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Sarah Silva Cordeiro | 3º período 2021.2 | MEDICINA – FITS | @study.sarahs Envelhecimento fisiológico 3º modulo temático – 1º problema Objetivos: 1. Entender a Senescência (processos celulares e bioquímicos); 2. Compreender as alterações anátomo- fisiológicas relativas ao envelhecimento; 3. Diferenciar envelhecimento físico e psicológico; 4. Listar atividades e hábitos que favorecem um processo senescente saudável. Entender a Senescência (processos celulares e bioquímicos); Para que o processo de envelhecimento possa ser bem compreendido, é necessário diferenciar bem senescência de senilidade. Compreender essa distinção é fundamental na assistência ao idoso, para que doenças tratáveis não passem despercebidas por se acreditar que se trate apenas de condições referentes à idade. A senescência consiste no somatório de alterações orgânicas, funcionais e psicológicas próprias do envelhecimento normal. Na senescência, a capacidade de manter a homeostase orgânica é menor que a apresentada por indivíduos mais jovens. Em condições habituais, o idoso pode não manifestar clinicamente qualquer insuficiência de órgãos e sistemas, mas o desempenho de um órgão no idoso depende da taxa de declínio funcional e da demanda solicitada, ou seja, em situações de estresse externo a resposta do órgão dependerá de sua reserva funcional. Autonomia × independência A autonomia consiste na capacidade individual de decisão e comando sobre as próprias ações, estabelecendo e seguindo as regras pessoais. Significa capacidade para decidir e depende diretamente da cognição e do humor. A independência se refere à capacidade de realizar algo com os próprios meios. Significa execução e depende diretamente de mobilidade e comunicação. Portanto, a saúde do idoso é determinada pelo funcionamento harmonioso de quatro domínios funcionais: cognição, humor, mobilidade e comunicação. Esses domínios devem ser rotineiramente avaliados na consulta geriátrica. O envelhecimento é conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, que determinam perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte (Papaléo Netto e Pontes, 1996). Essa definição pode ser complementada com um outro conceito, este predominantemente funcional, elaborado por Comfort (1979), segundo o qual o envelhecimento se caracteriza por redução da capacidade de adaptação homeostática perante situações de sobrecarga funcional do organismo. É conhecido o fato de que o ritmo de declínio das funções orgânicas varia de um órgão a outro, mesmo entre idosos que têm a mesma idade Biogerontologia – campo da ciência que tenta compreender os “como” e “porquês” da senescência. Porém, as variáveis condicionantes são inúmeras quando item a item é analisado. Há uma clara sobreposição de fatores, como, por exemplo, o surgimento de novos conhecimentos sobre os elementos ambientais e alimentares que aceleram expressões gênicas ou mesmo as retardam de acordo com o tipo de exposição. Neste aspecto, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já alerta que substâncias presentes no ambiente podem promover alterações orgânicas, propiciando o surgimento de patologias (McDonald, 2014). Ademais, dada a natureza plural de nossas miscigenações e sua grande variabilidade genética, é difícil a caracterização de um determinante único, o que limita um conceito operacional simples para a biologia do envelhecimento (Cunha, 2011). O envelhecimento é o resultado das interações do organismo vivo ao longo da vida com o ambiente, e nenhum ser vivo apresenta o mesmo tipo de interação com o meio (McDonald, 2014). Quadro 2.1 Definições das alterações do envelhecimento segundo Strehler. O envelhecimento é universal, apesar de sofrer variações de indivíduo a indivíduo. O fenômeno do envelhecimento deve ocorrer em todos de uma mesma espécie O envelhecimento deve ser intrínseco; as causas que dão origem a ele devem ser Sarah Silva Cordeiro | 3º período 2021.2 | MEDICINA – FITS | @study.sarahs endógenas, não devem depender de fatores externos O envelhecimento deve ser progressivo; os fenômenos que se expressam durante o envelhecimento devem ser progressivos ao longo do curso da vida O envelhecimento deve ser deletério; os fenômenos associados ao envelhecimento somente serão considerados parte dele quando traduzirem-se de modo negativo para a espécie, ou seja, reduzindo sua funcionalidade Para Balcombe e Sinclair, os termos “senescência” e “envelhecimento” são usados como sinônimo porque têm conceitos análogos, já que sua descrição é de um período de modificações associadas ao tempo que promovem alterações deletérias em tecidos e órgãos, tornando o indivíduo mais suscetível à morte (Teixeira e Guariento, 2010). Isso pode ser analisado por meio de fenômenos moleculares, celulares, em diversos sistemas e que afetam diretamente a fisiologia orgânica. Durante a senescência ocorre uma redução da massa muscular total, assim como da massa óssea. Inúmeros marcadores a nível celular expressam um funcionamento inadequado, como transcrição genética, síntese proteica, processos de glicação e oxidação, causando disfunções na habilidade peptídica e traduzindo-se em funcionamento inadequado da célula, que pode ser observado por meio de marcadores de lesão de DNA – gama-H2AX e 53BP1. Tanto estudos longitudinais quanto cortes transversais são claros em demonstrar os declínios fisiológicos observados na espécie humana marcadamente a partir da terceira década. Todavia, a taxa de tal declínio é extremamente heterogênea quando são analisados órgão a órgão e até mesmo quando estes indivíduos são comparados entre si (McDonald, 2014). Comfort (1964): Para ele, o envelhecimento pode ser definido como um processo intrínseco, inevitável e irreversível associado à idade, que traz consigo perda da vitalidade orgânica e aumento da vulnerabilidade. Quadro 2.3 Características comuns da senescência. Aumento da taxa de mortalidade Alterações bioquímicas pouco compreendidas Declínio progressivo das respostas fisiológicas e habilidades adaptativas ao ambiente Aumento da suscetibilidade a doenças Envelhecimento pode ser visto como um holograma multifatorial que se dá por diversos processos, com variações inúmeras, até mesmo para uma única espécie, amplamente suscetível a influências ambientais e também submetido a polimorfismos genéticos e variações da expressão gênica (Cunha, 2011). Assim, o envelhecimento não pode ser visto somente como um único processo, mas sim como uma coleção de incontáveis processos complexos para cada espécie (Figura 2.1) (Miller, 2009). Teorias biológicas do envelhecimento: As teorias formuladas para explicar o processo do envelhecimento são agrupadas em inúmeras formas e categorias. De modo geral, todas tentam cobrir os aspectos genéticos, bioquímicos e fisiológicos de um organismo. As teorias genéticas apresentam especulações e evidências sobre a identidade de genes responsáveis pelo envelhecimento, acumulações de erros na estruturação genética, senescência programada e telômeros. As teorias bioquímicas estão focadas no metabolismo energético, na geração de radicais livres e na taxa de sobrevida associada à saúde mitocondrial. As teorias fisiológicas apresentam explicações para a senescência associadas ao sistema endócrino e o papel dos Sarah Silva Cordeiro | 3º período 2021.2 | MEDICINA – FITS | @study.sarahs hormônios na regulação da taxa de envelhecimento celular. Teixeira e Guariento (2010) pontuam que frequentemente as teorias do envelhecimento sãoapresentadas em dois grupos: teorias programadas e teorias estocásticas. Segundo as observações de Weinert e Timiras (2003), as programadas são baseadas no conceito de “relógio biológico”, ou seja, fenômenos delimitados marcando etapas específicas da vida, como crescimento, maturidade, senescência e morte. Para esses mesmos autores, as teorias estocásticas estão condicionadas a alterações moleculares e celulares, progressivas e aleatórias que promovem danos nas estruturas biológicas para manutenção da vida. Origem da mudança Teorias estocásticas Teorias sistêmicas Proteínas alteradas Dano e reparo do DNA Catástrofe do erro Desdiferenciação Dano oxidativo Mudanças proteicas Teorias metabólicas Teorias genéticas Apoptose Teorias neuroendócrinas Teorias imunológicas Teorias estocásticas do envelhecimento: • Uso e desgaste o Quanto mais desgaste sofre uma célula maior é o comprometimento em sua habilidade de sobrevida o Uso contínuo e ininterrupto, a causa principal do envelhecimento era sua incessante replicação, provocando, consequentemente, um desgaste • Teoria das modificações proteicas o Etapas como transcrição, translação, replicação podem ter erros o Quando eles ocorrem, genes defeituosos, mRNA e proteínas são produzidos de modo inadequados e/ou defeituosos o Animais velhos têm uma perda de até 50% em sua atividade enzimática. o Uma das hipóteses é que existiriam modificações oxidativas nas estruturas proteicas e que um novo tipo de ligações cruzadas promoveria alterações na conformação da célula e seu respectivo tecido (Miller, 2009). o Colágeno e elastina, declínio gradual de suas funções o A atividade proteica parece ficar mais lenta com o envelhecimento. • Teoria da mutação somática e do dano ao DNA o Fatores orgânicos poderiam causar alterações especificas na composição do DNA e nas células somáticas o A expressão inadequada de suas funções promoveria o envelhecimento celular. o De forma constante, o DNA celular sofre mais de 10.000 lesões oxidativas. Se não existissem mecanismos de reparo e regulação adequados, a alteração das bases nitrogenadas na dupla-hélice ocasionaria erros na transcrição e tradução proteicas, formando produtos inadequados e inviabilizando a vida da célula. o DNA pode sofrer dois tipos diferentes de agressões ▪ Mutações • Mudanças nas sequencias de polinucleotídios • Anemia falciforme ▪ Danos • Alterações químicas dentro da estrutura bi-helicoidal da molécula • Fontes exógenas e endógenas • Teoria do erro catastrófico o Ao longo dos anos, erros aleatórios e constantes poderiam construir alterações drásticas nas atividades enzimáticas, levando à limitação do funcionamento celular e, em nível macro, de todo o organismo (Panno, 2005). • Desdiferenciação o Mecanismos estocásticos promoveriam ativação ou repressão genica, causando síntese inadequada de proteínas ou mesmo a síntese de proteínas desnecessárias • Dano oxidativo e radicais livres o Foi proposta por Denham Harman em 1957. o O envelhecimento seria consequente aos efeitos deletérios das espécies reativas de oxigênio nas organelas citoplasmáticas. Sarah Silva Cordeiro | 3º período 2021.2 | MEDICINA – FITS | @study.sarahs o Existem inúmeras espécies tóxicas de oxigênio que são produzidas durante o metabolismo normal o Os metabólitos causam lesões em fosfolipídios, proteínas, DNA celular e mitocondrial o O estresse oxidativo influencia diretamente o controle de transcrição de DNA e a sinalização celular, além de vias bioquímicas da célula o Inúmeras patologias estão associadas a elevadas taxas de oxidação. Teorias sistêmicas: Arking (2008): “as teorias sistêmicas não são puramente deterministas, uma vez que todas admitem, em diferentes graus, a modulação ambiental do envelhecimento e da longevidade.” • Teorias metabólicas o Alterações na taxa metabólica podem modificar o tempo de vida em alguns animais o Estudos na espécie humana apontam que níveis reduzidos de glicemia, menor temperatura corporal e lento declínio de alguns hormônios estariam associados a um tempo de vida mais longo o Diminuição da taxa basal com o envelhecimento • Teorias genéticas o Três mecanismos básicos: defesa antioxidante, sistemas de controle da síntese proteica e mudanças na expressão gênica induzidas pela restrição calórica. o Teoria dos telômeros - É observado que o tamanho dos telômeros é cada vez menor ao longo das replicações celulares e, quando chegam a um tamanho mínimo, a proliferação celular é interrompida • Teorias neuroendócrinas e imunológicas o O envelhecimento seria decorrente de alterações ocorridas nas funções neurais e endócrinas, notadamente no sistema hipotálamo-hipófise-adrenal o Redução da habilidade adaptativa do organismo ao estresse por uma queda da resposta simpática o Apresentando inúmeras limitações nos feedbacks • Epigenética o É conceituada como um conjunto de modificações no genoma que são herdadas pelas gerações subsequentes, mas que não alteraram a sequência do DNA. o Hábitos de vida e até mesmo o ambiente social podem modificar o funcionamento celular. o Reações químicas como metilação, acetilação, ubiquitilação ou fosforilação ocorrem nestas estruturas, promovendo inibição ou ativação da codificação gênica com inúmeras implicações para o funcionamento celular. • Apoptose o Apoptose ocorre normalmente durante o desenvolvimento dos organismos, assim como na manutenção da homeostase de tecidos e células (Elmore, 2007). o Cascata de eventos moleculares bastante complexos caracterizada por alterações bioquímicas e morfológicas, como condensação e fragmentação nuclear, perda das moléculas de adesão da membrana ou mesmo da matriz extracelular (Nishida et al., 2008). o Gupta (2005) observa que mudanças na sinalização da apoptose têm consequências diretas no envelhecimento. Uma das grandes características do envelhecimento biológico é a perda gradativa da habilidade orgânica no manejo contra agentes estressores endógenos e exógenos. Compreender as alterações anátomo-fisiológicas relativas ao envelhecimento (sessão 4); 1. Composição corporal: Toda a celularidade diminui, reduzindo a função dos órgãos, continuamente. Ocorre diminuição da água intracelular, tornando o organismo da pessoa idosa desidratado, fisiologicamente. A musculatura vai diminuindo, especialmente as fibras tipo II, de contração rápida, como as encontradas nas mãos. Forca muscular diminuída 2. Pele A pele se torna seca, por diminuição das glândulas sebáceas, e espessada, com as papilas dérmicas menos profundas, levando a menor junção entre a epiderme e a derme, facilitando a formação de bolhas e predispondo a lesões. O número de melanócitos diminui de 8 a 20%, por década, após os 30 anos. Esse fato, associado ao alentecimento da reposição das células da epiderme, ao maior Sarah Silva Cordeiro | 3º período 2021.2 | MEDICINA – FITS | @study.sarahs tempo de exposição aos raios UV e à redução das células de Langerhans (células mediadoras da resposta imunológica na pele), contribui para o aumento da incidência do câncer de pele. Na derme do indivíduo idoso, observa-se menor número de fibras elásticas e colágenas, levando a uma perda da resiliência e à formação de rugas. Diminuição da vascularização, palidez e diminuição da temperatura da pele – dermatites. 3. Pálpebras Flacidez das pálpebras – limitação do campo visual lateral Apesar da diminuição da secreção lacrimal, a flacidez nas pálpebras inferiores desloca o orifício de entrada do canal lacrimal, provocando um lacrimejamento incomodativo, obrigando a pessoa a limpar os olhos, nem sempre com as mãos limpas, provocando infecçõesoculares. A atrofia da fáscia palpebral pode levar à herniação da gordura orbitária para dentro do tecido palpebral, produzindo “bolsas” embaixo dos olhos. Ocorre também atrofia da aponeurose do músculo elevador da pálpebra, podendo cobrir a pupila, como visto na ptose senil. Essa alteração provoca uma lentidão nos idosos ao olharem o retrovisor quando estão dirigindo, podendo ser causa de acidentes automobilísticos (Brodie, 2003). 4. Fâneros A diminuição do número das glândulas sudoríparas somada à diminuição dos vasos sanguíneos da derme e da espessura do tecido celular subcutâneo dificultam a termorregulação. O embranquecimento dos cabelos ocorre pela perda progressiva de melanócitos nos bulbos capilares. As alterações do crescimento e da aparência dos cabelos são devidas a um processo complexo representando um estado de saúde. O crescimento longitudinal das unhas diminui. Elas se tornam mais quebradiças e frágeis (Timiras, 2007). 5. Musculatura A massa muscular diminui quase 50% entre os 20 e 90 anos, e a força muscular, que é máxima por volta dos 30 anos, sofre perda de 15% por década a partir dos 50 anos. Essa redução ocorre tanto em número quanto no volume das fibras. Foi observada uma associação entre níveis baixos de vitamina D e fraqueza muscular, entretanto a concentração ótima para a função da musculatura continua desconhecida. 6. Alterações cardiovasculares No coração idoso ocorre perda progressiva dos miócitos, devido a um declínio progressivo da habilidade de duplicação das células-tronco cardíacas. Entretanto, observa-se aumento de seu volume celular. A diminuição da capacidade contrátil causa aumento do coração que esconde a atrofia das células contráteis. Em uma aparente contradição, as câmeras cardíacas dilatadas e o coração senil, embora atrófico em número celular, morfologicamente, é hipertrófico. Há redução progressiva do número de células do nódulo sinusal. Comparada com uma pessoa de 20 anos, aos 75 anos permanecem somente 10% delas. Observa-se também perda de fibras na bifurcação do feixe de His. Daí a maior chance de arritmias cardíacas (Libertini, 2014). 6.1 estrutura cardíaca Ocorre hipertrofia do ventrículo esquerdo, provocando aumento da pressão arterial dependente da idade. Também se observa aumento no número e na espessura das fibras colágenas presentes no miocárdio. 6.2 estrutura arterial O aumento da rigidez da parede arterial é um fenômeno universal e contribui para muitas alterações do sistema cardiovascular. Com o aumento da rigidez das paredes, as artérias aumentam de diâmetro e de espessura. 7. Sistema nervoso A diferença do tamanho do cérebro entre indivíduos adultos e idosos tem pequeno significado funcional. O volume do cérebro diminui em torno de 7 cm3 por ano após os 65 anos de idade, com maior perda nos lobos frontal e temporal e perda maior da substância branca do que da substância cinzenta. O fluxo cerebral diminui heterogeneamente de 5 a 20% com deterioração dos mecanismos que mantêm o fluxo sanguíneo cerebral com a flutuação da pressão arterial (Wagner et al., 2012). Sarah Silva Cordeiro | 3º período 2021.2 | MEDICINA – FITS | @study.sarahs No cérebro há diminuição tanto da água extracelular quanto da intracelular; lentidão da síntese proteica; aumento na oxidação das proteínas e sua glicosilação, com aumento do acúmulo intraneural (emaranhados neurofibrilares); diminuição da síntese lipídica pela variação dos substratos lipídicos; alteração na membrana lipídica e na condução nervosa; alterações circulatórias relacionadas à aterosclerose; diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e da utilização da glicose (Timiras, 2007) As memórias episódicas e laborativa e a função executiva são as mais afetadas no envelhecimento. A velocidade de processamento e a função executiva diminuem com a idade, especialmente após os 70 anos. As capacidades de atenção e concentração diminuem a habilidade para desempenhar múltiplas tarefas ao mesmo tempo. A capacidade de solucionar problemas e aprender informações novas diminui após os 30 anos. Já a fluência verbal fica comprometida após os 70 anos. Todo esse declínio pode levar a diminuição do desempenho nos testes cognitivos. 8. Marcha, postura e equilíbrio Com o avanço da idade a marcha se altera. Na maioria das vezes a mulher, tanto adulta jovem quanto idosa, tem um desempenho pior quando comparada ao homem As alterações da marcha podem ajudar no diagnóstico clínico. A assimetria dos passos faz pensar em artrite ou hemiplegia; a falta de movimentos dos ombros em parkinsonismo; aumento da base em comprometimento do cerebelo; uma flexão mais acentuada do tronco pode revelar dificuldade de visão ou de propriocepção ou algum dano no sistema vestibular. Para vencer essas dificuldades o idoso diminui o tamanho dos passos e anda mais devagar. 9. Sono O ciclo sono-vigília se modifica com o envelhecimento. No idoso, o sono REM praticamente não se altera. Já no sono não REM ocorre aumento dos estágios 1 e 2 (facilidade no despertar) e diminuição dos estágios 3 e 4 que são exatamente os dois períodos de sono mais profundo. 10. Memoria Admite-se que as partes do cérebro responsáveis pela memória envolvem o hipocampo, o tálamo, os córtex temporal, frontal e pré-frontal e o cerebelo (Timiras e Maletta, 2007). As memórias reflexa medular, sensorial e implícita pouco se alteram com o envelhecimento. Já a episódica começa a diminuir por volta dos 30 anos e declina, progressivamente, enquanto a semântica responsável pela recordação de nomes, palavras e memória espacial pode ser mantida por toda a vida (Janssens et al., 1999). 11. Sistema urinário Há perda do tecido renal, especialmente após os 50 anos. Em seu lugar observam-se tecido gorduroso e fibrose. Essa modificação inicia-se no córtex, comprometendo a concentração urinária, alcançando os glomérulos, piorando também a filtração renal A função renal começa a diminuir de maneira progressiva, chegando a sua metade aos 85 anos. Aos 60 anos, o rim pesa em media 250g, aos 70 anos, 230g, e aos 80 anos, 190g 12. Sistema digestório 12.1 boca caries dentarias; mucosa se torna fina, lisa e seca. Perde elasticidade e parece edemaciada. A língua também é lisa devido a perda das papilas, podendo trazer alterações no paladar e sensação de queimação 12.2 glândulas salivares Mais de 50% dos pacientes queixam-se de boca seca, comprometendo a mastigação e a Sarah Silva Cordeiro | 3º período 2021.2 | MEDICINA – FITS | @study.sarahs deglutição. Entretanto, essas queixas podem ser atribuídas mais aos efeitos colaterais de medicamentos do que pelo próprio envelhecimento (Smith et al., 2013). 12.3 orofaringe Observam-se adelgaçamento da camada epitelial da mucosa, retração gengival e exposição das raízes dentárias predispondo a cáries. A força de oclusão parece ser mais importante que o número de dentes remanescentes para a ingesta de vitaminas e fibras (Ikebe, 2015). O ato de deglutir é bastante complexo, estando envolvidos a boca, a faringe e o esôfago coordenados por seis nervos cranianos. Todas essas estruturas ainda são organizadas no centro da deglutição do sistema nervoso central para seu perfeito funcionamento. Devido à alteração da musculatura esofágica há um aumento da resistência da passagem dos alimentos pelo esfíncter esofágico superior. Pela videofluoroscopia pode-se observar alteração da transferência do bolo alimentar para a faringe na maioria dos pacientes idosos, mesmo aqueles sem disfagia. Essa modificação associada a menor eficiência mastigatória aumenta o risco de aspiração (Kang et al., 2010). 12.4 esôfago Com o avanço da idade observam-se hipertrofia da musculatura esquelética doterço superior do esôfago, diminuição das células ganglionares mioentéricas, que coordenam a peristalse, e aumento da espessura da musculatura lisa (Hall et al., 2005). 12.5 Estômago Com a idade há diminuição das células parietais e aumento dos leucócitos intersticiais. Com isso diminui a secreção do ácido clorídrico e de pepsina, dificultando a digestão de alimentos, principalmente, os ricos em proteína. 12.6 Intestino delgado Com o avanço da idade, as vilosidades que cobrem toda a mucosa intestinal, em camada única de epitélio colunar, diminuem de altura. A absorção de várias substâncias está diminuída, mas a homeostase é mantida. 12.7 Intestino grosso As alterações encontradas no intestino grosso são praticamente exclusivas do envelhecimento. As anatômicas incluem atrofia da mucosa, anomalias estruturais das glândulas da mucosa, hipertrofia da camada muscular da mucosa e atrofia da camada muscular externa. 12.8 Pâncreas O pâncreas diminui de tamanho, endurece pelo aumento da fibrose e torna-se mais amarelado pelo depósito de lipofucsina. 12.9 Fígado Durante toda a vida os hepatócitos se dividem somente duas a três vezes e sua capacidade de regeneração com o envelhecimento é ainda controversa. Entre os 24 e 90 anos o fígado diminui de volume em aproximadamente 37% e também diminui seu fluxo sanguíneo em 35%. Como o pâncreas, escurece pelo depósito da proteína lipofucsina. Diferenciar envelhecimento físico e psicológico; O processo de envelhecimento é, portanto, absolutamente individual, variável, cuja conquista se dá dia após dia, desde a infância. A velhice bem-sucedida é consequência de uma vida bem- sucedida Físico (biológico) O envelhecimento biológico é implacável, ativo e irreversível, causando mais vulnerabilidade do organismo às agressões externas e internas. Existem evidências de que o processo de envelhecimento é de natureza multifatorial e dependente da programação genética e das alterações que ocorrem em nível celular- molecular. Pode haver, consequentemente, diminuição da capacidade funcional das áreas afetadas e sobrecarga dos mecanismos de controle homeostático, que passam a servir como substrato fisiológico para influência da idade na apresentação da doença, da resposta ao tratamento proposto e das complicações que se seguem. Os sinais de deficiências funcionais vão aparecendo de maneira discreta no decorrer da vida, sendo chamados de senescência, sem comprometer as relações e a gerência de decisões. Esse processo não pode ser Sarah Silva Cordeiro | 3º período 2021.2 | MEDICINA – FITS | @study.sarahs considerado doença. Em condições basais, o idoso não apresenta alterações no funcionamento ao ser comparado com o jovem. A diferença manifesta-se nas situações nas quais se torna necessária a utilização das reservas homeostáticas, que, no idoso, são mais fracas. Além disso, todos os órgãos ou sistemas envelhecem de forma diferenciada, tornando a variabilidade cada vez maior. ------------------------------------------------------------------ É caracterizado por diversas alterações orgânicas, como a redução do equilíbrio, da mobilidade, das capacidades fisiológicas (respiratória e circulatória) e modificações psicológicas Psicológico: O conceito de idade psicológica, à semelhança do significado da idade biológica, refere-se à relação que existe entre a idade cronológica e as capacidades, tais como percepção, aprendizagem e memória, as quais prenunciam o potencial de funcionamento futuro do indivíduo. Paralelamente, a idade psicológica tem sido relacionada também com o senso subjetivo de idade, isto é, como cada pessoa avalia a presença de marcadores biológicos, sociais e psicológicos do envelhecimento, comparando-se com outros indivíduos de mesma idade. Sob esse aspecto, não é raro o encontro de idosos que procuram passar a impressão de que sua idade psicológica seja menor do que a cronológica e, com isso, procuram preservar a autoestima e a imagem social. O envelhecimento psíquico ou amadurecimento não é naturalmente progressivo nem ocorre inexoravelmente, como efeito da passagem de tempo. Depende também da passagem do tempo, mas, sobretudo, do esforço pessoal contínuo na busca do autoconhecimento e do sentido da vida ------------------------------------------------------------------ Representa, do ponto de vista psíquico, a conquista da sabedoria e da compreensão plena do sentido da vida. Listar atividades e hábitos que favorecem um processo senescente saudável. 1. Atividade física A atividade física, independentemente da idade, aumenta a força e a velocidade muscular, além de prevenir perda óssea, quedas, hospitalizações e melhorar a função articular Os exercícios praticados com regularidade diminuem os fatores de risco para doenças cardíacas, diabetes e alguns tipos de câncer. Promovem o bem-estar, melhoram o ritmo do sono e alcançam benefícios para além do físico, como maior integração social, ajudando na esfera psicológica. A prática regular de exercícios físicos é uma forma de driblar essas modificações impostas pela natureza, trazendo ainda benefícios tanto neurológicos quanto mentais, promovendo sensação de bem-estar e de saúde. Mais recentemente tem-se estudado a relação da vitamina D e a função muscular. Apesar de não ser consenso, a maior parte dos trabalhos confirmam a hipótese que existe uma significativa associação entre os níveis séricos da 25(OH)D3 e a força muscular nos quatro membros e o desempenho físico (Iolascon et al., 2015). 2. Dieta saudável Afinal, a partir dos 55 anos o metabolismo tende a ficar mais lento e o risco de perder músculos e ganhar gordura corporal é maior. Desta forma, a proteína se torna um alimento muito importante para manter a musculatura e o sistema imunológico. Busque por peixes, aves sem pele, carnes magras, leite desnatado e a clara de ovo são as melhores fontes de proteínas. Já no caso da gordura, consuma com moderação as gorduras saudáveis presentes no azeite de oliva, nas castanhas, no abacate e óleos de peixes marinhos, canola, milho e girassol. O excesso de gordura pode se acumular nos tecidos adiposos aumentando o peso e, consequentemente, o risco de infartos. 3. Qualidade de vida Envelhecer com qualidade de vida, significa estar satisfeito com a vida atual e ter expectativas positivas em relação ao futuro. Alguns fatores são consideráveis nesse caso, como bem-estar físico e psicológico, nível de independência, relações sociais, ótimos momentos de lazer e Sarah Silva Cordeiro | 3º período 2021.2 | MEDICINA – FITS | @study.sarahs espiritualidade. Não é necessário nos esforçar para garantir essa qualidade de vida que desejamos, portanto observar a vida com olhos mais positivos e ter gratidão por todos os anos de vivência, almejando novas experiências que virão nesta nova fase é um dos maiores bens que podemos carregar conosco. 4. Controle de doenças Grande parte das doenças nos idosos podem ser prevenidas com um estilo de vida saudável e tratamentos adequados. Não podemos evitar completamente, por isso é importante privilegiar exames regulares e tratamentos de recuperação que preservem a autonomia, mesmo que limitada, do idoso. Referencias: Tratado de geriatria e gerontologia – Freitas http://www.hospitalreger.com.br/blog/os-4- habitos-para-um-envelhecimento-saudavel/ http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br /biblioteca/_artigos/197.pdf http://www.hospitalreger.com.br/blog/os-4-habitos-para-um-envelhecimento-saudavel/ http://www.hospitalreger.com.br/blog/os-4-habitos-para-um-envelhecimento-saudavel/ http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/_artigos/197.pdf http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/_artigos/197.pdf
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