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Antonio Henrique Riquelme Sinais e sintomas - dispneia DISTURBIOS MENSTRUAIS E DISMENORREIA NA ADOLESCENCIA O Ciclo menstrual inclui o período de tempo entre um fluxo menstrual e o início do fluxo subsequente. É o resultado da interação dinâmica entre o eixo hipotálamo-hipófise-ovários (HHO) e o trato genital, e sua regularidade indica boa função CICLO MENSATRUAL NORMAL - Duração de dois a seis dias. (quantos absorventes) - Intervalo entre um ciclo e outro de 21 a 35 dias. - Perda sanguínea de 30 a 80ml, correspondendo a troca de 4 a 6 absorventes bem molhados ao dia. - Todas as variações desse padrão estão envolvidos no termo sangramento uterino anormal. Menarca: designa a primeira menstruarão - Geralmente ocorre de 2,5 anos após o início do desenvolvimento mamário (M2) e durante o estágio M4 do desenvolvimento de tenner, acontecendo 6 a 12 após o pico de crescimento estatural. - No Brasil, ocorre com idade média de 12,2 anos (variando dos 9 a 16 anos). - Qualquer sinal notável de sangramento é suficiente para ser considerado como menarca. Idade para ocorrer a menarca está associados · Raça · Estado nutricional · Gordura corporal · Idade da menarca da mãe Os ciclo menstruais durante os primeiros 2 anos após a menarca, são frequentemente irregulares e anovuatórios (50% a 80%) devido a imaturidade do eixo HHO(hipotálamo-hipófise-ovário), podendo levar a 1 a 5 anos para amadurecer. Comum o encontro, nesse período, de ciclos menstruais a cada 3 a 4 meses e de curta duração, sem significados patológicos. O período necessário para o eixo (HHO) amadureça varia de 1 a 5 anos. Deve-se descarta fatores de base orgânica como: distúrbios tireoidianos, afecções tumorais do eixo HHO, doenças metabólicas e transtornos de ordem genética. FATORES RELACIONADOS A IRREGULARIDADES 1) Disfunção hipotalâmicas · Fatores nutricionais · Exercícios físicos intensos · Estresse · Mudanças de ambiente · Medicamentos · Doenças sistêmicas · Agentes quimioterápicos a exposição a radiação. 2) Nutricional: Perda ou ganho excessivo de peso (menos ou mais de 20% do peso ideal), a curta prazo, poderiam interferir na função do eixo 3) Exercícios físicos intensos. A anovolação crônica observada em mulheres que se submetem a exercícios físicos extenuantes é provocadas por alterações nos neurotransmissores. Os exercícios induzem à disfunção ovariana por deficiências de fator liberador dos hormônios gonadotróficos (GnRH). Sugere-se que a demanda energética aumentada pelos exercícios modela a função hipotalâmicas. 4) Situações de estresse Sistema nervo central estimula o hipotálamo e pode interferir em sua ação a hipófise. Distúrbiso emocioanais levam mais frequentemente à amenorreia, poém, pode ocorrer sangramente disfunção pelo mesmo motivo. 5) Mudanças de ambiente: Observa-se irregularidade menstrual em adolescentes diante de mudanças abruptas do meio ambiente (mudanças de cidade, escola e núcleo de amizade). 6) Medicamentos: O Uso de anticoncepcionais hormonais pode determinar, em alguns casos, amenorreias pós-pílula, mas seu mecanismo não está bem esclarecido. 8) Doenças sistêmicas: A disfunção menstrual pode estar associados a diversas doenças como: insuficiência renal crônica, doenças hepáticas, endocrinopatias, colagenoses, infecções (tuberculose, sífilis, encefalite e meningite), sarcoidoses, Síndrome de Kallmann, hipogonadismo, hiponodotrófico, idiopático, traumatismo do sistema nervoso central. Tumores são causas de amenorreias hipotalâmicas. 9) Agentes quimioterápicos e exposição à radiação. - Mostarda nitrogenada - Bissulfano - Ciclofosfamida - Melfalano e clorambucila Podem produzir amenorreia e esterilidade assim como, a exposição à radiação que pode causar insuficiência ovariana subsequente. CLASSIFICAÇÃO DAS IRREGULARIDADES MENSTRUAIS 1- Ausência: · Amenorreia primeira – ausência da menarca aos: - 16 anos com desenvolvimento puberal normal. - 14 anos sem o desenvolvimento puberal. - Após 2 anos da maturação sexual completa. · Amenorreia secundária- ausência de menstruação: - Há 3 ciclos em paciente com oligomenorreria. - Por 6 meses após a estabilização das menstruações regulares. - 18 meses após a menarca. 2. Referente ao intervalo: · Polimenorreia: ciclos com intervalos menores que 21 dias. · Oligomenorreia: ciclos com intervalos maiores que 35 dias. · Espanomenorreia: ciclos com intervalos maiores que 45 a 60 dias. 3. Referente a quantidade: · Hipermenorreia: aumenta a duração do fluxo (> 8 dias). · Menorragia: sangramento uterino abundante (> 80 ml). · Metrorragia: sangramento uterino em intervalos irregulares, prolongados, profuso, sem caráter rítmico. · Hipomenorreia: diminuição da duração do fluxo (< 3 dias). 4- Referente a sintomas subjetivos: · Dismenorreia: menstruação dolorosa. Cólica (graus 1, 2,3) · Tensão pré-menstrual. 5. Pseudodistúrbios menstruais: · Dor ovulatória: dor pélvica no meio do ciclo. Dor aguda em pontada, variando de minutos até 2 dias. · Pequenos sangramentos genitais: (hemorragia do meio ciclo): atribuídos a privação estrogênica antes da ruptura folicular. Autolimitada e não necessita de terapêutica. AMENORREIA Causa: a produção insuficiente de quaisquer dos hormônios pertencentes ao eixo GnRH-LH-FSH- esteroides ovarianos, determina estado hipotrófico endometrial e consequente amenorreia. Amenorreia Primária: ausência de menstruação após os 15 anos, ou após 4,5 anos de iniciada a puberdade. Amenorreia Secundária: após a menarca, a falta de sangramento por períodos maiores que três meses. Principais causas: · Síndrome de Kallmann: migração anormal dos neurônios produtores de GnRH (associados a distúrbios da placa olfatória – hiposmia, anosmia) · Histiocitose e Sarcoidose: comprometimento hipotalâmico e secreção insuficiente do LH e FSH. · Tumores hipotalâmicos hipofisários: efeitos invasivos do tumor ou secundários a lesões do tratamento. · Alterações da diferenciação hipofisária. · Desnutrição: anorexia nervosa associada a amenorreia · Síndrome dos ovários policísticos de folículos induz ao aspecto multicístico observado na região periférica dos ovários e produção exagerada de andrógenos pelas células da teca ovariana. Isso induz a virilização e a presença de irregularidade menstrual ou amenorreia. · Disgenesia gonadais: anormalidade dos genes do braço curto do cromossomo X determina quadro de involução precoce folicular e atrofia ovariana. · Defeitos da esteroidogênese ovariana: a deficiência de algumas enzimas determina menor produção de esteroides ovarianos e ocasionalmente hipogonadismo primário. · Ooforite autoimune: falência ovariana (raro na adolescência). · Mutações gênicas relacionadas ao eixo hipotalâmico hipofisário gonodal Características clínicas: Exames laboratoriais: · RX de mãos e punhos determina a idade óssea e traz o grau de maturação do eixo hipotálamo e hipófise. · Teste de estímulo do GnRH para detecção de insuficiência gonadotrófica hipofisária. · TC e RM (afastar causas centrais). · Obtenção do DNA para estudos dos genes. Tratamento: · Substituição de estrógenos e/ou progesterona. · Tratamento com GnRH. SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL (SPM/TPM) Tensão pré-menstrual: são sintomas físicos e emocionais que ocorrem repetitivamente de forma cíclica durante 7 a 10 dias que antecedem o período menstrual, e que diminui ou desaparece durante o 1º ou 2º dia do fluxo. Quadro clínico (sintomas): 1. Psicológicos: ansiedade, depressão, irritabilidade, amplas modificações de humor, apetite aumentado, agressão, letargia ou fadiga, esquecimento, concentração reduzida, distúrbios do sono, fobias. 2. Físicos: timpanismo abdominal, ingurgitamento e dor nas mamas, edema, aumento de peso, constipação, ondas de calor, cefaleia, acne, rinite, palpitações. Critérios para documentar a SPM: · Os sinais e sintomas devem ocorrer clinicamente na fase lútea. · Durante a fase folicular, não há sintomas. Deve haver pelo menos 7 dias livres de sintomas em cada ciclo. · Os sintomas devem ser intensos de forma que altere o estilo de vida da jovem. · Exige-se a presença deno mínimo 5 sinais e/ou sintomas, e um necessariamente deve ser alteração emocional. Conduta terapêutica (TPM): · Mudança no estilo de vida · Dieta (diminuir: sal, açúcar refinado, carne vermelha e chocolate) · Exercícios · Terapêutica vitamínica (B6 influência no humor) · Suplementação de progesterona (semelhante a placebo) · Anticoncepcionais orais (supressão da ovulação e das flutuações hormonais) · Diuréticos (devem ser usados com cautela por eventuais desequilíbrios eletrolíticos) · Inibidores de prostaglandinas (pacientes com TPM e dismenorreia) DISMENORREIA: É a menstruação dolorosa. É um distúrbio ginecológico mais comum na adolescência. Classificação: 1. Dismenorreia primária (essencial) – casos em que inexistem problemas orgânicos subjacentes. 2. Dismenorreia secundária (adquirida) – está relacionada a alterações do sistema reprodutivo, por exemplo: endometriose, mioma e doença inflamatória pélvica. Intensidade: 1. Leve: ocorre no primeiro dia de sangramento e existem poucos ou nenhum sintoma associado. 2. Moderada: pode persistir nos primeiros 2 ou 3 dias de menstruação, acompanhada de leve mal-estar, diarreia e cefaleia. 3. Intensa: forte cólica que dura de 2 a 7 dias, associados a náuseas, vômitos e diarreia, interfere na rotina diária. I. Dismenorreia primária: - Cólica uterina associada ao fluxo menstrual sem nenhum evidência pélvica orgânica. Características: · Ausência de doença pélvica associada · Início 6 a 12 meses após a menarca · Dor em cólicas na região Suprapúbica. · Irradiação para a região lombar e face anterior das coxas. · Sintomas gastrointestinais associados. · Sintomas vasculares: cefaleia, fadiga, irritabilidade. · Mais comum em nulíparas · II. Dismenorreia secundária - Cólica uterina associada ao fluxo menstrual, com a presença de doença pélvica orgânica, sendo a mais comum a endometriose. - Incidência de 5% na adolescência. TRATAMENTO: Casos leves: compressa de água quente e analgésicos comuns. Casos moderados e graves: Antiinflamatório não hormonais (AINH) Os medicamentos devem ser iniciados na véspera do fluxo menstrual ou tão logo surjam os sintomas. SANGRAMENTO UTERINO DISFUNCIONAL (SUD): É o sangramento endometrial mais anormal, sem nenhuma patologia pélvica estrutural, comum na adolescência. Etiologia: a razão mais comum na adolescência é a anovulação. Manifestações clínicas: ciclos hipermenorrágicos, polimenorreia, metrorragia “manchas” pré-menstruais e sangramento periovulatório. Diagnóstico: · Anamnese: · Idade da menarca · Tipo e quantidade do sangramento menstrual · Sintomas de hipovolemia · Atividade sexual · Traumatismo genital · Doenças sistêmicas · Uso de método contraceptivo · Uso atual ou pregresso de fármacos · Ocorrência ou não de gravidez anterior Exame físico: · Sinas vitais ortostáticos – indicar perda significativa de sangue · Exame pélvico (recomendável para todas as pacientes) · Exame especular: detecta traumatismo, corpo estranho, coleta de amostras laboratoriais · Exames laboratoriais e de imagem: · Teste de gravidez · Hemograma · Provas funcionais Tratamento: Iniciar sempre após excluir a gravidez - SUD leve · Menstruação prolongada · Intervenção entre menstruações pode ser encurtado · Hemoglobina e hematócrito normal. Conduta: · Observação e calendário menstrual · Acompanhar a cada 2 meses · Emprego de AINES: (piroxicam 20mg, 1 vez ao dia por vira oral – Ácido mefenêmico 500mg, 3 vezes ao dia – pode ser utilizado até 7 dias consecutivos). - SUD moderado · Menstruações prolongadas ou ciclo curtos com menstruação frequentes (cada uma a três semanas). · Fluxo moderado a intenso · Hemoglobina 10 a 12 g/dl (anemia leve) · Fadiga e lassidão. Conduta: · Suplementação de ferro (3-7mg/kg/dia até no máximo 300mg) e Ácido fólico (1mg/dia). · Interromper o sangramento com medicação hormonal · Acompanhamento semanal, depois mensal. - SUD grave · Sangramento prolongado, desorganização do ciclo e fluxo muito intenso. · Hemoglobina abaixo de 9g/dl; · Sinais clínicos de hipovolemia (dispneia, taquicardia, taquiesfigmia). Conduta: · Internação hospitalar, se sinais clínicos de hipovolemia e a hemoglobina menor que 7g/dl. · Transfusão sanguínea, quando o sangramento não pode ser interrompido rapidamente ou Hb muito baixa. · Esquema de urgência para cessar sangramentos: estrogênio conjugados a cada 4 ou 8 horas, a seguir anticoncepcional oral de alta dose (1comp/dia) até o término da cartela: a partir do 2° mês anticoncepcionais de média dosagem por 3 a 6 ciclos consecutivos. · Acompanhamento diário, depois semanal e a seguir mensal. Ausência de caracteres sexuais 2º produção insuficiente de estradiol. - Ausência do olfato - Malformação da linha média craniana - Sinais de hipertensão intracraniana - História de traumatismo ou irradiação do SNC - Poliuria ou galactorreia Causas hipotalâmico-hipofisárias de instalação precoce. Atraso de manifestação puberal múltipla disgenesias gonodais ou Insuficiência hipofisária - Presença de caracteres puberais - Estágio de Tanner 4 ou 5 - Amenorreia primária Anormalidades anatômicas do trato genital - Exercício físico excessivo - Desnutrição - Obesidade - Amenorreia após uso de anticoncepcionais Obs: é mandatário a exclusão da gravidez amenorreia secundária
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