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VIOLÊNCIA CONTRA MULHER Um guia para profissionais da Enfermagem BRASÍLIA 2021 YASMIN ARIADINY LOPES LACERDA Prontuário SOAP Notificação SUMÁRIO O que é e tipos de violência 3 Indicadores e acolhimento 5 6 12 Referências 13 O que é violência contra a mulher? A violência contra a mulher refere-se a qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada. Dessa forma, a violência contra as mulheres é uma manifestação da relação de poder historicamente desigual entre homens e mulheres Tipos de violência contra mulher Segundo a Lei Maria da Penha 1 Exemplos: Espancamento, atirar objetos, sacudir e apertar os braçoes, estrangulamento ou sufocamento, lesões com objetos cortantes ou perfurantes, ferimentos causados por queimaduras ou armas de fogo, tortura Violência Física: Entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher. 2 Exemplos: ameaças, humilhação, manipulação, isolamento (proibir de estudar, viajar ou de falar com amigos e parentes), vigilância constante, perseguição contumaz, insultos, chantagem, exploração, limitação do direito de ir e vir, ridicularização, tirar liberdade de crença, distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em dúvida sobre sua memória e sanidade. Violência Psicológica: É considerada qualquer conduta que: cause dano emocional e diminuição da autoestima; prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento da mulher; ou vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões. 3 3 Exemplos: Estupro, obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto ou repulsa, impedir o uso de métodos contraceptivos ou forçar a mulher a abortar, forçar matrimônio, gravidez ou prostituição por meio de coação, chantagem, suborno ou manipulação, limitar ou anular o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher Violência Sexual: Trata-se de qualquer conduta que constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força. 4 Exemplos: Controlar o dinheiro, deixar de pagar pensão alimentícia, destruição de documentos pessoais, furto, extorsão ou dano, estelionato, privar de bens, valores ou recursos econômicos, causar danos propositais a objetos da mulher ou dos quais ela goste. Violência Patrimonial: Entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. 4 5 Exemplos: Acusar a mulher de traição, emitir juízos morais sobre a conduta, fazer críticas mentirosas, expor a vida íntima, rebaixar a mulher por meio de xingamentos que incidem sobre a sua índole, desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir. Violência Moral: É considerada qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. Indicadores de violência contra mulher Transtornos crônicos, vagos e repetitivos. Entrada tardia no pré-natal. Companheiro muito controlador; reage quando separado da mulher. Infecção urinária de repetição (sem causa secundária). Dor pélvica crônica. Síndrome do intestino irritável. Transtornos na sexualidade. Complicações em gestações anteriores, abortos de repetição. Depressão. Ansiedade. Dor crônica em qualquer parte do corpo ou mesmo sem localização precisa. Dor que não tem nome ou lugar. História de tentativa de suicídio. Lesões físicas que não se explicam de forma adequada. Fibromialgia. Acolhimento O atendimento deve ser realizado preferencialmente por uma mulher. Oferecer atendimento humanizado. Tratar a paciente como gostaria de ser tratado. Tratar a usuária com respeito e atenção. Disponibilizar tempo para uma conversa tranqüila. Manter sigilo das informações. Proporcionar privacidade. Notificar o caso. Colocar-se no lugar da paciente. Evitar a revitimização. Não fazer perguntas indiscretas. Não emitir juízo de valor. Afastar culpas. Validar sofrimento. Ter conduta profissional frente à demanda do usuário, correspondendo às suas expectativas e necessidades. 5 PRONTUÁRIO SOAP SUBJETIVO Dados de identificação: Nome completo, data de nascimento, raça/cor (autodeclarada), orientação sexual, identidade de gênero. Dados sobre a ocorrência: Data, horário, local da ocorrência. Tipo de violência, relação do agressor com a vítima, se é violência de repetição, se houve ameaças, se foi forçada a usar álcool, drogas ou medicamentos. História ginecológica pregressa: Data da menarca, DUM, coitarca, se está gestante, se faz uso de método contraceptivo. Se houve penetração, qual tipo? (Vaginal, anal ou oral), se houve ejaculação, se o agressor fez uso de preservativo, se houve contato com alguma parte do corpo que não os órgãos geniais. Se tomou banho ou trocou de roupa após a agressão. Se teve relação sexual consentida em data próxima a violência sexual. Em caso de violência sexual, perguntar: 6 PRONTUÁRIO SOAP OBJETIVO Antropometria (Peso) Sinais Vitais Estado clínico geral Descrever com detalhes as lesões encontradas (tipo, aspecto, tamanho, localização e etc.) Coleta de materiais e vestígios: Swab vaginal, anal e oral armazenado em papel filtro. VIOLÊNCIA SEXUAL 7 PRONTUÁRIO SOAP OBJETIVO Estado clínico geral Descrever com detalhes as lesões encontradas (tipo, aspecto, tamanho, localização e etc.) VIOLÊNCIA FÍSICA 8 AVALIAÇÃO Desesperança Dor crônica Distúrbio da imagem corporal Insônia Isolamento social Medo DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM PLANO Até 72 horas após a ocorrência da violência sexual, iniciar profilaxia das DST/AIDS, Hepatite B e de gravidez (quando necessário). VIOLÊNCIA SEXUAL PRONTUÁRIO SOAP 9 PLANO Orientar a paciente no sentido de comparecer à Delegacia de Polícia para registrar ocorrência e, a partir daí, encaminhá-la para o exame pericial do IML, pois a comprovação do espermatozóide é feita até 12 horas após o coito anal e até 48 horas após o coito vaginal. Se a agressão ocorreu quando a vítima estava indo (ou vindo) para (do) o trabalho, orientar para fazer ocorrência de acidente de trabalho. Encaminhar para o Centro de Saúde referência em DST/AIDS mais próximo da residência ou trabalho, a fim de adquirir o restante das medicações anti- retrovirais, preservativos e fazer acompanhamento com médico (ginecologista, clínico ou infectologista). Encaminhar, para acompanhamento social e psicológico. A Rede de Saúde do DF possui os seguintes serviços de atendimento psicossocial: Programa Violeta – HRAS e Programa Margarida – HRAN. VIOLÊNCIA SEXUAL PRONTUÁRIO SOAP 10 PLANO Orientar a paciente no sentido de comparecer à Delegacia de Polícia para registrar ocorrência e, a partir daí, ser encaminhada ao exame pericial do IML. Solicitar retorno e encaminhá-la para os Programas de Prevenção e Atendimento aos Acidentes e Violências – PAVs – das Regionais, objetivando fortalecer a paciente para que ela saia da dinâmica abusiva. Encaminhar a paciente para acompanhamento social e psicológico. A Rede de Saúde do DF possui os seguintes serviços de atendimento psicossocial: Programa Violeta – HRAS e Programa Margarida – HRAN. Encaminhar para a Rede Intersetorial – Conselho dos Direitos da Mulher, CREAS, CRAS e serviço de apoio jurídico. Após a denúncia, a mulher terá direito à Casa-Abrigo e ao Núcleo de Atendimento às Famílias e Autores de Violência Doméstica. VIOLÊNCIA FÍSICA PRONTUÁRIO SOAP 11 PLANO Orientar a paciente e familiares. Encaminhar para a Rede Intersetorial – Conselho dos Direitos da Mulher, CREAS, CRAS e serviço de apoio jurídico etc. Encaminhar a mulher para acompanhamento psicossocial. A Rede de Saúde do DF possui os seguintes serviços de acompanhamento psicológico e social: Programa Violeta – HRAS, Programa Margarida – HRAN. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA SEXUAL PRONTUÁRIO SOAP 12 NOTIFICAÇÃO FÍSICA PSICOLÓGICAPreencher e dar andamento às 2 (duas) vias da Ficha Única de Notificação. Anexar uma via ao prontuário. Encaminhar a paciente e uma via da Ficha ao Serviço Social para intervenção e posterior encaminhamento da Ficha ao Sistema de Informação da SES/DF Preencher e dar andamento às 2 (duas) vias da Ficha Única de Notificação. Anexar uma via da Ficha ao prontuário e a outra encaminhar ao Serviço Social ou ao Programa de Prevenção e Atendimento às Vítimas de Violência – PAV para sua intervenção e posterior encaminhamento ao Sistema de Informação da SES/DF Preencher e dar andamento às 2 (duas) vias da Ficha Única de Notificação. Anexar uma via da Ficha ao prontuário. Orientar a mulher a fazer a denúncia na DEAM ou outra Delegacia de Polícia. Encaminhar uma via da Ficha de Notificação ao Serviço Social ou ao Programa de Prevenção e Atendimento às Vítimas de Violência – PAV para sua intervenção e posterior encaminhamento ao Sistema de Informação da SES/DF. NOTIFICAÇÃO É OBRIGATÓRIA! REFERÊNCIAS 13 BRASIL. Norma técnica atenção humanizada às pessoas em situação de violência sexual com registro de informações e coleta de vestígios. 1° Edição. Brasília, 2015 SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL. Manual para atendimento às vítimas de violência na rede de saúde pública do DF. Brasília, 2009 INSTITUTO MARIA DA PENHA. Tipos de Violência. Disponível em: https://www.institutomariadapenha.org.br/lei- 11340/tipos-de-violencia.html Acesso em 10/08/2021 BRASIL. Rede de Enfrentamento à violência contra Mulheres. Brasília, 2011 EUGÊNIO C. M. M. Sistemazação da assistência de enfermagem a uma mulher vítima de violência doméstica: relato de experiência. Revista Norte Mineira de Enfermagem, 2018.
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