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RESUMO – ORTOPEDIA | GUILHERME GOMES (@GUI.GS) EXAME FÍSICO DO COTOVELO INTRODUÇÃO: • Situação intermediária no membro superior. • A articulação do cotovelo complementa a do ombro. • Local frequente de traumatismo e doenças inflamatórias. • O exame físico consiste de inspeção, palpação, amplitude de movimentos, avaliação da força muscular, exame neurológico e testes específicos. • Queixa principal: dor (duração, intensidade, frequência e eventual ocorrência noturna). • Tipo e a quantidade de analgésicos utilizados. • As características da dor relacionadas ao cotovelo variam de acordo com sua causa. EXAME FÍSICO: INSPEÇÃO: • Articulação subcutânea. • As alterações esqueléticas, o aumento de volume, a atrofia muscular e as cicatrizes são facilmente observados. • Realizada em todas as regiões (lateral, anterior, posterior e medial). Lateral: • Artrite Séptica ou Reumatoide: aumento de volume da articulação e atrofia muscular. • Derrame articular, proliferação sinovial ou doença na cabeça do rádio: preenchimento do recesso infracondilar (localizado logo abaixo do côndilo lateral do úmero). Anterior: • Ângulo de carregamento ou “Q”: realizada com o antebraço em supinação e o cotovelo em extensão. O ângulo formado entre o úmero e o antebraço varia com a raça, o sexo e a idade, sendo em média no homem 10° e na mulher 13°. A causa mais comum de alteração é a sequela de traumatismo ou alteração da placa de crescimento. Pode também ocorrer após traumatismo repetido em valgo, como nos esportes de arremesso. • A diminuição do ângulo determina o “cúbito varo”, mais frequente. • O aumento do ângulo determina o “cúbito valgo”, menos frequente. Posterior: • Luxação do cotovelo, perda de massa óssea na articulação umeroulnar ou artropatia de Charcot: proeminência da ponta do olécrano e Bursa olecraneana proeminente quando essa estiver inflamada e distendida. • Borda subcutânea da ulna: nódulos reumatoides. RESUMO – ORTOPEDIA | GUILHERME GOMES (@GUI.GS) Medial: • Poucas informações. • Epicôndilo medial visível, exceto em pacientes obesos. • Nervo ulnar somente pode ser visto quando estiver muito espessado (hanseníase), ou quando se desloca para a frente (subluxação) durante a flexoextensão. PALPAÇÃO: • Inicia-se pela localização dos epicôndilos, assim como pela ponta do olécrano. • Quando observados em vista posterior, os pontos dos epicôndilos com o olecrano formam um triangulo equilátero. Lateral: • Palpam-se o epicôndilo lateral, a origem da musculatura extensora do punho, o complexo ligamentar lateral e a cabeça do rádio. • Epicondilite lateral ou síndrome do túnel radial: dor localizada na região do epicôndilo lateral e na origem da musculatura extensora do punho. • A cabeça do rádio é palpável em uma depressão logo abaixo da musculatura extensora do punho. • Deve ser feita durante a pronossupinação em graus variáveis de flexoextensão. • Se o paciente apresentar pronossupinação completa, ¾ da cabeça do rádio serão palpáveis. • Sinovite ou Osteoartrite: dor a palpação da cabeça do rádio. • Derrame articular: facilmente identificável por meio da palpação do recesso posterior, localizado entre a cabeça do rádio e a borda lateral do olécrano. • Complexo ligamentar lateral: formado pelo colateral radial que se origina no epicôndilo lateral e se insere na região lateral da ulna, crista do supinador, e o ligamento anular que circunda a cabeça do rádio. O ligamento pode ser palpado com os dedos indicador e médio. • Traumatismo em varo: dor a palpação do complexo ligamentar lateral. Anterior: • Fossa cubital: limitada pelos músculos braquial e pronador redondo, existem 4 estruturas, que de lateral para medial são: nervo cutâneo lateral do antebraço, tendão do bíceps, artéria braquial e nervo mediano. • Nervo cutâneo lateral do antebraço: encontra-se entre o musculo braquiorradial e o tendão do bíceps, não é palpável e confere sensibilidade à porção lateral do antebraço. • Tendão do bíceps: facilmente palpável quando o paciente realiza a flexão do cotovelo contra a resistência, com o antebraço em supinação. • OBS: Lacertous fibrosus: expansão medial do tendão do bíceps, recobrindo a massa flexora, assim como a artéria braquial e o nervo mediano. • Pulso braquial: palpável medialmente ao tendão do bíceps. • Nervo mediano: localiza-se medialmente à artéria braquial. RESUMO – ORTOPEDIA | GUILHERME GOMES (@GUI.GS) Posterior: • Bursa olecraneana: encontra-se sobre a aponeurose do músculo tríceps e estará espessa e dolorosa à palpação quando houver processo inflamatório local. • Esporão ósseo: pode ser palpável nessa região. • Com o cotovelo em flexão é possível palpar simultaneamente os epicôndilos e a ponta do olécrano. • Pode-se também palpar a articulação umeroulnar e a borda posteromedial do olécrano. Medial: • Nervo ulnar: localiza-se no sulco formado entre o epicôndilo medial e o processo olecraneano. • Proliferação de tecido cicatricial decorrente de traumatismo, artrose ou proliferação sinovial (AR): o sulco do nervo ulnar é útil na identificação de compressão. • Expressão clínica inicial: alteração da sensibilidade do dedo mínimo e anular, seguida da hipotrofia dos músculos intrínsecos da mão. • OBS: Nervo ulnar expressado faz pensar na possibilidade de hanseníase. • A palpação do nervo ulnar deve ser realizada de forma delicada. • Grupo muscular medial: origina-se no epicôndilo medial e é constituído por 4 músculos de lateral para medial: pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar longo e flexor ulnar do carpo. • Devem ser palpados para a verificação de sua continuidade e presença de dor. • A dor existirá quando houver processo inflamatório local, que pode ocorrer nos jogadores de golfe, tenistas, digitadores e em outras atividades que exijam o esforço em flexão. • Ligamento colateral medial: principal estabilizador do cotovelo em valgo, com origem no epicôndilo medial. • Deve ser palpado com o cotovelo em 30° e 60° de flexão com a atenção para a presença de dor em seu trajeto. RESUMO – ORTOPEDIA | GUILHERME GOMES (@GUI.GS) AMPLITUDE DE MOVIMENTOS: • O cotovelo apresenta 4 tipos e movimentos: flexão, extensão, pronação e supinação. • A flexoextensão ocorre nas articulações umeroulnar e umerorradial. • A pronossupinação ocorre nas articulações radioulnar proximal e distal. AVALIAÇÃO DO ARCO DE MOVIMENTO: • Avaliar tanto ativo quando passivo. • A presença de crepitação audível ou palpável deve ser registrada. Flexão: • A amplitude normal da flexão é em média de 140°. Extensão: • A amplitude normal da extensão é em média de 0°. Pronação: • A amplitude normal da pronação é em média 75°. Supinação: • A amplitude normal da supinação é 80°. AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR E EXAME NEUROLÓGICO: • A força de extensão do cotovelo, em geral, corresponde a 70% da força de flexão, e a supinação é 15% maior que a força de pronação. Flexão: RESUMO – ORTOPEDIA | GUILHERME GOMES (@GUI.GS) Extensão: Supinação: Pronação: TESTES ESPECÍFICOS: Instabilidade: • Na ausência de lesão cartilaginosa, a integridade dos ligamentos colaterais ulnar e radial é difícil de ser avaliada por causa da estabilidade conferida ao cotovelo pela morfologia da articulação. • Mas, na presença de destruição articular consequente a artrite reumatoide ou após excisão da cabeça do rádio, a instabilidade pode ser demonstrada por estresse em varo ou valgo. • A pesquisa da instabilidade em varo ou valgo é realizada com o cotovelo discretamente fletido, em torno de 15°,o que relaxará a cápsula anterior, além de retirar o olécrano de sua fossa. • A instabilidade em varo é pesquisada com o úmero em rotação interna completa e estresse em varo é realizado no cotovelo. • A instabilidade em valgo é pesquisada com o úmero em rotação externa, cotovelo fletido em 15°, e então estresse em valgo é realizado. RESUMO – ORTOPEDIA | GUILHERME GOMES (@GUI.GS) Teste de Pivô: • A insuficiência do ligamento colateral lateral é responsável pela instabilidade posterolateral. • O teste é realizado colocando-se o antebraço em supinação total, o examinador segura o punho do paciente e começando de uma posição de semiflexão realiza lentamente a extensão, mantendo a supinação, realizando ao mesmo tempo estresse em valgo no cotovelo e mantendo força de compressão axial. O examinador deverá evitar a rotação externa do úmero com sua outra mão. • Quando positivo, produzirá subluxação das articulações umeroulnar e umerorradial. • Quando o cotovelo estiver atingindo a extensão total, notam-se uma proeminência posterior (cabeça do rádio) e depressão na pele nesse nível. • Se for realizada flexão, observar a redução do rádio e da ulna em relação ao úmero. Teste dinâmico de estresse em valgo: • Auxilia no diagnóstico das lesões por insuficiência do ligamento colateral medial do cotovelo, comum nos atletas de arremesso, em que o diagnóstico é difícil, mesmo com o auxílio dos exames de imagens. • A manobra é realizada com o examinador mantendo força em valgo de intensidade moderada, estando o cotovelo em flexão completa. Em seguida, é realizada rapidamente a extensão completa do cotovelo. • O teste será positivo se a dor for reproduzida, na topografia do ligamento colateral medial, e de maior intensidade principalmente entre 120° e 70°. Teste da ordenha: • É realizado orientando o paciente a puxar seu polegar do lado acometido, com o antebraço em supinação e o cotovelo em flexão maior que 90°, criando um estresse em valgo. • Quando positivo, sugere lesão do ligamento colateral medial, ou seja, instabilidade medial ou em valgo. Epicondilite lateral: “cotovelo do tenista” Teste de Cozen: • É realizado com o cotovelo em 90o de flexão e o antebraço em pronação, pede-se ao paciente que faça extensão ativa do punho contra a resistência que será imposta pelo examinador. • O teste será positivo quando o paciente referir dor no epicôndilo lateral, origem da musculatura extensora do punho e dos dedos. Teste de Mill: • É realizado com o cotovelo em 90o de flexão e o antebraço em pronação com a mão fechada, o punho em dorsiflexão e o cotovelo em extensão. O examinador então forçará o punho em flexão e o paciente é orientado para resistir ao movimento. • A presença de dor no epicôndilo lateral será sugestiva de epicondilite lateral. RESUMO – ORTOPEDIA | GUILHERME GOMES (@GUI.GS) Epicondilite medial: “cotovelo de golfista” • O cotovelo é fletido, o antebraço mantido em supinação e o punho em extensão. Em seguida, o cotovelo será estendido vagarosamente e se o paciente apresentar dor no epicôndilo medial será sugestivo de epicondilite medial ou, ainda, ocorrer dor ao realizar a flexão do punho contra a resistência. Lesão do tendão distal do bíceps: Teste do gancho: • É realizado estando o cotovelo em 90o de flexão e o paciente realizando a supinação ativa do antebraço. • Estando o tendão do bíceps íntegro, permitirá ao examinador passar seu dedo indicador como um gancho ao redor do tendão de lateral para medial. • Na ocorrência de teste anormal, indicando avulsão distal do tendão, não existirá estrutura tensa que permita que o examinador possa colocar seu dedo ao redor como um gancho. Teste de compressão: • Realiza-se a compressão da massa muscular do bíceps braquial e se observa leve supinação passiva do antebraço, sugerindo a integridade do tendão. Punção articular: • Útil para a distinção entre o comprometimento extra ou intra-articular do cotovelo. • Mais facilmente realizadas com o cotovelo fletido em 90° e o antebraço em repouso sobre o tórax ou apoiado sobre uma mesa. • A agulha será introduzida no meio do triângulo formado pelo epicôndilo lateral, cabeça do rádio e ponta do olécrano. • Esse ponto corresponde ao recesso infracondilar – localizado entre a cabeça do rádio e a borda radial da ulna – que estará distendido na eventualidade de derrame articular. • Após a aspiração, 2 a 3ml de lidocaína podem ser injetados na articulação, o que oferecerá alívio da dor, confirmando a presença de doença intra-articular.
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