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1 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTE Talita Daniele Alves Gomes Caldeira 2 Talita Daniele Alves Gomes Caldeira Pós-Graduada Lato Sensu em CULTURA E LITERATURA pela Faculdade de Educação São Luís. Graduada no Curso de Artes/Licenciatura em Música pela Universidade Estadual de Montes Claros. Atualmente atua como professora da disciplina ARTE na educação básica na cidade de Ipatinga na rede privada e pública. Fundamentos e Metodologia do Ensino de Arte 1ª edição Ipatinga – MG 2020 3 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científicos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 4 SUMÁRIO CONCEITO, DEFINIÇÕES DA ARTE E EXPERIÊNCIAS ARTÍSTICAS.......... 8 1.1 O QUE SIGNIFICA ARTE? ..................................................................................... 8 1.2 PERÍODOS DA HISTÓRIA DA ARTE ..................................................................... 10 1.3 EXPERIÊNCIAS ARTÍSTICAS ................................................................................ 11 1.4 FORMAS DE EXPRESSÃO ARTÍSTICA .................................................................. 12 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 18 TENDÊNCIAS DO ENSINO DE ARTE ...................................................... 22 2.1 O ENSINO DE ARTE ............................................................................................. 22 2.2 ENSINO DE ARTE E EDUCAÇÃO ESPECIAL ........................................................ 24 2.3 RELATO DE UM PROJETO ARTÍSTICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA COM INCLUSÃO .............................................................................................................................26 2.3.1 Projeto Arte na Tela – 9º Ano do Ensino Fundamental e 1º Ano Ensino Médio ............................................................................................................................. 26 2.4 ARTE E TECNOLOGIA: NOVAS TENDÊNCIAS DO ENSINO DE ARTE E GAMIFICAÇÃO ............................................................................................................. 28 2.3.2 Como trabalhar mídias digitais dentro da Sala de Aula ............................ 30 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 32 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) ................................... 36 3.1 ANÁLISE DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) - HABILIDADES DO ENSINO DE ARTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA. ................................................................. 36 3.2 ANÁLISE DAS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO ENSINO DE ARTE ATRAVÉS DA BNCC .............................................................................................................................39 3.2.1 Arte na Educação Infantil ................................................................................. 40 3.2.2 Arte no Ensino Fundamental ............................................................................ 42 3.3 LINGUAGENS ARTÍSTICAS PARA TRABALHAR NA EDUCAÇÃO BÁSICA ......... 44 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 49 PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO ..................................................... 53 4.1 PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO – ORGANIZAÇÃO DE CONTEÚDOS, HABILIDADES E COMPETÊNCIAS ......................................................................................................... 53 4.2 DEFINIÇÃO E CONCEITO DE PLANEJAMENTO .................................................... 54 4.3 DAS ETAPAS DO PLANEJAMENTO ........................................................................ 56 4.3.1 Data de Elaboração .......................................................................................... 56 4.3.2 Objetivos de aprendizagem ............................................................................ 56 4.3.3 Habilidades e Competências da aprendizagem ........................................ 57 4.3.4 Materiais para a aula ........................................................................................ 58 4.3.5 Metodologia de ensino para aplicar em uma aula de Arte ..................... 60 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 63 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL ................................................................. 66 5.1 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL SOBRE O CONTEÚDO DE ARTE ......................... 66 5.2 FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL PARA O ENSINO DE ARTE ... 67 5.3 COMO AVALIAR UM ALUNO NA DISCIPLINA ARTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA 68 5.4 TIPOS DE AVALIAÇÕES ...................................................................................... 69 5.5 EXEMPLO DE AVALIAÇÃO REALIZADA EM AULAS DE ARTE ............................ 71 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 76 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 UNIDADE 05 5 PROJETO PEDAGÓGICO ................................................................. 79 6.1 ELABORAÇÃO DE PROJETOS ARTÍSTICOS PEDAGÓGICOS ............................. 79 6.2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES SOBRE PROJETOS PEDAGÓGICOS ...................... 79 6.3 ETAPAS DE PRODUÇÃO DE PROJETO PEDAGÓGICO ...................................... 81 6.3.1 Idealização do Projeto ...................................................................................... 81 6.3.2 Plano de Atividades e Avaliação ................................................................... 83 6.3.3 Espaço, materiais e tempo para realizar um projeto artístico ................... 85 6.4 OPÇÕES DE PROJETOS ARTÍSTICOS EDUCACIONAIS ...................................... 87 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 89 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................... 93 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 94 UNIDADE 06 6 CONFIRA NO LIVRO Nesta unidade veremos alguns conceitos e definições sobre a arte em um contexto histórico geral. Experiências artísticas e formas de expressão serão abordadas de forma conceitual para embasar o conhecimento teórico do processo de ensino aprendizagem na disciplina ARTE. Estudaremos nesta unidade as tendências do ensino de arte na educação básica, o ensino para alunos especiaise a inserção de novas tecnologias em sala de aula baseando em referências educacionais. Nesta unidade analisaremos as competências e habilidades vigentes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino de Arte na Educação Básica no Ensino Infantil e Ensino Fundamental anos iniciais. Serão abordadas ainda as linguagens artísticas que devem ser trabalhadas em sala de aula. Esta unidade orientará o planejamento de atividades com habilidades, competências, metodologias e materiais para a execução das aulas de arte na Educação Básica. As etapas do planejamento de aulas serão orientadas de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Esta unidade irá tratar sobre a importância da avaliação educacional no processo ensino aprendizagem da disciplina ARTE bem como as ferramentas avaliativas que poderão ser utilizadas de diferentes formas e abordagens. Nesta etapa vamos finalizar o nosso estudo compreendendo a importância da elaboração de projetos pedagógicos dentro da disciplina ARTE na Educação Básica. Vamos entender as etapas de um projeto pedagógico para trabalhar conteúdo da disciplina na Educação Infantil e Ensino Fundamental. 7 INTRODUÇÃO A arte é a mais importante concentração de todos os processos biológicos e sociais do indivíduo na sociedade; é um meio de equilibrar o homem com o mundo nos momentos mais críticos da vida. (VIGOTSKI, 1999) A arte está presente na história da Humanidade desde os primórdios como reflexo das atividades sociais e das vivências emocionais dos seres humanos difundindo suas crenças, habilidades e afetividades de diversas formas artísticas. Ao longo da história a arte se transformou diversas vezes em seu contexto e objetividade devido às transformações sociais que ocorreram na sociedade como um todo. Em relatos e descobertas arqueológicos é possível identificar a arte como ferramenta educacional desde a antiguidade através de ilustrações, mosaicos, pinturas murais e músicas onde eram ensinadas regras sociais ou histórias mitológicas, por exemplo. Ao longo do desenvolvimento social humano e das transformações sofridas por todos que habitaram a terra, a arte se tornou uma ferramenta de expressão dos momentos vividos e das sensações e emoções sentidas durante toda a história. Hoje contamos com um grande acervo histórico preservado por instituições competentes a fim de manter as tradições e a nossa memória cultural. Quando pensamos em aula de Arte na escola temos em nossa memória aquilo que vivemos em nosso período escolar com desenhos para colorir, aprender sobre as cores, realizar uma pintura ou até mesmo realizar recortes e colagens ou criação de maquetes. Mas o ensino de arte na educação básica é muito além das lembranças de nossas experiências vividas na escola. O ensino de arte faz parte do processo de desenvolvimento socioemocional, cultural e afetivo de qualquer pessoa desde o ensino infantil até o ensino médio. Através do ensino de Arte é possível trabalhar a emoção, a expressão corporal, o ritmo, o pensamento crítico, o conhecimento da história da humanidade, além de promover o desenvolvimento psicopedagógico de uma criança ou adolescente. Este livro tem como objetivo principal a reflexão sobre a metodologia do ensino de Arte na educação básica bem como as diversas formas de expressão artísticas que podem ser trabalhadas na Educação Básica especificamente no Ensino Infantil, nos Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental. É com grande entusiasmo que convido a todos (as) para esse grande momento de conhecimento e novas ideias sobre o ensino de Arte na Educação Básica! 8 CONCEITO, DEFINIÇÕES DA ARTE E EXPERIÊNCIAS ARTÍSTICAS 1.1 O QUE SIGNIFICA ARTE? A arte tem enorme importância na mediação entre os seres humanos e o mundo [...] (Ana Mae Barbosa). Palavra de origem Latim, Ars(Arte) significa técnica ou habilidade. Forma de expressão do ser humano para demonstrar suas vivências, crenças, habilidades e ou ideias através de desenho, filme, música, escultura, entre outros. Diante de estudos arqueológicos várias pinturas, esculturas e arquiteturas foram encontradas em diversas partes do mundo datadas como expressões artísticas de nossos ancestrais. Através de estudos científicos e analises de obras artísticas de diferentes momentos da sociedade é possível identificar diversos acontecimentos sociais de toda a história. Sobre o ensino de arte durante a história até os dias atuais podemos estabelecer algumas perguntas iniciais: afinal o que é ARTE? Será que para ensinar Arte é preciso algum conhecimento prévio? O conceito de arte para muitos está relacionado a uma obra ou imagem artística. Visto por este conceito a arte é compreendida pela própria obra artística ou pelas etapas de produção da obra. Sem sombras de dúvida, existem obras que foram criadas por grandes nomes da história da Arte que são consideradas verdadeiras obras de Arte como a Mona Lisa de Da Vinci e Davi de Michelângelo. Ao procurarmos a definição da palavra ARTE no Aurélio Ferreira (1999) teremos dezenas de significados voltados para duas interpretações: a arte como objeto seja uma escultura, uma pintura, uma música, um filme e a arte como um processo criativo que se desenvolve a partir de experiências estéticas culturais de cada indivíduo. Assim, podemos entender que arte não consiste em ser determinada por uma obra ou outra, mas como parte do processo de criação de uma identidade cultural de uma pessoa baseada em suas vivências socioemocionais. Sobre o conceito de Arte, Ferreira e Velásquez (2015, p. 39) dizem: UNIDADE 9 [...] podemos nos referir à arte como capacidade de pôr em prática determinadas ideias, de transformar determinados elementos, de criar. Podemos, assim, falar da arte de usar o fogo, da arte de viver ou até mesmo da arte de determinado sujeito, não nos referindo às suas obras, mas à sua capacidade criativa e criadora. Como dito por Velásquez e Ferreira (2015) a arte pode ser entendida como a capacidade de exprimir ideias em um processo criativo referindo-se à capacidade criativa e do desenvolvimento do repertório imagético do aluno nos fazendo entender como educadores a importância da valorização das distintas formas de expressões artísticas dos nossos alunos. Contudo, ao pensarmos no conceito de Arte para realizar uma atividade prática ou teórica com os alunos da Educação Básica, devemos ter um olhar mais aberto e subjetivo, pois a arte está em tudo como as cores de uma roupa, as formas de um móvel, uma música na rádio, uma expressão facial, enfim em diversos meios e formas que podem ser trabalhados para desenvolver um olhar amplo, crítico e criativo de uma criança. Partindo do conceito da Arte como forma de expressão artística em diversas formas é importante perceber como podemos utilizar a arte no ensino de educação básica para promover a interação e o desenvolvimento socioemocional dos alunos durante atividades práticas de Arte. Com o objetivo de desenvolver habilidades diversas atividades como apreciar uma obra artística, elaborar um desenho ou desenvolver um projeto com expressão artística são ações que podem ser elaboradas durante as aulas de Arte com alunos. É possível, portanto, utilizar a arte como ferramenta para impulsionar a expressão criativa ou o desenvolvimento de habilidades motoras durante o ensino educacional. 10 1.2 PERÍODOS DA HISTÓRIA DA ARTE A história da arte é representada pelas manifestações e expressões artísticas produzidas desde a pré-história até os dias atuais. A evolução social, tecnológica e artística promoveu diversas formas e técnicas de composição ao longo dos anos. Através de diversas formas artísticas o homem se expressou, representousuas crenças, representou seu cotidiano e criou diversas obras fantásticas que hoje fazem parte do acervo cultural mundial. Quadro 1: Períodos da história da Arte MOVIMENTO ARTÍSTICO PERÍODO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Pré – História +5 milhões a.c até 3.200 a.c(aproximadamente) Representações artísticas com sentido mágico e ritualístico; Artes feitas com elementos encontrados na natureza. Idade Antiga (aproximadamente) 3.200 a.c até 476 d.c Período que compreende as civilizações (mais expressivas): Egípcia, Grega e Roma. Utilização da arte para representar crenças religiosas, histórias heroicas e mitológicas e na educação do povo. Idade Média 476 à 1473 Arte expressiva voltada para a religião do catolicismo impulsionada pela influência da Igreja Católica nas questões sociais, políticas e econômicas. Arte Moderna 1473 à 1789 Surgimento de novas técnicas artísticas baseadas nas inovações tecnológicas a partir do Renascimento Cultural até a Revolução Francesa. Arte Contemporânea 1789 até os dias atuais. Arte revolucionária nas formas de expressão que impulsionou novas técnicas e artísticas dando liberdade para a criação. A revolução industrial impulsiona o surgimento da fotografia, cinema e o desenvolvimento das artes tecnológicas. Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) Como apresentado na Tabela acima, a arte sofreu grandes transformações baseadas nas evoluções sociais, econômicas e tecnológicas se tornando uma ferramenta de expressão das vivências culturais dos diferentes povos pelo mundo. Através destas manifestações e representações artísticas podemos compreender os fatos sociais e conhecer as diferentes transformações culturais que ocorreram na sociedade desde a pré-história até os dias atuais. 11 1.3 EXPERIÊNCIAS ARTÍSTICAS A vivência ou experiência artística contribui de forma significativa para formação de uma arte educadora. Participar de uma atividade de produção artística oferece a oportunidade de apresentar nossas emoções e sentimentos bem como nossas ideias sobre um determinado assunto ou fato. Essa vivência artística contribui significativamente na composição do nosso repertório criativo imagético onde podemos desenvolver habilidades socioemocionais. Aos 7 anos de idade eu ingressei em uma escola especializada em Arte chamada Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandes na minha cidade natal, Montes Claros-MG. Lá tive várias experiências artísticas com música, dança, teatro e desenho desde a minha infância até o meu ingresso na Faculdade de Arte. As minhas experiências artísticas vividas dentro do Conservatório eram voltadas para a prática musical em orquestras, atuação com grupos de teatro, desenvolvimento de projetos de expressão artística, entre outros. Com esta experiência pude desenvolver minha habilidade de criação para elaborar novas ideias sobre projetos artísticos emocionais. Aulas teóricas e práticas nesta escola me despertaram o interesse em atuar na área como professora de Arte na Educação Básica. Realizei o Ensino Superior de Licenciatura em Arte pela Universidade Estadual de Montes Claros – MG (Unimontes) e percebi através das disciplinas ofertadas no meu curso a necessidade de elaboração de projetos artísticos para serem trabalhados na Educação Básica. Através do desenvolvimento de aulas criativas, diversificadas que pudessem instigar as mais distintas habilidades artísticas nos alunos seria possível realizar um ensino de arte com qualidade e criatividade em qualquer escola de Educação Básica. Em todas as experiências artísticas práticas que vivenciei percebi o quanto era importante ter um novo olhar sobre a expressão e emoção de cada pessoa. Através 12 das expressões podemos entender o que cada um sente de acordo com sua bagagem cultural. Na vida de uma criança, a arte faz parte do seu cotidiano. Vivenciar a arte na infância desperta os sentidos e o seu olhar sobre o mundo de forma criativa e lúdica. O estímulo corporal através da fala, do som, do desenvolvimento do repertório imagético contribui para o seu desenvolvimento socioemocional e social através das suas expressões artísticas. Portanto, ter uma vivência artística ou pesquisar e assistir ideias voltadas para o Ensino de Arte faz diferença na capacitação de um professor de Arte na Educação Básica. Neste livro veremos caminhos alternativos para essas vivências ou pesquisas artísticas para aqueles que não tiverem acesso à uma escola especializada em Arte a fim de instigar o processo criativo do professor de Educação Básica. 1.4 FORMAS DE EXPRESSÃO ARTÍSTICA A arte é uma forma de expressão utilizada desde a pré-história pelos nossos ancestrais. Diversas pinturas desse período promoveram o entendimento sobre como era à vida durante o período da arte rupestre. Pinturas rupestres datadas a mais de 10 mil anos atrás, representam as características sociais e as manifestações ritualísticas que os homens pré-históricos faziam. 13 Figura 1: Pinturas Rupestres - Parque Nacional do Catimbau - Pernambuco – Brasil Fonte: Jófli (2009) A arte se tornou manifestação dos acontecimentos e vivências sociais desde a pré-história quando o homem das cavernas representou com pinturas à base de sangue e pigmentos naturais o seu cotidiano. Através dessas pinturas, por exemplo, podemos compreender a forma que os homens viviam durante esse período bem como seus costumes e crenças. A expressão artística marca a história do ser humano através de suas manifestações emocionais e do compartilhamento das suas vivências. Ao longo da história o cotidiano, as crenças e as novas ideias foram representadas por grandes artistas de diversas formas de acordo com suas vivências e bagagens culturais. Durante os processos de inovação da humanidade até os dias atuais a criatividade artística e as novas ideias contribuíram significativamente para que as expressões se modificassem ao longo dos anos de acordo com o surgimento de novas técnicas e novas formas de expressão. 14 As mudanças ao longo dos anos nas formas de expressão artística nos levam a ter um novo olhar sobre as formas de expressão artística. Essas expressões podem ocorrer de diferentes formas como pinturas, colagens, elaboração de desenhos, teatros, através de músicas, na utilização de computadores para desenvolver jogos enfim, de diversas formas que o educador pode explorar através das aulas a fim de proporcionar ao seu aluno um momento de expressão emocional a partir da sua bagagem cultural formando o seu repertório e sua identidade. O conhecimento das diferentes formas de expressão artística é de suma importância para desenvolver um trabalho educacional de qualidade. Conhecer as técnicas de criação e desenvolver projetos artísticos com os alunos trará benefícios expressivos para o desenvolvimento socioemocional e criativo dos mesmos. A experiência artística de quem estuda em uma escola específica de arte não é a mesma de outra pessoa que teve aula de arte somente na educação básica. A falta de material ou mau planejamento de atividades de experiências passadas deve servir de inspiração para um melhor desenvolvimento da sua carreira como professor. Acreditar que atividades como “colorir desenhos já prontos” sejam formas de expressão artística para toda aula é firmar o conceito da falta de pesquisas ou práticas educacionais artísticas e inovadoras. Se tornar um (a) professor (a) que consegue elaborar atividades criativas que despertem o senso crítico e desenvolva o repertório imagético do seu aluno representará total competência pedagógica para a instituição que você atuará. Sobre a utilização de desenhos prontos para aulas de arte Ferreira (2008, p. 50) nos diz: Ao dar um desenhopronto para a criança pintar, o professor está desrespeitando sua personalidade, inteligência e sensibilidade. Ninguém daria um desenho pronto para um artista. E por que fazem isso com a criança? Aí vem a resposta de alguns professores: “Eles não sabem desenhar”. Alegam que são cobrados por pais e Diante dessas pontuações reflita: Como posso promover uma atividade de arte nos dias atuais? Quais técnicas vamos utilizar? Qual tipo de material será manuseado? Qual será o objetivo dessa atividade? Responder esses questionamentos trará uma visão sistêmica de uma atividade prática ou teórica consistente para as aulas de Arte. 15 coordenadores nas escolas onde trabalham a apresentar atividades prontas, “bonitas”, “perfeitas”, inclusive para a “capinha” de seus trabalhos. Não seria mais interessante à própria criança criar a capa de seus trabalhos? Portanto devemos utilizar a arte na educação como forma de liberdade de expressão com respeito às diversidades culturas ampliando a visão de mundo do aluno, desenvolvendo sua criatividade e assegurar o acesso á cultura. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) resalta, no campo de experiências “Traços, sons, cores e formas”, que produzir e conviver com as diferentes manifestações artísticas e as diversas formas de expressão das Artes Visuais, como pinturas, colagens, desenhos, gestos, traços, dentre outras, contribui para que as crianças, desde pequenas, desenvolvam senso crítico, o conhecimento de si e dos contextos que as cercam (BRASIL, 2016). Percebemos que mesmo na pré-história com poucos recursos artísticos o homem se expressava para representar o seu cotidiano e registrar momentos importantes para sua vida. Ao longo da história nem sempre o artista podia se expressar de forma livre devido a algumas imposições daqueles que detinham o poder econômico ou político. Entender que atualmente ter a liberdade de expressar nossas emoções e sentimentos torna a arte uma ferramenta poderosa na educação para provocar a criatividade e a expressividade dos nossos alunos que um dia se tornarão o futuro. Como educadores do século XXI precisamos nos ater também ao surgimento de novas técnicas de composição artística utilizando a tecnologia como a criação de jogos, aplicativos ou artes gráficas digitais a fim de promover a prática artística em diferentes formas e contextos existentes atualmente. Na tabela abaixo há exemplos de alguns tipos de arte que podem se tornar atividades práticas de criação durante as aulas de Arte. 16 Quadro 2: Alguns tipos de forma de arte TIPO DE ARTE EXEMPLO Colagem: Tipo de Confecção artística que consiste na criação de uma obra com cola. A criação dessa atividade contribui no desenvolvimento do repertório imagético da criança além de trabalhar a coordenação motora fina. Fonte: https://bit.ly/3jCYLnY Mosaico: Tipo de arte para trabalhar a coordenação Motora do aluno na composição artística. Consiste na confecção de um trabalho com pequenos pedaços de materiais podendo ser papel, e.v.a, entre outros. Fonte: https://bit.ly/3lmi05Y Pintura: Atividade artística que utiliza como matéria principal a tinta aplicada a uma superfície. A tinta utilizada pode ser industrializada ou fabricada com um aglutinante (cola ou ovo), água e um pigmento natural (canela, pó de café, terra). Esta atividade pode ser feita com pincel, à mão, cotonete, entre outros materiais. Fonte: https://bit.ly/2I47P7B Desenho Livre: Atividade que desperta a imaginação e a criatividade do aluno uma vez que o mesmo pode criar os seus próprios desenhos a partir de um tema. Fonte: https://bit.ly/3d7XDXg 17 Teatro: Manifestação das artes Cênicas que trabalham a encenação de personagens ou a movimentação corporal em um ritmo musical. Fonte: https://bit.ly/30EqfCu Música: A Música pode ser trabalhada em sala de aula com apreciação de canções do folclore brasileiro, da música popular brasileira, ou de outros gêneros. É possível entoar as canções com as crianças fazendo gestos sobre a música, ilustrações dos objetos ou personagens da canção, aprender sobre os instrumentos musicais, enfim, através da Música podemos instigar a imaginação e o movimento do corpo humano. Fonte: https://bit.ly/34uw0Uf Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) Além dos tipos apresentados na tabela acima ainda temos a xilogravura, a isogravura, contação de histórias, a música entre outras atividades que podem ser trabalhadas durante a educação básica durante as aulas de Arte. É preciso compreender as limitações do seu aluno e conseguir aproveitar ao máximo a criatividade e a espontaneidade durante uma atividade de arte assim o professor trará uma experiência artística rica e significativa para o desenvolvimento do repertório imagético dos alunos através de novas ideias. 18 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O trabalho do professor da disciplina Arte deve se atentar aos conceitos educacionais e teóricos sobre os conteúdos. Na visão educacional sobre o ponto de vista pedagógico, o ensino de Arte deve ser considerado como a) obra artística criadas em sala de aula que representam formas de expressão. b) processo de criação da identidade cultural baseada em vivências socioemocionais dentro e fora da escola. c) forma de expressão das linguagens como música, desenho, pintura, entre outros. d) criações artísticas que os alunos produzem fora do ambiente escolar. e) experiências estéticas vivenciadas pelos alunos na sua cultura familiar. 2. A arte não é simplesmente uma técnica para fazer coisas. Para que algo seja arte, é necessário um sentido ou uma intenção. Não há função cotidiana na arte, como encontramos em outros objetos, mas sim uma função a) filosófica. b) provocativa. c) objetiva. d) expressiva. e) literal. 3. Alguns historiadores afirmam que a História iniciou quando a humanidade inventou a escrita. Nessa perspectiva, o período anterior à criação da escrita é denominado Pré-História. Sobre esse período podemos afirmar que a) foi um período de grandes descobertas científicas baseadas nas crenças naturais. b) todas as culturas evoluíram com a escrita, por isso podemos dizer que o homem das cavernas não se comunicava com seu semelhante. c) os estudos arqueológicos sobre as pinturas rupestres contribuíram na descoberta dos hábitos vividos na época. d) durante a pré-história a forma de comunicação se dava por meio de desenhos e escritas feitas com símbolos. e) os historiadores que defendem as pinturas rupestres como forma de comunicação vão contra aos ensinamentos históricos. 19 4. A busca pela significação da vida e a compreensão do lugar do ser humano no universo têm sua necessidade respondida, tanto pela arte quanto pela ciência. Mediante a construção de objetos de conhecimento que, juntamente com as relações sociais, políticas e econômicas, sistemas filosóficos e éticos, há a formação do conjunto de manifestações simbólicas de uma determinada cultura. Nesse viés de pensamento, podemos afirmar que a) a obra de arte situa-se no ponto de encontro entre o particular e o universal da experiência humana refletindo as emoções e vivências estéticas unificadas. b) a obra de arte revela para o artista e para o espectador uma possibilidade de existência e comunicação, além da realidade de fatos e relações normalmente desconhecidos. c) o que distingue essencialmente a criação artística das outras modalidades de conhecimento humano é a qualidade de comunicação entre os seres humanos que a obra de arte propicia, tornando-se uma linguagem universal. d) a percepção estética contempla a criação da arte, mas não sua apreciação. e) asexperiências vividas pelo artista e pelo espectador nem sempre contribuem na sua arte. 5. As funções da arte são diversas, variando de acordo com a cultura e com os povos que a criam. Atualmente, sua função está relacionada ao desenvolvimento social e democrático do ser humano. Considerando essa perspectiva, pode-se dizer que outra possível função da obra de arte é a) possuir um caráter de decoração visual ou de entretenimento. b) separar em categorias os monumentos culturais. c) desenvolver o senso crítico. d) ser autêntica por meio da produção de trabalhos idênticos entre si. e) ser agradável aos sentidos, principalmente aos olhos ou aos ouvidos. 6. A arte pode ser definida como fruto da criação do homem e de seus valores junto à sociedade. Dentro dela existem vários procedimentos e técnicas utilizadas para compor uma obra. Ela é uma necessidade que faz o homem 20 a) expressar-se através de desenhos para estabelecer uma relação de ligação constante com a natureza. b) comunicar-se, porém, se manter sempre crítico e emotivo quanto às suas obras. c) comunicar-se e refletir sobre as questões sociais e culturais dentro da sociedade. d) distanciar-se das questões sociais e culturais dentro da sociedade. e) tornar-se parte dispensável na criação de obras artísticas. 7. Toda arte possui uma materialidade intrínseca que está relacionada ao universo de referência dos artistas. Cenários e figurino, na dança e no teatro; instrumentos musicais, na música; pigmentos e suportes, nas artes visuais, são exemplos de materiais que, partindo do universo do artista, compõem a produção artística. Com base nas informações apresentadas e no seu conhecimento sobre o conceito de arte, pode-se dizer que a ideia de materialidade nas artes a) trata-se do padrão utilizado por escolas e movimentos artísticos para criarem suas obras. b) tem por base o princípio de que toda arte é uma criação livre, sem relação com a realidade. c) refere-se aos diversos materiais utilizados na produção da obra que possibilitam ao artista criar um universo próprio, carregado de singularidade. d) refere-se à maneira de compor com base na reprodução do mundo como ele é. e) trata-se da venda e do valor comercial de cada obra de arte. 8. A história da Arte se desenvolveu ao longo dos anos acompanhando os acontecimentos históricos. As expressões artísticas marcam as ações políticas, religiosas, econômicas, sociais, afetivas e emocionais dos homens desde a pré- história até a atualidade. Sobre os períodos artísticos podemos afirmar que a) representações artísticas com sentido mágico e ritualístico marcam a arte contemporânea. b) o período que compreende as civilizações (mais expressivas): Egípcia, Grega e Roma utilizou da arte para representar crenças religiosas, histórias heroicas e mitológicas e na educação do povo. c) na arte moderna a expressão era voltada para a religião do catolicismo impulsionada pela influência da Igreja Católica nas questões sociais, políticas e econômicas. 21 d) o surgimento de novas técnicas artísticas baseadas nas inovações tecnológicas a partir do Renascimento Cultural até a Revolução Francesa marcaram a Idade Média. e) arte revolucionária nas formas de expressão que impulsionou novas técnicas e artísticas dando liberdade para a criação sem influência tecnológica marcam o movimento contemporâneo. 22 TENDÊNCIAS DO ENSINO DE ARTE 2.1 O ENSINO DE ARTE O ensino de arte pode ter sido enfatizado na história por filósofos gregos como Sócrates e Platão. A educação proposta na sociedade grega se baseava em bases de conhecimento como a Matemática, filosofia, ciências, música, poesia, enfim, diversas linhas de conhecimento. A arte teve papel fundamental na representação dos deuses e heróis, figuras históricas importantes para a sociedade Ateniense. As referências educacionais gregas nos remetem a uma valorização da arte como ferramenta importante para a mudança comportamental do ser humano. Através da concepção e do entendimento da arte o ser humano se torna crítico e pensativo, pois suas emoções e vivências são percebidas e expressadas de forma harmoniosa com estética e beleza. Read (1986) na sua obra “A redenção do robô – Meu encontro com a educação através da arte” considerou que a arte e a educação estão ligadas ao homem como indivíduo e que a arte deve ser baseada na expressão e na liberdade de criação desde a infância. Read (1986, p. 12) nos diz: [...] quando falo em arte, quero dizer um processo educacional, um processo de crescimento; e, quando falo em educação, quero designar um processo artístico, um processo de autocriação. Como educadores, olhamos o processo do lado de fora; como artistas, vemos por dentro; e ambos os processos integrados constituem o ser humano completo. Esse pensamento de Read está relacionado às concepções do envolvimento e da prática artística do educador com o aluno e ao processo educacional pela arte onde se aborda todas as linguagens artísticas sendo a visual, literária, musical e poética. Através desse modelo educacional o indivíduo trabalha o seu olhar questionador e cria novas concepções sobre o mundo através da leitura de obras pré-existentes e a partir das suas criações. Na educação a arte tem o objetivo de promover o desenvolvimento das habilidades criativas de cada aluno e é função do professor promover e instigar o processo criativo do mesmo valorizando suas experiências e sua bagagem cultural e UNIDADE 23 apresentar-lhe novas formas de se fazer arte que fizeram e fazem parte da nossa história. Durante muito tempo a arte se tornou uma prática apenas para recreação ou desenvolvimento de habilidades motoras. A partir do momento em que a arte é trabalhada como conteúdo onde o aluno se torna questionador e pesquisador do seu objeto de estudo, o reconhecimento e a valorização estética e cultural se tornam ferramentas educacionais que instigam o desenvolvimento do repertório imagético e da visão crítica do aluno. Portanto, é imprescindível a valorização da bagagem cultural do aluno, da sua vivência cultural que traz consigo e da valorização das suas formas de expressão artística. Por mais simples que seja a atividade, a valorização da sua expressão artística vai instigar no processo criativo e no desenvolvimento das habilidades de coordenação motora e emocional. 24 2.2 ENSINO DE ARTE E EDUCAÇÃO ESPECIAL A compreensão do processo evolutivo de cada faixa etária da Educação Básica é um objeto de extrema importância para o professor regente ou especialista. Através da compreensão dos desenvolvimentos criativos e de coordenação motora o professor pode planejar ou desenvolver uma atividade a partir desses dados gerais. Além dos dados estudados cientificamente sobre o desenvolvimento de cada faixa etária é necessária à compreensão das habilidades dos alunos com necessidades especiais. O processo de adaptação educacional para atender a demanda de crianças com necessidades especiais está em desenvolvimento e cabe ao(a) professor(a) regente ou especialista está atento às questões metodológicas para o ensino em geral. Na lei de Diretrizes e Bases (LDB- 9.394/96) há determinação e defesa sobre o ensino de educação básica à alunos com necessidades especiais: Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. § 2o O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em funçãodas condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. Art.59 – Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: II - Terminalidade específica para aqueles que não possam atingir o nível exigido para conclusão do ensino fundamental em virtude das suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para superdotados. [...] (BRASIL, 1996). A Resolução Nº 4, DE 2 DE OUTUBRO DE 2009, do Conselho Nacional de Educação Básica apresenta a implementação de atividades curriculares com Atendimento Educacional Especializado (AEE) para alunos com necessidades especiais. O documento ainda visa a plena participação do educando bem como sua participação na sociedade e no desenvolvimento da sua aprendizagem. Art. 1º Para a implementação do Decreto nº 6.571/2008, os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede 25 pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos. Art. 2º O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem. Parágrafo único. Para fins destas Diretrizes, consideram-se recursos de acessibilidade na educação aqueles que asseguram condições de acesso ao currículo dos alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo a utilização dos materiais didáticos e pedagógicos, dos espaços, dos mobiliários e equipamentos, dos sistemas de comunicação e informação, dos transportes e dos demais serviços. Art. 3º A Educação Especial se realiza em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, tendo o AEE como parte integrante do processo educacional. (BRASIL, 2009). Através dos documentos oficiais percebemos que o direito à educação inclusiva é irrevogável e é preciso o desenvolvimento de atividades que proporcionem aos educandos uma experiência dinâmica que instigue o seu desenvolvimento emocional e cognitivo. A adaptação de atividades através da arte serve como um impulsionador dessas habilidades uma vez que, através da arte o aluno poderá falar de si e de suas emoções. A elaboração de atividades com pintura, colagem, música, teatro, dança, entre outras manifestações artísticas trará ao aluno com necessidades especiais a oportunidade de ser personagem principal na composição das suas emoções colocando-o em situação de igualdade com os outros colegas. Preocupar-se com a elaboração de atividades que contribuam no processo ensino-aprendizagem dos alunos com necessidades especiais trará benefícios de inclusão aos alunos atendidos pela instituição em que o professor estiver atuando. Compreender as dificuldades e utilizar a arte como mecanismo de inserção social e educacional deste aluno servirá como uma ferramenta impulsionadora de suas habilidades emocionais e do desenvolvimento da sua capacidade intelectual. Sobre a formação de professores e o uso da Arte na Educação Inclusiva Ferreira (2010)nos diz que “Torna-se necessário e urgente uma formação de professores mais ativa, contínua e inclusiva, sobretudo de ação e transforma. A principal meta é conscientizar os professores e as instâncias administrativas da importância da arte na formação da cidadania e de sua contribuição no processo de desenvolvimento humano e social dos alunos na educação inclusiva.”. Assim, a busca pelo conhecimento sobre as necessidades do seu aluno e o desenvolvimento 26 de atividades que sejam adequadas ao mesmo o tornará um profissional capacitado e interativo. 2.3 RELATO DE UM PROJETO ARTÍSTICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA COM INCLUSÃO Nesta seção vamos visualizar na prática um projeto realizado com alunos da Educação Básica do 9º ano do E.F e 1º ano do E.M. da Escola João XXIII elaborado pela autora no ano de 2019 em suas aulas de Arte. O Objetivo geral do projeto era desenvolver uma atividade prática artística para instigar a expressão pessoal e emocional dos alunos através da arte além de trabalhar a socialização, a coordenação motora através do desenho e da pintura. 2.3.1 Projeto Arte na Tela – 9º Ano do Ensino Fundamental e 1º Ano Ensino Médio Figura 2: Pinturas produzidas pelos alunos no Projeto Arte na Tela Fonte: Arquivo do Autor (2019) 27 No ano de 2019, desenvolvi um projeto artístico na Escola Estadual João XXIII com alunos do ensino fundamental e médio voltado para a releitura de obras artísticas e composições visuais próprias utilizando a técnica da pintura. Durante o projeto foram atendidos uma média de 300 alunos divididos em turmas de 9º ano do Ensino Fundamental e 1º Ano do Ensino Médio. O projeto intitulado como “Arte na Tela” tinha como principal objetivo proporcionar uma experiência prática e criativa utilizando a pintura como forma de expressão artística. Em uma turma do Ensino Médio havia 1 aluno portador da síndrome de Down e 2 alunos portadores de autismo e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Os alunos possuíam uma acompanhante pedagógica (acompanhamento garantido aos alunos portadores de necessidades especiais pela lei LDB- 9.394/96 endossada pela Resolução Nº 4, DE 2 DE OUTUBRO DE 2009, do Conselho Nacional de Educação Básica) para orientação mais profunda sobre as atividades desenvolvidas em sala de aula. Uma das dificuldades encontradas pelos professores especialistas se dava pela constante mudança de comportamento dos alunos com necessidades especiais que ora estavam agitados, agressivos ou inquietos por não compreenderem as atividades propostas com maior nível de questionamento intelectual. Diante da análise comportamental dos alunos no geral desenvolvi a ideia do projeto para atender todos os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental e 1º Ano do Ensino Médio como atividade prática nas aulas de Arte. As aulas de pintura aconteciam em uma sala específica solicitada à escola e disponibilizada devido à quantidade de material utilizado como telas, tintas e pincéis e por se tornar um ambiente específico para aquela atividade. Durante as aulas de pintura os alunos socializavam suas emoções, experiências e ideias ao elaborarem suas obras ou releituras artísticas. Os alunos portadores de necessidades especiais se 28 viam como parte da turma ao fazerem a mesma atividade, porém com suas expressões artísticas pessoais. Figura 3: Alunos com necessidades especiais produzindo pinturas no Projeto Arte na Tela – E.E. João XXIII/ Ipatinga-MG Fonte: Arquivo do Autor (2019) Era visível a concentração e motivação dos alunos com necessidades especiais ao realizarem suas obras e ao questioná-los sobre o que estavam sentido durante a aula. A resposta era sempre positiva e com entusiasmo. Ao trabalhar uma atividade prática de pintura onde os alunos se sentiam motivados para expressar suas emoções é possível perceber o desenvolvimento das habilidades emocionais, da coordenação motora e da socialização contribuindo para sua formação educacional básica. Elaborar projetos práticos nas aulas de arte contribui com eficiência no desenvolvimento das habilidades emocionais e cognitivas de todos os alunos. Adaptá-las é um desafio que pode ser resolvido através do conhecimento das limitações de cada aluno. 2.4 ARTE E TECNOLOGIA: NOVAS TENDÊNCIAS DO ENSINO DE ARTE E GAMIFICAÇÃO Ao longo do tempoem toda a história da humanidade a evolução tecnológica ocorreu e promoveu grandes mudanças nas práticas artísticas. Surgimento de novos materiais, desenvolvimento de novas técnicas e a criação de 29 novas tendências nas formas de expressão marcaram diversos momentos da história da arte por suas inovações ideias e tecnológicas. A BNCC (2016, p. 57) trata sobre a relação das crianças, adolescentes e jovens quanto ao uso de novas tecnologias digitais. Ressalta que, [...] a cultura digital tem promovido mudanças sociais significativas nas sociedades contemporâneas. Em decorrência do avanço e da multiplicação das tecnologias de informação e comunicação e do crescente acesso a elas pela maior disponibilidade de computadores, telefones celulares, tablets e afins, os estudantes estão dinamicamente inseridos nessa cultura, não somente como consumidores. Os jovens têm se engajado cada vez mais como protagonistas da cultura digital, envolvendo-se diretamente em novas formas de interação multimidiática e multimodal e de atuação social em rede, que se realizam de modo cada vez mais ágil. Por sua vez, essa cultura também apresenta forte apelo emocional e induz ao imediatismo de respostas e à efemeridade das informações, privilegiando análises superficiais e o uso de imagens e formas de expressão mais sintéticas, diferentes dos modos de dizer e argumentar característicos da vida escolar. No momento atual que vivemos, a tecnologia tornou-se uma ferramenta impulsionadora de novas técnicas de expressão artística e de promoção das obras em larga escala pelo mundo todo. O acesso à informação e as novas tendências conectados através da internet tem se tornam mais acessíveis a cada dia. Novos aplicativos, melhores conexões de rede, desenvolvimento de novos softwares além de gravações de filmes, séries, entre outros estão cada vez mais criativos e frequentes. Jordão (2009, p. 10) retrata bem a realidade quando aponta sobre a influência que a tecnologia vem causando na vida de crianças e adolescentes no processo educacional. Diz, portanto, [...] a cada dia, mais os professores se deparam, em suas salas de aula, com alunos que convivem diariamente com as tecnologias digitais. Estes alunos têm contato com jogos complexos, navegam pela internet, participam de comunidades, compartilham informações, enfim, estão completamente conectados com o mundo digital. Jordão (2009, p. 10) enfatiza ainda que As tecnologias digitais são, sem dúvida, recursos muito próximos dos alunos, pois a rapidez de acesso às informações, a forma de acesso randômico, repleto de conexões, com incontáveis possibilidades de caminhos a se percorrer, como é o caso da internet, por exemplo, estão muito mais próximos da forma como o aluno pensa e aprende. Portanto, utilizar tais recursos tecnológicos a favor da educação torna- 30 se o desafio do professor, que precisa se apropriar de tais recursos e integrá-los ao seu cotidiano de sala de aula. É enriquecedor elaborar atividades gamificadas em sala de aula com intuito de promover a interatividade com novas tecnologias e desenvolver uma atividade colaborativa a partir das novas mídias digitais. Assim, é possível realizar a integração dos alunos com a tecnologia otimizando o processo ensino-aprendizagem. 2.3.2 Como trabalhar mídias digitais dentro da Sala de Aula Estamos vivendo em constante transformação social e tecnológica onde as crianças e adolescentes passam a maior parte do tempo em contato com celulares, tablets, computadores e outros objetos digitais que proporcionam jogos, pesquisas, vídeos, filmes, entre outros, de forma rápida, criativa e interativa. Apropriar-se desses meios digitais e promover o desenvolvimento do repertório imagético e a sensibilidade através de práticas artísticas é um grande desafio. Jordão (2009) aborda sobre a diferença de aprendizagem que tivemos em nosso período escolar relacionada ao momento atual que estamos vivenciando e afirma sobre a importância de mudar as estratégias na educação. Diz-nos que “temos que nos adaptar à agilidade de pensamento e à velocidade do acesso à informação que nossos alunos possuem atualmente”. É possível compreender, portanto, que crianças e jovens aprendem de forma diferente da que aprendemos no passado. Para se trabalhar uma atividade digital no contexto escolar é importante definir o objetivo que será alcançado na atividade bem como a metodologia a ser aplicada. É possível desenvolver uma atividade caso as crianças possuam aparelhos eletrônicos ou a escola disponibilize um laboratório com computadores ou outras máquinas tecnológicas. Tratando de atividades feitas voltadas para a disciplina arte, configura-se atividade utilizando mídias digitais as pesquisas, elaboração de panfletos, criação de memes, elaboração de mapas mentais, desenvolvimento de jogos ou questionários interativos sobre o conteúdo abordado. São diversas formas que podem ser utilizadas para atrelar a arte à tecnologia utilizando uma metodologia ativa e prática no desenvolvimento da atividade. É de extrema importância explicar ao seu aluno o objetivo da atividade 31 proposta para que ele desenvolva em um processo criativo alguma obra artística digital dentro do conteúdo abordado. Utilizando a tecnologia a favor do processo ensino aprendizagem a aula se torna mais dinâmica, interativa e criativa proporcionando ao educando a oportunidade de trabalhar habilidades tecnológicas na criação de obras digitais. Neste ano de 2020, a pandemia do Covid-19 promoveu um momento histórico na educação ao tirar milhares de alunos do mundo inteiro para ficarem em quarentena em casa. As escolas têm-se adaptado à elaboração de atividades remotas utilizando recursos tecnológicos, novas tendências educacionais e novas práticas que surgiram para atender essa realidade que afetou diretamente o processo educacional. 32 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Sobre a utilização da Arte como forma de ensino na sociedade grega, podemos afirmar que a) teve grande representação política durante toda a Grécia antiga. b) representou de forma significativa as histórias de deuses e heróis, e figuras importantes atenienses. c) a sua representação era simples e sensível aos olhos dos grandes filósofos gregos. d) se tratava de uma base educacional pautada em regras definidas pelos políticos atenienses. e) registrava de forma simplificada às ações políticas da época. 2. Hebert Read disse que: “quando falo em arte, quero dizer um processo educacional, um processo de crescimento; e, quando falo em educação, quero designar um processo artístico, um processo de autocriação. (Read,1986. pág.12) Sobre o pensamento de Read, podemos afirmar que a) o ensino de arte deve levar em consideração o processo de criação como parte mais importante. b) o ensino de arte deve valorizar a obra finalizada. c) a apresentação de uma obra de arte mal feita determina que o aluno não tem capacidade artística. d) o ensino de arte deve ter uma visão subjetiva valorizando as diversidades no processo de criação até chegar no objetivo final. e) o professor deve sempre estar atento ao processo artístico para que o aluno não represente de forma errada a atividade solicitada. 3. Partindo do pressuposto de que o professor de Arte necessita conhecer as tendências que influenciaram o ensino e a aprendizagem de arte, podemos dizer que o professor deve compreender a(o) a) situação da arte-educação no contexto atual e refletir sobre sua atuação pedagógica. b) vantagem de uma direção conjunta para que se possa programar atividades plásticas. c) sentido da força do mundo espiritual na inspiração das composições musicais.33 d) ensino de arte de forma unificada onde os alunos desenvolverão os conhecimentos e habilidade de forma conjunta. e) abordagem pedagógica que consiste na utilização de atividades pré- estabelecidas que não contemplem novas ideias. 4. Na educação a arte tem o objetivo de promover o desenvolvimento das habilidades criativas de cada aluno. A função do (a) professor(a) é a) realizar uma abordagem pedagógica com conceitos sem promover a prática. b) elaborar atividades unificadas que desenvolvam a coordenação motora. c) apresentar ao seu aluno formas distintas de se fazer arte que limitem suas capacidades cognitivas. d) elaborar todas as produções artísticas de eventos da escola. e) promover e instigar o processo criativo do aluno e valorizar sua bagagem cultural. 5. Na lei LDB- 9.394/96 o artigo 58 que trata da educação especial determina a) entende-se por educação especial, modalidade de educação para alunos com transtorno bipolar. b) entende-se por educação especial, modalidade de educação para alunos com deficiência e dificuldades de aprendizagem. c) entende-se por educação especial, modalidade de educação para alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. d) entende-se por educação especial, modalidade de educação para alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. e) entende-se por educação especial, modalidade de educação para alunos com deficiência física, mental ou psicomotora. 6. No que se refere ao trabalho do professor de arte na educação especial podemos afirmar que a) preocupar-se com a elaboração de atividades que contribuam no processo ensino-aprendizagem fará o aluno especial se sentir parte da turma. b) uma de suas atribuições consiste em atender o aluno com necessidade especial sem apoio. 34 c) compreender as dificuldades e utilizar a arte como mecanismo de inserção social e educacional deste aluno servirá como uma ferramenta impulsionadora de suas habilidades. d) as atividades desenvolvidas devem sempre ser facilitadas para os alunos com necessidades especiais. e) adaptar atividades de arte significa que o professor irá oportunizar o aluno especial um desenvolvimento igual aos seus colegas. 7. Ao longo do tempo em toda a história da humanidade a evolução tecnológica ocorreu e promoveu grandes mudanças nas práticas artísticas. Sobre o surgimento de novas tecnologias para o processo educacional podemos dizer que a) tornou-se uma ferramenta impulsionadora de novas técnicas de expressão artística e diminui a produção de consumo artístico. b) elaborar atividades gamificadas enriquece a aula desenvolvendo a interatividade com novas tecnologias e mídias digitais. c) o professor deve estar atento às novas tendências tecnológicas e se organizar para possuir material mais evoluído para melhorar suas aulas. d) é difícil trabalhar com tecnologia em sala de aula uma vez que os alunos não estão familiarizadas com as novas tendências. e) Utilizar tecnologia limitará o professor ao desenvolvimento das habilidades artísticas dos seus alunos. 8. Para se trabalhar uma atividade digital no contexto escolar é importante definir o objetivo que será alcançado na atividade bem como a metodologia a ser aplicada. É possível desenvolver uma atividade caso as crianças possuam aparelhos eletrônicos ou a escola disponibilize um laboratório com computadores ou outras máquinas tecnológicas. A gamificação das aulas de Arte pode ocorrer em a) atividades diversificadas como pesquisas e pinturas digitais. b) Atividades extracurriculares que envolvam a família na proposta pedagógica. c) atividades como pesquisas sobre arte, elaboração de panfletos, criação de memes, elaboração de mapas mentais e desenvolvimento de jogos. 35 d) atividades rápidas que sejam facilitadas com a tecnologia para que o professor não perca tempo. e) atividades que desenvolvam nos alunos a curiosidade para pesquisas individuais. 36 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) 3.1 ANÁLISE DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) - HABILIDADES DO ENSINO DE ARTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA. Em linhas gerais a BNCC é definida por [...] documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). Este documento normativo aplica-se exclusivamente à educação escolar, tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996) e está orientado pelos princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação humana integral e à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN) (BRASIL, 2016). A BNCC é hoje o documento de referência educacional no Brasil que contém as competências e habilidades que devem ser trabalhadas em todas as faixas etárias do Ensino Infantil ao Ensino Fundamental da Educação Básica. A Educação Básica segundo a BNCC (2016) deve assegurar aos estudantes o direito à aprendizagem a partir de competências e habilidades que englobam a mobilização do conhecimento bem “como as atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.” É possível perceber nas habilidades voltadas ao ensino de Arte do Ensino Infantil ao Ensino Fundamental 2o estímulo ao desenvolvimento de habilidades fundamentais como criação, reflexão, crítica e expressão. No texto da BNCC (2016) podemos identificar as competências gerais da Educação. Entre elas podemos citar: [..]1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar Erro! Fonte de referênci a não encontra 37 a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar- se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadaniae ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 38 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. (BRASIL, 2016, p. 7). A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) documento que atualmente define e rege o desenvolvimento de todas as habilitadas que os educandos devem desenvolver durante a educação básica nos diz: No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações. Requer o desenvolvimento de competências para aprender a aprender, saber lidar com a informação cada vez mais disponível, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças e as diversidades. (BRASIL, 2016, p. 12). Ao compreender as habilidades gerais percebemos como o ensino de Arte contribui na formação do ser pensador, crítico, expressivo e social que através da análise de obras artísticas, do conhecimento adquirido sobre distintas culturas e sobre a elaboração de novas obras embasadas por sua bagagem cultural, o torna um ser compreensível na atuação sobre o mundo. A BNCC (2016) trata ainda sobre a importância das aulas de arte durante a Educação Infantil onde a criança terá a oportunidade de desenvolver, desde o início da sua formação educacional, “o senso crítico e estético agregados ao conhecimento de si, dos outros e da realidade que a cerca”. Diz-nos ainda que, [..] a Educação Infantil precisa promover a participação das crianças em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas experiências e vivências artísticas (BRASIL, 2016, p. 37). Ao longo do texto da BNCC (2016)podemos perceber a evolução do processo ensino-aprendizagem que ocorre na Educação Básica desde o ensino Infantil ao Ensino Fundamental (Anos Finais). Sobre a interação social e essa evolução educacional reflete que, 39 [..] as atividades humanas realizam-se nas práticas sociais, mediadas por diferentes linguagens: verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e, contemporaneamente, digital. Por meio dessas práticas, as pessoas interagem consigo mesmas e com os outros, constituindo-se como sujeitos sociais. Nessas interações, estão imbricados conhecimentos, atitudes e valores culturais, morais e éticos (BRASIL, 2016, p. 59). A BNCC (2016) nos apresenta ainda que no Ensino Fundamental (Anos Iniciais) “os componentes curriculares tematizam diversas práticas, considerando especialmente aquelas relativas às culturas infantis tradicionais e contemporâneas”. No Ensino Fundamental (Anos Finais) “a diversificação dos contextos permite o aprofundamento de práticas de linguagem artísticas, corporais e linguísticas que se constituem e constituem a vida social.” Como professor regente de turma, trabalhar a disciplina arte desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental (Anos Finais) representa uma contribuição significativa na formação do educando em seu pensamento criativo, nas suas habilidades sociais e emocionais, na formação crítica e respeitosa sobre a diversidade cultural bem como o desenvolvimento da utilização da tecnologia como ferramenta de conhecimento amplo. 3.2 ANÁLISE DAS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO ENSINO DE ARTE ATRAVÉS DA BNCC Vimos anteriormente que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o documento que atualmente vigora na orientação pedagógica das habilidades e competências do ensino na Educação Básica. A partir da análise das habilidades e dos componentes curriculares do ensino de Arte na BNCC, podemos entender como 40 é possível elaborar atividades que contemplem o desenvolvimento do repertório imagético e da expressão artística emocional tornando os educandos seres críticos e criativos. 3.2.1 Arte na Educação Infantil Na Educação Infantil o processo Ensino-aprendizagem ocorre de maneira gradativa onde a relação entre família e escola reforça o laço da criança ao aprendizado. Ao trabalhar uma atividade artística como pintura, desenho, jogos, brincadeiras, músicas, teatro de bonecos, colagens entre outras formas de expressão a criança torna-se personagem principal de suas atividades gerando sua independência emocional e criativa. Nesse processo a BNCC (2016)reforça o uso de objetivos de aprendizagem que norteiam a elaboração de atividades artística. Nos objetivos de aprendizagem a BNCC (2016, p. 34) ressalta que a criança na Educação Infantil deve: 1 - Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas. 2 - Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. 3 - Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando. 4 - Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. 5 - Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens. 41 6 - Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e emseu contexto familiar e comunitário. Analisando os objetivos gerais acima podemos compreender as propostas educacionais através das seguintes dicas: Quadro 3: Objetivos de Aprendizagem e algumas propostas educacionais para a Educação Infantil OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PROPOSTAS EDUCACIONAIS Conviver Realizar atividades coletivas com outras crianças como música, pintura, desenho. Brincar Conhecer brincadeiras do cancioneiro popular; explorar a coordenação motora. Participar Garantir que a criança seja incentivada para realizar a atividade proposta. [Ser uma(um) educadora (educador) amorosa (o) para que a criança acolha a proposta da atividade]. Explorar Elaborar atividades artísticas diversificadas para garantir o objetivo de conhecer novas práticas. Expressar Promover a expressão artística garantindo a liberdade criativa sem imposição de certo ou errado, bonito ou feio. Conhecer- se Reconhecer seus trabalhos artísticos bem como suas composições de personagens como membros da família e/ou outros. Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) As habilidades desenvolvidas durante a Educação Infantil estão divididas em campos de experiência sendo eles: “o eu o outro e nós”; “Corpo, gestos e movimentos”; “Traços, sons, cores e formas”; “Escuta, fala pensamento e imaginação”; “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”. Cada campo de experiência contempla as habilidades que devem ser desenvolvidas nas faixas etárias seguintes: de zero há um ano e seis meses; um ano e sete meses há três anos e onze meses; quatro anos há cinco anos e onze meses. Essa faixa etária identifica os objetivos de aprendizagem que é possível de atingir na Educação Infantil. As habilidades e competências que os alunos da Educação Infantil devem desenvolver no campo de experiência: Traços, sons cores e formas (BRASIL, 2016). Exemplificando as habilidades citamos a (EI01TS02) para crianças de quatro anos a cinco anos e onze meses que podem expressar-se através de desenhos, 42 pinturas, colagem, dobradura e escultura. O professor ao identificar a habilidade condizente com a disciplina arte pode elaborar uma atividade sobre um determinado assunto (orientado pelos componentes curriculares de acordo com a LDB 9394/96) que aborde uma dessas práticas relacionadas à habilidade (EI01TS02). Assim o professor garante o desenvolvimento da habilidade dos alunos relacionada à disciplina ARTE. Como professor regente coordenador pedagógico a compreensão dos objetivos de aprendizagem é importante para orientar a elaboração de aulas ou projetos que promovam o desenvolvimento dos alunos. Atividades utilizando músicas do cancioneiro infantil, desenho de objetos do cotidiano, entre outras, proporcionam a expressão, socialização, desenvolvimento da fala e o autoconhecimento. 3.2.2 Arte no Ensino Fundamental As orientações metodológicas educacionais no Ensino Fundamental representam o desenvolvimento crítico dos alunos, o respeito às diversidades e às diferenças culturais e contribui na formação da identidade emocional e social dos educandos a partir dos anos iniciais até os finais. O estudo da arte como forma de expressão cultural ao longo da história e a prática artística durante esta etapa educacional proporciona uma nova visão de mundo para aqueles que assim o fazem. A BNCC (2016) afirma que “a arte propicia a troca entre culturas e favorece o reconhecimento de semelhanças e diferenças entre elas”. Sobre as linguagens artísticas no Ensino Fundamental, a BNCC (2016, p. 189) ressalta que: 43 [..]o componente curricular Arte está centrado nas seguintes linguagens: as Artes visuais, a Dança, a Música e o Teatro. Essas linguagens articulam saberes referentes a produtos e fenômenos artísticos e envolvem as práticas de criar, ler, produzir, construir, exteriorizar e refletir sobre formas artísticas. A sensibilidade, a intuição, o pensamento, as emoções e as subjetividades se manifestam como formas de expressão no processo de aprendizagem em Arte. Realizar atividades teóricas e práticas direcionadas às linguagens artísticas é desenvolver a sensibilidade estética através das expressões artísticas produzidas pelos alunos. O documento ressalta ainda que: [..]as manifestações artísticas não podem ser reduzidas às produções legitimadas pelas instituições culturais e veiculadas pela mídia, tampouco a prática artística pode ser vista como mera aquisição de códigos e técnicas. A aprendizagem de Arte precisa alcançar a experiência e a vivência artísticas como prática social, permitindo que os alunos sejam protagonistas e criadores. A prática artística possibilita o compartilhamento de saberes e de produções entre os alunos por meio de exposições, saraus, espetáculos, performances, concertos, recitais, intervenções e outras apresentações e eventos artísticos e culturais, na escola ou em outros locais. Os processos de criação precisam ser compreendidos como tão relevantes quanto os eventuais produtos. Além disso, o compartilhamento das ações artísticas produzidas pelos alunos, em diálogo com seus professores, pode acontecer não apenas em eventos específicos, mas ao longo do ano, sendo parte de um trabalho em processo (BRASIL, 2016, p. 189). Na etapa do Ensino Fundamental (anos iniciais e finais), a BNCC (2016) indica que: No Ensino Fundamental – Anos iniciais, o ensino de Arte deve assegurar aos alunos a possibilidade de se expressar criativamente em seu fazer investigativo, por meio da ludicidade, propiciando uma experiência de continuidade em relação à Educação Infantil. Dessa maneira, é importante que, nas quatro linguagens da Arte – integradas pelas seis dimensões do conhecimento artístico –, as experiências e vivências artísticas estejam centradas nos interesses das crianças e nas culturas infantis (BRASIL, 2016, p. 195). [..]No Ensino Fundamental – Anos Finais, é preciso assegurar aos alunos a ampliação de suas interações com manifestações artísticas e culturais nacionais e internacionais, de diferentes épocas e contextos. Essas práticas podem ocupar os mais diversos espaços da escola, espraiando-se para o seu entorno e favorecendo as relações com a comunidade. Além disso, o diferencial dessa fase está na maior sistematização dos conhecimentos e na proposição de experiências mais diversificadas em relação a cada linguagem, considerando as culturas juvenis (BRASIL, 2016, p. 201). Assim, como arte-educador é preciso ter a elaboração de um planejamento 44 adequado a cada faixa etária, conhecimento prévio sobre o conteúdo bem como uma prática da atividade que será proposta, a fim de promover um maior aproveitamento da composição artística feita pelos alunos. As habilidades do Ensino Fundamental1 trabalhadas no ensino de Arte regidas pela BNCC (2016) são apresentadas de forma clara e objetiva para que o professor e/ou pedagogo consiga compreender quais linguagens artísticas trabalhar e quais objetivos alcançar. Analisando as habilidades de ensino das linguagens artísticas o professor pode se organizar para elaborar as atividades teóricas e práticas de sua série preparando- se para conseguir atingir os objetivos de aprendizagem, respeitando sempre as limitações de absorção de conhecimento e desenvolvimento de prática dos seus alunos. Preocupar-se com as consequências emocionais, socioafetivas e conceituais, tratar o conteúdo de forma subjetiva e respeitosa reflete na concepção da ideia de forma lúdica, prática e prazerosa para os alunos em uma determinada atividade. 3.3 LINGUAGENS ARTÍSTICAS PARA TRABALHAR NA EDUCAÇÃO BÁSICA A Base nacional comum curricular aborda como linguagens artísticas: artes visuais, dança, música e teatro e artes integradas. O documento aborda diferentes habilidades que podem ser desenvolvidas durante toda a educação
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