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Trauma Cranioencefálico e Torácico

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Traumas Cranioencefálico e Torácico 
 
Trauma Cranioencefálico (TCE) 
Introdução 
 O trauma cranioencefálico é um dos 
mais frequentes no serviço de emergência 
 Cerca de 75% dos casos são leves, 15% 
são moderados e 10% são graves (90% das 
mortes pré-hospitalares são devido lesões 
cerebrais) 
 O objetivo do tratamento de TCE é 
prevenir a lesão cerebral secundária do 
trauma 
 Tentar manter a oxigenação adequada a 
manutenção da pressão arterial para 
perfusão do cérebro 
ABCDE do trauma 
 A (airway): via aérea e coluna vertebral 
(o médico deve checar se a vítima está 
com as vias aéreas desobstruídas) 
 B (breathing): respiração e ventilação 
 C (circulation): circulação e controle de 
hemorragia 
 D (disability): exame neurológico 
 E (explosure): exposição e controle 
térmico 
Anatomia 
 Couro cabeludo 
 Lacerações podem levar a perdas sanguíneas importantes e choque, devido a sua irrigação abundante 
 Meninges 
 Consistem em 3 camadas de revestimento: dura-mater, aracnoide, pia-mater 
 Dura-máter: aderida ao crânio. As artérias meníngeas estão entre a 
dura-máter e superfície interna do crânio (espaço epidural), logo, 
fraturas cranianas podem causas hematomas epidurais 
 A aracnoide está abaixo do espaço subdural (entre a dura-máter e 
aracnoide), no qual também podem ocorrer hemorragias 
 A pia-máter está aderida à superfície do cérebro; o espaço entre a pia-
máter e a aracnoide (espaço subaracnóideo) contém o líquido 
cefalorraquidiano 
 Encéfalo 
 Composto pelo cérebro, cerebelo e tronco cerebral 
 Cérebro 
 Lobo frontal: execução, emoção, funções motoras e expressão da 
fala 
 Lobo parietal: função sensorial e orientação espacial 
 
 Lobo temporal: funções da memória 
 Lobo occipital: visão 
 Tronco cerebral 
 Mesencéfalo: responsável pelo estado de 
alerta 
 Bulbo: centros cardiorrespiratórios 
 Ponte 
 Cerebelo 
 Encontra-se na fossa posterior e é 
responsável pela coordenação e equilíbrio 
 Sistema ventricular 
 Os ventrículos contêm o LCR, que é 
constantemente produzido e absorvido 
Fisiopatologia do TCE 
 Importante: avaliação inicial da PIC e da PPC 
 Pressão intracraniana (PIC) 
 Como o crânio é como se fosse uma caixa óssea, ele não é capaz de expandir 
 Volume do conteúdo intracraniano (valor da PIC) possui um valor quando está normal: 10mmHg 
 Caso o volume de conteúdo intracraniano aumente, a PIC também vai aumentar, porém, há um mecanismo 
compensatório (explicação através da Doutrina Monro-Kellie): 
 O conteúdo intracraniano é distribuído em 4 categorias: sangue venoso, sangue arterial, cérebro e LCR (o 
volume desses conteúdos mantém uma pressão na caixa craniana (pressão intracraniana/PIC) 
 Quando algo começa a aumentar o volume dentro do crânio, é feita uma compensação através da 
compressão do sangue venoso e LCR para fora, a fim de manter o volume constante e PIC normal 
 Se o volume extra continuar crescendo, a compensação não vai ser suficiente e PIC vai aumentar, podendo 
levar a uma herniação da massa encefálica  paciente se apresenta com hipertensão intracraniana, podendo 
evoluir para a Tríade de Cushing (bradicardia, hipertensão arterial, alteração do ritmo respiratório) 
 Pressão de perfusão cerebral (PPC)/fluxo sanguíneo cerebral (FSC) 
 Pode sofrer redução devido ao trauma (pode levar ao coma) 
 Objetivo no atendimento inicial de TCE: aumentar o FSC pela redução da PIC elevada, mantendo PAM normal 
e oxigenação normal e normocapnia 
 Baixos níveis de fluxo sanguíneo cerebral podem não ser adequados par suprir as demandas metabólicas do 
cérebro 
 A compensação é feita pelos capilares: são capazes de fazer vasoconstrição e vasodilatação de acordo com o 
valor da PAM 
 PPC = PAM - PIC 
 PAM: pressão arterial média 
 PAM se autorregula entre 50 e 150mmHg para manter o FSC constante 
 Para medir a PIC, pode-se usar introdução do cateter no espaço subaracnóideo por punção lombar ou 
através do implante de transdutor eletrônico intracraniano 
 
 Se a lesão for muito grave, impossibilita a compensação, resultando em: 
- PAM elevada: aumento da PIC 
- PAM diminuída: infarto/isquemia 
 Principal mecanismo do TCE pode ser classificado como: 
 Lesão cerebral focal: resultando em contusão, laceração e hemorragia 
 Contusões focais 
 Lesões comumente encontradas em pacientes com TCE, estando presentes em até 30% dos casos 
 Locais de ocorrência mais comuns são: lobos temporal e frontal, que são as 
regiões mais vulneráveis quando há impacto direto 
 As lesões podem evoluir em curto período de tempo (horas ou dias) para um 
hematoma intraparenquimatoso com efeito de massa suficiente para exigir rápida 
intervenção cirúrgica 
 Hematomas 
 Costumam aparecer quando a força externa é distribuída pelas superfícies 
cerebrais mais superficiais 
 Podem ser de três tipos 
- Hematoma epidural/extradural: coleção de sangue no espaço epidural (entre dura-mater e crânio), que 
ocorre devido lesões nas artérias meníngeas (comum: artéria meníngea média, que passa por dentro da 
dura-máter) – o sangramento empurra a dura-máter para o lado oposto da estrutura óssea do crânio, 
fazendo o hematoma ter aspecto biconvexo. Estão presentes em cerca de 0,5% dos pacientes com TCE 
(raras). 
 
- Hematoma subdural: presente em até 30% dos pacientes com TCE, que são devido traumas de pequenos 
vasos superficiais ou vasos da ponte do córtex cerebral. É uma lesão que costuma assumir o formato do 
contorno do cérebro (aspecto côncavo-convexo). Geralmente estão associados a lesões parenquimatosas 
concomitantes (lesões mais graves) 
 
- Hemorragia subaracnóidea (HSA): sangramento entre pia-máter e aracnoide 
Hematoma extradural 
com herniação uncal: 
Paciente sofreu TCE (trauma 
na região temporal), evoluiu 
com intervalo lúcido e teve 
piora neurológica súbita. 
Piora neurológica ocorre 
pelo aumento da PIC e 
hérnia de uncus 
 
 
 
 Lesão cerebral difusa: acidentes de alto impacto, causando lesão axonal difusa e aumento do tamanho do 
cérebro (edema) pelo mecanismo de aceleração/desaceleração 
 O resultado da lesão cerebral é definido por dois estágios diferentes 
 Lesão primária: ocorrida no momento do trauma 
 Lesão secundária: processo patológico iniciado no momento do trauma com manifestações clínicas tardias 
Objetivos do tratamento do trauma crânio encefálico 
 Aumentar a perfusão e fluxo sanguíneo cerebral 
 Redução de PIC, quando elevada 
 Manter volume intravascular e PAM normais 
 Manter oxigenação e ventilação 
Classificação do TCE 
 Escala de Glasgow 
 Usada como medida clínica, para determinar a gravidade do TCE 
 Varia de 3 a 15 
 3 a 8: TCE grave 
 9 a 12: TCE moderado 
 13 a 15: TCE leve 
 Resposta ocular 
 4: espontânea: abre os olhos sem a 
necessidade de estímulo externo 
 3: ao som: abre os olhos quando é chamado 
 2: à pressão: paciente abre os olhos após 
pressão na extremidade dos dedos 
 1: ausente: não abre os olhos, apesar de ser 
fisicamente capaz de abri-los 
 Resposta verbal 
 5: orientada: consegue responder 
adequadamente o nome, local, data 
 4: confusa: consegue conversar em frases, mas 
não responde corretamente as perguntas, 
nome, local e data 
 3: palavras: não consegue falar em frases, mas 
interage através de palavras isoladas 
 2: sons: somente produz gemidos 
 1: ausente: não produz sons, apesar de ser 
fisicamente capaz de realiza-los 
 Resposta motora 
 6: à ordem: cumpre todas ordens de atividade 
motora (duas opções) como apertar mão do 
profissional e colocar a língua para fora 
 
 5: localizadora: eleva a mão acima do nível da 
clavícula em uma tentativa de interromper o 
estímulo (durante o pinçamento do trapézio ou 
incisura supraorbitária) 
 4: flexão normal: a mão não alcança a fonte do 
estímulo, mashá uma flexão rápida do braço ao 
nível do cotovelo e na direção externa ao corpo 
 3: flexão normal: a mão não alcança a fonte do 
estímulo, mas há uma flexão lenta do braço na 
direção interna do corpo 
 2: extensão: há uma extensão do braço ao 
nível do cotovelo 
 1: ausente: não há resposta motora dos MMSS 
e MMII, apesar de o paciente ser fisicamente 
capaz de realizá-la
 
 Escala de Glasgow de 2018: pouco usada 
 Inclusão da reatividade pupilar à luz, critério que antes 
não era utilizado 
 Ao contrário dos outros critérios, esse é pontuado de 
maneira decrescente: pior resultado apresenta maior 
pontuação: 
- 2 pontos se nenhuma reatividade em ambas pupilas 
- 1 ponto: sem reação em uma das pupilas 
- 0 pontos: as duas pupilas estão funcionando 
normalmente 
 Ao usar esse critério há uma mudança no escore total: 
- Todos os outros critérios são pontuados normalmente, mas depois da nota final, o score da reatividade 
pupilar é subtraído 
- Escore final: abertura ocular (1 a 4) + resposta verbal (1 a 5) + resposta motora (1 a 6) – reatividade 
pupilar (0 a 2) 
 TCE leve (Glasgow 13-15) 
 Cursa com desorientação 
 Amnésia: existente? Tempo? Duração? 
 Perda transitória de consciência e sua duração 
 Paciente consciente e falando 
  Documentação do escore de Glasgow 
 Evoluem com recuperação sem 
intercorrências 
 TC de crânio deve ser realizada quando: 
 Glasgow < 15 até 2h após o trauma 
 Suspeita de fratura exposta ou com 
afundamento 
 Qualquer sinal de fratura de base de crânio 
 Vômitos (>2 episódios) 
 Idade > 65 anos 
 Perda de consciência por > 5min 
 Amnésia retrógrada > 30min 
 Mecanismo de trauma perigoso 
(atropelamento, ejeção do veículo, queda de 
altura >1m) 
 Importante: se a TC apresentar qualquer 
anormalidade e o paciente continuar 
assintomático ou tiver alguma alteração 
neurológica, deve-se chamar neurocirurgião 
para avaliação. Se o doente estiver 
assintomático e neurologicamente normal, 
deve ficar em observação por algumas horas 
(12 a 24h), de preferência em ambiente 
hospitalar e possivelmente alta 
 TCE moderado (Glasgow 9-12) 
 Capazes de obedecerem a ordens simples  Pacientes confusos ou sonolentos e/ou com 
déficit neurológico (hemiparesia) 
 
 10 a 20% desses vítimas apresentam piora e 
entram em coma 
 Sempre realizar TC de crânio na admissão 
(diagnóstico de TCE): aval do neurocirurgião 
 Solicitar vaga em UTI 
 Repetir TC de crânio em 12 a 24h após a 
admissão 
 TCE moderado podem apresentar piora 
rápida, hipoventilação e perda de proteção de 
via aérea 
 TCE grave (Glasgow 3-8) 
 Não obedece a ordem simples 
 TCE grave = maior morbimortalidade 
(diagnóstico e tratamento devem ser feitos 
imediamente) 
 Tratamento deve incluir: ABDCE 
 Reavaliação neurológica com Glasgow 
periodicamente 
 Reação pupilar (coma?) e exame neurológico 
focal 
 Todos os pacientes com nível de consciência 
na ECG < 8 devem ser submetidos a uma via 
aérea definitiva e mantidos em ventilação 
mecânica até que seja viável a ventilação sem 
aparelhos, subsequente à melhora do quadro 
neurológico 
 Colher gasometria arterial 
 Tratamento neurológico definitivo 
 
 Importante 
 Obter o escore de Glasgow na avaliação inicial antes de administração de sedativos ou relaxantes musculares 
para conhecer a condição clínica real do paciente e determinar o tratamento necessário 
 O uso de agentes pode dificultar o reconhecimento da progressão da lesão e resultar em tratamentos 
desnecessários, como a IOT 
 TC é o exame diagnóstico de TCE, ou seja, deve-se sempre fazer TC (desde que o paciente esteja 
hemodinamicamente estável) 
 Em casos de TCE leve pode-se cogitar dar alta para o paciente, porém, não é indicado, pois o paciente pode 
começar a ter uma lesão secundária após o atendimento inicial. Por isso é necessário fazer avaliação secundária 
para identificar de mecanismo de lesão, com atenção para perda de consciência, convulsão, amnesia e nível 
subsequente de estado de consciência 
 Após toda a avaliação, caso o paciente vá receber alta, é necessário entregar um protocolo de instruções 
para o mesmo (possui algumas instruções e explicações, além de citar sintomas que, se ele tiver, deve retornar 
ao hospital) 
 
Tratamento clínico e cirúrgico do TCE 
 Tratamento clínico 
 Cabeceira elevada a 30° 
 Fluidos intravenosos 
 Utilizar solução salina isotônica ou ringer 
lactato 
 Hipovolemia é prejudicial ao funcionamento 
do cérebro (principalmente se estiver lesado) 
 Administrados para manter a normovolemia, 
hipotensão arterial  isquemia cerebral 
 Uso de soluções glicosadas (devem ser 
evitadas)  hiperglicemia  prejudicial ao 
cérebro lesado, pois diminui a resposta 
inflamatória normal ao trauma e favorece 
infecções 
 Monitorar níveis séricos de sódio (Na): 
hiponatremia tem relação com edema cerebral 
 
Geralmente hipotensão não é decorrente de TCE (crânio não se 
expande, então o volume de sangue perdido na hemorragia é 
limitado, sendo essa restrição a garantia de que os pacientes não 
vão chocar devido o sangramento intracraniano); porém, a 
hipotensão afeta perfusão e funcionamento cerebral. As 
alterações de PA e FC podem ser devido hipertensão intracraniana 
ou choque neurogênico associado a lesões graves de medula 
 
 Hiperventilação temporária 
 Hiperventilação  reduz PaCO2  provoca 
vasoconstrição (tomar cuidado pois a 
vasoconstrição impede o aumento da PIC, 
provocando mais lesão cerebral, só que por 
isquemia), ou seja, a hiperventilação deve ser 
usada por pequeno período de tempo 
 Leva a hipocapnia, CO2 reduzido no sangue 
 A normocapnia (PaCO2 = 35mmHg) é 
preferida na maioria dos casos 
 Terapia hiperosmolar – manitol a 20% 
 Manitol a 20% é utilizado para reduzir PIC 
elevada, reduzindo o edema cerebral, drenando 
água através da BHE para o compartimento 
cerebral 
 Não administrar em pacientes hipotensos, 
porque é um potente diurético osmótico, ou 
seja, pode acentuar a hipotensão e causar 
isquemia cerebral 
 Pacientes euvolêmicos com deterioração 
neurológica aguda podem receber dose de 
ataque (1g/kg, rápido) endovenoso 
 Sedativos e anticonvulsivantes 
 Sedativos (propofol, fentanil, midazolam): 
reduzem a PIC refratária, porém não podem ser 
utilizados com hipotensão ou hipovolemia 
 Anticonvulsivantes: utilizar na fase crônica, já 
que não reduz convulsões pós-traumáticas na 
fase aguda. Podem inibir a recuperação cerebral 
e dificultar o exame neurológico diário. Por 
outro lado, convulsões prolongadas devem ser 
evitadas pois causam lesões cerebral 
secundarias. Fenitoína 300mg/dia 
 Epilepsia pós-traumatica deve ser tratada 
imediatamente (sua ocorrência por 30-60min 
pode causar lesão secundária no cérebro). Dose 
de ataque inicial: 1g via endovenosa (velocidade 
>50mg/min), sendo a manutenção 100mg/8h 
 Tratamento cirúrgico 
 O modo mais efetivo para diminuir a PIC: remover lesão expansiva que está ocupando o espaço das estruturas 
cerebrais 
 Duas formas de reduzir o espaço ocupado pela lesão: drenagem externa dos ventrículos e craniotomia 
descompressiva 
 Ambos os procedimentos cirúrgicos devem ser realizados por profissionais qualificados e preparados para 
realizar a técnica, por isso, a presença de um neurocirurgião se faz necessária ao atender um paciente com TCE 
 Lesões intracranianas de massa: devem ser tratadas apenas por neurocirurgiões 
 Ferimentos penetrantes: deve-se realizar TC de crânio + antibioticoterapia profilática de amplo espectro 
 Ferimentos exteriorizados (facas, flechas): os objetos não podem ser retirados até que o tratamento 
neurocirúrgico tenha sido realizado 
 OBS: craniotomia com retirada de uma porção óssea é o procedimento de escolha para descomprimir o 
cérebro de forma emergencial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TraumaTorácico 
Principais sintomas relacionados ao trauma torácico: hipóxia, hipercapnia e acidose 
Deve ser realizada avaliação ABCDE do trauma (ATLS) – avaliação primária 
 A avaliação torácica deve seguir procurando lesões que matam mais rapidamente, seguindo 
a ordem: vias aéreas (A), respiração (B), circulação (C) 
 Avaliação ABCDE: vias aéreas (A), respiração (B), circulação (C), neurológico (D), exposição 
(E)  avalição deve ser feita em qualquer tipo de trauma (não só o torácico) 
 
 Problemas de vias aéreas (A) 
 Obstrução de VA 
 Um dos principais mecanismos que afetam a 
VA 
 Frequentemente causada por edema, 
sangramento, broncoaspiração ou corpo 
estranho 
 Sua avaliação na parte torácica consiste no 
exame semiológico: 
 Inspeção da cavidade oral, faringe e tórax 
para ver se há esforço respiratório 
 Palpação de pescoço e tórax 
 Ausculta de respiração em busca de 
crepitação ou estertores 
 Caso seja identificada alguma obstrução, a 
conduta é remover o conteúdo por aspiração 
(se for líquido) ou com o dedo em garra (sólido) 
e avaliar a necessidade de VA definitiva 
 Em seguida, deve-se ponderar se o paciente 
consegue manter a perviedade das VA. Caso 
não consiga, deve-se realizar via aérea definitiva 
(posicionar tubo com balão insuflado na 
traqueia, conectado a oxigênio a 100% 
associado ao oxímetro de pulso e capnógrafo) 
 Indicações de VA definitiva: GCS ≤ 8; risco 
de obstrução (hematoma cervical, lesão de 
faringe/traqueia); inadequada respiração; 
comprometimento de via aérea (trauma 
maxilofacial, lesões por inalação,.); apneia 
 Lesão traqueobrônquica 
 São raras, mas potencialmente fatais (a grande 
maioria dos pacientes morre ainda em cena) 
 Sintomas: hemoptise, enfisema subcutâneo, 
pneumotórax hipertensivo, cianose 
 Suspeita de lesão: promover via aérea 
definitiva 
 Problemas de respiração (ventilação) (B) 
 Pneumotórax hipertensivo 
 Desenvolve-se quando o ar consegue entrar na cavidade pleural através de um mecanismo de válvula 
unidirecional, ou seja: o ar entra mas não sai 
 O ar acumula comprimindo o pulmão e empurrando o mediastino para o lado contralateral. Então o paciente 
sofre uma redução de retorno venoso e, consequentemente, débito cardíaco, levando a um quadro de choque 
obstrutivo 
 Identificação: clínica + FAST 
 
 Sinais e sintomas 
 Dor torácica 
 Taquipneia 
 Dispneia 
 Desvio da traqueia 
 MV abolido 
 Desconforto respiratório 
 Hipotensão 
 Tórax elevado (sem respiração) 
 Estase jugular 
 Cianose (tardio)
 Conduta: descompressão imediata  punção de alívio no espaço pleural (abordagem alternativa: 
toracostomia por dedo/finger decompression: converte pneumotórax hipertensivo em pneumotórax simples) 
 Tratamento definitivo: toracostomia com drenagem em selo d’água 
 
 Pneumotórax aberto 
 Ocorre uma lesão na parede torácica comunicando o espaço pleural com o meio 
externo, o que acaba fazendo com que a pressão intrapleural se iguale com a 
atmosférica, mas mantendo o pulmão ainda colabado 
 Sinais e sintomas: 
 Dor torácica 
 Taquipneia 
 Dispneia 
 MV abolido 
 Como o ar consegue entrar e sair, não ocorre um grande acúmulo do mesmo, o 
que justifica não ocorrer desvio de mediastino 
 Conduta: primeira coisa a se fazer é fechar a lesão que está deixando o ar entrar (apesar dela também permitir 
sua saída), então deve-se fazer um curativo de 3 pontas (colocar um material estéril sobre a lesão e fixa-lo em 
3 de seus lados, deixando um livre para o ar sair – o material é sugado durante a inspiração e oclui a passagem 
de ar mas o ar sai durante a expiração). Em seguida, deve-se fazer uma drenagem torácica (fechamento da 
lesão) 
 Tratamento definitivo: toracostomia com drenagem em selo d’água 
 Hemotórax maciço 
 Hemotórax é a presença de sangue na cavidade pleural, sendo considerado hemotórax maciço quando o 
volume de sangue é maior que 1500ml ou maior que 2/3 do volume pulmonar total 
 O sangue vai se comportar como ar e comprimir o pulmão, atrapalhando a respiração 
 Sinais e sintomas 
 Sinais de hemotórax e sinais de choque (pois 
o paciente está perdendo sangue) 
 Macicez à percussão 
 MV abolidos 
 Conduta: drenagem torácica + reposição volêmica (usar cristaloides e depois 
transfusão sanguínea) 
Derrame pleural 
em trauma, até 
segunda ordem, é 
hemotórax (todo 
hemotórax deve 
ser drenado) 
 
 Problemas de circulação (C) 
 Hemotórax maciço 
 Tamponamento cardíaco 
 Ocorre um acúmulo de fluido dentro do saco pericárdico, comprimindo o coração, 
comprometendo seu enchimento e diminuindo o DC, ou seja, choque restritivo 
 Possível identificar através da Tríade de Beck: hipotensão, estase jugular, abafamento de 
bulhas 
 Outros sinais e sintomas 
 Sinal de Kussmaul 
 Aumento da pressão venosa durante a 
inspiração 
 Ritmo AESP 
 Atividade elétrica sem 
pulso 
 Diagnóstico: FAST (métodos adicionais: ecocardiograma e janela pericárdica) 
 Tratamento: pericardiocentese ou toracotomia + infusão de fluido (para aumentar pressão venosa e DC) 
 Diferença entre tamponamento cardíaco e pneumotórax hipertensivo: 
 Pneumotórax: percussão timpânica 
 Tamponamento: ausculta com MV presentes bilateralmente 
 PCR traumática 
 Ocorre devido junção de dois fatores: inconsciência + ausência de pulso 
 Apresenta-se no ECG como AESP, fibrilação ventricular e assistolia 
 Conduta: 
 Suporte avançado de vida em cardiologia (ACLS)  reanimação cardiopulmonar (RCP)  
ABCDE do ACLS 
 Caso o ACLS não volte o paciente: descompressão torácica bilateral (se resolver: fazer drenagem torácica) 
 Se descompressão não resolver, fazer toracotomia com pericardiotomia 
 Avaliação neurológica (D) – Avaliação ABCDE 
 Necessário observar 3 pontos: escala de coma 
de Glasgow, resposta pupilar ao estímulo 
luminoso, déficit neurológico focal 
 Sinais de herniação e/ou hipertensão 
intracraniana: 
 Dilatação pupilar unilateral 
 Plegia, descerebração ou decorticação 
unilateral 
 Tríade de Cushing (bradicardia, hipertensão 
arterial, alteração do ritmo respiratório) 
 Queda de 3 ou mais pontos na GCS 
 Parada cardiorrespiratória súbita 
 Exemplos de fatores que podem alterar a 
avaliação neurológica 
 Pacientes sob efeitos de drogas 
 Pacientes em coma 
 Pacientes após um ataque epiléptico 
 Sedação do paciente (não administrar 
sedativos ou relaxantes musculares no 
atendimento primário) 
 Exposição (E) – Avaliação ABCDE 
 Procurar sangramentos (exemplo: lesões de 
couro cabeludo) 
 Presença de LCR é indicativo de lesão de 
meninges 
 
 Lesões graves porém menos letais 
 Pneumotórax simples 
 Ocorre por uma lesão no pulmão que permite 
a passagem de ar para o espaço pleural 
 Pode ser aberto ou fechado 
 A quantidade de ar não é tão grande; 
ocorrendo uma compressão do pulmão, não 
costumando ser suficiente para deslocar o 
mediastino 
 Diagnóstico: Rx tórax + exame clínico 
(percussão hipertimpânica, ausculta MV 
abolidos, tórax elevado e sem respiração) 
 Tratamento: drenagem de tórax em selo 
d’água + Rx de tórax 
 
 Hemotórax não maciço 
 Acúmulo de menos do que 1,5L de sangue no espaço pleural 
 Principais causas: lacerações de pulmão e vasos intercostais 
 Sangramentos tendem a ser autolimitados 
 Diagnóstico: exame clínico (percussão maciça, ausculta com MV abolidos e também sinal de 
trauma penetrante) + Rx tórax 
 Tratamento: drenagem torácica em selo d’água 
 Tórax instável 
 Decorrente de fraturas em 2 pontos da costela em duas ou mais costelas adjacentes (pode ser devido luxação 
de articulações costocondrais) 
 A lesão faz com que ocorra uma criação de retalho na parede torácica, movendo de forma independente e 
oposta ao restante da caixa óssea (enquanto a parede torácica expande, o retalho contrai 
 Está ligado geralmente a pacientespolitraumatizados 
 Tratamento 
 Oxigenoterapia 
 Analgesia 
 Reposição volêmica 
 Eventualmente fixação (em idosos, enfisematosos, asmáticos 
graves)
 Ruptura diafragmática 
 Causas: trauma penetrante e trauma contuso 
 Mais facilmente identificada de lado esquerdo (fígado dificulta o acesso pelo lado direito) 
 Diagnóstico: Rx tórax ou TC 
 
 Tórax: elevação da cúpula diafragmática (confirmação através de RX ou TC) 
 Tratamento: cirurgia 
 
 
 Lesões cardíacas e aórticas potencialmente fatais 
 Contusão cardíaca 
 Principais causas 
 Acidente de carro ou moto 
 Atropelamento 
 Queda de mais de 6m de altura 
 Principais repercussões 
 Contusão do músculo cardíaco 
 Ruptura cardíaca 
 Dissecção de artéria coronária 
 Lesão valvar 
 Sintomas: hipotensão e desconforto torácico 
 Diagnóstico: ECG com disritmia e 
ecocardiograma alterado (diagnóstico preciso) 
 Tratamento: cirúrgico 
 Ruptura aórtica 
 Normalmente causada por acidente automobilístico (maioria das vezes leva à morte imediatamente) 
 Alguns pacientes podem ter ruptura incompleta de aorta ou sangramento vazar apenas para dentro do 
mediastino, o que permite a formação de um hematoma que o contenha 
 Diagnóstico: TC ou RX tórax 
 Sinais 
 Mediastino alargado 
 Desvio de traqueia 
 Brônquio-fonte E baixo 
 Hemotórax à esquerda 
 Derrame extrapleural apical 
 Alargamento de fixa paratraqueal 
 Obliteração do cajado 
 
 
 
 Desvio de esôfago 
 Brônquio-fonte D elevao 
 Obliteração do espaço entre artéria 
pulmonar e aorta 
 Fratura de escápula ou primeiros arcos 
costais 
 Alargamento das interfaces para espinhais

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