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Glucagon e somatostatina - Guyton

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Glucagon e 
somatostatina 
O glucagon e suas funções 
É secretado pelas células alfa das ilhotas de 
Langerhans. 
Quando a concentração da glicose 
sanguínea cai, tem diversas funções que são 
diametralmente opostas às da insulina. 
A mais importante dessas funções é 
aumentar a concentração da glicose 
sanguínea, efeito que é oposto ao da 
insulina. 
Com injeção de glucagon purificado em 
um animal, vamos obter intenso efeito 
hiperglicêmico. 
Efeito no metabolismo da glicose 
1 – Quebra do glicogênio hepático 
(glicogenólise). 
2 – Aumento da gliconeogênese (processo 
de formação da glicose a partir de 
precursores não glicídicos, como lactato, 
piruvato, glicerol e alguns aminoácidos) no 
fígado. 
O glucagon provoca glicogenólise e 
aumento da concentração da glicose 
sanguínea 
Seu efeito mais dramático é a capacidade de 
provocar a glicogenólise no fígado, o que 
aumenta a concentração da glicose 
sanguínea em período de minutos. 
Isso ocorre devido a cascata de eventos: 
1. Glucagon ativa a adenilil ciclase na 
membrana da célula hepática. 
2. Essa ativação leva à formação de 
monofosfato cíclico de adenosina. 
3. Que ativa a proteína reguladora da 
proteína cinase; 
4. Que ativa a proteína cinase. 
5. Que ativa a fosforilase cinase b. 
6. Que converte a fosforilase b em fosforilase 
a. 
7. Que promove a degradação do glicogênio 
em glicose-1-fosfato. 
8. Que é, então, desfosforilada, e a glicose é 
liberada das células hepáticas. 
Essa cascata de eventos é de extrema 
importância pois: 
1 – É uma das funções mais completamente 
estudadas dentre todas as funções do 
monofosfato cíclico de adenosina como 
segundo mensageiro. 
2 – Demonstra sistema de cascata em que 
cada produto sucessivo é produzido em 
quantidade superior ao produto precedente. 
Portanto, essa sequência é um importante 
mecanismo de amplificação. 
Assim, ele explica como apenas alguns 
poucos microgramas de glucagon podem 
fazer com que o nível de glicose sanguínea 
duplique ou aumente ainda mais dentro de 
uns minutos. 
OBS. A infusão de glucagon, durante período 
de 4 horas, pode levar à glicogenólise 
hepática tão intensa que todas as reservas 
de glicogênio hepático são depletadas. 
O glucagon aumenta a gliconeogênese 
Mesmo após o consumo de todo glicogênio 
hepático sob a influência do glucagon, a 
continuação da infusão desse hormônio 
ainda causa hiperglicemia continuada. 
Ela resulta do efeito do glucagon para 
aumentar a captação de aminoácidos pelas 
células hepáticas e, então, converter muitos 
dos aminoácidos em glicose por 
gliconeogênese. 
Outros efeitos do glucagon 
A maioria dos outros efeitos do glucagon só 
ocorre quando sua concentração sobe bem 
acima do nível máximo, encontrado 
normalmente no sangue. 
Talvez, o efeito mais importante seja que o 
glucagon ativa a lipase das células 
adiposas, disponibilizando quantidades 
aumentadas de ácidos graxos para os 
sistemas de energia do organismo. 
Ele inibe o armazenamento do triglicerídeos 
no fígado, o que impede esse órgão de 
remover ácidos graxos do sangue, o que 
ajuda também na disponibilização de 
quantidades adicionais de ácidos graxos para 
outros tecidos do organismo. 
O glucagon em concentrações elevada 
também: 
1 – Aumenta a força do coração; 
2 – Aumenta o fluxo de sangue para 
alguns tecidos, especialmente para os 
rins; 
3 – Aumenta a secreção da bile; 
4 – Inibe a secreção de ácido gástrico. 
Provavelmente, todos esses efeitos do 
glucagon apresentam importância muito 
menor no funcionamento normal do 
organismo, quando comparados aos seus 
efeitos na glicose. 
Regulação da secreção do glucagon 
A glicose sanguínea aumentada inibe a 
secreção do glucagon 
A concentração da glicose sanguínea é, de 
longe, o fator mais potente que controla a 
secreção do glucagon. 
O efeito da concentração da glicose 
sanguínea na secreção de glucagon se 
encontra exatamente na direção oposta 
do efeito da glicose na secreção de 
insulina 
Dessa forma, a redução da concentração de 
glicose sanguínea do nível normal de jejum, 
em torno de 90mg/100 mL de sangue, para 
níveis hipoglicêmico é capaz de aumentar em 
várias vezes a concentração do glucagon 
plasmático. 
Inversamente, o aumento da glicose 
sanguínea para níveis hiperglicêmicos 
diminui o glucagon plasmático. Assim, na 
hipoglicemia, o glucagon é secretado em 
grandes quantidades e, então, aumenta 
muito o débito hepático de glicose, 
realizando, assim, a função de corrigir a 
hipoglicemia. 
 
O aumento de aminoácidos no sangue 
estimula a secreção de glucagon 
Concentrações elevadas de aminoácidos, 
como ocorre no sangue depois de uma 
refeição de proteína (especialmente, os 
aminoácidos alanina e arginina), estimulam a 
produção do glucagon. 
Esse é o mesmo efeito que os aminoácidos 
apresentam no estimulo da secreção de 
insulina. 
Desse modo, nessas circunstâncias, as 
respostas do glucagon e da insulina não são 
opostas. 
A importância do estímulo da secreção do 
glucagon pelos aminoácidos é que o 
glucagon promove, então, a conversão 
rápida dos aminoácidos em glicose, 
disponibilizando ainda mais glicose para os 
tecidos. 
O exercício estimula a secreção do 
glucagon 
Em exercícios exaustivos, a concentração 
plasmática de glucagon aumenta de quatro a 
cinco vezes. 
Não se sabe ao certo o que provoca esse 
aumento, porque a concentração da glicose 
sanguínea não cai obrigatoriamente. Efeito 
benéfico do glucagon é que ele impede a 
redução da glicose sanguínea. 
Um dos fatores que podem elevar a secreção 
do glucagon no exercício é o aumento dos 
aminoácidos circulantes. Outros fatores, tais 
como o estímulo b-adrenérgico das ilhotas de 
Langerhans, também podem ter participação. 
A somatostatina inibe a secreção de 
glucagon e de insulina 
Secretada pelas células delta das ilhotas de 
Langerhans. 
Meia-vida curta, de apenas 3 minutos, no 
sangue circulante. 
Quase todos os fatores relacionados à 
ingestão de alimentos estimulam a secreção 
de somatostatina. 
1 – Glicose sanguínea aumentada; 
2 – Aminoácidos aumentados; 
3 – Ácidos graxos aumentados; 
4 – Concentrações elevadas de diversos 
hormônios gastrointestinais, liberados do 
trato gastrointestinal superior, em resposta à 
ingestão de alimentos. 
Por sua vez, ela possui efeitos inibidores 
múltiplos, como veremos a seguir: 
1 – A somatostatina age localmente nas 
próprias ilhotas para deprimir a secreção 
de insulina e glucagon. 
2 – A somatostatina diminui a motilidade 
do estomago, do duodeno e da vesícula 
biliar. 
3 – A somatostatina diminui a secreção e 
a absorção no trato gastrointestinal. 
Assim, sugeriu-se que o principal da 
somatostatina seja prolongar o tempo em 
que os nutrientes alimentares são 
assimilados pelo sangue. 
Ao mesmo tempo, o efeito da somatostatina 
de deprimir a secreção da insulina e do 
glucagon reduz a utilização dos nutrientes 
absorvidos pelos tecidos, impedindo assim, 
consumo imediato dos alimentos, o que torna 
disponíveis durante um período mais longo. 
Devemos também recordar que a 
somatostatina é a mesma substância química 
que o hormônio inibidor do hormônio do 
crescimento, secretado no hipotálamo e que 
suprime a secreção do hormônio do 
crescimento pela hipófise anterior.

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