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Marina Moura Fé – M7 Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o envelhecimento - Introdução - A primeira coisa que a gente precisa entender é o que representa a medida da Pressão Arterial (PA). Conceitualmente, a PA consiste na força exercida pelo sangue sobre a parede do vaso. No entanto, como o ciclo cardíaco é dividido em duas fases (sístole e diástole), para podermos avaliar bem essa pressão, nós precisamos saber o seu valor em cada uma delas. É justamente daí que surgem as Pressões Arteriais Sistólica (PAs) e Diastólica (PAd). Quais são os fatores que a regulam? Os principais são 2: a) débito cardíaco, que corresponde ao volume de sangue ejetado pelos ventrículos em um determinado intervalo de tempo; e b) resistência vascular periférica, que é a força exercida pelo vaso em oposição à passagem do sangue. Ambos esses fatores estabelecem uma relação diretamente proporcional com o valor da PA. Se houver um aumento do débito cardíaco, mais volume estará sendo ejetado e, consequentemente, mais sangue irá se chocar com as paredes vasculares, levando a um aumento da PA. Por outro lado, se os vasos começarem a oferecer mais resistência à passagem do sangue, mais contato haverá entre esse e suas paredes, o que também aumenta a PA. A partir de tudo isso que acabamos de ver, nós temos que a Hipertensão Arterial Sistêmica é definida pela Sociedade Brasileira de Cardiologia como sendo uma condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos. Desse conceito é importante a gente destacar o termo “sustentada”. O que acontece é que, durante o dia, a nossa pressão arterial varia diversas vezes a depender da atividade que estejamos exercendo. Por exemplo, quando estamos praticando algum exercício físico, nosso metabolismo aumenta e o corpo precisa de um maior aporte sanguíneo, o que leva a um aumento do débito cardíaco e, consequentemente, da PA. Por outro lado, quando dormimos é justamente o oposto, então nosso débito cardíaco diminui e a PA também. Em cima disso, para podermos definir que se trata de uma HAS, o paciente deve apresentar valores de PA sempre elevados, independente da atividade que esteja realizando – é justamente isso que explica a forma de diagnóstico que vamos ver mais lá pra frente. - HAS e o envelhecimento -– A hipertensão arterial (HA) é uma doença altamente prevalente em indivíduos idosos, tornando-se fator determinante na morbidade e na mortalidade elevadas dessa população. A hipertensão arterial, presente em mais de 60% dos idosos, encontra-se frequentemente associada a outras doenças também altamente prevalentes nessa faixa etária, como a arteriosclerose e o diabetes melito (DM), conferindo a essa população alto risco para a morbimortalidade cardiovascular e exigindo, portanto, uma correta identificação do problema e uma apropriada abordagem terapêutica. - Fatores de risco para hipertensão arterial - Idade Há uma associação direta e linear entre envelhecimento e prevalência de HA, relacionada ao: i) aumento da expectativa de vida da população brasileira, atualmente 74,9 anos; ii) aumento na população de idosos ≥ 60 anos na última década (2000 a 2010), de 6,7% para 10,8%. Meta-análise de estudos realizados no Brasil incluindo 13.978 indivíduos idosos mostrou 68% de prevalência de HÁ. Marina Moura Fé – M7 Sexo e etnia Na PNS de 2013, a prevalência de HA autorreferida foi estatisticamente diferente entre os sexos, sendo maior entre mulheres (24,2%) e pessoas de raça negra/cor preta (24,2%) comparada a adultos pardos (20,0%), mas não nos brancos (22,1%). O estudo Corações do Brasil observou a seguinte distribuição: 11,1% na população indígena; 10% na amarela; 26,3% na parda/mulata; 29,4% na branca e 34,8% na negra.21 O estudo ELSA-Brasil mostrou prevalências de 30,3% em brancos, 38,2% em pardos e 49,3% em negros. Excesso de peso e obesidade No Brasil, dados do VIGITEL de 2014 revelaram, entre 2006 e 2014, aumento da prevalência de excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m2 ), 52,5% vs 43%. No mesmo período, obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2 ) aumentou de 11,9% para 17,9%, com predomínio em indivíduos de 35 a 64 anos e mulheres (18,2% vs 17,9%), mas estável entre 2012 e 2014. Ingestão de sal O consumo excessivo de sódio, um dos principais FR para HA, associa-se a eventos CV e renais. No Brasil, dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), obtidos em 55.970 domicílios, mostraram disponibilidade domiciliar de 4,7 g de sódio/pessoa/dia (ajustado para consumo de 2.000 Kcal), excedendo em mais de duas vezes o consumo máximo recomendado (2 g/dia), menor na área urbana da região Sudeste, e maior nos domicílios rurais da região Norte.24 O impacto da dieta rica em sódio estimada na pesquisa do VIGITEL de 2014 indica que apenas 15,5% das pessoas entrevistadas reconhecem conteúdo alto ou muito alto de sal nos alimentos. Ingestão de álcool Consumo crônico e elevado de bebidas alcoólicas aumenta a PA de forma consistente. Meta-análise de 2012, incluindo 16 estudos com 33.904 homens e 19.372 mulheres comparou a intensidade de consumo entre abstêmios e bebedores. Em mulheres, houve efeito protetor com dose inferior a 10g de álcool/dia e risco de HA com consumo de 30-40g de álcool/dia. Em homens, o risco aumentado de HA tornou-se consistente a partir de 31g de álcool/dia. Dados do VIGITEL, 2006 a 2013, mostram que consumo abusivo de álcool – ingestão de quatro ou mais doses, para mulheres, ou cinco ou mais doses, para homens, de bebidas alcoólicas em uma mesma ocasião, dentro dos últimos 30 dias - tem se mantido estável na população adulta, cerca de 16,4%, sendo 24,2% em homens e 9,7% em mulheres. Em ambos os sexos, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas foi mais frequente entre os mais jovens e aumentou com o nível de escolaridade. Sedentarismo Dados da PNS apontam que indivíduos insuficientemente ativos (adultos que não atingiram pelo menos 150 minutos semanais de atividade física considerando o lazer, o trabalho e o deslocamento) representaram 46,0% dos adultos, sendo o percentual significantemente maior entre as mulheres (51,5%). Houve diferença nas frequências de insuficientemente ativos entre faixas etárias, com destaque para idosos (62,7%) e para adultos sem instrução e com nível de escolaridade fundamental incompleto (50,6%). Fatores socioeconômicos Adultos com menor nível de escolaridade (sem instrução ou fundamental incompleto) apresentaram a maior prevalência de HA autorreferida (31,1%). No entanto, Dados do estudo ELSA Brasil, realizado com funcionários de seis universidades e hospitais universitários do Brasil com maior nível de escolaridade, apresentaram uma prevalência de HA de 35,8%, sendo maior entre homens. Marina Moura Fé – M7 Genética Estudos brasileiros que avaliaram o impacto de polimorfismos genéticos na população de quilombolas não conseguiram identificar um padrão mais prevalente. Mostraram forte impacto da miscigenação, dificultando ainda mais a identificação de um padrão genético para a elevação dos níveis pressóricos. - Fisiopatologia- Cerca de 95-97% dos casos de HAS são enquadrados como primários ou essenciais, que são aqueles idiopáticos em que não se consegue identificar uma causa específica para o aumento dos níveis pressóricos. Assim, acredita-se que esses casos são de correntes da interação de vários fatores de risco que, de acordo com uma série de estudos, estão relacionados ao aumento da PA. Já os outros 3-5% dos pacientes apresentam o que conhecemos como HAS secundária, que é quando existe uma doença de base responsável por elevar os níveis pressóricos. Entre essas, as principais são: Marina Moura Fé – M7 Mas independente de qual seja a sua causa, qual é oreal problema por trás de um quadro de hipertensão arterial? Essa é uma das principais perguntas para que a gente possa entender porque a HAS é uma doença tão importante na prática médica. O que acontece é o seguinte: lembrando da definição que a pressão arterial é a força que o sangue exerce sobre as paredes do vaso, quando a pessoa apresenta uma hipertensão, o choque entre o sangue e a parede é mais intenso e mais constante, o que acaba favorecendo a ocorrência de lesões por todo o sistema cardiovascular e também lesões em órgãos-alvo (LOA). É justamente isso que justifica a comum associação da HAS com processos patológicos como: - Fisiopatologia da HAS no envelhecimento - O mecanismo básico que explica o progressivo aumento da pressão sistólica observado com a idade é a perda da distensibilidade e da elasticidade dos vasos de grande capacitância, resultando em aumento da velocidade da onda de pulso. Nessas circunstâncias, a pressão diastólica tende a ficar normal ou até baixa devido à redução da complacência dos vasos de grande capacitância. Os indivíduos idosos com aumento das pressões sistólica e diastólica cursam com menor débito cardíaco, volume intravascular, fluxo renal, atividade de renina plasmática e capacidade de vasodilatação mediados por receptores beta-adrenérgicos, e maiores resistência vascular periférica e massa ventricular esquerda, quando comparados aos jovens com a mesma alteração de pressão arterial. Basicamente, a pressão arterial é o resultado do produto do débito cardíaco e da resistência vascular periférica. Enquanto no jovem o débito cardíaco encontra-se elevado com pouca alteração na resistência vascular periférica, no idoso observa-se exatamente o contrário: aumento nítido da resistência periférica com redução do débito cardíaco. O aumento da resistência periférica no idoso é consequência direta da aterosclerose, que leva a um processo a que podemos chamar envelhecimento do vaso. A aterosclerose é um processo patológico multifatorial, caracterizado inicialmente por disfunção endotelial, seguida por alterações morfológicas do endotélio e da íntima. Essas alterações ocorrem como resposta fibroproliferativa da parede arterial causada por agressão à superfície endotelial. Na década de 1980, Furchgott e Zawadzki, em trabalho pioneiro, mostraram que o endotélio vascular não representa meramente uma barreira de difusão entre o sangue e os tecidos, mas sim um órgão com inúmeras funções biológicas. O endotélio vascular atua modulando o tônus do músculo liso vascular, liberando substâncias vasoativas tanto relaxantes como constritoras; controla o crescimento das células musculares lisas, produzindo fatores estimulantes ou inibitórios desse crescimento; apresenta propriedades antitrombogênicas, por meio de ação antiplaquetária, além de exercer uma resposta inflamatória imune, participando da adesão, da ativação e da migração de linfócitos T e de leucócitos. Marina Moura Fé – M7 Não há dúvida de que o envelhecimento por si só pode determinar modificações tanto na arquitetura como na composição da parede vascular. O endotélio, atingido pelo envelhecimento, libera menor quantidade de óxido nítrico, que é um importante fator de relaxamento vascular. Por outro lado, a sensibilidade da musculatura lisa vascular aos efeitos da endotelina, um potente vasoconstritor, diminui, embora sua liberação aumente com o avançar da idade. O diâmetro dos vasos tende a aumentar. O conteúdo de colágeno aumenta, enquanto a elastina progressivamente se desorganiza, se adelgaça e, com frequência, se fragmenta. Há deposição lipídica e de cálcio, com concomitante perda de elasticidade. Todas essas modificações observadas no idoso podem interagir com outros potentes fatores de risco cardiovascular, como hipertensão arterial, dislipidemias, obesidade e diabetes, fato observado com muita frequência na prática clínica. Essas alterações vasculares têm importantes implicações clínicas na patogênese das doenças cardiovasculares. A fisiopatologia da hipertensão arterial por si é altamente complexa. Inúmeros fatores encontram- se relacionados, envolvendo vários sistemas, resultando em evidentes reflexos na relação entre a espessura da parede arterial e sua luz. Por exemplo, o fator relaxante derivado do endotélio- óxido nítrico (EDON) é reconhecido como um importante modulador do relaxamento vascular dependente do endotélio; consequentemente, uma alteração nesse sistema reduz a síntese e a liberação de ON pelas células endoteliais, com importantes repercussões sobre o tônus vascular, contribuindo para o aumento da resistência dos vasos. Em indivíduos hipertensos, há menor liberação de ON decorrente da disfunção endotelial, com reflexos na resposta vascular. Se a natureza desse fenômeno inicial é decorrente ou causadora da hipertensão arterial ainda está por ser esclarecido. De qualquer forma, a ausência de uma ação vasodilatadora menos eficaz do óxido nítrico permite que a resposta vasoconstritora, proveniente de outros mecanismos, estimule a proliferação de células musculares lisas, o que possibilita alterações na arquitetura vascular já descritas anteriormente. O processo anatomopatológico desenvolvido é expresso clinicamente, entre outras doenças, pela hipertensão arterial sistólica, de grande prevalência entre os idosos. Em relação aos rins, com o avanço da idade, a partir dos 40 anos, principalmente, a massa renal declina continuamente, há redução no número de glomérulos, atingindo na sétima década 1/3 dos do adulto jovem. A progressiva natureza do processo do envelhecimento renal fica bem demonstrada com a mudança de estrutura dos glomérulos, com acentuado espessamento da membrana basal que se associa a alterações bioquímicas. Essas alterações levam a menor área de filtração e permeabilidade glomerular, determinando diminuição do ritmo de filtração glomerular. De um modo geral, essas alterações nos idosos saudáveis têm pequeno ou nenhum significado na função renal. Porém, a presença de um processo patológico como, por exemplo, o DM ou a HA pode ter um papel determinante no desencadeamento de doença renal. Hipertensão arterial secundária no idoso – A busca de uma causa secundária para a hipertensão arterial em idosos não constitui rotina. No entanto, causas endócrinas, especialmente aquelas relacionadas com a glândula suprarrenal, que cursam com aumento da secreção de catecolaminas (feocromocitoma) de origem medular, de aldosterona (doença de Conn) e de glicocorticoides (doença de Cushing), ambas de origem cortical, devem ser consideradas quando houver sintomas ou sinais sugestivos dessas doenças. Marina Moura Fé – M7 - Medida da pressão arterial no idoso - – Em face da grande variabilidade da pressão arterial em indivíduos idosos, tornam-se necessários alguns cuidados. A posição em decúbito é a mais apropriada, e deve-se tentar obter o máximo de relaxamento do paciente, realizando-se no mínimo duas tomadas da pressão arterial, idealmente três tomadas, com intervalo de tempo mínimo de 5 min entre cada medida, principalmente quando se notar que o paciente está ansioso. Nesses pacientes com grande ansiedade, devem ser tomados alguns cuidados antes do diagnóstico definitivo de hipertensão arterial, como: repetir em outro dia no próprio consultório a medida da pressão arterial, medir em domicílio. Em decorrência das particularidades desta população, na avaliação da pressão arterial em indivíduos idosos pode ser útil recorrer a métodos complementares de avaliação da pressão arterial (MAPA ou MRPA) com o objetivo de afastar a hipertensão do jaleco branco e de diagnosticar a hipertensão mascarada. A Medição Residencial da PA (MRPA) é uma modalidade demedição realizada com protocolo específico, consistindo na obtenção de três medições pela manhã, antes do desjejum e da tomada da medicação, e três à noite, antes do jantar, durante cinco dias. Outra opção é realizar duas medições em cada uma dessas duas sessões, durante sete dias. São considerados anormais valores de PA ≥ 135/85 mmHg. A Monitoração Ambulatorial da PA (MAPA) é o método que permite o registro indireto e intermitente da PA durante 24 horas ou mais, enquanto o paciente realiza suas atividades habituais durante os períodos de vigília e sono. Uma de suas características mais específicas é a possibilidade de identificar as alterações circadianas da PA, sobretudo em relação às medições durante o sono, que têm implicações prognósticas consideráveis. Três situações são particularmente importantes quando avaliamos a pressão arterial em idosos e alguns cuidados devem ser observados durante a medida da pressão arterial nesses pacientes para o adequado diagnóstico de hipertensão arterial, evitando desta forma o tratamento desnecessário, ou o não tratamento desses pacientes. A manobra de Osler, que consiste na palpação do pulso radial na presença de insuflação máxima do manguito, sugere fortemente a presença de pseudo-hipertensão. O hiato auscultatório é uma condição que pode nos levar a uma subestimação da pressão sistólica ou a superestimação da pressão arterial diastólica. Nesta condição, podem-se ouvir os primeiros ruídos de Korotkoff, seguindo-se de um silêncio e de reaparecimento dos ruídos. A realização da medida palpatória da pressão arterial sistólica antecedendo a medida auscultatória é uma maneira simples de identificar o hiato auscultatório. A medida pelo sistema Finapress ou similares e a medida intra- arterial da pressão arterial, considerada padrão- ouro, podem ser usadas em raras situações para o adequado esclarecimento. A hipotensão postural ou ortostática é um fenômeno relativamente comum em pacientes idosos e que assume importância clínica quando se manifesta com tontura postural, sobretudo na vigência de uso de fármacos hipotensores. Hipotensão postural significativa é necessária para o diagnóstico, tal como uma queda de 20 mmHg na pressão sistólica e/ou 10 mmHg na pressão diastólica, dentro de três minutos, quando se muda o paciente da posição supina para a ortostática. - Classificacão da HAS -– Uma vez tendo avaliado a PA do paciente, nós poderemos classificá- -la em 3 categorias: normotensão, pré-hipertensão e hipertensão (que pode ser dividida em 3), seguindo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC): Marina Moura Fé – M7 Atenção!!! Se a PAs e a PAd se situarem em categorias diferentes, a maior delas deve ser utilizada para classificação da PA. Normotensão Os indivíduos normotensos dispensam explicação! São justamente aquelas pessoas que possuem uma PA dentro dos valores de referência ou então que são hipertensas, mas com ouso correto da terapia anti-hipertensiva conseguem manter sua pressão arterial em níveis pressóricos normais (hipertensão controlada). Pré-hipertensão Os pré-hipertensos, por sua vez, são aquelas pessoas que estão no meio termo entre o que é considerado normal (≤ 120x80mmHg) e o que é hipertensão (≥ 140x90mmHg). Assim, elas possuem grande probabilidade de se tornarem hipertensas e também um maior risco de desenvolverem alguma complicação cardiovascular e é justamente por isso que precisam ser acompanhadas com mais regularidade. Hipertensão Por fim, os hipertensos são aqueles pacientes que, comprovadamente, mantêm níveis pressóricos ≥ 140x90mmHg, sendo que eles ainda podem ser estratificados em 3 estágios de acordo com o valor da sua PA. Além disso, também entram nesse grupo aqueles indivíduos cujo tratamento anti- hipertensivo não está tendo efeito, que é o caso da hipertensão não controlada. Até aqui está tudo ótimo. O problema é que existem 3 situações que podem nos atrapalhar na hora de classificar um paciente quanto ao valor de sua PA. São elas: efeito do avental branco, hipertensão do avental branco e hipertensão mascarada. Efeito do Avental Branco O EAB é a diferença de pressão entre as medidas obtidas no consultório e fora dele, desde que essa diferença seja igual ou superior a 20 mmHg na PAS e/ou 10 mmHg na PAD. Essa situação não muda o diagnóstico, ou seja, se o indivíduo é normotenso, permanecerá normotenso, e se é hipertenso, continuará sendo hipertenso; pode, contudo, alterar o estágio e/ou dar a falsa impressão de necessidade de adequações no esquema terapêutico. Hipertensão do Avental Branco Já a hipertensão do avental branco, por sua vez, se dá quando no consultório o indivíduo apresenta níveis pressóricos anormais, mas fora dele sua PA fica normotensa. Ou seja, nessa outra situação a variação na PA mudaria o diagnóstico e, consequentemente, nossa conduta. Hipertensão Mascarada Por fim, a chamada hipertensão mascarada é praticamente o oposto da hipertensão do avental branco: ela se caracteriza por no consultório o paciente apresentar uma PA normal, mas fora dele seus níveis pressóricos serem aumentados. Ou seja, novamente uma condição que alteraria nosso diagnóstico. Marina Moura Fé – M7 Hipertensão sistólica isolada É definida como PAS aumentada com PAD normal. A hipertensão sistólica isolada (HSI) e a pressão de pulso (PP) são importantes fatores de risco cardiovascular (FRCV) em pacientes de meia-idade e idosos. - Diagnóstico - – • PA ≥ 180x110mmHg diagnostica a HAS • PA ≥ 140x90mmHg e < 180x110mmHg precisa investigar o risco de doenças cardiovasculares ou renais. Para calcularmos o risco no paciente com suspeita de hipertensão, nós po demos nos basear na seguinte tabela da diretriz brasileira: Beleza, mas para que a gente avalia isso daí? Porque é justamente esse risco que nos ajuda a definir o próximo passo da avaliação do paciente. A ideia é: PA ≥ 140x90mmHg com risco alto já fecha o diagnóstico de HAS. Por outro lado, uma PA elevada com risco baixo ou moderado requer uma avaliação um pouco mais profunda para que a gente possa concluir que realmente se trata de um quadro de hipertensão. Percebeu? Até esse momento da consulta a gente só estava tentando definir quem de fato tem HAS e quem ainda está na suspeita da condição. Feito isso, então, nós deveremos solicitar para todos os pacientes uma série de exames laboratoriais – que são úteis para checar se há lesão de órgãos-alvo – e só para aqueles com suspeita é que nós poderemos solicitar exames complementares de medição da PA, que são a MAPA e a MRPA
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