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CURSO DE PSICOLOGIA AMÁLIA VIRGINIA DA SILVA FREIRE CECILIA IZABEL MACIEL CAVALCANTE IASMIN LIMA MARTINS AGUILAR LÍVIA FREITAS PIRES MARIA REGINA DE SOUZA ALBUQUERQUE VITÓRIA ABREU DE MORAES FERNANDEZ PSICOPATOLOGIAS DO TRABALHO Belém 2021 RESUMO O presente trabalho busca apresentar um estudo a respeito da Psicopatologia do Trabalho, que remete às origens do sofrimento no trabalho, as relações com o contexto social vivido pelos trabalhadores e o impacto que provoca na saúde dos funcionários. É uma pesquisa bibliográfica, utilizando as estratégias de busca manual e busca automática. A pesquisa permitiu identificar as principais relações entre estresse e causas de adoecimento no trabalho, o funcionamento de determinados mecanismos que mantêm o ciclo de sofrimento dentro da organização e o impacto de práticas saudáveis na qualidade de vida no trabalho. Palavras-chave: Trabalho. Psicopatologia. Qualidade de vida. 2 1 INTRODUÇÃO A Psicopatologia do Trabalho é o estudo das relações entre a saúde mental do trabalhador e a organização do trabalho, isto é, as condições de trabalho a que os funcionários são submetidos, a divisão do trabalho, a hierarquia da organização, a divisão de responsabilidades e o modo de trabalho. Segundo Dejours (1997), o sofrimento psíquico relacionado à atividade ocupacional emerge quando não é mais possível conciliar os desejos do indivíduo com o método de organização do trabalho a que ele é submetido, o que pode se tornar um fator que influencia no desenvolvimento de transtornos psicológicos. 1.1 A evolução das condições de trabalho Durante o século XIX, as condições de trabalho dos indivíduos não os concernem tanto quanto a necessidade de trabalhar pela própria sobrevivência. A escassez de segurança no trabalho e de práticas sanitárias trazia grande risco a saúde dos operários e dos consumidores da produção, o que teve como consequência, uma certa resposta da sociedade a essa realidade, expressa por meio do movimento higienista, que associou a miséria e a pobreza a doenças e moléstias da população marginalizada, de forma que designou novas práticas e políticas sanitárias destinadas a proteger a saúde das classes privilegiadas, e não a dos trabalhadores. Nesse período histórico, ainda que com as mudanças protagonizadas pelo movimento higienista, a organização dos trabalhadores desenvolveu o movimento operário, que buscava, de acordo com a realidade dos funcionários, assegurar principalmente o direito à vida, à sobrevivência e à liberdade de organização, por meio de leis de higiene, de segurança do trabalho e de acidentes no trabalho em algumas profissões (em especial, construção civil e minas). Ao longo do intervalo entre a Primeira Guerra e 1968, manifestações mais diversificadas em relação a direitos começaram a surgir, com foco principal na proteção do corpo, que é o instrumento de trabalho do indivíduo e sua fonte de renda. Por conta do recrutamento de pessoas para as guerras e o elevado número de mortos, a mão de obra tornou-se mais demandada, em especial em setores terciários, o que favoreceu as iniciativas do movimento operário nas exigências pela segurança do corpo no ambiente de trabalho, por meio da definição de carga horária semanal, criação de comitês de segurança contra acidentes de trabalho e a exigência de 3 equipamentos de proteção durante a execução de atividades perigosas. Segundo Dejours (1997, p. 22): “Miséria operária, luta pela sobrevivência, redução da jornada: de trabalho, corrente das ciências morais e políticas, corrente higienista e corrente alienista deram lugar, respectivamente, ao corpo doente, à luta pela saúde, à melhoria das condições de trabalho, e à corrente contemporânea da medicina do trabalho, da fisiologia do trabalho e da ergonomia.” Após 1968, com o desenvolvimento das forças produtivas, o avanço da ciência e outros fatores que afetam as organizações de trabalho, novas discussões acerca da relação saúde-trabalho se estabeleceram, tratando do sofrimento mental de pessoas no ambiente de trabalho, simultaneamente à contestação do consumismo, a busca da felicidade e do prazer de viver. A partir disso, surge a reflexão envolvendo a relação saúde mental-trabalho, que é o principal objeto de estudo da Psicopatologia do Trabalho. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O sofrimento dos trabalhadores como instrumento de exploração A palavra “trabalho”, originada do latim “tripalium”, alude, no contexto histórico em que foi criada, a um instrumento de tortura utilizado na região europeia para causar sofrimento aos escravos e pobres que não podiam pagar impostos. Análogo a esse significado, a organização do trabalho pode trazer sofrimento aos operários, fator esse que, ao ser agravado, acarretará no desenvolvimento de psicopatologias e patologias físicas, prejudicando a saúde e a qualidade de vida dos funcionários. De acordo com dados do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), “aproximadamente 43% dos casos de afastamentos no trabalho ocorrem por doenças mentais”, sendo que, no período entre 2020 e 2021, no Brasil e na Espanha, segundo dados de pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 47,3% dos trabalhadores de serviços essenciais apresentam sintomas de ansiedade e depressão. Tais estatísticas demonstram, inegavelmente, a importância e necessidade de cuidado da saúde mental dos trabalhadores no contexto da organização do trabalho. 4 O sofrimento psíquico, por não ser um aspecto necessariamente visível na condição física dos trabalhadores, frequentemente é colocado como um fator de desimportância, tanto pelos operários quanto pela sociedade generalizada e as leis trabalhistas atuais. Essa realidade afeta diretamente na observação que a organização terá dessa condição, e a utilizará a seu favor. A respeito disso, Dejours (1997, p. 66) enfoca: “Se a relação corpo-condições de trabalho muitas vezes é estudada corretamente, ao contrário, nunca se faz menção das repercussões do perigo real a nível mental, da carga (de trabalho) psíquica inerente ao trabalho perigoso que, entretanto, faz parte do desgaste do organismo (astreinte)*.” No que concerne o adoecimento de operários no trabalho, o sofrimento mental deles se torna um ponto focal. Determinados aspectos do sofrimento psíquico estão ligados à produtividade nas organizações, de modo que a fragilidade mental do trabalhador pode ser utilizada como um mecanismo de submissão dos funcionários à organização do trabalho. De acordo com Dejours (1977, p. 96): “A erosão da vida mental individual dos trabalhadores é útil para a implantação de um comportamento condicionado favorável à produção. O sofrimento mental aparece como intermediário necessário à submissão do corpo.” Dessa forma, organizações exploratórias e inadequadas, que buscam como objetivo final a produção, sem ter em vista o bem estar dos operários, utilizam da dominação, da necessidade do funcionário de ter uma fonte de renda e da ausência de legislações específicas de proteção à saúde mental no trabalho para estender formas tóxicas de organização. O sofrimento agravado pela organização do trabalho, em conjunto com a ideologia defensiva do trabalhador, desencadeiam reações sintomáticas no indivíduo, que são então exploradas pelas suas potencialidades produtivas, de forma que o sofrimento mental do operário se torna o próprio instrumento de produção. 2.2 As ideologias defensivas e mecanismos de defesa Os mecanismos de defesa são originados da teoria psicanalítica, de forma individual, e tem como definição o processo utilizado pelos indivíduos de maneira inconsciente pelo ego, como umaforma de defesa contra qualquer percepção de 5 sofrimento, de maneira interna ou externa ao indivíduo. Dessa forma, o ego exclui da consciência os conteúdos de sofrimento, para a proteção do aparelho psíquico. Esse mecanismo, quando relacionado ao trabalho, é a maneira que o ego encontra de se adaptar às condições dolorosas de trabalho, que interferem no equilíbrio psíquico do sujeito. As ideologias defensivas são definidas como estratégias utilizadas pelos trabalhadores de forma coletiva, como um modo de adaptação às condições adversas no ambiente de trabalho. Essas adaptações permitem a esse trabalhador uma condição de estabilidade para que se possa combater esse sofrimento, pois ele seria incapaz de combatê-las apenas com sua defesa individual. Para Dejours (1990), as estratégias defensivas são definidas como um mecanismo pelo qual o trabalhador busca modificar, transformar e minimizar sua percepção da realidade que o faz sofrer. Este processo é especificamente mental, já que ele não modifica a realidade que causa essa condição de sofrimento imposta pela organização do trabalho. A organização do trabalho beneficia-se da falta de estratégias defensivas individuais como um meio para o aumento da produtividade, pois utilizam-se da exploração do sofrimento para conseguir o controle desses funcionários. Essa exploração pode ter repercussões sobre a saúde dos trabalhadores do mesmo modo que é observado com o esforço físico. Talvez o mais insólito, na abordagem psicopatológica da organização do trabalho, é que a exploração mental seja fonte de mais-valia nas tarefas desqualificadas, cuja reputação é a de serem estritamente manuais. Com algumas exceções, todas as doenças que Dejours menciona, não deixam de nenhuma doença mental caracterizada. Mesmo com isso as doenças são intensamente controladas por estratégias defensivas, para impedir que isso a transforme em uma patologia. A questão das descompensações são evitáveis ou evitadas. A depressão, neurose e psicose são situações de trabalho que são compensadas, precisamente, pela utilização dos sistemas defensivos descritos anteriormente. 2.3. Trabalho, ansiedade e medo De acordo com o livro “A loucura do trabalho”, de Christophe Dejours (1997), o medo está presente em todas profissões atuais, desde as mais modestas, como 6 trabalhar em um escritório, até as outras que têm ligações com a integridade física de cada indivíduo, como os trabalhos em indústrias químicas. A real problemática do medo no trabalho acontece por surgir uma oposição entre a natureza coletiva e material do risco individual. Ao analisar a situação de um trabalhador de uma indústria, tem-se a relação de risco real e risco pressuposto; a real fonte da ansiedade específica está ligada ao risco pressuposto que o funcionário passa no momento da execução de suas tarefas, a vista disso, os funcionários elaboram defesas específicas e para identificá-las é necessário saber quais são os sinais indiretos. Por exemplo, no momento de discurso de um trabalhador da área química que retrata seu âmbito de trabalho como um “barril de pólvora”, pode-se ver evidências de ansiedade, pois raramente nesse tipo de profissão a ansiedade vem de sofrimento por sobrecarga de trabalho, logo, o resultado desse discurso são problemas de sono e consumo de medicamentos para dormir e ansiolíticos durante o dia. Um ponto incomum observado nessa realidade é a resistência que os trabalhadores têm de seguir as medidas de segurança; se for colocado em voga a questão de funcionários de construções civis, é possível analisar que eles se recusam a seguir certas medidas com certo desprezo pelo fato de não quererem parecer “mocinhas”. Partindo dessa perspectiva, surge a primeira característica dessa fachada adotada pelos funcionários, o sistema defensivo destinado a controlar o medo, que seria intitulado como “tradição da profissão”. Tal particularidade está estreitamente ligada à segunda característica, que é o caráter coletivo, ou seja, todos os profissionais que atuam naquela profissão compartilham do mesmo comportamento, “ninguém pode ter medo” ou “ninguém pode demonstrar medo”. Esse raciocínio é pautado segundo Dejours (1997, p. 71): “A eficácia simbólica da estratégia defensiva somente é assegurada pela participação de todos. Ninguém pode ter medo. Ninguém deve demonstrá-lo. Ninguém pode ficar à margem deste código profissional. Ninguém pode recusar sua contribuição individual para o sistema de defesa. Nunca se deve falar de perigo, risco, acidente, nem do medo. E estas instruções implícitas são respeitadas.” Em situações na qual o trabalhador tem a ansiedade consumindo-o, a provável alternativa será a de ter que parar de trabalhar, pois o sistema defensivo atua também 7 coligado com a produtividade. Uma vez que, o funcionário não segue o caráter defensivo, a ansiedade surge e o impede de executar suas tarefas no âmbito de trabalho. Outrossim, a ansiedade está conectada com as relações de trabalho, ao tratar dessa área, pode-se analisar sobre a ótica de uma esfera de escritório, na qual as relações de trabalho hierárquicas são a causa da ansiedade, pois a rivalidade e o favoritismo contaminam o ambiente, causando também a falta de interesse para executar as funções. Quanto aos tipos de ansiedade, Dejours (1997) os caracterizou em quatro. Em primeiro plano, existe a ansiedade relativa à degradação do funcionamento mental e do equilíbrio psicoafetivo, que é resultante das relações de trabalho contaminadas por discriminação e suspeitas; em segundo plano, há a ansiedade que diz respeito à desorganização do funcionamento mental, que está associada com o comportamento condicionado que os indivíduos adotam por uma auto repreensão, o que gera a perda da própria personalidade; em terceiro plano, a ansiedade relativa à degradação do organismo é outro tipo, essa é consequência do risco físico que o funcionário esta suscetível; por fim, a ansiedade gerada pela “disciplina da fome”, na qual os trabalhadores continuam se sobrecarregando mentalmente por necessitarem do trabalho para sua própria sobrevivência. 2.4. Psicopatologias relacionadas ao trabalho De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a definição do conceito de saúde é “o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença’’. Isto posto, diante do contexto de trabalho é importante que exista um equilíbrio entre as suas obrigações e o cuidado com a saúde e prevenção de doenças. Nota-se no atual cenário social, uma grande e constante pressão contra a grande massa de trabalhadores, seja pela produtividade, seja pela qualificação ou competitividade. Tal pressão diante dos colaboradores pode desencadear diversos tipos de psicopatologias, como a Síndrome de Burnout, ansiedade, depressão, esquizofrenia e entre outras. Ao tratar de depressão, sabe-se que existem diversos fatores genéticos, biológicos e psicossociais, além de rotinas exaustivas, pressões por resultados excelentes e cobrança excessiva de metas, os quais geram estresse demasiado que 8 contribui negativamente para o aparecimento da doença. Somado a isso, nem todas as organizações compreendem as psicopatologias por não serem “palpáveis”, dessa forma, algumas pessoas preferem esconder que passam pela doença. Os sintomas da depressão podem aparecer de diferentes formas, dependendo do indivíduo, podendo afetar os resultados no trabalho e trazer consequências para a vida pessoal. Portanto, sem o acompanhamento adequado dos profissionais de psicologia e psiquiatria, o tratamento torna-se ainda mais difícil. A Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, é um distúrbio emocional resultante de situações em um ambiente de trabalho desgastante, que demandam muito do profissional em diversos aspectos, em quenotam-se sintomas como exaustão extrema, estresse e esgotamento físico. O Burnout também está associado à necessidade de aprovação, logo, a pessoa que sofre com a síndrome, precisa constantemente receber o reconhecimento pelas suas tarefas, além de agir com negligência em relação às suas necessidades pessoais e sociais, o que pode trazer ainda mais consequências negativas que podem acarretar em doenças físicas. Diante do exposto, deve-se falar da importância da prevenção das doenças e da promoção de saúde nos ambientes de trabalho, já que foi possível notar que grande parte das psicopatologias podem ser tratadas e até evitadas com o acompanhamento psicológico. Além de manter rotinas equilibradas e adequadas a cada pessoa e tipos de trabalho, com sono regulado, momentos de distração etc. 2.5 As características da condição do trabalho Segundo Dejours (1997), existem diversas características que são consideradas indispensáveis para se lidar com determinadas condições de trabalho, sendo que, entre elas, devem-se destacar as relativas ao ambiente, que mesmo não sendo o mais próprio o funcionário deve permanecer com suas faculdades mentais intactas. Isso ocorre devido a idealização de que o funcionário deve ter o perfil do homem-máquina, que exige uma perfeição de sua parte, o que acaba levando a falhas psíquicas, materiais ou físicas, o que o leva a uma ansiedade de grandes proporções. Há três principais eixos que podem levar a uma melhoria na relação homem- máquina: 9 a) Adaptação Essa adaptação é a inclusão do funcionário não apenas nas condições de trabalho mas também aos valores e ideologias de seu ambiente de trabalho, sem contar sua relação com seus colegas. Nesse processo deve existir a adaptação do trabalho ao homem, que leva em consideração suas necessidades fisiológicas, fazendo assim com que esse ambiente seja habitável para seus funcionários. O funcionário também deve se habituar a seu ambiente de trabalho a partir de um treinamento para que entenda o funcionamento desse ambiente, além da preparação técnica para que saiba como lidar com imprevistos de seu cotidiano. b) Seleção Essa seleção irá levar em consideração a saúde física e psicológica de seu funcionário para que ele seja devidamente escolhido. Quanto mais bem feita for a seleção mais a empresa chegará próximo ao seu ideal de funcionário. Os requisitos necessários para que esse funcionário seja selecionado vão variar a partir do que a empresa busca. A seleção mais conhecida é a física, mas também existe a seleção mental que leva a execução de alguns testes, esse tipo de seleção é feita apenas em casos muito particulares, sempre entre funcionários tidos como motivados e entre os com condições objetivas do trabalho. Outra seleção é a de formação e progressão, que é psíquica, ela ocorre através da relação entre o aluno e o mestre, ocorrendo em um processo de identificação, isso ocorre devido a necessidade de tentar se reconhecer em seus funcionários. c) Satisfação no Trabalho A satisfação no trabalho é um quesito importante para que o funcionário se mantenha motivado, desse modo se aproximando mais do ideal de homem-máquina daquela empresa, assim trazendo lucros. Uma forma de contribuir seria com recompensas ao seu bom desempenho no ambiente de trabalho. 2.6 Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) Limongi-França (2003), busca identificar em seu estudo as interfaces da gestão da qualidade de vida, tanto no trabalho quanto na administração das empresas. A 10 qualidade de vida pode ser definida como a junção de quatro focos essenciais que devem existir na vida de um funcionário: o foco biológico, psicológico, social e organizacional. O aspecto biológico leva em conta a saúde do funcionário, explicitando a necessidade do mesmo de ter hábitos saudáveis para que não adquira doenças que são associadas ao trabalho, enquanto que o aspecto psicológico busca a satisfação do trabalhador, de forma que a motivação e a autoestima influenciam diretamente nesse fator. A respeito do aspecto social, este referencial a busca de um bom ambiente de trabalho, o que remete a um equilíbrio entre a competitividade dos funcionários e seu bem estar. Por fim, no aspecto organizacional, o principal objetivo dá-se pelo aumento da produtividade desse funcionário, o que faz com que ele aumente a qualidade de seu desempenho no trabalho. Este fator influencia esse funcionário a se tornar mais competitivo e comprometido com a organização, e vale ressaltar a importância do reconhecimento do seu trabalho por seus superiores e pela instituição. Moreira e Goursand (2006) determinam a qualidade de vida como um conjunto de fatores que contribuem para o equilíbrio da saúde física e psíquica do indivíduo. Sendo assim, para garantir uma melhor qualidade de vida é importante atender algumas condições internas e externas do indivíduo, essas condições seriam os sete pilares. Com o equilíbrio e manutenção desses pilares é possível garantir benefícios na vida pessoal e no ambiente de trabalho desse trabalhador. Os sete pilares são classificados em: ● Alimentação ● Atividade física ● Sono ● Trabalho ● Afetividade ● Sexualidade ● Lazer Existem consequências positivas que são geradas pelos programas de QVT, paralelas aos focos definidores da qualidade de vida, os quais são: 11 ● Dimensão biológica: Podem ser observadas duas principais reduções, que são no número de doenças e faltas no trabalho por parte dos funcionários, além da redução dos custos com assistência médica, provocando assim, a melhoria da saúde dos funcionários, o que acaba contribuindo na melhoria de seu estilo de vida. ● Dimensão psicológica: Podem ser observadas duas principais melhorias, que são na satisfação e na autoestima dos funcionários, o que leva a um aumento na sua motivação. ● Dimensão social: Pode-se observar que houve um aumento na conscientização e na politização desses funcionários, e também uma melhoria na relação com seus colegas de trabalho, o que acabou levando esses empregados a uma preocupação com sua qualidade de vida em sua organização. ● Dimensão organizacional: Pode-se observar houve dos principais aumentos que foram na produtividade e competitividade, que contribui para o crescimento da organização, além da melhoria da imagem da empresa e da redução de custos, o que leva a uma exigência de qualidade que faz com que ocorra uma busca por certificação no ISO, levando essa empresa e seus funcionários ao crescimento. O programa de QVT tem melhorado as organizações e o desempenho de seus funcionários, entretanto isso não torna esse programa desprovido de pontos em que possa ser melhorado, que são: produtividade, legitimidade e práticas e valores. REFERÊNCIAS BRASIL. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. 43% dos casos de afastamentos no trabalho são por doenças mentais. 2020. Disponível em: https://mpt.mp.br/pgt/noticias/43- dos-casos-de-afastamentos-no-trabalho-sao-por-doencas-mentais. Acesso em: 17 nov. 2021. DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. 5. ed. São Paulo: Cortez, 1997. 168 p. FRANÇA, A. C. L. Qualidade de Vida no Trabalho - QVT: conceitos e práticas nas empresas da sociedade pós-industrial. 2. ed. São Paulo: 2004. 224 p. FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (Brasil). Pesquisa analisa o impacto da pandemia na saúde mental de trabalhadores essenciais. 2020. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisa-analisa-o-impacto-da-pandemia-na-saude-mental-de- trabalhadores-essenciais. Acesso em: 17 nov. 2021. HELOANI, J. R.; CAPITÃO, C. G.. Saúde mental e psicologia do trabalho. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, n. 2, p. 102-108, 30 set. 2003. MENDES, A. M. B. Comportamento defensivo: uma estratégia para suportar o sofrimento no trabalho. Revista de Psicologia, Fortaleza, v. 13, n.1, p. 27-32, dez. 1995. MOREIRA, R.; GOURSAND, M. Sete pilares da qualidade de vida. 1 ed. Belo Horizonte: Leitura, 2005. 184 p. SALES, M. M. SAÚDE, SOFRIMENTO MENTAL E TRABALHO: Um estudo sobre as determinações do sofrimento mental dos trabalhadores. 2019. 121 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Serviço Social, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2019. WORLD HEALTH ORGANIZATION (ed.). The World Health Organization Quality Of Life. 2012. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/WHO-HIS-HSI- Rev.2012.03. Acesso em: 17 nov. 2021.
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