secção da coroa segue as mesmas orientações do dente Pell e Gregory A, contudo, a profundidade do dente pode dificultar a angulação correta da broca durante seu corte. Se não for possível seccionar a coroa mantendo a broca verticalizada, o cirurgião deve apontá-la em direção ao segundo molar, para que a parte superior da coroa fique mais volumosa que a inferior, possibilitando sua saída. Sua remoção é feita da mesma maneira que a apresentada anteriormente. A secção radicular, se necessária, e sua saída seguem os mesmos passos já descritos, entretanto, há maior dificuldade para o acesso da alavanca e a realização da luxação. Pell e Gregory C (C1, C2 e C3) As impactações tipo C são aquelas que apresentam mais possibilidades de dano ao NAI, devido à proximidade do dente com esta estrutura. Incisão: devido à sua localização profunda, o retalho com incisão anterior relaxante está indicado. Ele permite melhor acesso a regiões mais profundas, tornando o procedimento mais seguro. Ostectomia: segue as mesmas considerações feitas para os dentes Pell e Gregory A e B; contudo, mais remoção óssea será necessária. Odontossecção: segue as mesmas orientações dos dentes A e B; contudo, a profundidade do dente pode dificultar ainda mais a angulação correta da broca, complicando o procedimento. Remoção do dente: segue as mesmas orientações dos dentes Pell e Gregory A e B, com maior dificuldade para o acesso da alavanca e a luxação do dente. Confeccionar um ponto de apoio com a broca na estrutura dental remanescente facilita a execução deste passo. Exodontia do Terceiro Molar Vertical Pell e Gregory A-1 Incisão: retalho em envelope. Ostectomia: em geral este dente não requer ostectomia. O cirurgião deve estar atento ao nível da crista óssea distal, que pode impedir o movimento de luxação posterior do dente. Se presente, esta obstrução deve ser removida. Odontossecção: a necessidade deste passo cirúrgico depende das características radiculares. Na presença de alterações radiculares, como divergências e dilacerações, a odontossecção deve ser feita no longo eixo do dente, buscando a separação radicular. Remoção do dente: uma alavanca pode ser inserida na região da furca do dente, deslocando-o para fora do alvéolo. Se houver espaço para a saída em direção ao ramo, a alavanca reta pode ser inserida na região mesial, deslocando o dente para distal. Quando o dente for seccionado, a alavanca reta ou angulada é inserida na canaleta onde foi feita a clivagem, deslocando a parte distal para o sentido disto- oclusal. Em seguida, o segmento mesial do dente é deslocado para distal, através da aplicação da alavanca em sua região mesial. A saída deste segmento é em sentido oclusal, podendo a alavanca ser aplicada na vestibular ou na câmara pulpar. Pell e Gregory A-2 e A-3 Incisão: retalho em envelope. Ostectomia: deve ser realizada uma canaleta liberando principalmente a região distal do dente e, quando preciso, de sua porção vestibular. Odontossecção: o terceiro molar inferior ver tical possui como protocolo de odontossecção a remoção da parte distal da coroa do dente (unirradiculares e com raízes fusionadas), terminando na distal levemente abaixo da linha cervical. Ou secção no seu longo eixo, na região da furca, para realizar a separação do dente em duas metades, criando um espaço para a luxação. Remoção do dente: tal remoção depende do tipo de odontossecção realizada. Nos casos de raízes fusionadas, onde foi removida a parte distal da coroa, a alavanca deve ser aplicada na região mesial, deslocando o dente para a região posterior, no espaço criado pela odontossecção. Nos casos de dentes com raízes separadas e divergentes, em que a odontossecção foi realizada no longo eixo do dente, aplica-se a alavanca na canaleta da odontossecção, deslocando a metade distal do dente em sentido disto-oclusal. Um ponto de apoio vestibular pode auxiliar na remoção desta metade em sentido superior. Em seguida, o segmento mesial do dente é deslocado para distal, através da aplicação da alavanca em sua mesial. A saída deste segmento é em sentido oclusal, podendo a alavanca ser aplicada na vestibular ou na câmara pulpar. Pell e Gregory B (B1, B2 e B3) A técnica para os três tipos é semelhante, entretanto, a abordagem B3 apresenta maiores dificuldades no acesso ao dente e exige maior quantidade de remoção óssea. Incisão: a maioria dos casos pode ser resolvida com retalho em envelope. Se em qualquer momento o cirurgião encontrar dificuldades em afastar o retalho para obter boa visualização do campo operatório e de manusear seguramente o instrumental, deve optar por um retalho com incisão anterior relaxante. Ostectomia: deve ser removido todo o osso que cobre a superfície oclusal do dente. Em seguida, a ostectomia progride, em forma de canaleta, liberando as retenções vestibular e distal. Se necessário, o osso da região mesial do dente pode ser removido, para a criação de um ponto de apoio para a alavanca, tendo o cuidado de não atingir o segundo molar. Odontossecção: segue as mesmas orientações do dente Pell e Gregory A2-A3. Remoção do dente: segue as mesmas orientações do dente Pell e Gregory A2-A3, mas apresenta maiores dificuldades para o acesso da alavanca e a luxação do dente. Pell e Gregory C (C1, C2 e C3) Incisão: devido à sua localização profunda, o retalho com incisão anterior relaxante está indicado. Ele permite melhor acesso a regiões mais profundas, tornando o procedimento mais seguro. Ostectomia: igual à Pell e Gregory B, com mais osso a ser removido. Odontossecção: igual a Pell e Gregory B. Remoção do dente: segue as mesmas orientações do dente B, com mais dificuldade para o acesso da alavanca e a luxação do dente. Confeccionar um ponto de apoio com a broca na estrutura coronária remanescente facilita a execução deste passo. Exodontia do Terceiro Molar Distoangulado Pell e Gregory A-1 Incisão: retalho em envelope. Ostectomia: em geral este dente não requer ostectomia. O cirurgião deve estar atento ao nível da crista óssea distal, que pode impedir o movimento de luxação posterior do dente. Se presente, esta obstrução deve ser removida com uma broca nº 703. Odontossecção: o terceiro molar inferior distoangulado possui como protocolo de odontossecção a separação da coroa da parte radicular. É importante que a secção seja feita deixando cerca de 2 mm da porção coronal, o que deixará estrutura dental para o apoio da alavanca. Quando houver necessidade de secção radicular, deve-se realizá-la na furca, separando separando as raízes. Esta etapa é melhor realizada após a remoção da coroa. Remoção do dente: a alavanca é aplicada na superfície mesial e/ou vestibular, próximo à furca, luxando-o em direção superoposterior, que será seu eixo de saída. Sendo necessária a separação radicular, com uma alavanca com ponta mais fina ou um cinzel de Oschienbien, realizamos a luxação das raízes. Pell e Gregory A2 e A3 Incisão: retalho em envelope. Ostectomia: deve ser realizada uma canaleta liberando as regiões vestibular e distal do dente. Odontossecção: o terceiro molar inferior distoangulado possui como protocolo de odontossecção a separação da coroa da parte radicular. É importante que a secção seja feita deixando cerca de 2 mm da porção coronal, o que deixará estrutura dental para luxação. Quando houver necessidade de secção radicular, deve-se realizá-la na furca, separando as raízes. Esta etapa é melhor realizada após a remoção da coroa. Remoção do dente: uma alavanca reta ou angulada é colocada em um ponto de apoio vestibular, em movimentos que direcione o dente para superior e distal. A raiz será deslocada para o espaço antes ocupado pela coroa. Se necessário, um ponto de apoio com broca pode ser criado. Pell e Gregory B (B1, B2 e B3) Incisão: a maioria dos casos pode ser resolvi da com retalho em envelope. Se em qualquer momento o cirurgião encontrar dificuldades em afastar o retalho para obter boa visualização do campo operatório e de manusear seguramente o instrumental, deve optar por um retalho com incisão anterior relaxante. Ostectomia: deve ser removido todo o osso que cobre a superfície oclusal do dente. Em seguida, a ostectomia progride, em forma de canaleta, liberando as retenções vestibular e distal. Odontossecção: segue as mesmas orientações do dente A, contudo, a impactação B-3 pode dificultar a angulação correta da broca, dificultando o corte. Normalmente, uma reposição inferior da cadeira odontológica e do plano oclusal do paciente melhora a posição da broca, contornando este problema. Remoção do dente: segue as mesmas orientações do dente Pell e Gregory A. Pell e Gregory C (C1, C2 e C3) Incisão: devido à sua localização profunda, o retalho com incisão anterior relaxante está indicado. Ele permite melhor acesso a regiões mais profundas, tornando o procedimento mais seguro. Ostectomia: deve ser removido todo o osso que cobre a superfície oclusal do dente. Em seguida, a ostectomia progride, em forma de canaleta, liberando as retenções vestibular e distal. Odontossecção: segue as mesmas orientações do dente Pell e Gregory B, contudo, a profundidade do dente pode dificultar ainda mais a angulação correta da broca. Neste tipo de impactação, o posicionamento do plano oclusal mandibular do paciente mais inferior em relação ao cirurgião, facilita o procedimento. Remoção do dente: segue as mesmas orientações do dente Pell e Gregory B, com maior dificuldade de acesso para a alavanca e a luxação do dente. Uma manobra importante para estas impactações é confeccionar um ponto de apoio com a broca na estrutura coronária remanescente, que facilita a execução deste passo. Exodontia do Terceiro Molar Superior Pell e Gregory A Incisão: retalho em envelope. Ostectomia: geralmente este dente não requer ostectomia. Qualquer osso que estiver sobre o dente, por ser fino e maleável, será expandido durante a luxação. Odontossecção: os dentes superiores são raramente seccionados, mesmo na presença de alterações radiculares. Quando estas alterações estiverem presentes, o dente deve ser luxado de maneira gradual, esperando a expansão óssea e liberação do dente. Se durante a luxação ocorrer fratura da porção apical da raiz, recomendamos não removê-las. Remoção do dente: a alavanca (em geral a angulada) é aplicada na região mesial do dente, luxando-o em direção distovestibular, que será seu eixo de saída. O cirurgião deve estar especialmente atento em ativar a alavanca em sentido palatino, para que mantenha a ação de luxação. Pell e Gregory B Incisão: a maioria dos casos pode ser resolvida com retalho em envelope. Se em qualquer momento o cirurgião encontrar dificuldades em afastar o retalho para obter boa visualização do campo operatório e de manusear seguramente o instrumental, deve optar por um retalho com incisão anterior relaxante. Ostectomia: utilizamos a parte fina do descolador de Molt. Em casos excepcionais, onde há grande resistência da cortical vestibular e/ou posicionamento palatino da coroa, o uso de instrumentos rotatórios pode ser utilizado. Terceiro molar Vertical e Distoangulado - remover o tecido ósseo da face vestibular da coroa e por mesial, para criar um ponto de aplicação para a alavanca. Terceiro molar Mesioangulado - é esperada maior dificuldade de remoção por dificuldade de acesso para a aplicação da alavanca e por possuir mais osso na sua região de impactação (distal), que se expande com maior dificuldade. Nestes casos, é necessário remover osso da superfície distai do dente, criando um espaço para a luxação. Odontossecção: os dentes superiores são raramente seccionados, mesmo na presença de alterações radiculares. A remoção óssea é mais facilmente executável e menos traumática para o paciente, quando comparada com a odontossecção. Remoção do dente: a alavanca (geralmente a angulada) é aplicada na região mesial do dente, luxando-o em direção distovestibular, que será seu eixo de saída. O cirurgião deve estar especialmente atento em ativar a alavanca em sentido palatino, para que mantenha a ação de luxação. Os movimentos do dente para posterior e superior devem ser controlados e atentamente executados, devido ao risco de impulsioná-lo para as regiões anatômicas adjacentes (fossa pterigopalatina e seio maxilar). Realizar corretamente a extensão posterior da incisão é uma maneira de diminuir a possibilidade de "envelopar" o terceiro molar superior para a fossa pterigopalatina, durante a sua remoção. Pell e Gregory C Incisão: devido à sua localização alta, o retalho com incisão anterior relaxante está indicado. Ele permite maior acesso às áreas mais profundas, tornando o procedimento mais seguro. Ostectomia: segue os mesmos princípios da impactação Pell e Gregory B. E esperada maior dificuldade para a remoção óssea devido à dificuldade de acesso. Pela posição mais próxima do seio maxilar, devemos ter atenção com esta estrutura anatômica. Odontossecção: segue as mesmas considerações feitas para a impactação Pell e Gregory B. Remoção do dente: semelhante à impactação B, contudo, a profundidade do dente dificulta a aplicação e a ação da alavanca. O dente deve ser luxado de maneira prudente, realizando com cautela os movimentos para posterior e superior, pelo maior risco de deslocamento para as regiões anatômicas adjacentes (fossa pterigopalatina e seio maxilar). Estes dentes são de difícil remoção devido à grande dificuldade de acesso; desta maneira, recomendamos incisões de tamanho adequado para permitir boa iluminação e visualização, tornando seguras as manobras cirúrgicas. Critérios para se deixar fragmentos radiculares O fragmento de raiz deve ter no máximo 4 a 5 mm; O dente envolvido deve estar livre de infecção no ápice radicular; A raiz deve estar “profundamente” embutida no osso e não superficialmente, próxima a estruturas nobres. Complicações inerentes a cirurgia. Luxação e avulsão de dente vizinho; Desgaste de raiz do dente vizinho; Deslocamento do dente retido para outros espaços anatômicos; Laceração de tecido mole; Deglutição do dente; Fratura da tuberosidade, tábua lingual, mandíbula e raiz; Lesão de nervos. Recomendações ao paciente no pós-operatório Dieta líquida e gelada nas primeiras 48 horas; Higiene na área operada deve ser cuidadosa; Evitar esforço físico nas próximas 24h; Não mexer no local da cirurgia; Tomar a medicação indicada conforme a prescrição; Não ficar fazendo sucção da bochecha após a cirurgia, isso pode estimular o sangramento; É normal sentir gosto de sangue nas próximas 24h, se o sangramento aumentar ou persistir por um período superior, procure atendimento odontológico e fazer compressa com gaze; Pode haver um leve inchaço na região, por isso, fazer compressas com gelo nas primeiras 24hrs; Não fumar nas próximas 48 horas; Repouso absoluto nas próximas 24 horas e repouso relativo nos próximos 2 dias. ANOTAÇÕES
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