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Guia_Didatico_Lingua_Portuguesa_-_Semantica

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Prévia do material em texto

Língua Portuguesa – semântica
Aline de Almeida Inhoti Boschini 
Raquel Fregadolli Cerqueira Reis Gonçalves
www.unipar.br
UNIVERSIDADE PARANAENSE 
MANTENEDORA 
Associação Paranaense de Ensino e Cultura – APEC 
REITOR
Carlos Eduardo Garcia 
Vice-Reitora Executiva
Neiva Pavan Machado Garcia 
Vice-Reitor Chanceler
Candido Garcia
Diretorias Executivas de Gestão 
Administrativa 
Diretorias Executivas de Gestão 
Acadêmica 
Diretor Executivo de Gestão dos Assuntos Comunitários 
Cássio Eugênio Garcia
Diretora Executiva de Gestão da Cultura e da Divulgação 
Institucional 
Cláudia Elaine Garcia Custódio
Diretora Executiva de Gestão e Auditoria de Bens Materiais
Permanentes e de Consumo
Rosilamar de Paula Garcia
Diretor Executivo de Gestão dos Recursos Financeiros 
Rui de Souza Martins
Diretora Executiva de Gestão do Planejamento Acadêmico 
Sônia Regina da Costa Oliveira
Diretor Executivo de Gestão das Relações Trabalhistas 
Jânio Tramontin Paganini
Diretor Executivo de Gestão dos Assuntos Jurídicos 
Lino Massayuki Ito
Diretora Executiva de Gestão da Educação a Distância 
Ana Cristina de Oliveira Cirino Codato
Diretora Executiva de Gestão do Ensino Superior 
Maria Regina Celi de Oliveira
Diretora Executiva de Gestão da Pesquisa e da Pós-
Graduação 
Evellyn Cláudia Wietzikoski
Diretor Executivo de Gestão da Extensão 
Universitária 
Adriano Augusto Martins
Diretor Executivo de Gestão da Dinâmica 
Universitária 
José de Oliveira Filho
Diretorias dos Institutos Superiores das 
Ciências
Diretora do Instituto Superior de Ciências Exatas, 
Agrárias, Tecnológicas e Geociências 
Giani Andréa Linde Colauto 
Diretora do Núcleo dos Institutos Superiores de Ciências 
Humanas, Linguística, Letras e Artes, Ciências Sociais 
Aplicadas e Educação 
Fernanda Garcia Velásquez 
Diretora do Instituto Superior de Ciências Biológicas, 
Médicas e da Saúde 
Irinéia Paulina Baretta
DEGEAD – DIRETORIA ExECUTIVA DE GESTãO DA EDUCAçãO 
A DISTâNCIA
Diretora Executiva de Gestão da Educação a Distância 
Ana Cristina de Oliveira Cirino Codato
Coordenador dos Cursos Superiores de Licenciatura e de 
Graduação Plena (História, Letras, Pedagogia e Filosofia)
Heiji Tanaka
Coordenador dos Cursos Superiores de Tecnologia e Bacharelado do 
Eixo Tecnológico de Gestão e Negócios (Gestão Comercial, Logística, Marketing, 
Processos Gerenciais e Administração)
Evandro Mendes de Aguiar
Coordenadora dos Cursos Superiores de Tecnologia e Bacharelado do 
Eixo Tecnológico de Gestão e Negócios (Gestão Financeira, 
Gestão Pública, Recursos Humanos e Ciências Contábeis)
Isabel Cristina Gozer
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UNIPAR 
B742L Boschini, Aline de Almeira Inhoti 
Língua portuguesa - semântica / Aline de Almeida 
Inhoti Boschini; Raquel Fregadolli Cerqueira Reis 
Gonçalves. – Umuarama : UNIPAR, 2016.
114 f. 
ISBN: 978-85-8498-099-4
1. Semântica. 2. Ensino a distância - EAD. I. 
Universidade Paranaense - UNIPAR. II. Título. 
(21 ed.) CDD: 412
Assessoria pedagógica 
Daniele Silva Marques e Marcia Dias 
Diagramação e Capa 
Andresa Guilhen Zam, Diego Ricardo Pinaffo, Fernando Truculo Evangelista e Renata Sguissardi
* Material de uso exclusivo da Universidade Paranaense – UNIPAR com todos os direitos da edição a ela reservados.
Sumário
Unidade i: SinTaXe de COnCORdÂnCia ..................................13
educação linguística .............................................................................................14
Gramática e (produção de) sentidos ..............................................................16
O verbo ........................................................................................................................21
Concordância verbal e nominal ........................................................................26
Unidade ii: PRediCaÇÃO e ReGÊnCia 
VeRBaL e nOMinaL .............................................................................39
Transitividade verbal ............................................................................................44
Predicado verbal .....................................................................................................46
Regência verbal e nominal ..................................................................................51
Regência de alguns verbos ..................................................................................58
Unidade iii: COLOCaÇÃO PROnOMinaL ...................................65
Colocação pronominal ..........................................................................................67
Pronomes pessoais .................................................................................................72
Colocação pronominal ..........................................................................................76
Língua Portuguesa – semântica
Ênclise ..........................................................................................................................76
Próclise ........................................................................................................................79
Mesóclise ....................................................................................................................81
Unidade iV: LinGUaGeM e SiGniFiCaÇÃO 
daS PaLaVRaS .........................................................................................89
Língua e linguagem ...............................................................................................90
Língua falada e língua escrita ............................................................................92
Fala e signo ................................................................................................................94
Significação das palavras .....................................................................................95
ReFeRÊnCiaS ..........................................................................................114
apresentação
Diante dos novos desafios trazidos pelo mundo contemporâneo e o surgimento de um 
novo paradigma educacional frente às Tecnologias de Informação e Comunicação dis-
poníveis que favorecem a construção do conhecimento, a revolução educacional está 
entre os mais pungentes, levando as universidades a assumirem a sua missão como 
instituição formadora, com competência e comprometimento, optando por uma gestão 
mais aberta e flexível, democratizando o conhecimento científico e tecnológico, atra-
vés da Educação a Distância.
Sendo assim, a Universidade Paranaense - UNIPAR - atenta a este novo cenário e 
buscando formar profissionais cada vez mais preparados, autônomos, criativos, res-
ponsáveis, críticos e comprometidos com a formação de uma sociedade mais demo-
crática, vem oferecer-lhe o Ensino a Distância, como uma opção dinâmica e acessível 
estimulando o processo de autoaprendizagem.
Como parte deste processo e dos recursos didático-pedagógicos do programa da 
Educação a Distância oferecida por esta universidade, este Guia Didático tem como 
objetivo oferecer a você, acadêmico(a), meios para que, através do autoestudo, possa 
construir o conhecimento e, ao mesmo tempo, refletir sobre a importância dele em sua 
formação profissional.
Seja bem-vindo(a) ao Programa de Educação a Distância da UNIPAR.
Carlos Eduardo Garcia 
Reitor
Seja bem-vindo caro(a) acadêmico(a),
Os cursos e/ou programas da UNIPAR, ofertados na modalidade de educação a dis-
tância, são compostos de atividades de autoestudo, atividades de tutoria e atividades 
presenciais obrigatórias, os quais individualmente e no conjunto são planejados e or-
ganizados de forma a garantir a interatividade e o alcance dos objetivos pedagógicos 
estabelecidos em seus respectivos projetos.
As atividades de autoestudo, de caráter individual, compreendem o cumprimento das 
atividades propostas pelo professor e pelo tutor mediador, a partir de métodos e práti-
cas de ensino-aprendizagem que incorporem a mediaçãode recursos didáticos orga-
nizados em diferentes suportes de informação e comunicação.
As atividades de tutoria, também de caráter individual, compreendem atividades de 
comunicação pessoal entre você e o tutor mediador, que está apto a: esclarecer as 
dúvidas que, no decorrer deste estudo, venham a surgir; trocar informações sobre as-
suntos concernentes à disciplina; auxiliá-lo na execução das atividades propostas no 
material didático, conforme calendário estabelecido, enfim, acompanhá-lo e orientá-lo 
no que for necessário.
As atividades presenciais, de âmbito coletivo para toda a turma, destinam-se obriga-
toriamente à realização das avaliações oficiais e outras atividades, conforme dispuser 
o plano de ensino da disciplina.
Neste contexto, este Guia Didático foi produzido a partir do esforço coletivo de uma 
equipe de profissionais multidisciplinares totalmente integrados que se preocupa 
com a construção do seu conhecimento, independente da distância geográfica que 
você se encontra.
O Programa de Educação a Distância adotado pela UNIPAR prioriza a interatividade, 
e respeita a sua autonomia, assegurando que o conhecimento ora disponibilizado seja 
construído e apropriado de forma que, progressivamente, novos comportamentos, no-
vas atitudes e novos valores sejam desenvolvidos por você.
A interatividade será vivenciada principalmente no ambiente virtual de aprendizagem 
– AVA, nele serão disponibilizados os materiais de autoestudo e as atividades de tuto-
ria que possibilitarão o desenvolvimento de competências necessárias para que você 
se aproprie do conhecimento.
Recomendo que durante a realização de seu curso, você explore os textos sugeridos 
e as indicações de leituras, resolva às atividades propostas e participe dos fóruns de 
discussão, considerando que estas atividades são fundamentais para o sucesso da 
sua aprendizagem.
Bons estudos! e-@braços.
Ana Cristina de Oliveira Cirino Codato 
Diretora Executiva de Gestão da Educação a Distância
introdução
Olá, Aluno(a)!
Seja bem-vindo(a) à disciplina de Semântica! 
Esta disciplina busca compreender os modos como a língua produz sentido. Outro ob-
jetivo que pode ser citado é investigar como o código linguístico significa. Para tanto, 
busca-se identificar e compreender o funcionamento de mecanismos, de estratégias 
e de instrumentos empregados no texto para que produza determinados sentidos e 
não outros. 
A gramática, mais especificamente no que compete à construção sintática dos textos, 
contribui refletir sobre o modo como os sentidos se constituem. 
Dentre as funções sintáticas exercidas, destacam-se neste material os seguintes 
tópicos: Sintaxe de Concordância; Sintaxe de Regência; Sintaxe de Colocação; e, 
Linguagem e significação das palavras. 
Esperamos que você possa entrar na viagem sem volta da construção dos sentidos 
e que esta disciplina possa contribuir para uma leitura menos inocente e fortuita das 
palavras e das coisas!
Unidade i - SinTaXe de COnCORdÂnCia 
ObjetivOs a serem alcançadOs nesta unidade
Prezado(a) Acadêmico(a), ao terminar os estudos dessa unidade, você deverá ser 
capaz de:
• Compreender a educação linguística. 
• Aprofundar conhecimento sobre gramática e (Produção de) Sentido, verbo, 
Concordância Verbal e Nominal.
Para que esses objetivos sejam alcançados, é de extrema importância que você de-
senvolva seus estudos com seriedade e dedicação, lendo as literaturas recomenda-
das e os capítulos dos livros didáticos que forem referenciados neste guia. 
Bons estudos!
14 Língua Portuguesa – semântica
educaçãO linguística 
A língua se constitui como um dos principais elementos que distinguem a raça hu-
mana das demais raças, por isso, salvaguardados os casos de alguma patologia, os 
seres têm uma capacidade natural de desenvolver a linguagem. 
A escrita, por ser uma tecnologia de linguagem, precisa ser aprendida e ensinada, 
portanto, precisa de um empenho de uma situação formal de ensino e aprendizagem. 
A escrita se destaca pela qualidade do registro que proporcionou mudanças significa-
tivas nas práticas sociais de modo geral, em todas as instâncias. 
Com a escrita, a prática educacional também passou por alterações e foi responsabi-
lizada pelo ensino da tecnologia da escrita e, com isso, o ensino da gramática ganhou 
muita visibilidade no campo de ensino de língua(s). Por ser uma técnica, a escrita a 
ser apreendida e por exercer influência nas relações sociais, a escrita na sua catego-
ria formal agrega valores àqueles que dela se servem adequadamente. 
O domínio da língua escrita, sob condições formais e culta de uso, implica em status 
social e reconhecimento das pessoas que dela se servem. Nesse sentido, o ensino e 
o domínio da gramática cooperam para o uso adequado e regular da escrita, visto que 
ela está presente em quase todas as formas de relação interpessoais. 
Outro aspecto que merece destaque com relação à escrita, em especial, é o contato 
corriqueiro com as mais variadas formas de mídia. Com o surgimento de aplicativos 
que propiciam o bate-papo virtual, as relações interpessoais são intermediadas de 
forma expressiva pela linguagem escrita.
Apesar de a oralidade ser adquirida de forma mais natural que a escrita, as duas estão 
relacionadas ao código linguístico, uma vez que a língua precisa ser convencionada 
e compartilhada entre os membros de uma determinada comunidade para que seja 
possível o processo de significação. 
15LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
No entanto, a língua extrapola os limites do código e estão sujeitas às condições de 
produção e à subjetividade do sujeito, isto é, suas experiências, suas relações inter-
pessoais e sua relação com o mundo.
Podemos, portanto, neste ponto, afi rmar que uma educação linguística é necessária, 
importante e fundamental para as pessoas viverem bem em uma sociedade e na cultura 
que se veicula por uma língua e confi gura essa língua por meio de um trabalho sócio
-histórico-ideológico que estabelece tanto os recursos da língua como regularidades 
a serem usadas para comunicar quanto os signifi cados/sentidos que cada recurso é 
capaz de pôr em jogo em uma interação comunicativa (TRAVAGLIA, 2009, p.23).
A comunicação só existe, no caso da comunicação linguística, quando uma pessoa 
fala (ou escreve) e a outra compreende. Em outras palavras, a comunicação se esta-
belece na relação entre os usuários de uma mesma língua a partir da produção de um 
texto e de sua recepção entre os interlocutores.
O uso competente da língua se revela no uso estratégico de recursos empregados 
para atingir o objetivo da comunicação em uma dada situação. 
Figura 1: Interação
Fonte: UOL (2015). Disponível em: <http://not1.xpg.uol.com.br/fonetica-e-fonologia-explicacao-de-gramatica-
dicas-e-mais/>. Acesso em: 30 nov. 2015
A competência linguística do sujeito varia conforme sua habilidade em escolher, den-
tre as possibilidades proporcionadas pela língua para construir um texto. Da mesma 
forma, ao receber um texto, saber compreender os efeitos dos recursos da língua 
empregados em um texto.
16 Língua Portuguesa – semântica
Assim, a educação linguística se constitui do conjunto de atividades aplicadas ao pro-
cesso de ensino e aprendizagem formal (escolares) e informal (relações e experiên-
cias de vida) em que o sujeito dispõe do maior número de recursos da sua língua nas 
mais diversas condições de produção.
Sendo a língua o elemento de interação entre as pessoas, as coisas e o mundo, do-
miná-la faz parte do processo de sobrevivência e de cidadania. 
No próximo tópico, você perceberá que continuaremos a discussão sobre como o 
domínio da gramática contribui para a compreensão do modo de funcionamento da 
língua, em especial, no que se refere à produção de sentido.
gramática e (PrOduçãO de) sentidOs
Antes de darmos continuidade, é importante esclarecer que, neste material estamos 
tratando da língua portuguesa enquanto língua materna. Mas no queisso interfere? 
Tratar de gramática e de produção de sentidos em língua materna é muito diferente 
de quando nos voltamos para outra língua. 
Na língua materna, a apreensão do funcionamento da língua é muito mais “natural”, 
ou melhor, produz um efeito de naturalidade. No entanto, veremos que é justamente 
esse efeito de naturalidade da língua que devemos atentar.
Primeiramente, porque o professor traz consigo algumas crenças e algumas práticas de ensino 
da língua que precisam ser revistas e readequadas à pratica de ensino na contemporaneidade.
Em segundo lugar, pelo fato de a gramática elementar ser internalizada pelo falante 
do português ser desconsiderada no momento da aprendizagem e, no processo es-
colar de educação, a língua acaba sendo ensinada de forma mecânica, sem levar em 
consideração o funcionamento da língua em uso. 
17LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
Nesse sentido, ao contrário da ideia que já constituiu (e ainda constitui) o ensino de 
língua materna no Brasil, a gramática não está aquém da produção de sentido, mas é 
condição para produção de sentido. 
Afi nal de contas, o que é gramática? A gramática é, grosso modo, o conjunto de regras 
de uma língua compartilhada por uma comunidade, uma sociedade, uma nação. 
Diante disso, a gramática compõe o conjunto de condições linguísticas para a signi-
fi cação. Trata-se, portanto, de um conjunto de recursos, ferramentas, instrumentos e 
mecanismos que cooperam para a produção de efeitos de sentido. 
reFlita
“Todos os recursos da língua - em todos os seus planos (fonológico, morfológico, 
sintático, pragmático) e níveis (lexical, frasal, textual-discursivo) –, em termos de 
unidades e estruturas (sejam elas fonológicas, morfológicas, sintáticas e textu-
ais), funcionam como pistas e instruções de sentidos que são coadjuvados nesta 
função por mecanismos, fatores e princípios. Dessa ação conjunta surgem os 
efeitos de sentido possíveis para uma dada sequência linguística usada como 
texto em uma dada situação de interação.
O que se disse anteriormente autoriza afi rmar que tudo o que é gramatical é textu-
al e, vice-versa, que tudo o que é textual é gramatical. Assim, quando se estudam 
os aspectos gramaticais de uma língua, estão sendo estudados os recursos de que 
a língua dispõe para que o falante/escritor constitua seus textos para produzir o(s) 
efeito(s) de sentido que pretende que sejam percebidos pelo ouvinte/leitor e o que 
afeta esta percepção. E quando são estudados aspectos textuais da língua estamos 
estudando como esses recursos funcionam na interação comunicativa” (TRAVAGLIA, 
2009, p.45).
18 Língua Portuguesa – semântica
Diante dessa perspectiva, o processo de ensino e aprendizagem da língua não pode 
ser dividido em duas partes: a gramatical e a (produção) textual e oral, mas uni-las de 
modo complementar. 
A gramática somada ao texto (leitura e produção) possibilita o domínio íntegro 
da língua e coopera para a formação cidadão prevista pelos Parâmetros Curri-
culares Nacionais. 
De modo geral, todo conhecimento sobre a língua deve estar ligada à vida das pesso-
as. O domínio da gramática contribui para o uso mais elaborado da língua e possibilita 
a seleção e construção linguística mais pertinente e adequada aos objetivos elabora-
dos, bem como aos interlocutores envolvidos. 
Por outro lado, existem aqueles que supervalorizam a gramática e não a articula com o 
texto nem a textualidade. A gramática quando voltada apenas às regras, nomenclatu-
ras e definições, reduz a língua a um código, sem estabelecer relação com o seu uso. 
Assim, devemos nos perguntar por que e para quê ensinamos gramática para falan-
tes nativos da língua. Tal problematização coopera para outro olhar sobre as práticas 
pedagógicas voltadas à língua portuguesa, bem como reconfigura o que até então se 
tem compreendido sobre gramática.
Figura 2: A língua em funcionamento
Fonte: Webinsider (2015). Disponível em: <http://webinsider.com.br/2012/08/13/o-sucesso-do-seu-projeto-depen-
de-da-comunicacao-parte-2/>. Acesso em: 30 nov. 2015
19LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
Ensinar a língua com o objetivo de desenvolver habilidades de uso da língua signifi ca 
formar usuários competentes e com condições de adequar o uso da língua a cada 
situação de comunicação e de interação. 
A língua também é, por vezes, ensinada apenas como conhecimento teórico nos 
níveis descritivo e explicativo, desenvolvendo habilidade de análise dos fatos 
imanentes à língua. 
Para a grande maioria dos falantes o que importa da língua é que ela seja comunica-
tivamente competente ao estabelecer a comunicação. O conhecimento mais teórico 
e mais profi ciente da língua ainda é restrito a algumas pessoas. Pessoas estas que, 
às vezes, se dedicam a profi ssões socialmente reconhecidas e envolvidas, de alguma 
forma, com a língua, a saber: linguistas, gramáticos, professores de língua, profi ssio-
nais da comunicação e relacionados à área do direito. 
saiba mais
Gramática na cabeça
As aulas nem sempre se dedicam a entender a língua, mas a corrigir uma lista 
de erros
Sírio Possenti
Provavelmente, não há campo de estudos em que as pesquisas são tão desconside-
radas quanto o da gramática. A maioria dos cidadãos, mesmo entre os cultos, pensa 
que gramática é um compêndio com regras defi nitivas, seguidas por escritores, e que 
todos devem seguir em toda circunstância, sob pena de estarem errados. Os agrôno-
mos e agricultores se informam sobre as descobertas da Embrapa, mas os “especia-
listas” em língua não se informam sobre as descobertas em aquisição de linguagem 
20 Língua Portuguesa – semântica
(falada e escrita), história da escrita, sociolinguística. É estranho, muito estranho!
Mesmo as pessoas cultas que sabem que línguas mudam (muitas formas mudaram 
do latim para o português e do português de uma época para o de outra) pensam, no 
fundo, que as línguas mudavam antigamente, mas agora, não. Acontece que estão 
mudando na nossa cara!
Por isso, as aulas de português, em geral, não se dedicam a compreender a língua 
que se fala (no Brasil), mas a corrigir uma lista de supostos erros. Com resultado nulo. 
(Imaginem se o mesmo ocorresse com botânica ou zoologia: a tarefa dos professores 
seria ensinar alunos a corrigir plantas e bichos!).
Considere-se um aspecto da gramática, a regência verbal. Aprende-se que os verbos 
são transitivos (diretos ou indiretos, etc.) ou intransitivos (etc.). Dão-se exemplos (dor-
mir, comer feijão, dar aos pobres). Mas, em seguida, as gramáticas e manuais forne-
cem uma pequena lista de verbos cuja regência é uma na fala da maioria das pessoas 
e outra no “português correto”! Por isso, os compêndios pensam que devem corrigir a 
realidade, ensinando que a regência antiga é a correta.[...]
Um só português?
Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe 
apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões e para todos os 
“suportes”: o estilo dos contratos não é o mesmo do dos manuais de instrução; o dos 
juízes do Supremo não é o mesmo do dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não 
é o mesmo do dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas!
O que a escola precisaria fazer, se quisesse que os alunos “cheguem perto” de domi-
nar estes vários estilos, é ler e analisar textos escritos nesses diversos estilos, chamar 
a atenção para as diferentes construções, levar os alunos a escreverem e reescreve-
rem textos até “chegarem perto” de dominar estes estilos.
21Língua Portuguesa – semântica
O que a escola não deve mais - é inclusive um gasto inútil! - é fazer listas para os 
alunos decorarem. Se for minimamente competente (isto é, se seus especialistas sou-
berem o que estão fazendo, se conhecerem seu serviço), deverá ter descoberto, já, 
que não é assim que se aprende uma língua, especialmente suas formas antigas ou 
irregulares. A verdadeira gramática está (estará?) nacabeça dos falantes.
Listas, fora!
Sírio Possenti é professor associado do departamento de linguística da Unicamp e 
autor de Língua, Texto e Discurso (Contexto) 
Fonte: REVISTA LÍNGUA (2011).
Disponível em: <http://revistalingua.com.br/textos/67/artigo249093-1.asp>. Acesso 
em: 18 out. 2015.
O verbO
Conforme vimos nos tópicos anteriores, o domínio da gramática não precisa estar restri-
to a quem trabalha diretamente com a língua, nem reduzir a língua a apenas um código. 
A importância da atenção dada à gramática é a pluralidade configurada pela diversi-
dade de competências e habilidades a serem desenvolvidas por meio da articulação 
entre texto e os elementos gramaticais. 
Os verbos constituem uma classe gramatical que implica diretamente na constru-
ção semântica, isto é, na produção de sentidos. Isso porque cabe aos verbos indicar 
ações, classificar enunciados, revelar o sujeito da oração, classificar o predicado, in-
dicar o tempo e apresentar ao texto um aspecto dinâmico. 
De forma geral, os verbos exprimem ações e eles podem corresponder a sensações, 
22 Língua Portuguesa – semântica
sentimentos, estados e fenômenos naturais. Um verbo também pode evocar um pro-
cesso, desenrolar eventos, identificar seu início e fim. 
Os verbos funcionam como articulador entre os diversos elementos constitutivos da 
frase. O verbo é elemento determinante no texto e pode tanto contribuir para a com-
preensão do texto quanto pode comprometer o sentido do texto.
Conforme a seleção do verbo é possível atribuir determinadas qualidades às ações. 
Por exemplo: dizer que alguma coisa caiu no chão é muito diferente de dizer que algo 
foi derrubado; ocupado ou invadido; ganhar e comprar; andar e correr; falar e gritar etc. 
Além dessas seleções que fazemos cotidianamente dos verbos para descrever ou 
definirmos ações, os verbos ainda possuem suas particularidades e podem assumir 
outras funções em uma frase, como os modalizadores. 
Os modalizadores são verbos que conforme são empregados em uma frase tem a 
função de suavizar, clarificar ou indicar possibilidade. A modalização não se estabele-
ce apenas só com os verbos, mas também com outras classes gramaticais como ad-
vérbios (provavelmente, necessariamente, possivelmente etc.) e adjetivos (possível, 
provável, capaz, permitido, obrigatório). 
Outro exemplo é o verbo parecer. Este apresenta traços de modalizador no sentido de 
uma atitude hesitante ou duvidosa do sujeito, ou seja, quando se está com dúvida ou 
quando as coisas não são, parecem. Exemplos:
• Parecia chover, mas fez sol.
• Tudo parecia calmo, quando ela volta a chorar.
Quando o verbo parecer se liga a orações subordinadas completiva, substantiva, eles 
desempenham a função de sujeito, citamos como exemplo de aparição do verbo nes-
sa função: parecia-lhe isso (para ele, era sua opinião); era isso que lhe parecia; era 
23Língua Portuguesa – semântica
sua opinião que; o que lhe parecia era que; parece-me (para mim, é minha opinião 
que) etc.
O verbo parecer assume função de auxiliar em perífrases, sua função é instrumental, 
quando assume o sentido de “dar sinais de”. 
Outro fator importante do verbo parecer é que ele não pode ser transitivo por algumas 
razões: 
1. O hipotético complemento não suporta a deslocação, replicando uma forma 
pronominal de substituição, exemplo:
Aquele homem matou dois leões / Dois leões matou-os aquele homem.
Mas não se usa:
Parece-me que elas são bonitas / *que elas são bonitas parece-mo.
2. O verbo parecer não aceita a substituição pronominal que corresponde ao gê-
nero e ao número ao seu hipotético complemento. Veja os exemplos a seguir:
Aquele homem matou dois leões / Aquele homem matou-os.
Mas não se usa:
Parece-me que elas são bonitas / *Parece-mas.
3. O hipotético complemento direto do verbo parecer não aceitaria a função de 
sujeito na voz passiva:
Aquele homem matou dois leões / Dois leões foram mortos por aquele homem.
Mas não usa:
Parece que elas são bonitas / *que elas são bonitas é parecido.
24 Língua Portuguesa – semântica
Há um argumento em razão do qual se atribui maior importância: a permuta de sentido 
entre o verbo transitivo e o seu argumento interno. Nesse sentido, o verbo parecer não 
compartilha dos sentidos com o argumento interno. Como exemplo, podemos citar:
• Individual: Parece-me que a vida é bela;
• Universal: Parece que a vida é bela.
Assim como o verbo parecer, os verbos ser e haver também têm suas particulari-
dades. Vamos falar primeiro do verbo haver na expressão “haja vista”. Trata-se de 
uma expressão equivalente à forma sintética veja. O elemento primeiro da expressão 
“haja” é a flexão do verbo haver na terceira pessoa do imperativo afirmativo e “vista” 
não pode ser substituído por “visto”, pois se refere à vista, com o sentido de olho, ver. 
Desse modo, essa expressão se emprega de forma invariável sendo o objeto direto 
as palavras que ela segue. 
O verbo ser tem características específicas na língua portuguesa. Também se difere 
pelo fato de ser muito empregado no uso cotidiano da língua portuguesa. Além disso, 
é o único que é permitido a concordância com o predicativo, veja o exemplo a seguir: 
tudo é flores, tudo são flores. 
De modo geral, o verbo ser pode ser usado desempenhando uma função sintática que 
nos atenda, veja abaixo as opções de uso do verbo:
1. Sujeito coisa e predicativo coisa – a preferência é pela referência no plural, 
exemplo: “nossa força são as mãos”.
2. Sujeito pessoa e predicativo pessoa – preferência pela forma plural: Uma só 
pessoa eram aqueles dois.
3. Oração formada por pessoa e coisa – o verbo concorda, preferencialmente 
com a pessoa. “As crianças são o melhor no mundo”.
4. Oração formada por pessoa e pronome pessoal – qualquer que seja a função 
sintática, a preferência é pelo pronome: “Os estudantes do Brasil sois vós”.
25Língua Portuguesa – semântica
5. Coisa e pronome - salvo a função sintática, prefere concordar com o nome. “A 
alegria dessa cidade é você”.
6. Sujeito pronome pessoal e predicativo pronome pessoal – preferência pelo 
pronome do sujeito: “Elas são eu amanhã”.
Quando a oração começar com as expressões é bom, é necessário, é proibido, o verbo 
ser permanece invariável. No entanto, se o sujeito estiver determinado o verbo concor-
da normalmente: São proibidas pessoas estranhas / É proibido a entrada de estranhos. 
No caso do “é preciso” o verbo ser permanece invariável.
Outros casos que podem acontecer com os verbos, são os verbos e a palavra “se”, 
apesar das diversas funções exercidas pelo “se”. Há duas funções que se relacionam 
com a concordância verbal:
1. Índice de indeterminação do sujeito – acompanha verbos intransitivos, transi-
tivos indiretos e de ligação, obrigatoriamente conjugados na terceira pessoa 
do singular. Veja os exemplos a seguir:
Precisa-se de auxiliar administrativo.
Confia-se em ideias absurdas.
Era-se mais sociável antes do celular.
2. Partícula apassivadora – acompanha verbos transitivo diretos, indireto e am-
bos na formação da voz passiva sintética. Nesses casos, o verbo concorda 
com o sujeito da oração. Observe os exemplos: 
Não se pouparam esforços para conter a lama tóxica.
Não se devem poupar esforços para conter a lama tóxica.
26 Língua Portuguesa – semântica
cOncOrdância verbal e nOminal
A concordância verbal e nominal estão relacionadas à logicidade de uma língua. Há 
uma necessidade de adequar o sujeito com o verbo, o adjetivo com o nome. A concor-
dância entre os elementos linguísticos corresponde, muitas vezes, no uso formal da 
língua. No nosso cotidiano, na fala informal, nos preocupamos menos com as concor-
dâncias, já na escrita precisamos estar mais atentos a essa regra da língua. 
É necessário esclarecer a diferença elementar entre um e outro. A regra básica da 
concordância verbal é fazer com o que o verbo concorde com o número (singular ou 
plural) e pessoa (1ª, 2ª, 3ª) com o sujeito da frase. 
Já a concordâncianominal, diz respeito às palavras que estabelecem relação com o 
substantivo e a isso se denomina sintagma nominal. 
A concordância de gênero e número se estabelece entre o núcleo nominal e os artigos 
que o precedem, os pronomes indefinidos variáveis, os demonstrativos, os possessi-
vos, os numerais cardinais e os adjetivos, por exemplo: Um amor sincero.
Outra possibilidade de concordância é entre adjetivo e dois ou mais adjetivos. Con-
cordância do adjetivo com dois ou mais substantivos. Veja abaixo as possibilidades:
A. Com substantivos do mesmo gênero, o adjetivo irá para o plural desse gênero 
ou concordará com o mais próximo (concordância atrativa), ex.: Bondade e 
alegria raras ou rara.
B. Em casos de substantivos de gêneros diferentes, o adjetivo irá para o mascu-
lino plural ou concordará com o mais próximo; por exemplo: Atitude e caráter 
apropriados ou apropriado.
C. Nas situações em que o adjetivo está anteposto aos substantivos, em ambos 
os casos, a norma geral é que ele concorde com o substantivo mais próximo. 
O exemplo disso é: Mantenha desligadas as lâmpadas e os eletrodomésticos.
27Língua Portuguesa – semântica
D. Os substantivos com sentido equivalente ou ao imprimir gradação, o adjetivo con-
corda com o mais próximo. Veja o exemplo a seguir: Revelava pura alma e espírito.
Logo abaixo seguem os casos particulares da concordância nominal:
1. A concordância nominal em casos com a palavra possível:
a) Se for precedido de o mais, o menor, o melhor, o pior, vai para o singular;
b) Caso seja precedido de os mais, os menores, os melhores, os piores, vai para 
o plural.
Ex.: Estampas o mais possível claras. / Estampas as mais claras possíveis.
2. Os adjetivos anexo / incluso concordam com o substantivo a que se referem.
Ex.: Envio-lhe anexos / inclusos os documentos. (em anexo, junto a são invariáveis).
3. O adjetivo leso, indicando lesado, prejudicado, concorda com o substantivo 
com o qual forma uma composição.
Ex.: Cometeu crime de lesa-pátria.
4. Em casos de predicativo:
a) Substantivo com sentido indeterminado (sem artigo) – adjetivo no masculino.
Ex.: É proibido entrada;
b) Substantivo com sentido determinado (com artigo) – adjetivo concorda com o 
substantivo. 
Ex.: É necessária muita cautela.
5. Meio – indicando numeral, metade é variável. Por exemplo: Falou meias ver-
dades. 
Advérbio – com efeito de parcial é invariável. Podemos exemplificar da seguinte ma-
neira: Encontrava-se meio fatigada.
28 Língua Portuguesa – semântica
6. Muito, pouco, bastante, tanto com a função de pronomes são variáveis, por 
exemplo: Li bastantes livros. 
Com a função de advérbio são invariáveis.
Ex.: Estavam bastante felizes.
7. Só exercendo a função de adjetivo, com sentido de sozinho é variável. Veja o 
exemplo: Eles se sentiam sós. 
Ao denotar exclusão, a palavra permanece invariável. Observe o exemplo: Só os alu-
nos compareceram à reunião (= somente).
8. As palavras pseudo, alerta, salvo, exceto são invariáveis.
Ex.: Ela é pseudoadministradora, fiquemos sempre alerta.
9. Quite, no sentido de livre, concorda com aquele a que se refere.
Ex.: Estamos quites com a mensalidade.
10. As palavras obrigado, mesmo, próprio concordam com o gênero e número da 
pessoa a que se referem.
Ex.: Ela disse:- Muito obrigada!
Agora, apresentamos algumas regras básicas referentes à concordância verbal. Já 
dissemos que uma das regras fundamentais da concordância verbal é o verbo ser 
flexionado conforme número e pessoa com o sujeito da frase.
29Língua Portuguesa – semântica
a) No caso de sujeito simples, o verbo concordará com ele em número e pessoa.
Ex.: O artista excursionará por várias cidades do interior.
1. Quando o sujeito for composto (composto por mais de um nome), de modo 
geral, o verbo vai para o plural.
Ex.: Sua avareza e seu egoísmo fizeram com que todos o abandonassem.
Em caso do sujeito vir depois do verbo, concorda com o núcleo mais próximo, ou vai 
para o plural.
Ex.: “Ainda reinavam (ou reinava) a confusão e a tristeza” (Dinah S. de Queiroz).
Sendo o sujeito composto por pronomes pessoais diferentes, o verbo concordará con-
forme a prioridade gramatical das pessoas.
Ex.: Eu e você somos pessoas responsáveis.
Atenção! Tu e ela estudais / estudam. A segunda forma é mais usada atualmente.
2. Nas seguintes expressões:não só...mas também, tanto/quanto. Ao estarem 
relacionadas aos sujeitos compostos, permitem a concordância do verbo no 
singular ou no plural.
Ex.: Tanto o rapaz quanto o amigo obtiveram/obteve nota máxima na redação do vestibular.
3. Sendo o sujeito composto ligado por ou:
a) Ao indicar exclusão, ou sinonímia, o verbo fica no singular.
Ex.: Maria ou Joana será representante.
b) Ao indicar inclusão, ou antonímia, o verbo fica no plural.
Ex.: O amor ou o ódio estão presentes.
c) Ao indicar retificação, o verbo deve concordar com o núcleo mais próximo.
Ex.: O aluno ou os alunos cuidarão da exposição.
30 Língua Portuguesa – semântica
4. Quando ocorre de o sujeito ser representado por expressões como a maioria 
de, a maior parte de e um nome no plural, o verbo concorda no singular (sa-
lientando o todo) ou no plural (relevando a ação dos indivíduos).
Ex.: A maioria dos jovens quer as reformas. (ou) A maioria dos jovens querem as re-
formas.
5. No caso a seguir: Não sou daqueles que recusa / recusam as obrigações, o refe-
rente do pronome relativo que é daqueles, a regra fundamental de concordância 
com o sujeito deverá levar o verbo para a 3ª pessoa do plural. Entretanto, tam-
bém é aceito quando refletimos em uma concordância com um daqueles que. 
6. Na situação posta a seguir: verbo ser + pronome pessoal + que – o verbo 
concorda com o pronome pessoal.
Ex.: Sou eu que executo a obra. Seremos nós que executaremos a obra.
Verbo ser + pronome pessoal + quem: o verbo concorda com o pronome pessoal ou 
fica na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Sou eu quem iniciou a leitura. Sou eu quem inicia a leitura.
7. Em caso de nomes próprios locativos ou intitulativos, se precedidos de artigo 
plural, o verbo irá para o plural; caso contrário, irá para o singular.
Ex.: Os Estados Unidos reforçam as suas bases.
Minas Gerais progride muito.
31Língua Portuguesa – semântica
8. Quando aparecer pronome relativo antecedido da expressão “um dos”, “uma 
das”, o verbo vai para a 3ª pessoa do singular ou do plural.
Ex.: Ela é uma das que mais impressiona (ou impressionam).
Ao apresentar uma ideia de seletividade, fica obrigatoriamente no singular.
Ex.: Aquela é uma das peças de Nelson Rodrigues que hoje se apresentará neste teatro.
9. Concordância do verbo ser tem suas particularidades, veja a seguir:
a) Sujeito nome de coisa ou um dos pronomes nada, tudo, isso ou aquilo + verbo 
ser + PREDICATIVO no plural: verbo no singular ou no plural (mais comum).
Ex.: “A pátria não é ninguém: são todos” (Rui Barbosa).
b) Em orações interrogativas iniciadas pelos pronomes quem, que, o que – verbo 
ser concorda com o nome ou pronome que vem depois.
Ex.: Quem eram os culpados?
c) Posto o seguinte esquema: 1º termo – sujeito = substantivo; 2º termo = prono-
me pessoal, o verbo concorda com o pronome pessoal.
Ex.: Os defensores somos nós.
d) Nas expressões é muito, é pouco, é mais de, é tanto, é bastante + determina-
ção de preço, medida ou quantidade: verbo no singular.
Ex.: Dez reais é quase nada.
e) Ao indicar hora, data ou distância, o verbo concorda com o predicativo.
Ex.: São três horas. Hoje são 15 de fevereiro.
32 LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
Na voz passiva sintética, com o pronome apassivador se, o verbo concorda com o 
sujeito paciente (que é um aparente objeto direto).
Ex.: Escutavam-se vozes.
a) Em condição indeterminado, o pronome indeterminador do sujeito, o verbo fi ca 
na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Precisa-se de operários.
Pré-requisitOs Para a cOmPreensãO da unidade
• Compreender os efeitos e as motivações da educação linguística;
• Estabelecer relações entre gramáticae produção de sentido;
• Conhecer o uso dos verbos e seus modos de funcionamento.
livrOs recOmendadOs
Livro: Gramática de Silveira Bueno
Editora: Global
Ano: 2014
Autor: Silveira Bueno
Esta obra tem como objetivo preparar o leitor para um desempe-
nho efi ciente no uso da língua em sua comunicação oral e escrita. Os grandes con-
teúdos da gramática são ensinados em capítulos, que apresentam os conceitos e as 
noções gramaticais de forma bem seqüenciada e de maneira clara e acessível, para 
que o leitor compreenda melhor o português.
33Língua Portuguesa – semântica
A cada conjunto de conteúdos estudados, seguem seções de exercícios e testes de 
vestibulares que facilitam a aprendizagem e a fixação da matéria.
A “Gramática de Silveira Bueno”, atualizado segundo o Acordo Ortográfico da Língua 
Portuguesa, é excelente obra de referência, para consulta em todas as situações de 
trabalho com o texto no dia a dia.
FONTE: http://www.saraiva.com.br/gramatica-de-silveira-bueno-20-ed-2014-7231755.
html Acesso em: 02/12/2015.
Livro: Ensino da Gramática: descrição e uso
Editora: Editora Contexto
Ano: 2007
Autor: Silvia Rodrigues Vieira e Silvia Figueiredo Brandão
Como se deve ensinar Língua Portuguesa para os alunos de 
hoje? Já é possível enfrentar o grande desafio que se impôs quando uma grande 
massa de brasileiros trouxe às escolas seus falares, suas gramáticas particulares. Ao 
se expor uma diversidade lingüística que, no ambiente escolar e nos livros didáticos, 
se fingia não existir, se tornou urgente uma mudança radical nas práticas descritivas 
e pedagógicas. Este livro resulta de crescente interesse em atender às exigências 
dessa mudança e em assumir uma posição objetiva ante a realidade escolar.
Fonte: http://www.americanas.com.br/produto/5648854/livro-ensino-de-gramatica-
descricao-e-uso Acesso em: 01/12/2015.
34 LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
atividades Para cOmPreensãO dO cOnteÚdO
1) O domínio da gramática contribui para a compreensão do modo de funcionamento 
da língua?
a) A gramática é um saber técnico que é adquirido naturalmente pelos falantes 
nativos de um país.
b) O domínio da gramática pouco ou nada contribui para compreensão da produ-
ção de sentidos.
c) A produção de sentidos acontece de forma natural, a gramática tem papel se-
cundário nesse processo.
d) O domínio da gramática é fundamental para a compreensão e interpretação 
dos sentidos.
e) A produção de sentidos acontece independente da língua e da cultura.
2) O que é gramática? Assinale a alternativa incorreta:
a) É o conjunto de regras de uma língua de domínio individual.
b) É o conjunto de condições linguísticas para a signifi cação.
c) É o conjunto de regras de uma língua compartilhada por uma comunidade.
d) É a estrutura e regras que cooperam para a comunicação entre os membros 
de uma sociedade.
e) É o conjunto de recursos, ferramentas, instrumentos e mecanismos que coope-
ram para a produção de efeitos de sentido.
35Língua Portuguesa – semântica
3) De modo geral, sabemos que os verbos designam ações, estados e fenômenos da 
natureza. Sobre os verbos, podemos afirmar que:
a) Os verbos não podem evocar um processo, desenrolar eventos, identificar seu 
início e fim.
b) O verbo é a única classe gramatical que não exerce influência na construção 
de sentidos.
c) Os verbos possuem suas particularidades e podem assumir outras funções em 
uma frase, como a de modalizadores.
d) Os modalizadores são palavras que têm a função de definir ações.
e) O verbo parecer designa uma ação.
4) Sobre concordância verbal e nominal é incorreto afirmar que:
a) Ambas as concordâncias estão relacionadas à logicidade da língua.
b) As concordâncias existem porque existe a necessidade de adequar o sujeito 
com o verbo, o adjetivo com o nome.
c) Na concordância verbal, a regra básica é adequar o adjetivo ao número e pes-
soa.
d) A concordância nominal faz com que os advérbios se adéquem ao nome.
e) A concordância verbal se importa com a flexão do verbo. 
5) Sobre a concordância nominal, assinale a alternativa correta:
a) As palavras pseudo e alerta são variáveis.
b) As palavras obrigada e mesmo concordam em gênero e número.
c) A palavra só no sentido de sozinho é invariável.
d) Muito, pouco e bastante, na função de pronomes, permanecem invariáveis.
e) Meio, indicando o sentido de parcial, concorda em número e gênero.
36 LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
artigOs, sites e LINKS
Artigo: Dialogismo entre gramática e gêneros textuais 
Autora: Eliane de Fátima Manenti Rangel 
RESUMO: Neste trabalho, objetiva-se discutir o dialogismo entre gramática e textos/
gêneros textuais no ensino-aprendizagem da língua(gem) nas instituições de ensino, 
tendo o professor, a missão de transformar as tradicionais aulas de gramática em 
aulas de análise linguística. Para atingir tal objetivo, foi feito uma fundamentação teó-
rica com base em diversos autores que discutem esses aspectos e sugere-se que os 
estudos de linguagem não devem ser apenas gramaticais, envolvendo atividades lin-
guísticas e metalinguísticas, mas ampliados, com atividades epilinguísticas, as quais 
compreendem o processo em que o aluno opera de forma criativa sobre a própria 
linguagem, sempre tendo o texto como base. Esse procedimento demonstra melhores 
resultados em relação ao que se pode fazer com a linguagem.
Link: <http://rede.novaescolaclube.org.br/planos-de-aula/revisao-de-concor-
dancia-verbal-e-nominal>.
Neste link é possível acompanhar sugestões de como ministrar o ensino da Concor-
dância Verbal e Nominal. Pode ser uma grande contribuição para a próprio aprendiza-
gem ou para aqueles que estão engajados no ensino de línguas.
37LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
PrOPOsta Para discussãO ON-LINE
O ensino da gramática, muitas vezes, é compreendido como a forma absoluta de ensi-
no da língua. Por outro lado, ela é deixada de lado e o processo de domínio da língua 
se volta apenas à função social da língua. Depois de ler e estudar essa unidade, qual 
a importância do domínio da gramática?
38 Língua Portuguesa – semântica
39Língua Portuguesa – semântica
Unidade ii: PRediCaÇÃO e ReGÊnCia 
VeRBaL e nOMinaL 
ObjetivOs a serem alcançadOs nesta unidade: 
Prezado(a) Acadêmico(a), ao terminar os estudos desta unidade, você deverá ser 
capaz de:
• Compreender a transitividade dos verbos.
• Analisar a predicação verbal, nominal e verbo-nominal.
• Compreender as diferenças de sentidos, quanto à regência verbal e nominal.
40 Língua Portuguesa – semântica
Olá, aluno(a)!
Na unidade II, vamos conhecer e discutir sobre alguns aspectos sintáticos: a transi-
tividade dos verbos e regência verbal e nominal. Como sabemos, a sintaxe e a se-
mântica relacionam-se e caminham juntas na construção de sentidos de um texto. A 
linguagem não é simplesmente instrumento do pensamento, nem reduzida a modelo 
de comunicação estanque. A linguagem, nesta perspectiva, é ação social, prática de 
construção e reconstrução de saberes, identidades, realidade e sujeitos. 
Podemos conhecer a estrutura de uma língua, mas se não adentrarmos no campo da 
significação de nada adiantaria. É na significação que temos as relações de sentido. 
Vejamos a frase a seguir:
Exemplo 1:
Makemake Kuai Pihi. 
(Quer comprar peixe).
Temos um enunciado que, por mais que conheçamos a sua estrutura, faz pouco sen-
tido semântico para nós. A língua, então, não se reduz a um sistema de regras, mas 
precisa de um sistema de regras para se organizar e ordenar as palavras nas senten-
ças, formando enunciados inseridos em um mundo discursivo. No exemplo abaixo, 
podemos lançar algumas reflexões:
Exemplo 2: 
 Predicado
O MST invadiu a fazenda
Sujeito verbo: invadir
41Língua Portuguesa – semântica
O exemplo 2, em sua disposição sintática, permite uma compreensão semântica mui-
to natural: ordem considerada direta de frase (sujeito - verbo - complemento) permite 
ao leitor a compreensão da frase. Porém, vamos transportaresta frase em um contex-
to imediato: o título de uma reportagem publicada por um jornal X. Se comparada com 
a mesma notícia, publicada no mesmo período, pelo Jornal Y, temos:
Exemplo 3:
 Predicado
O MST ocupou a fazenda
Sujeito verbo: invadir
Podemos notar que, em termos sintáticos, a ordem da frase continuou em sua forma 
direta, o que possibilita a compreensão para o leitor de língua portuguesa. Ainda, as 
duas sentenças podem parecer sinônimas em uma primeira leitura. Vejamos:
O MST invadiu a fazenda. 
O MST ocupou a fazenda
Se permanecermos em uma primeira leitura, mais superficial, os verbos “invadir” e 
“ocupar” podem parecer sinônimos. Porém, em um nível semântico, temos um campo 
de significação diferente para estes dois verbos. No dicionário, os verbos são defini-
dos da seguinte forma:
Ocupar: Apoderar-se de; tornar-se dono de; tomar posse de. 
Invadir: Entrar à força em; assumir indevidamente ou por violência; usurpar.1
1 Informações disponíveis em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues>. Acesso em: 16 
nov. 2015.
42 Língua Portuguesa – semântica
 A diferença semântica dos verbos implica, além da diferença de significado (ocupar 
um verbo mais passivo, se comparado com invadir, verbo mais agressivo), a posi-
ção-sujeito ideológica do jornalista: um a favor do MST (a escolha lexical denuncia o 
posicionamento menos agressivo do verbo ocupar e, por isso, um efeito de sentido 
possível é simpatia com o MST) e o outro contra o MST (a escolha lexical do verbo in-
vadir, por ser mais agressivo, possibilita um efeito de sentido de antipatia com o MST).
Estes exemplos, mesmo analisados de forma rápida, permitem que você possa enten-
der que a língua é inserida em um contexto sócio-histórico-ideológico e que, por isso, 
ela significa. 
Sendo um espaço de interação, a sintaxe e a semântica complementam-se no jogo 
de sentidos, e saber empregar a sintaxe de forma adequada acarreta um maior nível 
de coerência semântica na exposição das ideias. A interação entre os indivíduos se 
dá por meio de textos verbais e não verbais (fala, imagem fixa e em movimento, por 
exemplo). A organização das palavras em frases e sua relação de sentido fazem di-
ferença se bem empregadas. Por isso, vamos estudar a transitividade dos verbos e o 
modo de regência!
43LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
saiba mais
O fi lme Narradores de Javé (direção de Eliane Caffé, 2004, 
Brasil) reúne tantos elementos interessantes para discutir o 
valor de uma língua. Vencedor de oito prêmios, trabalha com 
temas relacionados com a história oral, a ofi cial, sua 
cientifi cidade, a literatura, a busca de uma “verdade”, teoria e 
método. O enredo trata de um povoado fi ctício (Javé), que 
está prestes a ser inundado para a construção de uma 
hidrelétrica. Para mudar esse rumo, os moradores de Javé 
resolvem escrever sua história e tentar transformar o local em 
patrimônio histórico a ser preservado. O único adulto 
alfabetizado de Javé, Antônio Biá (José Dumont) é o incumbido de recuperar a história 
e transpor para o papel de forma “científi ca” as memórias dos moradores.
Link: <http://www.comciencia.br/resenhas/memoria/narradores.htm>. Acesso em: 19 
nov. 2015.
livrOs recOmendadOs
Livro: Moderna gramática portuguesa
Autor: Evanildo Bechara
Editora: Nova Fronteira
A conceituada Moderna Gramática Portuguesa, do emi-
nente estudioso, pesquisador e representante da Aca-
demia Brasileira de Letras Evanildo Bechara, é um lugar 
de refl exão sobre o conhecimento linguístico e a constituição histórica de uma língua. 
Para saber mais das normativas que regem a nossa língua, esta gramática é funda-
mental para isso. 
44 Língua Portuguesa – semântica
A gramática trabalha com a evolução dos estudos linguísticos 
e das pesquisas em língua portuguesa, há muito tempo não 
saía uma gramática completa que pudesse dar conta deste 
progresso.
transitividade verbal
Vimos, nos exemplos 2 e 3, que a frase em língua portuguesa, em sua base elemen-
tar e direta, é composta pelos elementos: sujeito – verbo - complemento (predicado). 
Estes elementos são chamados termos da oração e são subdivididos em diferentes 
classificações em nossa gramática (ver tipos de sujeito, oração e predicado). Ainda, 
nos exemplos 2 e 3 podemos constatar que a escolha lexical, assim como a ordem da 
oração, têm impacto na construção dos sentidos de um texto.
A partir de agora centraremos o nosso olhar para a transitividade dos verbos e, con-
sequentemente, para a predicação, que também é importante para a compreensão e 
interpretação de textos e discursos.
É importante destacar que quando falamos em gramática, não necessariamente de-
vamos pensar em gramática normativa, aquele livro que apresenta um “conjunto de 
regras que devem ser seguidas” (POSSENTI, 1998, p.64). Este tipo de gramática con-
cebe a regra como lei, que deve ser obedecida e, por isso, possui o seu valor discrimi-
natório, ou seja, se o falante a usa, ele é considerado “um bom falante”, pois obedece 
às normas prescritas para o bem falar e escrever; se ele não a usa, é considerado “in-
culto” e sem domínio da sua língua. Conforme Travaglia (2000), essa gramática dita:
45Língua Portuguesa – semântica
[...] normas para a “correta” utilização oral e escrita do idioma, prescreve o que se deve 
e o que não se deve usar na língua. Essa gramática considera apenas uma variedade 
da língua como válida, como sendo a língua verdadeira [...] é mais uma espécie de lei 
que regula o uso da língua em sociedade (pp.30-31).
Nós reconhecemos que há uma gramática internalizada em cada falante, definida 
como o “conjunto de regras que o falante domina” (POSSENTI, 1998, p.69). Nesta 
concepção, regra corresponde à regularidade e não tem conotação valorativa. Se-
gundo esse autor, “seguir uma ou outra regra não indica menor ou maior inteligência, 
maior ou menor sofisticação mental ou capacidade comunicativa” (p.74). 
Cada falante tem à disposição um conjunto de regras que é acionado conforme as cir-
cunstâncias. Novamente voltamos ao ponto exposto no início do nosso texto: a língua 
está inserida em um contexto sócio-histórico-ideológico e, por isso, significa. O falante 
emprega os elementos linguísticos adequadamente, conforme as circunstâncias e de 
acordo com a condição de produção de sua fala, e ele tem, na língua, um instrumento 
de saber e poder. 
Figura 3: Charge que retrata o despreparo de alguns professores, ao trabalharem com a gramática inter-
nalizada do falante. Ainda impera no sistema educacional brasileiro, a visão de gramática com “regra a 
ser seguida”. 
Fonte: <file:///C:/Users/Aline%20Inhoti/Downloads/Glaucia%20dos%20Santos%20Marinho.pdf>. Acesso 
em: 02 dez. 2015
Fazendo esta consideração, partiremos para a conceito de predicado.
Em resumo, o predicado é aquilo que se diz do sujeito (CUNHA, 2001).
46 Língua Portuguesa – semântica
Exemplo:
Meu irmão reconquistou sua namorada
Sujeito Verbo Predicado: aquilo 
que se diz respeito 
ao sujeito.
Podemos observar que o verbo reconquistar necessita de um complemento (quem 
reconquista, reconquista alguém) e este complemento não requer preposição (sua na-
morada). No caso do exemplo acima, temos um verbo transitivo (verbo que necessita 
de complemento) direto (o complemento sem preposição). O predicado é classificado 
como verbal, devido ao verbo reconquistar.
Mas você pode perguntar: quais são os tipos de predicado? Os predicados podem 
ser: verbal (conforme vimos), nominal ou verbo-nominal.
Predicado verbal
O predicado verbal é aquele cujo núcleo é formado por um verbo nocional.
O verbo nocional exprime processos, ou seja, ações efetivas, desejo, atividade men-
tal, fenômeno natural e acontecimentos. Eles são sempre núcleo do predicado verbal.
A estrutura básica de verbos nocionais, se forem transitivos, é:
Elisa procura Emprego
Sujeito Verbo Complemento
 
 
47Língua Portuguesa – semântica
Em relação à classificação dosverbos nocionais, temos:
a) Verbos intransitivos: são aqueles que não precisam de complemento, pois en-
cerram em si mesmo a ideia básica do predicado.
Ex.: O avião caiu.
O verbo cair, neste contexto, não precisa de complemento, encerra em si mesmo a 
própria significação.
b) Verbos transitivos: os verbos transitivos são aqueles que pedem complemento 
para indicar o sentido do enunciado. Os verbos transitivos podem ser:
1) Verbos transitivos diretos: o complemento do verbo transitivo direto não é ligado 
ao verbo por meio de uma preposição. Por isso é chamado de objeto direto, ou 
seja, liga-se diretamente ao verbo.
Exemplo: Alice comprou uma blusa.
Note que o verbo comprar necessita de um complemento, não preposicionado, cha-
mado de objeto direto (uma blusa). É direto porque não há preposição ligando o verbo 
ao seu objeto (quem compra, compra alguma coisa).
2) Verbos transitivos indiretos: os verbos transitivos indiretos possuem como comple-
mento um objeto indireto. Isso significa dizer que o complemento é ligado ao verbo 
por meio de uma preposição. Veja o exemplo:
Conversamos com alguns especialistas.
O verbo conversamos, neste contexto, se liga ao seu objeto indiretamente, ou seja, 
entre o verbo transitivo indireto (conversar) e seu objeto indireto (alguns especialis-
tas), há uma preposição (com). 
48 Língua Portuguesa – semântica
Neste caso, quem conversa, conversa com alguém.
c) Verbos transitivos diretos e indiretos (bitransitivos): os verbos transitivos dire-
tos e indiretos são verbos que exigem dois complementos: um ligado ao verbo, 
com preposição, e o outro ligado diretamente ao verbo, sem preposição.
Exemplo: Bruna entregou a carta ao namorado.
Em uma análise, o verbo entregar é transitivo direto quando se liga diretamente ao 
seu complemento (a carta) e indireto quando se liga indiretamente ao seu comple-
mento (ao namorado). Especificamente, Bruna entregou alguma coisa (objeto direto) 
a alguém (objeto indireto).
Outro tipo de predicação é classificado em predicado nominal.
O predicado nominal, diferentemente do verbal, tem como núcleo do predicado um 
nome, que pode ser um substantivo ou um adjetivo, por exemplo. Ainda, o predicado 
verbal é formado por um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito.
Vejamos:
Leonardo é competente
Sujeito Verbo de ligação Predicado naminal
No predicado nominal, o núcleo é sempre um nome. Este nome desempenha a fun-
ção de predicativo do sujeito. Mas o que é o predicativo do sujeito? É um termo que 
caracteriza o sujeito, tendo como intermediário um verbo de ligação. 
 
49Língua Portuguesa – semântica
Para finalizar as questões relativas à predicação, outro tipo de classificação de predi-
cado é o predicado verbo-nominal. O predicado verbo-nominal possui dois núcleos: 
um verbo e um nome. Ainda, possui dois predicativos, do sujeito e do objeto, e indica 
ação, estado ou classificação do que se refere ao objeto (direto e indireto).
Como exemplo temos:
O juiz declarou o réu culpado
Sujeito Verbo transitivo 
direto
Objeto direto Predicativo do 
objeto (quem era 
culpado? O réu)
Observe que os verbos passam pela relação do objeto direto e seu predicativo. 
Veja este outro exemplo:
Os alunos cantaram aquela canção emocionados
Sujeito Verbo transitivo 
direto
Objeto direto Predicativo do su-
jeito (Os alunos 
estavam emocio-
nados!)
O predicado verbo-nominal tem como núcleo um verbo, que indica uma ação pratica-
da pelo sujeito, e um predicativo, que indica o estado do sujeito e/ ou do objeto no 
momento em que se desenvolve o processo verbal.
Contextualizada a questão da transitividade verbal, passaremos agora para a regên-
cia verbal e nominal.
 
 
50 LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
reFlita
A língua é dinâmica!
Em muitas aulas, no ensino tradicional, a transitividade do verbo é concebida fora de 
contexto. Neste entendimento, o verbo possui em si mesmo a transitividade. Porém, é 
necessário refl etir a contextualização do verbo. Isso implica em dizer que, dependen-
do do contexto, um verbo pode ser transitivo direto, indireto ou até mesmo intransitivo.
Vejamos os exemplos2:
1. Perdo-ei sempre.
2. Perdoai as ofensas.
3. Perdoai aos inimigos.
4. Perdoais as ofensas aos inimigos.
Você notou alguma diferença? Faça a análise sintática das quatro frases acima! Você 
vai perceber que o verbo perdoar, em contextos diferentes, difere também a sua tran-
sitividade.
Estes exemplos foram retirados da “Nova Gramática do Português Contemporâneo”, 
de Celso Cunha (2001). Podemos analisar que, mais do que classifi cação estaque, os 
verbos possuem, em seus diferentes contextos, a variedade da análise sintática. No 
exemplo 1 o verbo não apresenta a necessidade de qualquer complemento, dando 
a ele a característica de um verbo intransitivo. Nos exemplos 2 e 3 o verbo “perdoai” 
apresenta respectivamente a necessidade de um complemento, como objeto direto 
2 Informações retiradas de: <http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/56360/confl ito-
quanto-a-variabilidade-do-predicado-verbal-uma-visao-linguistica#ixzz3rgRoFDN0>. Acesso em: 
16 nov. 2015.
51LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
(verbo transitivo direto) e objeto indireto (verbo transitivo indireto), já no exemplo 4, 
com uma característica mais completa, onde teremos então uma classifi cação de ver-
bo transitivo direto indireto.
livrOs recOmendadOs
Livro: A língua de Eulália
Autor: Marcos Bagno
Editora: Contexto
O livro “A língua de Eulália”, do autor Marcos Bagno, aborda 
o preconceito linguístico que é gerado contra as pessoas que 
falam o português não padrão. Considerada uma novela socio-
linguística, o livro explica que as variações se dão devido a circunstâncias do próprio 
uso da língua que varia conforme as diferenças de gênero, classe social, etnia, entre 
outros. E que não existe jeito “certo” ou “errado” de falar, pois cada pessoa possui sua 
língua própria, individual. 
regÊncia verbal e nOminal
Nos itens anteriores, foi possível observar que os termos de uma frase são interliga-
dos, produzindo sentidos. Neste tópico, focaremos a regência verbal e nominal. Mas 
afi nal, o que é regência? Regência é a relação de subordinação entre um verbo ou um 
nome e seus complementos.
Vamos especifi car!
52 Língua Portuguesa – semântica
regência nominal
A regência nominal é a relação que se estabelece entre substantivos, adjetivos e de-
terminados advérbios e seus respectivos complementos nominais. Esta relação vem 
sempre marcada por uma preposição.
Alguns nomes costumam vir acompanhados de um complemento nominal e exigem o 
uso de determinadas preposições.
Vejamos o quadro abaixo:
Substantivos3
Admiração a, por
Aversão a, para, por
Atentado a, contra
Bacharel em
Capacidade de, para
Devoção a, para, com, por
Doutor em
Dúvida acerca de, em, sobre
Horror a
Medo de
Impaciência com
Obediência a
Ojeriza a, por
Proeminência sobre
Respeito a, com, para com, por
3 Tabela de nomes disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint71.php>. Aces-
so em: 19 nov. 2015.
53Língua Portuguesa – semântica
Adjetivos
Acessível a
Acostumado a, com
Agradável a
Alheio a, de
Análogo a
Ansioso de, para, por
Apto a, para
Ávido de
Benéfico a
Capaz de, para
Compatível com
Contemporâneo a, de
Contíguo a
Contrário a
Descontente com
Desejoso de
Entendido em
Equivalente a
Escasso de
Essencial a, para
Fácil de
Fanático por
Favorável a
Generoso com
Grato a, por
Hábil em
54 Língua Portuguesa – semântica
Habituado a
Idêntico a
Impróprio para
Indeciso em
Insensível a
Liberal com
Necessário a
Nocivo a
Paralelo a
Passível de
Preferível a
Prejudicial a
Prestes a
Propício a
Próximo a
Relacionado com
Relativo a
Satisfeito com, de, em, por
Semelhante a
Sensível a
Sito em
Suspeito de
Vazio de
Advérbios
Longe de
Perto de
55Língua Portuguesa – semântica
Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivosde 
que são formados: paralela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.
Você pode observar que estes nomes são acompanhados de determinadas preposi-
ções, para o seu emprego de forma adequada e coerente.
regência verbal
Como abordado, a regência é a relação entre os termos constituintes de uma frase. 
A regência verbal é referente ao modo como os verbos se relacionam com os seus 
complementos.
Em termos de transitividade dos verbos, temos:
Verbos Intransitivos
São os verbos que não necessitam ser completados. Sozinhos, indicam a ação ou o 
fato.
Exemplo:
Os homens nascem, crescem e morrem.
Verbos Transitivos
São aqueles que precisam de valor de substantivo (objeto direto ou indireto) para in-
tegrar-lhes o sentido.
Cássia come pipoca.
O verbo comer é transitivo direto e rege diretamente o objeto direto “pipoca”.
Cássia gosta de pipoca. 
56 LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
O verbo gostar é transitivo indireto e rege indiretamente o objeto, por meio da prepo-
sição de.
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
Há alguns verbos que exigem, para o seu sentido completo, um objeto direto e indire-
to. Como exemplo, temos:
Monica deu uma bacia de pipoca a Eduardo.
Como você pode analisar, uma bacia de pipoca é o objeto direto do verbo dar e a Edu-
ardo é objeto indireto, introduzido pela preposição a.
reFlita
Cuidado com os adjuntos!
Os verbos intransitivos, como vimos, não necessitam ser completados. Porém, atente-
se para os casos abaixo4:
Comparecer, Chegar, Ir, Vir, Voltar, Cair e Dirigir-se:
Estes verbos aparentam ter complemento, por exemplo “Quem vai, vai a algum lu-
gar”. Porém, a indicação de lugar é circunstância, não complementação. Classifi ca-
mos este complemento como Adjunto Adverbial de Lugar. O adjunto é o termo que 
modifi ca o sentido de um verbo, de um adjetivo ou de um advérbio.
É importante observar que a regência destes verbos exige a preposição a na indica-
ção de destino e de na indicação de procedência. 
4 Informações disponíveis em: <http://www.portuguesxconcursos.com.br/p/regencia-verbal-exem-
plos-exercicios.html>. Acesso em: 19 nov. 2015.
57Língua Portuguesa – semântica
Irei a Santiago de Cuba;
Vou a São Paulo;
Muitos não compareceram à prova do Enem;
Jesus dirigiu-se aos apóstolos andando sobre o mar;
A comida caiu ao chão;
Você caiu do céu;
Voltei de lá;
Cheguei de Curitiba há meia hora;
OBS.: O fenômeno denominado crase também ocorrerá quando houver um verbo in-
transitivo regendo a preposição a, seguido de um substantivo feminino, que exija o 
artigo a, como no terceiro exemplo acima.
Morar, Residir e Situar-se:
São intransitivos, mas costumam estar acompanhados de adjunto adverbial, regendo 
a preposição em.
Moro / Resido em Londrina;
Minha casa situa-se no Jardim Petrópolis.
Não utilize a preposição a para logradouros.
Minha casa situa-se à rua Pero Vaz; (errado)
Moro a cem metros da estrada.
Deitar-se e Levantar-se:
Deito-me às 22h e levanto-me bem cedo.
58 Língua Portuguesa – semântica
regÊncia de alguns verbOs
Veja na tabela, a seguir, alguns casos de regência verbal e fique atento(a) ao sentido 
de alguns verbos que se altera quando se altera a sua regência.
verbOs - exemPlOs sentidO regÊncia
Aspirar
Eu aspiro a uma vaga na 
Universidade Federal
O mesmo que desejar, aspirar, pre-
tender uma vaga 
na universidade
Transitivo 
indireto
Como é agradável aspirar o 
suave perfume das rosas
O mesmo que cheirar, inalar, 
inspirar
Transitivo direto
Agradar
O espetáculo agradou ao 
público
O mesmo que satisfazer, 
contentar
Transitivo 
indireto
Todas as noites, o pai agrada 
a filha
O mesmo que afagar, dar carinho Transitivo direto
Assistir
Minha família sempre assis-
tiu o Lar dos Velhinhos.
O mesmo que ajudar, prestar assis-
tência
Transitivo direto
Gosto de assistir aos jogos 
do Santos
O mesmo que ver, olhar
Transitivo 
indireto
O papa assiste no 
Vaticano
O mesmo que morar, residir Intransitivo
59Língua Portuguesa – semântica
Chamar
O professor chamou o aluno
O mesmo que convocar, 
fazer vir
Transitivo direto
Ele chamava por Jesus O mesmo que invocar
Transitivo 
indireto
Custar
O computador custou caro
O mesmo que valer Transitivo direto
Custou a mim acordar esta 
manhã
O mesmo que: foi penoso, difícil, 
custoso acordar esta manhã
Transitivo 
indireto
Implicar
A desobediência implica mul-
ta de R$ 10.641
O mesmo que acarretar, 
ocasionar
Transitivo direto
O deputado implicou-se em 
escândalos
O mesmo que envolver-se
Transitivo 
indireto
Proceder
Jéssica procedeu de 
forma calma
O mesmo que se comportar, agir Intransitivo
Os sonhos procedem do 
inconsciente
O mesmo que originar-se, vir de Intransitivo
Sua argumentação não pro-
cede
O mesmo que ter fundamento, vali-
dade, consistência
Intransitivo
Procedeu a uma análise 
detalhada dos fatos
O mesmo que fazer, executar, reali-
zar
Transitivo 
indireto
Querer
Bruna quer a você inteiro
O mesmo que amar, gostar, 
prezar, ter afeição
Transitivo 
indireto
60 LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
Quero a blusa mais linda 
desta loja! 
Não importa o preço
O mesmo que desejar Transitivo direto
Visar
Viso a um futuro melhor
O mesmo que almejar, pretender
Transitivo 
indireto
O atirador visou o alvo e 
disparou
O mesmo que mirar Transitivo direto
O cantor visou o contrato 
com a gravadora
O mesmo que assinar Transitivo direto
Pré-requisitOs Para a cOmPreensãO da unidade
Aluno(a)!
Vimos, na Unidade II, que a língua está inserida em um contexto sócio-histórico-ide-
ológico e que, por isso, os seus sentidos estão inseridos em determinadas condições 
de produção. Considerando isto, pudemos estudar que a gramática, mais que regras 
estanques de uma língua, permite o funcionamento da língua, a sua organização e 
clareza das ideias.
 Ainda, pensamos a transitividade dos verbos para, então, analisarmos a predicação 
verbal, nominal e verbo-nominal. Esta análise da predicação possibilitou compreender-
mos que determinados nomes e determinados verbos ligam-se, na sequência da frase, 
por preposições. Estas preposições, quando empregadas adequadamente, incidem na 
coerência e coesão textuais, possibilitando o efeito de clareza e completude do texto.
61LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
• Conhecer a estrutura sintática básica da Língua Portuguesa;
• Interpretar a relação dos componentes de uma frase com o contexto de 
produção;
• Conhecer os verbos e suas variadas conjugações.
atividades Para cOmPreensãO dO cOnteÚdO
1) Nesta unidade, estudamos que a estrutura básica de uma frase em língua portu-
guesa é: sujeito - verbo - predicado. Pensando na classifi cação, os predicados das 
orações abaixo são, respectivamente:
I. Chegaram cedo os meninos.
II. Andava rapidamente pela rua.
III. Saiu feliz da sala de aula.
a) Verbal, verbal, verbo-nominal.
b) Verbo-nominal, nominal, nominal.
c) Verbo-nominal, nominal, verbal.
d) Nominal, verbal, verbal.
2) Os predicados que possuem como núcleo uma forma nominal são chamados de 
predicados nominais. Analise as frases abaixo e assinale a alternativa que possui 
um predicado nominal:
a) Gosto de pipocas amanteigadas.
b) Eduardo e Mônica vão ao cinema no shopping.
c) Chove bastante nos estados da região Norte.
d) O espetáculo foi emocionante.
e) Os alunos chegaram agitadíssimos da visita ao Museu de Arte Moderna.
62 Língua Portuguesa – semântica
3) Regência verbal refere-se à ligação dos verbos e seus complementos, por meio 
de uma preposição. Sobre regência verbal, assinale a alternativa inadequada, re-
ferente à norma padrão da língua portuguesa:
a) Ele assistia com carinho os enfermos daquele hospital.
b) Não quero assistir esse espetáculo.
c) Carlos sempre assistiu em Belo Horizonte.
d) Não deixe de assistir àquele jogo.
4) Ter domínio da regência dos nomes ajuda a estabelecer coerência em um texto. 
Ter o conhecimento das regras que regem uma língua é estabelecer, manter e 
reconhecer os sentidos de um texto. Afunilandoas questões sobre a regência 
nominal, as palavras ansioso, contemporâneo e misericordioso regem, respecti-
vamente, as preposições:
a) de – a – de.
b) com – a – a.
c) por – de – com.
d) de – com – para com.
e) a – em – de.
5) A transitividade dos verbos refere-se, também, aos sentidos que estes verbos pos-
suem nas sentenças. Analisando o trecho: “Para saber até que ponto dinheiro 
compra felicidade, estatísticos analisaram um banco de dados gigantescos nos 
EUA”, pode-se afirmar que os verbos em destaque são:
a) Transitivos diretos e, portanto, são completados com objetos diretos.
b) Intransitivos.
c) Transitivo indireto e transitivo direto, respectivamente.
d) Transitivo direto e indireto, respectivamente.
e) Transitivos indiretos e, portanto, são completados com objetos indiretos.
63LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
PrOPOsta Para discussãO ON-LINE
A língua está inserida em um contexto sócio-histórico-ideológico e os seus sentidos 
estão inscritos em determinadas condições de produção. A gramática, nesta concep-
ção, é mais que regras estanques, ela permite o funcionamento da língua, a sua orga-
nização e clareza das ideias.
Pensando nestas defi nições, argumente como o domínio da gramática pode contribuir 
para a inclusão / exclusão de indivíduos na sociedade contemporânea.
64 Língua Portuguesa – semântica
65Língua Portuguesa – semântica
Unidade iii: COLOCaÇÃO PROnOMinaL 
Pré-requisitOs Para a cOmPreensãO desta unidade:
• Conhecer o uso dos pronomes e seus posicionamentos nas sentenças, de 
modo a colaborar com a coerência e coesão textuais.
• Identificar as relações entre gramática e seu sentido no texto, seja verbal ou 
não verbal.
• Compreender os efeitos de sentido nas diferentes colocações pronominais.
ObjetivOs a serem alcançadOs nesta unidade: 
Prezado(a) Acadêmico(a), ao terminar os estudos desta unidade, você deverá ser 
capaz de:
• Compreender o uso de pronomes pessoais nas sentenças;
• Identificar a colocação pronominal: próclise, mesóclise e ênclise; 
• Compreender as diferenças de sentidos, quanto à colocação pronominal.
66 Língua Portuguesa – semântica
intrOduçãO
Olá, aluno(a)!
Nesta unidade, iremos compreender, de forma contextualizada, a colocação prono-
minal. Muitas vezes, o ensino da gramática é ministrado sem contextualização e sem 
considerar a produção dos sentidos. Objetivamos compreender a colocação pronomi-
nal e a produção dos sentidos no texto, ou seja, quais mecanismos e estratégias são 
empregados no texto que possibilitam determinados efeitos de sentido e não outros 
em seu lugar.
Ensinar a Língua Portuguesa e a colocação sintática de pronomes deve possibilitar ao 
aluno uma participação crítica, ainda mais quando encontramos variedades linguísticas 
presentes no nosso idioma. Estigmatizar uma variante sem levar em conta a competi-
ção que existe entre as outras variantes, consideradas menos privilegiadas, é ignorar 
o contexto social, histórico e linguístico em que elas se realizam. Segundo os PCNs 
(1997), levar o aluno a conhecer e respeitar as formas linguísticas é papel fundamental 
da escola e do ensino. Isso acarretará o respeito com os registros sociais e regionais.
É possível observar esta discussão quando se trata de colocação pronominal. 
Vamos, ao longo da unidade, ver alguns exemplos e analisá-los, conforme aden-
trarmos no conteúdo.
Desejamos um ótimo momento de estudo e reflexão!
67LÍNGUA PORTUGUESA – SEMÂNTICA
cOlOcaçãO PrOnOminal
Figura 1: Interlocução
fonte:<https://www.google.com.br/search?q=laerte+tirinhas+deus&biw=1093&bih=479&source=lnms&tbm=isch&-
sa=X&ved=0ahUKEwjGvNzB19vJAhVBFJAKHbHnD3MQ_AUIBigB#tbm=isch&q=pessoas+do+discurso&imgr-
c=nwqd6NKaIUnwMM%3A>.Acesso em: 20 dez. 2015
A linguagem é uma atividade das pessoas, por isso é social. É caracterizada por acon-
tecer sempre em uma situação comunicativa, com interlocução e contextos específi cos.
Os lugares discursivos, e as relação por eles estabelecidas dentro de um texto, são for-
malmente marcados na linguagem por pronomes e por fl exões nas pessoas dos verbos.
Nesta unidade focaremos os pronomes. Pronomes são palavras que identifi cam os 
participantes da interlocução (primeira e segunda pessoas discursivas) e os seres, 
eventos ou situações aos quais o discurso faz referência (terceira pessoa discursiva).
livrOs recOmendadOs
Autor: Odilon Soares Leme
Editora: Manole
Sinopse: Esta não é uma obra acadêmica. Nem no que diz respeito 
a sua concepção e feitura nem no que se refere ao público a que se 
destina. Trata-se de uma obra prática e didática. Tem por objetivo 
68 Língua Portuguesa – semântica
colocar ao alcance de estudantes e profissionais de todas as áreas um instrumento 
eficiente para o aprimoramento de sua capacidade de manejar a língua portuguesa. 
Seu interesse central e a questão da colocação pronominal. Mas a farta exemplificação 
coloca o leitor em contato com uma vasta gama de fragmentos de discursos de variada 
procedência, desde os clássicos, como Camões e Vieira, passando por Machado de As-
sis, até a linguagem em uso no jornalismo moderno. A simples leitura atenta, ancorada 
por comentários pertinentes, ajuda o leitor a fixar estruturas linguísticas reconhecidas 
como aceitáveis e vernáculas pelos critérios da norma culta. O leitor é, ainda, convidado 
a prestar mais atenção aos muitos exemplos apresentados do que propriamente às re-
gras. Pretendem eles mostrar que determinadas construções ocorrem sistematicamen-
te na língua, dentro de certos contextos, nas diversas fases do seu desenvolvimento his-
tórico. Pela comparação entre os exemplos, é possível perceber que o campo deixado 
para as opções pessoais é bem mais amplo do que geralmente se imagina.
Disponível em: <http://www.submarino.com.br/produto/5730743/livro-colocacao-
pronominal>. Acesso em: 09 dez. 2015.
Muitas gramáticas trazem a definição de pronome como a palavra que substitui o 
nome. Porém, vejamos alguns recursos utilizados nos textos, por meio de pronomes, 
que têm a função de:
A. Indicar as pessoas do discurso (quem fala, sobre o que fala e para quem fala); 
indicar relações de posse entre conceitos e pessoas do discurso e indicar a 
posição dos interlocutores em relação às pessoas do discurso.1
A escolha do pronome pessoal indica a relação que se estabelece entre as pessoas do dis-
curso. Veja este parágrafo, retirado do trecho do livro “História da Beleza”, de Umberto Eco2.
1 Atividades baseadas em LIMA, Robson Luiz Rodrigues de. Língua Portuguesa: ensino médio. 1. 
série. Curitiba: Positivo, 2010.
2 Informações disponíveis em: <http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/151204/trecho_beleza.
html>. Acesso em: 14 dez. 2015.
69Língua Portuguesa – semântica
"Belo" - junto com "gracioso", "bonito" ou "sublime", "maravilhoso", "soberbo" e expres-
sões similares - é um adjetivo que usamos frequentemente para indicar algo que nos 
agrada. Parece que, nesse sentido, aquilo que é belo é igual àquilo que é bom e, de 
fato, em diversas épocas históricas criou-se um laço estreito entre o Belo e o Bom.
É possível identificar a pessoa do discurso deste parágrafo descrito: nós. Esta identifi-
cação acontece pelo verbo usamos, conjugado na 1ª pessoal do plural. Agora, vamos 
dar um passo adiante: qual o tipo de relação de sentido que se pretende estabelecer 
ao escolher essa pessoa do discurso? 
Um possível efeito de sentido, ao utilizar a primeira pessoa do plural, é o autor incluir 
o leitor na exemplificação da teoria, além de o convidar para participar da reflexão.
B. Substituir palavras para promover a coesão textual, retomando informações já 
mencionadas no texto.
O pronome possui, também, função coesiva, retomando termos já mencionados an-
teriormente. Veja o exemplo:
João possui uma vida indecisa. Isto faz mal. Vi-o semana passada e ele está doente. 
O pronome "o" retoma o termo João.
Vimos que os pronomes não possuem apenas função de substituir algum termo, eles 
também participam

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