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FIG UNIMESP CAMILA BARRETO LACERDA RA:15160478 AVALIAÇÃO AB DEPENDÊNCIA DE DIREITO PENAL I TEMA: DAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE GUARULHOS 2021 1 Sumário Das excludentes de ilicitude...........................................................................1 1. Da ilicitude...............................................................................................2 2. Das causas de exclusão de ilicitude........................................................3 3.1 Do estado de necessidade .....................................................................3 3.2 Legítima defesa.......................................................................................4 3.3 Legítima defesa putativa........................................................................4 4. Estrito cumprimento do dever legal...........................................................5 5. Exercício regular de direito .......................................................................5 6. Alteração de legítima defesa no pacote anticrime ....................................6 7. Conclusão..................................................................................................7 8. Bibliografia ...............................................................................................8 2 DAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE 1. DA ILICITUDE Para compreendermos o que são as excludentes de ilicitude, faz se necessário discorrer brevemente sobre o conceito de ilicitude. Em sua obra, Nucci define ilicitude como "a contrariedade de uma conduta com o direito, causando efetiva lesão a um bem jurídico protegido", ou seja, a ilicitude é a conduta que contraria o direito e gera danos ao bem tutelado juridicamente. A ilicitude encontra-se na contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, onde uma ação ou omissão são ilícitas. Em outras palavras, é tudo o que se opõe as leis. Deve se levar em consideração primeiramente a tipicidade do fato, ou seja, se o fato é previsto em lei como crime ou não. Sendo o fato atípico, não há que se falar em ilícito penal. Sendo típico, previsto em lei como crime, analisa-se a sua ilicitude, contrariedade à lei. Dentro do Direito penal Brasileiro, a ilicitude abrange um pouco mais de situações e condutas do ser humano, não se tratando apenas de uma capacidade, para o Direito penal Brasileiro se trata de uma conduta atípica do agente que em se enquadrando em uma dessas excludentes poderá ser até mesmo isento de pena por uma conduta delituosa Para o conceito analítico de crime pela teoria tripartite, o delito é toda ação típica, ilícita e culpável. O presente estudo visa trabalhar o conceito de ilicitude ou antijuridicidade, que conforme leciona Rogério Greco “é a relação de antagonismo, de contrariedade entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico” (GRECO, Rogério. Curso de direito penal, parte geral, p.315). Assim, estas justificativas ou excludentes de ilicitudes têm previsão legal no artigo 23 do Diploma Repressivo, sendo elas: ESTADO DE NECESSIDADE, LEGÍTIMA DEFESA, EXERCÍCIO REGULAR DO DIEITO E EXTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL, porém, ainda existe a excludente SUPRALEGAL, como o consentimento do ofendido, sendo está uma construção doutrinária e com amparo na jurisprudência. 3 2. DAS CAUSAS DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE Prevê o Código Penal, em seu art.23, que: "Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Parágrafo Único. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo." Estando presente qualquer das causas previstas no art. 23 do Código Penal, estará afastada a contrariedade da conduta com direito, não havendo que se falar em crime. Desta forma, conforme previsão legal, são causas de exclusão de antijuridicidade: o estado de necessidade, a legitima defesa, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito. 3.1 ESTADO DE NECESSIDADE Está previsto no art.24 do Código Penal: "Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. §1º Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. §2º Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços." Para que se considere em estado de necessidade deve se sacrificar um interesse juridicamente tutelado para salvar-se de um perigo que somente pode ser resguardado mediante a lesão de outro. Existe no estado de necessidade dois ou mais bens jurídicos tutelados em perigo, sendo que para proteção de um sacrifica-se o outro. O perigo deve ser atual, nem o passado nem o futuro podem justificar o ataque. Ainda, o perigo deve ser independente da vontade do agente, não pode ter sido provocado pelo mesmo, bem como não existir outra forma de evitar o perigo, sendo o seu sacrifício a única maneira possível de evitar o perigo. https://jus.com.br/tudo/estado-de-necessidade 4 Embora não esteja expressamente previsto, se o agente exceder em sua conduta ao proteger o bem que se encontra em perigo atual, receberá a punição cabível. 3.2 LEGÍTIMA DEFESA Entende-se em legítima defesa aquele que, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Esta é a definição de legítima defesa prevista no art. 25 do Código Penal. Além do direito próprio, a legítima defesa engloba direitos de terceiros. Assim como no estado de necessidade deve tratar-se de perigo atual, presente, ou que estejam prestes a ocorrer. Não se faz necessário que o agressor agrida o bem jurídico tutelado. Nos casos de ameaça ao bem jurídico, a agressão repelida injustamente também é considerada legítima defesa. A agressão deverá ser injusta, não havendo que se falar em legítima defesa quando a agressão ao bem jurídico decorrer da provocação do autor. Ainda, os meios utilizados para a legítima defesa de direito próprio ou de outrém devem ser moderados, proporcionais à gravidade da ameaça ou agressão, podendo punir-se a agressão em excesso. A avaliação da gravidade é subjetiva e deverá ser analisada no caso concreto. 3.3 LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA Existe também a situação da legítima defesa putativa. Sobre o tema, Rogério Greco diz que: Fala-se em legítima defesa putativa quando a situação de agressão é imaginária, ou seja, só existe na mente do agente. Só o agente acredita, por erro, que está sendo oui virá a ser agredido injustamente. Para a teoria limitada da culpabilidade, acolhida pela exposição de motivos do Código Penal, o erro sobre uma causa de justificação, se incidente sobre uma situação de fato, será considerado como um erro de tipo permissivo, e não como um erro de proibição. A legítima defesa imaginária é um caso clássico das chamadas descriminantes putativas, previstas no § 1º do art. 20 do Código Penal (...). (GRECO, Rogério. Curso de direito penal, parte geral, p.343) 5 4. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL Está excludente de ilicitude está prevista no art.23 do Código Penal, todavia ao contrário das excludentes que já vimos, não possui definição prevista em lei. Podemos dizer que uma ação em decorrência de dever legal não implica em ocorrência de crime, mesmo sendo aquela prevista como tal, ou seja, embora haja a prática de um fato típico, este não o será, vez que o agente cumpriuuma obrigação imposta por lei. Para isto, o agente que pratica tal ato deve saber estar praticando um fato imposto pela lei, caso contrário implicará em delito. Ainda, o excesso praticado pelo agente será punido. 5. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO Trata-se de excludente de ilicitude onde também não há crime quando estiver o agente em exercício regular de direito. Qualquer pessoa pode exercitar um direito e uma faculdade imposta pela lei penal ou extrapenal. Assim como todas as excludentes de ilicitudes, deve obedecer aos limites legais e haverá punição em caso de excesso na conduta do agente. Com relação aos ofendículos, estes são obstáculos utilizados para a proteção do bem jurídico, tais como arame farpado, cerca elétrica para segurança de uma residência. Estes aparatos devem ser visíveis, funcionando como meio de advertência e proteção da propriedade e qualquer outro bem jurídico. Já quanto aos meios mecânicos predispostos são aparelhos ocultos com a mesma finalidade dos ofendículos. Por este motivo, configuram-se quase sempre delitos dolosos ou culposos. 6.1 ALTERAÇÃO DE LEGÍTIMA DEFESA NO PACOTE ANTICRIME Conforme previsto no artigo 25, caput do Código Penal, considera-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. A legítima defesa é prevista como causa excludente de ilicitude. Trata-se de uma norma permissiva, ou seja, que autoriza, desde que cumpridos certos requisitos, a prática de um comportamento que, a princípio, é considerado crime, afastando a previsão de punição para aquele ato. https://jus.com.br/tudo/propriedade 6 A Lei 13.964/19, conhecida popularmente como "Pacote Anticrime", incluiu o parágrafo único no artigo 25 do Código Penal, determinando que se considera em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes, desde que preenchidos os requisitos previstos no caput, ou seja, a nova lei apenas acrescentou um parágrafo destacando uma situação que já era abarcada pelo caput. Ora, antes da nova lei, caso um agente de segurança pública matasse alguém que estivesse mantendo uma vítima refém com uma arma, utilizando moderadamente dos meios necessários, estaria automaticamente incluso na excludente de legítima defesa. Com a alteração, nada mudou. Isso porque, a legítima defesa pode ser própria, ou seja, a agressão é ao seu próprio direito ou também pode ser "de terceiro". Nesse caso, o bem jurídico a ser protegido é alheio, como no exemplo mencionado. Em ambos os casos, a consequência é a mesma, qual seja, a exclusão da ilicitude e, por consequência, do crime. 7 7.1 CONCLUSÃO A excludente de ilicitude de forma sucinta, permite que um agente pratique uma ação que normalmente seria considerada um crime, mas que, se cometido dentro das circunstâncias que caracterizam ilicitude não será considerado de tal forma, essas excludentes estão tipificadas no artigo 23 do código penal, e são o estado de necessidade, legitima defesa e em estrito cumprimento legal de dever ou no exercício regular de direito. O perigo precisa ser atual, mas não é necessário que o dano esteja ocorrendo, ele pode ser apenas iminente. Isso significa que a legítima defesa pode ser preventiva, mas apenas se o perigo for atual. Importante ressaltar que em todas as hipóteses, o bem jurídico tutelado, não necessariamente precisa ser a própria pessoa, podendo ser terceiros, caso o dever seja zelar pela integridade e vida do outro, como no caso dos policiais. Outro ponto relevante é que para o indivíduo não ser punido pela excludente de ilicitude, é necessário ela seja proporcional à gravidade da ameaça, ou seja, não pode haver exaurimento. 8 8. Bibliografia GRECO, Rogério. Curso de direito penal, parte geral, p.315 www.politize.com.br www.camara.leg.br http://www.politize.com.br/