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Componentes dos Transtornos Mentais

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Dalgalarrondo, P Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre, 2000. Editora Artes Médicas do Sul
TRANSFUNDO OU ANCORAGEM DAS VIVÊNCIAS PSICOPATOLÓGICAS E SINTOMAS EMERGENTES
“Os transfundos estáveis, pouco mutáveis, são representados basicamente pela personalidade e a inteligência. Qualquer experiência (alucinação, delírio, afeto, entre outras) ganha conotação diferente a partir da personalidade específica do indivíduo que a vivencia.”
“A inteligência é o outro transfundo estável. Ela determina essencialmente os contornos, a diferenciação, a profundidade e a riqueza de todos os sintomas psicopatológicos.”
“Os transfundos mutáveis e momentâneos são representados pelo nível de consciência e atenção e pelo humor e estado afetivo de fundo. Eles atuam decisivamente na determinação da qualidade e no sentido do conjunto das vivências psicopatológicas.”
“O humor e o estado afetivo de fundo, momentâneos e passageiros, influem decisivamente não apenas no desencadeamento de sintomas (os chamados sintomas catatímicos), mas também no colorido e no brilho específico do sintoma.”
“Os chamados sintomas emergentes ou específicos são, portanto, todas as vivências psicopatológicas mais destacadas, individualizáveis, que o paciente experimenta, vivências de todos os capítulos da psicopatologia geral.”
COMPONENTES DO SURGIMENTO, CONSTITUIÇÃO E MANIFESTAÇÃO DOS SINTOMAS E DOS TRANSTORNOS MENTAIS
“Cabe abordar aqui as distintas relações entre história de vida, eventos vitais e projeto existencial do indivíduo. Além disso, em relação tanto aos sintomas como às síndromes, deve-se buscar esclarecer quais são os possíveis fatores predisponentes (carga genética, experiências emocionais na infância e adolescência, condições pregressas de vida) e precipitantes (estresses, perdas, fatores atuais ou mais recentes) e o surgimento dos transtornos mentais.”
“os fatores predisponentes podem incluir, além da genética, eventos ocorridos nos primeiros anos de vida, como a morte de um dos pais, abuso sexual, violência ou negligência física ou emocional, entre outros. Fatores precipitantes (também chamados de eventos de vida, ou life events), por sua vez, são geralmente eventos estressantes e/ou traumáticos que ocorrem em proximidade ao deflagramento do transtorno mental, como morte de pessoa próxima, brigas familiares importantes, separações conjugais, desemprego.”
Manifestação dos transtornos mentais: patogenia, patoplastia e psicoplastia
“O fator patogenético (patogênese) propriamente dito está mais relacionado à manifestação dos sintomas diretamente produzidos pelo transtorno mental.”
“O fator patoplástico (patoplastia) inclui as manifestações relacionadas à personalidade pré-mórbida do paciente, à história de vida específica do sujeito e aos padrões de sentir e se comportar relacionados à cultura de origem do indivíduo, seu meio familiar, religioso, de classe social, profissional, que lhe eram particulares desde antes de adoecer.”
“O fator psicoplástico (psicoplastia) relaciona-se aos eventos e às reações do indivíduo e do meio psicossocial posteriores ao adoecer. São as reações aos conflitos familiares, à desmoralização, às perdas sociais e ocupacionais associadas aos episódios e ao curso da síndrome ou do transtorno.”
A EVOLUÇÃO TEMPORAL DOS TRANSTORNOS MENTAIS Conceito de processo, desenvolvimento, surto, fase, reação, crise e episódio (Schneider, 1976; Vallejo Nagera, 1977; Jaspers, 1979)
“Segundo a concepção psicopatológica, com base na patologia geral e na escola jasperiana, os cursos longitudinais dos transtornos mentais crônicos podem ser de dois tipos: processo e desenvolvimento. Já os fenômenos agudos ou subagudos, com caráter episódico, classificam-se em crises ou ataques, reações vivenciais, fases e surtos.”
“Processo refere-se a uma transformação lenta e insidiosa da personalidade, decorrente de alterações psicologicamente incompreensíveis, de natureza endógena.”
“Desenvolvimento refere-se à evolução psicologicamente compreensível de uma personalidade.
Por sua vez, os fenômenos agudos ou subagudos classificam-se em: 1) crises ou ataques, 2) reações vivenciais, 3) fases e 4) surtos:
1. A crise, ou ataque, caracteriza-se, em geral, por surgimento e término abruptos, com duração de segundos ou minutos, raramente horas.
2. A reação vivencial anormal caracteriza-se como um fenômeno psicologicamente compreensível, desencadeado por eventos vitais significativos para o indivíduo que os experimenta.
3. Já a fase refere-se particularmente aos períodos de depressão e de mania dos transtornos afetivos (transtorno bipolar e transtorno depressivo recorrente).
4. O surto, segundo a noção da patologia geral (mas assumida pela psicopatologia), é uma ocorrência aguda, que se instala de forma mais ou menos repentina, fazendo eclodir uma doença de base endógena, não compreensível psicologicamente.”
“A designação episódio é mais genérica, compreende duração de dias até semanas. Tanto o termo crise como o termo episódio não especificam a natureza do fenômeno mórbido: são denominações referentes apenas ao aspecto temporal dele.”
As síndromes da psicopatologia, os transtornos e os modos de proceder em relação aos diagnósticos
“As síndromes são conjuntas de sinais e sintomas que se agrupam de forma recorrente e são observados na prática clínica diária.
Na psicopatologia clássica, a chamada “teoria das síndromes” foi defendida por autores como Johannes Lange (1891-1938), Adolf Meyer (1866-1950), Bartolomé L. Lloret (1905-1966), entre outros. Nessa teoria, postula-se que, no complexo sintomático geral denominado “síndrome”, há sintomas nucleares (como a alteração de nível de consciência e atenção no delirium ou a mudança do humor e do ritmo psíquico nos transtornos afetivos) e sintomas periféricos (que se articulam em torno e hierarquicamente de forma secundária aos sintomas nucleares) (Jablensky, 2012).”
“os construtos “síndrome”, “protótipo” e “dimensionalidade” têm ganhado renovado interesse em psicopatologia por meio de modelos matemáticos computadorizados sofisticados, desenvolvidos para, a partir de grande número de dados empíricos, identificar síndromes sustentáveis que possam orientar estratégias terapêuticas mais eficazes (Goekoop; Goekoop, 2014).”
“A ideia de uma chamada “medicina e psiquiatria de precisão”, que, em vez de categorias diagnósticas preestabelecidas, utilize dados básicos das dimensões clínicas (no nosso caso, psicopatologia), neuronais e genômicas, lance mão de grandes bancos de dados (big-data systems, big-data driven, ou seja, análises estatísticas sofisticadas com grande número de dados) e de procedimentos.”
PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS NO MUNDO E NO BRASIL
“Na Europa, um amplo estudo multicêntrico (Lépine et al., 2005), que envolveu França (n = 2.894), Alemanha (n = 3.555), Bélgica (n = 2.419), Espanha (n = 5.473), Itália (n = 4.712) e Países Baixos (n = 2.372), pesquisou a prevalência na vida e no último ano de transtornos depressivos, de ansiedade e relacionados aouso de álcool.”
“No Brasil, dois estudos feitos com amostras probabilísticas, representativas, nas cidades de São Paulo (nos dois estudos) e Rio de Janeiro (incluído em um dos estudos), nos anos de 2005 a 2008, encontraram prevalências na vida, no Rio de Janeiro, de 42,1% e, em São Paulo, de 44% e prevalências nos últimos 12 meses de 31,2% (RJ) e de 29,6 a 32,5% (SP). Assim, no Brasil, de acordo com tais estudos, a frequência de transtornos mentais parece ser consideravelmente elevada.”

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