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INTRODUÇÃO ALIMENTAR D R A . D E N I S E L E L L I S POR QUÊ? QUANDO? COMO? ONDE? POR QUEM? O QUE? Os primeiros anos de vida são importantes hoje, mas serão ainda mais importantes amanhã porque sabemos que saúde no início da vida é um grande determinante da saúde do “futuro adulto”. O grande objetivo da introdução de novos alimentos na vida do bebê nos dias de hoje, vai muito além de garantir sua saúde nutricional. Nossa meta é garantir que no futuro crianças e adultos atinjam seu potencial nutricional por meio de uma relação saudável com a comida e do respeito pelos vários papeis que os alimentos desempenham na vida de cada pessoa, de cada família e de cada cultura. Este guia é um complemento das consultas pediátricas e das importantes trocas de ideias e informações que vão construir uma introdução alimentar individualizada e alinhada com valores e expectativas de cada família. Afinal, a alimentação infantil, de acordo com estudos científicos recentes, é o componente modificável mais importante na prevenção das doenças crônicas do adulto, das dificuldades alimentares e da obesidade infantil. A ciência também já provou que pais e cuidadores funcionam como modelos de comportamento alimentar e que cabe a nós o exemplo que garante a construção de hábitos saudáveis e duradouros para que os bebês se tornem bons comedores no futuro. Vocês pais e cuidadores são as peças chave em todo processo alimentar da criança. E cada etapa é importante! Cada detalhe importa na construção da relação com a comida. O alimento oferecido, o local escolhido, os utensílios usados, a forma de interação do cuidador com o bebê na hora da oferta do alimento, tudo isso ajuda a criança a ganhar mais ou menos confiança no processo de aprendizado alimentar. Por isso é preciso estudar um pouco para que expectativas muitas vezes incompatíveis com a realidade não atrapalhem esse momento tão delicado e importante. A leveza da introdução alimentar influenciará positivamente nas futuras escolhas e preferências alimentares do bebê. INTRODUÇÃO ALIMENTAR A introdução alimentar se inicia geralmente a partir dos 6 meses quando o lactente desenvolve habilidades motoras suficientes para sustentar a cabeça e o tronco, sentar sem apoio, deglutir alimentos pastosos e segurar objetos com as mãos para posteriormente aprender a se alimentar com o auxílio da colher. Crianças que nasceram prematuras precisam ter sua prontidão neurológica respeitada e muitas vezes precisam iniciar o processo mais tare. Aos 6 meses eles são muito curiosos e exploram tudo a sua volta. Por isso, é importante deixar a criança pegar os alimentos na mão, se sujar e interagir com o alimento. A variedade nas texturas e sabores também oferece um maior número de estímulos e toda essa interação sensorial é fundamental para prevenir as dificuldades alimentares típicas do segundo ano de vida. E por que começar aos 6 meses? Nos primeiros seis meses de vida, o aleitamento materno é a fonte ideal do ponto de vista nutricional, emocional e de estímulo motor. Após os seis meses, o lactente continua em aleitamento materno ou recebendo fórmula infantil, o leite materno passa a não suprir mais as necessidades nutricionais fisiológicas de ferro, zinco, vitamina A e calorias e esses precisam vir dos dos alimentos complementares. Antes de 6 meses os bebês não apresentam preparo motor, intestinal e sensorial para começar a comer. Começar cedo demais pode estar associado a problemas como obesidade e dificuldades alimentares no futuro. Alguns bebês precisam começar a comer antes de 6 meses mas essa sempre deve ser uma decisão conjunta entre a família e o pediatra. Iniciamos com a consistência de papas e purês e vamos evoluindo para alimentos em pequenos pedaços aos 8-9 meses, finger-foods (alimentos para comer com a mão) aos 9-10 meses e finalmente a comida da família com um ano de idade. É importante desde o início, as refeições serem oferecidas à mesa, sem distrações e sempre que possível em família, para que o lactente aprenda desde cedo a participar dessas interações, tão enriquecedoras e importantes para o seu desenvolvimento emocional e psicossocial. FOTO TIRADA DO GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS. A maioria das crianças apresenta uma preferência inata por doces e salgados, e uma recusa inata ao azedo e amargo. Porém sabemos que isso pode ser modificado pelo do aprendizado. O Importante é sempre oferecer uma variedade de alimentos. Mesmo que a criança recuse um alimento inicialmente, ofereça este alimento 8-12 vezes com intervalos de pelo menos uma semana, para que a criança consiga se acostumar com o sabor e a textura aos poucos. Muitas vezes uma “cara feia” não é sinônimo de “não gostar” e sim de adaptação há novas texturas e sabores. A mudança de alimentos favoritos também é comum e faz parte do aprendizado em diferentes fases de desenvolvimento. O importante é NUNCA forçar a criança a comer, substituir alimentos recusados pelos preferidos e distrair a criança para comer. Neste momento é muito importante determinar algumas regras e expectativas/anseios em relação a introdução alimentar para que haja frustrações no processo. Os bebês apresentam uma habilidade nata para a regulação da fome e saciedade. Isso já acontecia durante a amamentação ao seio ou mamadeira. Nesta fase já é possível notar que os bebês apresentam sinais e comportamentos que sugerem que já estão saciados ou que estão com fome. E agora também não será diferente. Precisamos aprender a respeitar esses sinais de fome e saciedade nunca forçando um alimento. O “não comer” deve ser tão natural quanto “o comer”, pois assim respeitaremos a regulação da saciedade da própria criança. ABAIXO ESTÃO ALGUNS SINAIS QUE NOS AJUDAM A RECONHECER A FOME E SACIEDADE: SINAIS AOS 6 MESES Fome Saciedade Choro Inclina-se para frente em direção à colher Segura a mão da pessoa que está oferecendo a comida e abre a boca Interesse ao ver o alimento Atenta à refeição Vira a cabeça ou o corpo Perde interesse na alimentação Empurra a mão da pessoa que está oferecendo o alimento Fecha a boca Parece angustiada ou chora SINAIS DOS 7 AOS 11 MESES Fome Saciedade Inclina-se para a colher ou para o alimento Pega ou aponta para o alimento Fica excitado quando vê o alimento Após os 9 meses, aponta para o alimento Come mais devagar Empurra a comida ou fecha a boca Quer sair da mesa SINAIS DOS 12 AOS 24 MESES Fome Saciedade Combina palavras e gestos para expressar vontade por alimentos específicos. Aponta para os alimentos. Leva o cuidador até o local onde os alimentos são guardados ou preparados. Balança a cabeça sinalizando que não quer mais. Joga o alimento longe. Brinca com o alimento, Sai da mesa. Na nossa percepção, também não existem alimentos proibidos. E sim o equilíbrio entre os diversos grupos alimentares. Devemos, entretanto, sempre que possível evitar as bebidas açucaradas, que são vazias em nutrientes, e os alimentos ultra processados. Esses são os alimentos mais associados a obesidade e seletividade alimentar no futuro. Ao invés de dicotomizar alimentos em “mocinhos” e “vilões” entendemos que o mais importante é construir preferencias com o exemplo e a disponibilidade de alimentos in natura ou minimamente processados. É antagônico chamar por exemplo o chocolate de “vilão” e oferecer esse alimento nas comemorações por exemplo. Por isso, mais importante do que simplesmente proibir é ensinar a criança a ter uma boa relação também com esses alimentos e caso tenha contato com eles após os dois anos é interessanteque ela saiba come-los com moderação se assim desejar. Os ultras processados são os alimentos que recebem adições excessivas de sal, açúcar, gordura e produtos químicos visando aumentar sua conservação ou modificar seu sabor. Até 1 ano de idade, é preconizado evitar alimentos industrializados como bisnaguinhas, gelatinas, bolachas recheadas, refrigerantes, achocolatados, excesso de sal, açúcar e gordura. Estudos recentes comprovam que a alimentação caseira, preparada com ingredientes frescos oferecida principalmente até o primeiro ano de vida, levam a melhores hábitos alimentares no futuro. Conforme as crianças vão crescendo, elas precisam aprender a comer de tudo um pouco, inclusive doces e alimentos menos saudáveis com moderação. Em especial se isso fizer parte dos hábitos culturais de sua família. Estes alimentos estão presentes em nosso cotidiano e saber lidar com eles é tão importante quanto comer frutas e legumes já que é um aprendizado adquirido. Por isso que os alimentos não devem ser taxados como permitidos ou proibidos. Devemos adotar uma postura neutra frente a todos os alimentos para garantir uma relação saudável com a comida. Isso será melhor explicado ao longo das consultas! VAMOS COMEÇAR? LEMBRE-SE QUE VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO. VAMOS FAZER ESSA CONSTRUÇÃO JUNTOS, NOSSAS METAS ESTÃO LÁ NO FUTURO. GUIDELINE ALIMENTAR PARA TODAS AS CRIANÇAS Sentar-se à mesa participando das refeições em família Deixar a criança interagir com a comida – “tolerar a bagunça”, própria da faixa etária Estimular as habilidades motoras finas para se alimentarem sozinhos Comer sem distração, respeitando a fome e a saciedade Limitar as refeições para 20-30 minutos Propiciar 4-6 refeições/lanches ao dia, com água nos intervalos Preferir as frutas in natura ao invés dos sucos Despertar a curiosidade e uma boa relação com a comida Não substituir o alimento por uma mamada ou fórmula infantil Comer 4-5 porções de frutas ou verduras / legumes ao dia 1 hora de exercício físico moderado ao dia Evitar bebidas açucaradas, alimentos ultraprocessados Evitar ao máximo Tela (TV, celular, tablet) até os dois anos. Limitar a 1 hora por dia dos 2-5 anos, e 2 horas por dia a partir dos 6 anos Esse quadro envolve várias teorias. A mais importante delas é a teoria da Divisão de responsabilidade. Basicamente essa teoria sugere que pais e filhos têm responsabilidades diferentes na hora refeição. Cuidadores decidem O QUE, COMO e ONDE a criança deve comer e criança decide SE e o QUANTO vai comer. Basicamente um não deve interferir na responsabilidade do outro. Ou seja, a criança não deve decidir o que vai ser servido, nem o lugar e o horário onde vai comer e o cuidador não deve lançar mão de comportamentos que aumentem a aceitação da criança de forma “artificial”. Os comportamentos mais comuns e mais prejudiciais que os pais usam para aumentar a ingesta das crianças são: FORÇAR, SUBSTITUIR e DISTRAIR que são os comportamentos mais relacionados a problemas alimentares no futuro FORÇAR: Nem sempre é fácil perceber que você está forçando se filho a comer. Mas frases como “se não comer tudo não tem sobremesa”, “tem que limpar o prato”, “coma tudo se não tem televisão”, na verdade estão desrespeitando os sinais de fome e saciedade do bebê. Forçar a criança fisicamente a comer ou usar de métodos como fazê-la rir ou abrir a boca por outro motivo e colocar a colher na boca dela, pode levar a sérios problemas de aceitação alimentar no futuro. SUBSTITUIR: É comum que a criança aceite mais alguns alimentos do que outros e nossa tendência é oferecer mais o que ela gosta porque é “mais fácil”. Ou ainda oferecer o que o bebê gosta quando ele recusa determinado alimento. Entretanto substituir o alimento que ele recusa pelo alimento preferido dele é muito ruim porque isso tira a chance dele se adaptar aos novos alimentos. Mesmo que ele não aceite nada tente não substituir e espere a próxima refeição, isso vai ajudá-los a entender melhor sua sensação de fome o que pode motivar novas tentativas alimentares. Resumindo a melhor forma de oferecer os alimentos é colocar o prato na frente do bebê, ajudá-lo, deixá-lo interagir com os alimentos e comer junto com ele. Seu modelo e a interação de vocês na hora da refeição são extremamente valiosos na construção dos bons hábitos alimentares. DIVISÃO DE RESPONSABILIDADE - REGULAÇÃO DO APETITE DISTRAIR: Em especial o uso de telas para distrair a criança na hora da refeição é prejudicial. Ela pode até comer mais no início, mas não aprenderá a perceber seus sinais de fome e saciedade e você pode estar construindo o comportamento de comer na frente da tela. Futuramente a criança podem ter este hábito e sempre que a tela for ligada ela entende que precisa comer alguma coisa. O QUE QUANDO COMO “SE” E QUANTO RESPONSÁVEL CRIANÇA PAPA DE FRUTAS A introdução da papa de frutas tem o objetivo de iniciar o contato do seu bebê com alimentos sólidos além de aumentar a oferta de vitaminas e minerais. Recomendamos iniciar com a pêra Williams ou pêra Packham’s Triumph, por ser uma fruta de boa digestibilidade e fácil aceitação. Mantenha a mesma fruta por pelo menos 3 dias para que possamos controlar eventuais reações alérgicas. Depois disso você pode variar as frutas. Prefira sempre as frutas da estação pois são mais saborosas e necessitam de menos agrotóxicos nestes períodos. Evitamos oferecer inicialmente a UVA, KIWI, MORANGO, ABACAXI devido a sua acidez e maior chance de dermatite peri-oral. Mas nenhuma fruta é proibida desde o primeiro dia. Você mesmo pode escolher. A papa de frutas é feita com a frutinha raspada, amassada para a consistência de um purê. Evite usar Mix ou liquidificador. Conhecer a consistência das frutas e a sua textura fazem parte do aprendizado da alimentação. Bater demais a fruta faz com que sua consistência fique líquida demais e isso prejudica o desenvolvimento motor oral do bebê. O horário da primeira papa deve ser individualizado com base nos horários regulares de mamada do bebê. Em geral funcional dar a primeira papa de fruta após a primeira mamada da manhã, por volta das 9-10hs. SUGESTÕES DE FRUTAS: Abacate Cereja Laranja Maracujá Pêra Acerola Figo Maça Melancia Pêssego Banana Goiaba Mamão Melão Tangerina Caqui Graviola Manga Nectarina Lichia Ameixa Morango Abacaxi Nêspera Amora Kiwi Uva Carambola Pitaya Framboesa INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS Na segunda semana, se a aceitação estiver boa, introduziremos a segunda papinha de fruta à tarde sempre individualizando os horários. A quantidade a ser oferecida varia conforme a fruta. Uma porção é equivalente a uma unidade da fruta, como no caso da pêra, maçã, banana. Outras podem ser porcionadas com a ajuda de medidas como no caso do mamão, melão, melancia. Porém, a quantidade aceita pelo bebê vai ser variável e aumentar gradativamente. Não se preocupe com a quantidade e sim com a variedade e com o respeito pelos sinais de fome e saciedade do seu bebê. Ofereça os alimentos sempre com seu bebê sentado à mesa, com uma colher, sem distrações e deixando que seu bebê interaja com os alimentos. Deixá-lo interagir significa deixá-lo mexer na comida enquanto você oferece os alimentos e isso pode envolver alguma bagunça e alguma sujeira. Mas lembre-se, vale a pena! Essa interação agora protege o bebê de futuras dificuldades alimentares no futuro. É importante criar o hábito de ter as refeições à mesa desde o início como comentado anteriormente. Deixe a criança com uma colherinha e um pratinho comum pouco da papinha para ela interagir com a comida mexendo, amassando, lambendo e até jogando no chão. E novamente, procure tolerar a bagunça e a sujeira. Faz parte do seu aprendizado e do seu desenvolvimento. Não estranhe se seu bebê cuspir as primeiras colheradas. Não significa que ele não gostou, ele apenas está se acostumando com a consistência, textura, sabores e com os novos movimentos que ele precisa aprender a fazer com a boca além da sucção que ele já conhecia. Inicialmente, evite misturar as frutas para que seu bebê conheça os sabores de cada fruta individualmente. Não há necessidade de adoçá-las. ATENÇÃO: ÁGUA: Com a introdução da alimentação complementar, é importante que o bebê tome água nos intervalos das papas e das mamadas. Ofereça água filtrada, o quanto ele aceitar, de agora em diante nesses intervalos. COMO FICARÁ A ALIMENTAÇÃO: 1ª SEMANA Ao acordar Leite Materno ou Fórmula Infantil 9-10hs Papinha de frutas 12-13hs Leite Materno ou Fórmula Infantil 15-16hs Leite Materno ou Fórmula Infantil 18-19hs Leite Materno ou Fórmula Infantil 21-22hs Leite Materno ou Fórmula Infantil Observe que o hábito intestinal do seu bebê pode mudar de cor e consistência agora que a dieta dele não será constituída somente de leite. A constipação é comum nas primeiras semanas e alguns bebês podem voltar a ter cólica. Converse com seu pediatra porque existem várias medidas que podem aliviar esse sintoma dependendo de quando e como ele aparecer. 2ª SEMANA Ao acordar Leite Materno ou Fórmula Infantil 9-10hs Papinha de frutas 12-13hs Leite Materno ou Fórmula Infantil 15-16hs Papinha de frutas 18-19hs Leite Materno ou Fórmula Infantil 21-22hs Leite Materno ou Fórmula Infantil Novidade da semana: Papinha de fruta de manhã. Novidade da semana: Introdução da segunda papinha de fruta (de tarde). REFEIÇÃO PRINCIPAL A refeição principal, ou papa salgada será a principal fonte de nutrientes, fibras e ferro da dieta do seu bebê. Começaremos a oferecê-la a partir da terceira semana da introdução complementar. Nos primeiros dias, ofereça a papinha de partida que tem digestão mais fácil e rápida e uma consistência mais próxima das frutas que ele já conhece. Ela entrará na hora do almoço, substituindo uma mamada. Ofereça cerca de meia xícara de chá ou meio prato infantil. PAPINHA DE PARTIDA INGREDIENTES uma mandioquinha média meia cenoura média duas folhas de alface um pedaço pequeno de cebola uma pitada de sal uma colher de café de azeite ou azeite extra virgem PREPARO Lave bem a cenoura, a mandioquinha e as folhas de alface e descasque os legumes. Em uma panela, coloque o suficiente de água filtrada para cozinhar os ingredientes e leve a fervura. Coloque a cenoura, a mandioquinha, a alface, a cebola, o sal e o azeite na água fervente e cozinhe até que fiquem bem macios. A panela de pressão pode ser usada para agilizar a cocção. Amasse todos os ingredientes com um garfo, evite usar o liquidificador ou mix. Acrescente a salsinha, se desejar, e espere esfriar até a temperatura ambiente para morno. Ofereça à mesa, com uma colher. Caso o bebê não aceite a papa, não force e mais importante, não substitua por leite. Apenas adiante o horário da próxima refeição. Ofereça água log após a papinha porque alguns bebês sentem falta do volume que o leite proporciona e isso pode ajudá-lo a se sentir mais saciado. 30 ml são suficientes. Após 3 dias, passe para a papinha completa. A refeição principal – almoço ou jantar, poderá ser preparada de duas maneiras. A família decide. Ela pode ser preparada como uma papinha, como na papinha de partida, ou oferecida como alimentos separados, mantendo a textura de purê. Neste caso, cada alimento será preparado separadamente e oferecido separadamente no prato. Você pode pensar que vai dar mais trabalho, mas dessa forma o bebê pode compartilhar mais rápido da comida da família. O bebê vai comer a mesma comida da casa, claro que com apenas o mínimo de sal (separar a porção do bebê antes de temperar para o resto da família). Assim, ele vai se adaptando desde dos primeiros dias aos sabores e texturas individuais de cada alimento. Esta também é uma forma de ajudar a família a reduzir a quantidade de sal da deita de todos. A refeição principal deve conter pelo menos 1 alimento de 4 grupos diferentes. Varie sempre para oferecer mais sabores ao seu bebê. Lembre-se de tomar cuidado com excesso de alimentos ricos em betacaroteno, ou seja, aqueles alimentos que são muito cor de laranja ou amarelos. Por exemplo mamão, beterraba, abóbora e cenoura. O excesso de betacaroteno pode deixar seu bebê amarelo em especial nas palmas e plantas e nas cartilagens. CARBOIDRATOS LEGUMES E VERDURAS CARNES E OVOS LEGUMINOSAS Batata Batata-doce Mandioca Mandioquinha Cará Inhame Milho Arroz (branco/integral) Macarrão Farinha de trigo Aveia Quinoa Abobrinha Chuchu Couve-flor Brócolis Berinjela Quiabo Cenoura Abóbora Beterraba Pimentão Espinafre Couve Acelga Tomate Carne bovina Carne de frango Carne suína (cortes magros) Peixe Ovos Feijão de todos os tipos Lentilha Ervilha Grão-de-bico Soja PAPINHA COMPLETA QUANTIDADES Os azeites para o preparo devem entrar na proporção de 3 a 3,5ml para cada 100gr De preparação. A carne, na quantidade de 25 a 35gr/refeição. Espere até o sétimo mês para introduzir as leguminosas na papinha pois podem dar mais gases junto com a adaptação a nova alimentação. Até lá, coloque 2 legumes, procure não ser dois ricos em betacaroteno para que o bebê não fique amarelinho como por exemplo, cenoura e abóbora! Uma forma de reduzir os gases causados pelos feijões é coloca-los de molho por 24 horas. Isso reduz a quantidade de fitato nesses alimentos que tanto causam gases quanto prejudicam a absorção de ferro. PARA A PAPINHA – MISTURADA Cubra os ingredientes com água filtrada e cozinhe na panela comum ou na panela de pressão por cerca de 20 minutos ou até que fiquem bem macios. Tempere com salsinha, ou outros temperos naturais, uma pitada de sal e um fio de azeite extra virgem. Na hora de servir, amasse bem com o garfo e ofereça ao seu bebê. Se houver necessidade, triture a carne e misture à papinha. Após a papa principal, ofereça meia fruta de sobremesa. Lembre-se nunca force! Respeite os sinais de saciedade do seu bebê. Caso ele não coma bem em uma refeição ela compensará na próxima. PARA OS ALIMENTOS SEPARADOS O ideal é seguir o conceito do Prato Saudável, nestas proporções da foto. Esta proporção também pode ser usada para a papinha. A papa ou o alimento separado poderão ser guardados na geladeira por 3 dias ou congelados em freezer por um mês. Porém, lembre-se que o congelamento leva a maior perda de nutrientes, além de sabor. A apresentação de reações na pele, como placas vermelhas, inchaço nos olhos e lábios, vômitos e fezes amolecidas podem ser sinais de alergia alimentar e devem ser comunicados ao pediatra imediatamente. As mudanças de consistência da papinha vão ser sempre discutidas na consulta, então não se preocupe. COMO FICARÁ A ALIMENTAÇÃO: 3ª SEMANA Ao acordar Leite Materno ou Fórmula Infantil 9-10hs Papinha de frutas 12-13hs Papinha de partida: 3 dias/Papinha Completa 15-16hs Papinha de frutas 18-19hs Leite Materno ou Fórmula Infantil 21-22hs Leite Materno ou Fórmula Infantil 4ª SEMANA Ao acordar Leite Materno ou Fórmula Infantil9-10hs Papinha de frutas 12-13hs Papinha Completa + ½ fruta de sobremesa 15-16hs Leite Materno ou Fórmula Infantil 18-19hs Papinha Completa + ½ fruta de sobremesa 21-22hs Leite Materno ou Fórmula Infantil Novidade da semana: Introdução da papinha de partida por 3 dias depois a completa. Novidade da semana: .+½ fruta no almoço .LM ou FI no lanche .Introduz papinha completa no jantar. MEL: Deve ser evitado no primeiro ano de vida devido ao risco de contaminação pela bactéria Clostridium botulinum. OVO: Pode ser introduzido tanto a clara como a gema do ovo cozidos a partir dos 6 meses LEITE DE VACA E DERIVADOS: O recomendado pela SBP, é que o leite de vaca seja introduzido na dieta infantil somente a partir de 1 ano. Até lá a fonte de leite deverá vir do leite materno ou fórmula infantil, por ser mais adequado. Leite de vaca e derivados podem sobrecarregar o rim do bebê neste período. Eles são, entretanto, permitidos em pequenas quantidades no preparo das refeições principais. PEIXE E FRUTOS DO MAR: Os frutos do mar são famosos por serem comidas alergênicas. A recomendação atual é que pode ser introduzida a partir dos 6 meses. O ideal, é sempre introduzir um de cada vez para avaliar possíveis reações. Em bebês de famílias com histórico de reações alérgicas mais graves, estes devem ser individualizados por nós. CARNES CRUAS OU MALPASSADAS: Estes não devem ser introduzidos ao bebê pelo risco de contaminação. NOZES E CASTANHAS: São poucos os estudos a respeito das nozes e castanhas. Os maiores estudos são em relação ao amendoim. Estudos mostram que a introdução do amendoim em crianças sem risco para alergia reduz a chance de alergias futuras. Sempre introduzir com parcimônia para a avaliação de possíveis reações alérgicas. DOCES: A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda não oferecer doces antes de 1 ano de idade. A principal razão é pelo fato que estamos treinando o paladar das crianças. Como mencionado anteriormente, nenhum alimento é proibido. O que precisamos ensinar é o equilíbrio destes alimentos na alimentação. Desde que seja consumido com moderação, não há risco algum para a saúde. SUCOS: A Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Pediatria desaconselham a introdução de suco natural na dieta dos pequenos, pelo menos até o primeiro ano de vida. Os sucos podem prejudicar a aceitação da fruta in natura, por serem mais fáceis de consumir, além de facilitarem a transição para os sucos de caixinha cheios de açucares, conservantes e corantes no futuro. A papa de frutas possui maior densidade energética por volume e melhor qualidade nutricional devido às suas fibras. No Suco há um aporte calórico maior, pelo fato de fazermos o suco com várias frutas (por exemplo suco de 2-3 laranjas), uma quantidade maior do que o bebê de fato conseguiria consumir. Esse açúcar a mais predispõe a um maior acúmulo de gordura corporal. ALIMENTOS “POLÊMICOS” TEMPEROS: O Ministério da sáude indica o sal com moderação, já a SBP recomenda que não seja adicionado sal nenhum. Porém o sal não tem apenas a função de salgar os alimentos e sim de juntar os sabores. Logo, a refeição principal pode ter uma pitadinha de sal além das ervas frescas e dos legumes aromáticos como a cebola e o alho. Os alimentos podem ser refogados ou assados com uma colher de chá de azeite extra-virgem ou manteiga sem sal para adicionar sabor também. Temos que lembrar que estamos introduzindo o bebê a novos sabores. É importante ele já sentir o sabor da comida bem temperadinha. DICAS DE PREPARO: A comida feita na hora é mais saborosa e com menor perda dos nutrientes. Entretanto, na correria do dia a dia, isso nem sempre é possível. Portanto, para facilitar a nossa vida, os alimentos ou papinhas podem ser congelados para uso posterior. No congelador eles podem ficar até 3 meses, porém o ideal é 1 mês. Sempre tirar na véspera e deixar descongelar na geladeira. Depois de descongeladas, as papinhas podem ficar até 3 dias na geladeira. Após o preparo, separe em porções fracionadas e congele imediatamente para não contaminar. Para aquecer, o ideal é na panela. Porém, caso for necessário, usar o micro-ondas com cuidado, pois ele pode superaquecer os alimentos e queimá-los por dentro sem você perceber. O Truque é aquecer aos poucos e ir mexendo até chegar na temperatura ambiente-morna. RECIPIENTES PARA CONGELAR: O ideal são recipientes pequenos que caibam uma porção, assim não há desperdício na hora de descongelar. Os recipientes mais indicados são de vidro pois os potinhos vão da geladeira para a panela para descongelar em banho maria. Outra maneira prática seria armazenar em forminhas de cubinhos de gelo. Assim você também consegue tirar apenas o que vai usar para cada refeição. Veja o que for mais fácil para você! OUTRAS DICAS: Sugerimos o livro “Comida de Bebê” da autora e chef Rita Lobo. Além de receitas práticas ela ensina também a aproveitar o mesmo alimento das papinhas, mas em preparações diferentes para a família toda. Muito legal! Caso houver alguém interessado em alimentação para bebês e crianças vegetarianas também sugerimos o “Guia Alimentar para a família” do departamento de saúde e nutrição da Sociedade vegetariana Brasileira. Seguem abaixo também algumas receitas do Manual de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. PAPA DE MANDIOQUINHA, CENOURA E FRANGO INGREDIENTES 2 colheres de sopa de frango picado e sem pele 1 colher de sobremesa de azeite extra-virgem ½ “dente” de alho 1 colher de cha ́ de cebola 2 mandioquinhas me ́dias picadas 2 colheres de sopa de cenoura ralada 2 colheres de sopa de acelga picada 2 copos me ́dios de água PREPARO Numa panela colocar o frango, alho, cebola e um pouco da água. Deixe cozinhar até que o frango fique quase cozido. Acrescente a mandioquinha, cenoura e o restante da a ́gua. Deixe cozinhar ate ́ que os ingredientes estejam macios e quase sem a ́gua. Acrescente a acelga picada fina, quando estiver cozida, acrescente o azeite. Amasse com o garfo e oferecer a ̀ crianc ̧a. RECEITAS NOSSA DICA ICA NOSSA DICA ICA PAPA DE BATATA, ALMEIRA ̃O E PEIXE INGREDIENTES ½ file ́ médio de peixe picado 1 colher de sopa de azeite extra-virgem ½ “dente” de alho 1 colher de cha ́ de cebola 1 batata me ́dia picada 3 folhas médias de almeira ̃o 1 colher de sopa de tomate picado 2 copos me ́dios de água PREPARO Numa panela colocar todos os ingredientes e a a ́gua. Deixe cozinhar ate ́ que os ingredientes estejam macios e quase sem a ́gua, acrescentar o azeite. Amassar com o garfo e oferecer a ̀ criança. Observaço ̃es: prefira os peixes que na ̃o têm espinhas. Se na ̃o for possível, retire-as com muito cuidado! PAPA DE FUBÁ, ESCAROLA E CARNE INGREDIENTES 2 colheres de sopa de carne de boi moi ́da 1 colher de sobremesa de azeite extra-virgem ½ “dente” de alho 1 colher de cha ́ de cebola ralada 3 colheres de sopa de fubá 3 folhas médias de escarola picada 1 colher de sopa de tomate picado 2 copos me ́dios de água PREPARO Numa panela colocar todos os ingredientes, exceto o fubá que deve ser acrescentado misturado com um pouco de a ́gua. Deixe cozinhar, sem parar de mexer. Acrescente o azeite, amasse com o garfo e oferecer a ̀ crianc ̧a. PAPA DE CARÁ, QUIABO E FRANGO INGREDIENTES 2 colheres de sopa de carne de frango sem pele picado 1 colher de sobremesa de azeite extra-virgem ½ “dente” de alho 1 colher de cha ́ de cebola ralada 1 cará médio(150 g) 1 colher de sopa de quiabo picado 1 colher de sopa de feija ̃o cozido (grão e caldo) 2 copos médios de água PREPARO Colocar o frango, alho e cebola em uma panela, com um pouco da a ́gua, deixe cozinhar ate ́ que fiquem bem macios. Acrescente os outros ingredientes, exceto o feija ̃o. Deixe cozinhar ate ́ que os ingredientes estejam macios e quase sem a ́gua. Colocar no prato e adicionar o feija ̃o cozido e o azeite. Amassar com o garfo e oferecer a ̀ crianc ̧a. A introdução alimentar um processo, uma construção e não um momento. Trabalhe com feedbacks com seu pediatra. Fotos, vídeos, conversas entra as consultas podem ajudar muito. O processo dura pelo menos 18 meses já que as dificuldades alimentares e a obesidade infantil costumam aparecer após os 18 meses. Sempre é tempo de pequenos ajustes que podem ter grandes e positivas repercussões no futuro. PAPA DE MANDIOCA, ABOBRINHA E CARNE MOI ́DA INGREDIENTES 2 colheres de sopa de carne de boi moi ́da 1 colher de sobremesa de azeite extra-virgem ½ dente de alho 1 colher de cha ́ de cebola ralada 2 pedaços médios de mandioca cozida (140 g) 1 abobrinha pequena 1 folha de couve picada 2 copos me ́dios de água PREPARO Numa panela colocar a carne moída, alho, cebola e um pouco da a ́gua. Deixe cozinhar ate ́ que a carne fique quase cozida. Acrescente a abobrinha e o restante da a ́gua. Deixe cozinhar ate ́ que os ingredientes estejam macios e quase sem a ́gua. Acrescente a couve picada fina, quando estiver cozida, acrescente a mandioca cozida e o azeite. Amassar com o garfo e oferecer a ̀ crianc ̧a. DENISE LELLIS @dradeniselellis www.dradeniselellis.com.br Mãe da Mariana e do Miguel. Pediatra com título de especialista pela SBP. Doutorado pelo HC-FMUSP. Pós-Graduação em Nutrologia pelo Instituto da Criança e ABRAN. Pediatra da Liga de Obesidade Infantil do HC-FMUSP. Membro do departamento de Obesidade infantil da ABESO. Membro do American College of Lifestyle Medicine. Pós-Graduação em Nutrição Pediatrica pelo Boston University School of Medicine. AGRADECIMENTOS: Agradecimento especial a Dra. Carina Maria Zillo Lorenzetti por ter participado da primeira versão desse material. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1.ESPGHAN Committee on Nutrition. Complementary Feeding: A Commentary by the ESPGHAN. Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition 46:99–110 2. Canada’s Dietary Guideline for Health Professionals and Policy Makers. January 2019 ISBN: 978-0-660-25310-7│ 3. Guia alimentar para a populac ̧ão brasileira. Ministe ́rio da Sau ́de, Secretaria de Atenc ̧ão à Saúde, Departamento de Atenc ̧ão Básica. 2.ed., 1. reimpr. Brasi ́lia: Ministe ́rio da Sau ́de; 2014. │4. Manual de Orientação do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria 3ª edição. 201 │ 5. Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção de Saúde. 2019. http://www.dradeniselellis.com.br/ CAPA INTRODUÇÃO ALIMENTAR FINAL CORPO - INTRODUÇÃO ALIMENTAR - VF COMPLEMENTO - INTRODUÇÃO ALIMENTAAR - VF CORPO - INTRODUÇÃO ALIMENTAR - VF
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