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Estudos Bíblicos: 
Pentateuco
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Paulo Roberto Pedrozo Rocha
Revisão Textual:
Profa. Ms. Natalia Conti 
O Pentateuco e sua História
• Introdução
• Como o Pentateuco Surgiu
• Da Antiguidade até os Dias de Hoje: Uma História do Texto
• Tradição Oral e Trabalho Escrito
• A Pré-História do Texto
 · Apresentar o universo do Pentateuco, suas técnicas redacionais e 
desafios históricos para sua compreensão. O aluno é também levado a 
uma reflexão crítica sobre a produção do texto antigo sendo desafiado 
a considerar aspectos que normalmente não são mais relevantes na 
produção literária atual, como por exemplo, a tradição oral.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
O Pentateuco e sua História
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE O Pentateuco e sua História
Introdução
Seja bem-vindo(a)!
Começamos aqui uma jornada muito interessante e produtiva. Na verdade, será 
um mergulho na história e no pensamento de gerações inteiras que compuseram 
uma parte significativa da teologia judaica que, anos mais tarde, influenciou muito 
a teologia cristã.
Trata-se da história do Pentateuco. Os cinco primeiros livros da Bíblia Judaica, 
também da Bíblia Cristã, foram originalmente chamados de Torah, palavra hebraica 
que significa Lei. A palavra grega Pentateuco passou a ser usada nos primeiros 
séculos da Era Cristã.
Os nomes de cada um dos livros do Pentateuco correspondem às palavras 
hebraicas que iniciam os textos. Ao contrário do que acontecia na literatura grega, 
em que os nomes dos textos faziam referência ao conteúdo exposto no livro, os 
escritos hebraicos tomavam a primeira palavra da redação como título. Veja o 
quadro abaixo:
Tabela 1
Hebraico Latim Português Ideia Central
Beresit Génesis Gênesis Começo
Weelleh semot Éxodos Êxodo Êxodo, Saída
Wayyqra Leuitikón Levíticos Lei Levítica
Bemidbar Numeri Números Censo do Povo
Elleh haddebarim Deuteronómion Deuteronômio Segunda Lei
A história do Pentateuco pode ser sintetizada em algumas fases, a saber, a 
narrativa da criação do mundo e a história das primeiras civilizações. Neste 
ponto há uma centralidade no personagem de Abraão – considerado Patriarca 
do povo Hebreu -, para em seguida acompanhar os passos de seus descendentes, 
principalmente Isaque e Jacó.
A escravidão no Egito e a consequente libertação do povo Hebreu, sua 
peregrinação no deserto e a entrada na “terra prometida” marcam a parte final da 
coleção dos cinco primeiros livros da Bíblia, sugerindo até mesmo que o livro de 
Josué pudesse ser incorporado aos livros da Lei uma vez que nele encontramos a 
posse definitiva da terra de Canaã.
Há estudos que sugerem a existência de um Hexateuco – Gênesis a Josué; Heptateuco – Gênesis 
a Juízes; Octateuco – Gênesis a Samuel, e até mesmo um Eneateuco – Gênesis a Reis.
8
9
Como o Pentateuco Surgiu
A princípio os livros do Pentateuco tiveram sua autoria atribuída a Moisés, líder 
do povo hebreu em sua escalada de libertação do Egito. Temos relato desta tradição 
desde o século V a.C., conforme podemos ler em textos como Malaquias 3: 22, 
Esdras 3: 2 e 7:6, II Crônicas 25: 4 entre outros.
Na época do Novo Testamento, isto é, na formação da comunidade cristã, 
parece não haver dúvida que Moisés era de fato o autor dos livros de Gênesis a 
Deuteronômio. Assim atestam os testemunhos de Mateus 19: 7, Marcos 12: 26, 
João 5: 46, Atos 15: 21, Romanos 10: 5 e muitos outros textos que na Bíblia 
Cristã fazem referência à Lei Mosaica.
Ao que parece, até o recente século XVII, a autoria de Moisés foi pouco 
questionada. Há registros de que Pais da Igreja, como foi o caso de Orígenes, 
tiveram que rebater possíveis críticas a este respeito. Também na Idade Média 
surgiram questionamentos, sem, contudo, apresentar grande profundidade teórica.
O avanço da crítica bíblica permite saber hoje que o Pentateuco é uma obra 
anônima que não apresenta informação direta sobre a origem mosaica de todo o 
seu conteúdo. O que lemos nos livros de Gênesis a Deuteronômio dá mais ênfase 
ao conteúdo do que à origem dos textos.
Alguns estudiosos dizem que há algumas passagens que podem ser atribuídas a Moi-
sés, sem garantir completa exatidão no reconhecimento desta autoria. Dentre as pos-
síveis passagens que são, com certo grau de certeza, atribuídas a Moisés se destacam:
O Relato das Batalhas contra os Amalequitas – Êxodo 17: 14
O Código da Aliança – Êxodo 24: 4
O Decálogo Cultual – Êxodo 34: 27
A Lista dos Sítios dos Acampamentos – Números 33: 2
O Deuteronômio – Deuteronômio 1: 4; 4: 45; 31: 9 – 24)
O Cântico de Moisés – Deuteronômio 31: 30 
Como dissemos acima, a partir do século XVIII uma séria de pesquisas mostra 
que a maioria dos textos do Pentateuco são posteriores a Moisés. Apenas a título 
de curiosidade, conheça alguns destes argumentos:
a) Em Gênesis 40: 15 a região de Canãa é chamada de terra dos hebreus e 
todas as referências geográficas são feitas a partir de quem se encontra a oeste do 
Rio Jordão, localização dos já assentados na terra. Neste ponto podemos conferir 
os textos de Gênesis 50: 10; Números 22: 1 e Deuteronômio 1: 1 a 5.
9
UNIDADE O Pentateuco e sua História
b) Outro dado interessante é que alguns textos nos apresentam um autor 
distanciado da época de Moisés. Expressões como “até o dia de hoje” (Deuteronômio 
3: 14 e 34: 6) e “não se levantou mais em Israel profeta semelhante a Moisés” 
(Deuteronômio 34: 10) evidenciam este distanciamento.
c) Há ainda indicações de conhecimento do que aconteceria no futuro, tais como 
as passagens “antes que os Filhos de Israel tivessem rei” (Gênesis 36: 31), 
referências aos Juízes (Gênesis 14: 14 e Deuteronômio 34: 1) e até uma lei relativa 
à monarquia (Deuteronômio 17: 14).
Figura 1 − Mapa da Palestina na Época Bíblica
Fonte: jw.org
O trabalho de identificação da autoria pode ser exaustivo. Para estabelecer com 
exatidão quem de fato escreveu uma passagem em literatura antiga precisamos 
considerar diversos aspectos, não somente os dados literários.
É preciso levar em conta a história, as múltiplas narrativas sobre o mesmo 
acontecimento, os interesses e objetivos que estavam em jogo na época da redação e 
também aqueles interesses que guiaram a preservaçãoda tradição até os dias de hoje.
Como responder então à questão da autoria? Quem teria sido o autor dos livros 
iniciais das versão judaico-cristã da Bíblia? Esta temática será melhor explorada 
a partir da Unidade III de nossa disciplina, contudo é possível adiantar que um 
número considerável de estudiosos do Antigo Testamento atesta a existência de 
Fontes originárias, espécies de coleções de manuscritos que se identificam por seu 
estilo, gramática e provável época de composição.
10
11
A rigor são aceitas quatro coleções distintas: Eloísta (E), Javista (J), Sacerdotal 
(P) e Deuteronomista (D). O que chamamos hoje de Pentateuco seria o resultado 
da compilação dos documentos produzidos nestas quatro coleções, chamadas de 
Fontes. A ordem cronológica de seu aparecimento, bem como e as características 
de cada uma serão estudadas a partir da terceira unidade de nossa disciplina. 
A estes fatores todos ainda se deve incluir um dado fundamental: a temática da 
inspiração dos livros sagrados. Religiosos de todas as épocas têm sido unânimes 
em dar grande importância a este tópico. Para eles, os textos canônicos foram 
inspirados por Deus, o que se constitui na principal fonte de autoridade destes 
mesmos textos.
Contudo, a temática da inspiração é um atributo da fé. Não se trata de um 
dado objetivo que podemos afirmar ou tampouco contestar. Quem trabalha com 
a hipótese da inspiração está calcado em um dado de fé, pois se crê ou não que o 
próprio Deus ordenou a redação de um escrito.
Infelizmente não podemos lidar com esta discussão no espaço desta disciplina. 
As considerações históricas que faremos no curso deste estudo em nada diminuem 
o atributo da fé. Quando por exemplo se afirma que a autoria do Pentateuco não 
pode ser indiscriminadamente atribuída a Moisés não se está negando a impor-
tância deste ou a relevância sagrada do texto. O que a crítica bíblica faz é pôr em 
relevo aspectos objetivos que nos permitem conhecer melhor a história do texto, 
suas condições de composição que possibilitarão uma melhor compreensão do 
tema estudado.
E você? O que pensa disto? O estudo científico do texto atrapalha de alguma 
forma sua fé na inspiração?
Uma fonte de estudos muito importante neste tema pode ser encontrada em SELLIN-
FOHRER. Introdução ao Antigo Testamento. Volume I. São Paulo: Edições Paulinas, 1985.Ex
pl
or
Da Antiguidade até os Dias de Hoje:
Uma História do Texto
Existem muitas teorias que pretendem dar conta do surgimento do texto do 
Pentateuco. No entanto, elas não podem ser vistas separadamente, mas sim como 
complemento umas das outras.
Há três métodos que nos permitem considerar o surgimento do texto tal como 
o conhecemos na atualidade. São eles: método das adições, método complementar 
e o método das composições.
11
UNIDADE O Pentateuco e sua História
Método das Adições
Segundo este método, diferentes narrativas de um mesmo fato foram justapostas 
até conseguirmos o texto como temos hoje. Por exemplo, a narrativa do Dilúvio em 
sua composição atual, como consta em Gênesis 6 e 7), é o produto de duas narra-
tivas diferentes que foram reunidas num só documento, no caso o livro do Gênesis.
Como fazemos para reconhecer a existência de duas ou mais Fontes na compo-
sição do mesmo texto? São observados os seguintes passos:
1. Um determinado número de textos e/ou fragmentos aparecem duas ou 
mais vezes com alguma alteração. Note a repetição do anúncio do Dilúvio 
feito em Gênesis 6: 5 a 9 e depois também no versículo 17. Há ainda um 
corte na história de José, pois o capítulo 37 de Gênesis começa o relato, 
é interrompido por referências de outro tema no capítulo 38, o tema é 
retomado entre 39 e 48 para ser novamente interrompido em 49 antes de 
sua conclusão no capítulo 50.
2. Os fragmentos paralelos apresentam algumas diferenças e até contradições, 
o que pode indicar que tenham origens distintas. Podemos analisar as duas 
histórias da Criação – Gênesis 1: 1 – 2: 4ª e 2: 4b – 25). Nelas, o estado 
primitivo é descrito como um mar caótico (Gênesis 1) e como uma estepe 
(Gênesis 2). No texto do primeiro capítulo a ordem apresentada é: plantas, 
animais, homem – já no segundo, a ordem observada é: homem, plantas, 
animais. Ainda no primeiro relato há a criação simultânea do homem e da 
mulher, ao passo que no segundo texto, a criação é primeiro do homem e 
depois da mulher. 
3. Outro dado relevante para a identificação de Fontes distintas é o nome 
atribuído a Deus. Os escritos que são atribuídos à Fonte Javista (J) desde 
o início tratam a figura divina como Javé (Yahweh), apesar da designação 
só ser oficializada na revelação de Deus a Moisés em Êxodo 3. Já os textos 
derivados das Fontes Eloísta (E) e Sacerdotal (P) usam o nome Elohim 
(Eloim) e ainda Shadai – principalmente em P.
4. Por último, é relevante dizer que há maneiras diversas de se considerar os 
fatos nos textos do Pentateuco. Veja alguns exemplos.
 » A lista de povos de Gênesis 9: 20 a 27 se limita à região da Síria e da 
Palestina. Quando as duas listas são unidas em Gênesis 10 cobrem uma 
região mais ampla.
 » A distância entre Deus e o homem é vista de forma diferente. Na história 
de Agar (Gênesis 16) o anjo de Deus se encontra na terra, ao passo que em 
Gênesis 21 ele a chama do céu. Quando Abraão decide mentir sobre seu 
parentesco com Sara, o texto de Gênesis 12: 10, simplesmente declara a 
mentira de Abraão segundo a qual Sara era sua irmã. Já em Gênesis 20 
esta mesma mentira é “justificada” com a explicação de que Sara era em 
parte irmã de Abraão.
12
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Diante de tudo isto, a pesquisa bíblica do Pentateuco nos permite afirmar que 
o texto tal como hoje dispomos é o produto da elaboração de Fontes distintas e 
não a obra de um único redator. É ainda razoável supor que estes estratos fontes 
tenham sido reunidos em diversas etapas e só tardiamente tenham chegado a um 
resultado final.
Método Complementar
Além da justaposição referida na alínea anterior, precisamos considerar o 
chamado Método Complementar, segundo o qual as redações de um mesmo 
documento foram sendo paulatinamente ampliadas até se chegar à forma atual.
Segundo este método, não podemos apenas considerar que o Pentateuco tenha 
sido fruto de uma coleção de Fontes distintas, mas também levar em conta que 
uma mesma Fonte, um único documento, recebeu diversas formas redacionais até 
alcançar seu formato literário contemporâneo.
Método das Composições
O terceiro e último dos métodos a ser considerado é o chamado Método das 
Composições, segundo o qual o processo de composição chegou ao fim, seja pelas 
adições de documentos diversos, seja pela ampliação de um mesmo documento 
como descrito acima.
Qual foi o papel do redator? Como é possível estabelecer uma relação clara 
entre o redator da obra e o conteúdo de sua composição? É preciso não perder 
de vista o mencionado acerca do critério da revelação divina. Contudo, o teólogo 
também deve ter no horizonte a informação de que o texto escriturístico tem uma 
dimensão humana, e por isso racional.
No que se refere especificamente ao Pentateuco, podemos afirmar que nos 
estratos de sua composição podem ser encontrados elementos antigos de origem 
popular, materiais que têm registro escrito e muitos outros oriundos da tradição 
oral – como veremos a seguir -, e até mesmo grandes conjuntos de sagas e demais 
gêneros literários.
Cabe a seguir uma breve discussão a respeito da contribuição da oralidade no 
processo formativo do Pentateuco.
Tradição Oral e Trabalho Escrito
Quando falamos em textos antigos temos que levar em conta que as condições de 
produção destes textos se encontram bem distantes daquilo que hoje conhecemos 
no mundo editorial. É preciso considerar que houve grande influência da tradição 
oral na produção final. E isto não é um mero detalhe. Este fato causou grandes 
influências naquilo que consideramos o texto final.
13
UNIDADE O Pentateuco e sua História
O Pentateuco, em sua origem, também sofreu esta sorte de influências. Um 
dadoimportante é que a tradição oral, ou seja, a transmissão feita num processo 
doméstico, das histórias que constituiriam mais tarde o texto do Pentateuco, 
continuou sua influência mesmo depois de iniciado o processo de produção literária. 
Alguns dados são importantes. O estudioso do Antigo Testamento Ernest Sellin 
observa que o oriental, de um modo geral, possui uma memória extraordinária 
e que mesmo na Antiguidade há registros de sua capacidade em guardar de cor 
trechos enormes e reproduzi-los mesmo muitos anos depois.
É inegável que este dado colaborou para uma forte presença da tradição oral. 
Contudo, o que se pode garantir em termos de exatidão desta transmissão está 
somente na passagem para o texto escrito. Até então, a transmissão de uma história 
pode ter sido contaminada por diversos fatores, tais como domínio de vocabulário, 
intenções pré-estabelecidas por parte de quem contava a história e até mesmo 
circunstâncias da vida cotidiana que podem ter sim influenciado o processo.
Um dado curioso é que no próprio texto de um dos livros que compõem o 
Pentateuco, o livro de Números, é possível encontrar no capítulo 21, versículo 27, 
uma referência à existência de narradores e cantores que divulgavam as tradições 
orais: “...é por esse motivo que costumam dizer os poetas...” Estes poetas 
eram homens e mulheres que recitavam cânticos fúnebres e transmitiam a outras 
pessoas os seus conhecimentos.
Outra prática é ilustrativa da existência também de uma tradição literária. Na 
Antiguidade, havia arquivos localizados em residências privadas na Palestina, havia 
ainda aqueles guardados em templos mesopotâmicos. Neles, tabuinhas contendo 
os textos eram arrumadas por seções e por séries, em estantes de madeira ou, 
até mesmo, conservadas em jarros de barro. Estas tábuas eram registradas em 
catálogos. Assim, conviviam as tradições da oralidade e literária a um só tempo.
Tudo isto pode parecer muito desafiador para um leitor dos dias atuais. Nos dias 
de hoje, quando alguém decide escrever um texto, como este que você está lendo, 
simplesmente toma assento a frente de um computador e, em uma coletânea de 
informações e uma ordenação de juízos, organiza o que quer dizer.
O autor contemporâneo tem todas as condições de dar unicidade a seu texto e 
responde, de forma unívoca, pelas informações nele prestadas. Estamos insistin-
do neste aspecto porque ele fará diferença em nossa compreensão do Pentateuco. 
Como assinalamos desde o início desta Unidade, o problema da autoria, atribuída a 
Moisés pela tradição, se coloca como um dos primeiros obstáculos a serem vencidos.
Você pode se perguntar: por que a questão da autoria é um obstáculo a ser 
superado?
Simplesmente porque se ajustarmos desde o início que o Pentateuco é o resultado 
da convivência de fontes diversas e tradições orais e escritas, teremos por certo que 
não devemos cobrar coerência como critério de verdade em sua composição.
14
15
Veja. Uma mesma história pode aparecer repetidas vezes e ser contada de 
forma diversa. O exemplo já comentado aqui é a narrativa da criação do mundo, 
repetida abertamente nos dois primeiros capítulos de Gênesis. Nestas histórias não 
há concordância de detalhes, formas textuais, nem mesmo ênfase nos mesmos 
aspectos redacionais. Estas duas narrativas não sobreviveriam aos critérios 
contemporâneos de redação.
Contudo, quando tomamos por certo que os textos tiveram uma pré-história guarda-
da na tradição oral, na transmissão falada de histórias e fatos, podemos entender com 
mais facilidade estas diferenças e não as considerar como contradições impeditivas.
A Pré-História do Texto
Feitas todas estas observações sobre a origem do Pentateuco, e antes de entrarmos 
em outros aspectos redacionais e históricos, como o faremos posteriormente, 
cremos serem oportunas algumas observações históricas acerca do contexto em 
que floresceu o texto da Torah como até aqui vimos expondo.
A princípio, o lugar. A referência geográfica que aparece na quase totalidade dos 
textos do Pentateuco como “terra de Canãa”, é identificado pelos geógrafos como 
Palestina, palavra que significa “terra dos Filisteus”.
Trata-se, na verdade, de uma pequena extensão de um grande conjunto 
geográfico, em forma de meia-lua que recebeu o nome de “Crescente Fértil”.
Figura 2
Fonte: Wikimedia Commons
15
UNIDADE O Pentateuco e sua História
Como se pode observar na representação acima, esta região tem a forma de um 
arco cujo centro se situa no deserto da Síria e ao norte do deserto da Arábia. Trata- 
-se de uma região irrigada por rios importantes, tais como Tigre, Eufrates, Oronte, 
Litani e Jordão. Segundo alguns estudiosos do período, a esta região devemos 
acrescentar o Vale do Rio Nilo que, embora não pertença especificamente ao 
território do Crescente, funciona como uma espécie de seu prolongamento.
Desnecessário dizer que, numa terra cercada de desertos, uma região que 
possuía uma irrigação tão presente era alvo de disputa. Nesta localidade viveram 
importantes populações e se desenvolveram também civilizações marcantes.
O Crescente Fértil não era uma civilização fechada em si mesma. A partir de suas 
rotas havia comunicação com a Arábia na qual era possível chegar por Damasco, 
com a África, através do Egito, com a Índia através da região em que hoje está o Irã 
e até mesmo com o Ocidente em rotas que levavam ao Chipre, Creta, Ilhas Gregas, 
Jônia e toda Magna Grécia.
As populações que ocupam a região são em tudo heterogêneas. Trata-se de um 
corredor importante para o comércio e a sobrevida regional, mas os grupos étnicos 
que ocupam a área tendem ao isolamento a partir de sua localização. Os principais são:
• Faixa Costeira: como o litoral mediterrâneo é estreito e pouco disponível 
para a construção de portos, observa-se uma cadeia de colunas cortadas por 
pequenas planícies;
• Cadeia Central: região elevada, cerca de 1.000 metros, na qual se estabelecem 
três territórios regionais, a saber, Judéia, Samaria e Galileia;
• Depressão do Vale da Galileia: ocupada pelo Vale do Jordão, o Lago da 
Galileia e o Mar Morto. Curioso notar que esta depressão prolonga as falhas 
geológicas dos grandes lagos africanos, se tornando o fosso continental mais 
profundo de toda a Terra. Só para se ter uma ideia, o Mar Morto está 390 
metros abaixo do nível do Mediterrâneo;
• Planalto Transjordaniano: se prolonga do Jordão e do Mar Morto ao sul até 
encontrar a região de Hermom e o caminho do Líbano ao norte.
Algumas destas regiões contavam com chuvas periódicas, o que facilitava o 
cultivo de hortaliças e a vida animal. Quando lemos nos textos do Pentateuco 
referências a uma “região que mana leite e mel”, certamente há um exagero nesta 
designação. É que em comparação com as cidadelas desérticas do perímetro, as 
maiores cidades eram de fato oásis naquela paisagem.
Contudo, os recursos não podiam abrigar um número muito grande de pessoas. 
Historiadores do período imaginam que as maiores cidades, como são os casos de 
Jerusalém e Samaria, dificilmente abrigavam mais do que 30.000 pessoas mesmo 
em seu auge.
16
17
No que diz respeito à sua origem, é difícil estabelecer dados concretos sobre 
o povo de Israel, que mais tarde terá nos escritos do Pentateuco a descrição de 
seus costumes e cultura. A hipótese mais provável dá conta de que os israelitas 
provavelmente são descendentes dos semitas seminômades, criadores de ovelhas, 
que circulavam pelo Crescente Fértil durante todo o segundo milênio.
Dentre os grupos de seminômades há dois que são bem conhecidos e podem 
ser tomados como possíveis origens do povo hebreu. São eles os Amorreus ou 
Emoritas que se fixam na Mesopotâmia, na Palestina e na Síria por volta do ano 
2.000 a.C., e os Arameus que se estabelecem na Síria por volta do ano 1400 a.C.
O período que mais nos interessa especificamente se relaciona com o 
nascimento do povo de Israel. De acordo com os relatos do Pentateuco, isto se deu 
provavelmente a partir de 1250 a.C. durante o reinado do FaraóRamsés II.
Há registros em documentos egípcios de que grupos semitas estabelecidos no 
Egito, que estavam submetidos a regimes de escravidão, conseguem fugir liderados 
por Moisés que os reagrupou ao redor do Sinai, estabelecendo traços culturais e 
religiosos, dentre os quais a ideia do monoteísmo.
O próprio texto do Êxodo, destinado em sua maior parte a contar esta história, 
dá grande ênfase a este gesto fundador. Há três momentos distintos e importantes 
na narrativa. São eles:
• A partida do Egito, conforme 
Êxodo capítulos 7 a 12.
• A passagem do Mar, conforme 
Êxodo capítulos 14 e 15.
• O encontro de Israel com seu 
Deus no Sinai, conforme Êxodo 
capítulos 19 a 24.
A entrada das tribos na região da 
Palestina se dá de forma difusa. Al-
gumas o fazem pelo Sul, outras pelo 
Leste. Em boa parte, são transposi-
ções pacíficas em regiões pouco ha-
bitadas. Contudo, há a necessidade 
de guerrear contra cidades Cananeias 
em alguns casos. Nesta invasão, Jo-
sué, líder da tribo de Efraim desem-
penhou um papel muito relevante na 
condição de sucessor de Moisés. Em 
termos escriturísticos, o livro de Jo-
sué segue imediatamente os escritos 
do Pentateuco, como uma espécie 
de complemento deste. Figura 3
Fonte: Wikimedia Commons
17
UNIDADE O Pentateuco e sua História
No mapa acima podemos notar a divisão territorial ocupada pelas 12 tribos de 
Israel, mais tarde constituintes da nação. Como foi dito acima, o território ocupado 
é basicamente o território do Crescente Fértil.
A federação das tribos que consistirá no que chamamos de povo de Israel, aos 
poucos toma consistência porque precisava resistir a diversas ameaças: assaltantes 
nômades, reinos da Transjordânia e outras cidades cananeias.
A maior ameaça vinha dos filisteus que começaram a chegar na costa da Palestina 
por volta do século XII a.C. Eles se apresentavam como o mais sério concorrente 
de Israel na posse das terras. Foi justamente a preocupação com a defesa de grupos 
como os filisteus que levou os líderes israelitas a cogitar a monarquia, processo 
que sofreu severas críticas por parte dos juízes tribais, em especial Samuel, mas 
que acabou vingando sob a unção de um primeiro rei, chefe de guerra, Saul. A 
referência à monarquia, embora esteja fora dos limites do Pentateuco é importante 
uma vez que a Torah não prevê o estado monárquico, fato este que irá representar 
uma superação de seu modelo, superação esta reconhecível em alguns aspectos 
redacionais, conforme veremos nas unidades seguintes.
18
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Argonautas do Deserto: Análise Estrutural da Bíblia Hebraica
WAJDENBAUM. Philippe. Argonautas do Deserto: análise estrutural da Bíblia 
Hebraica. Tradução de Elizangela A. Soares. São Paulo: Paulus, 2015.
 Leitura
A Teoria Documentária do Pentateuco
ARTUSO, Vicente. A Teoria Documentária do Pentateuco. In Atualidade Teológica 
(Ano XVI n.º 41). Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), 2012.
https://goo.gl/mRRw8r
Uma Análise Literária da Teologia do Antigo Testamento segundo Milton Schwantes: 
Uma Construção Literária da Torá
RÍPOLI, Fernando. Uma Análise Literária da Teologia do Antigo Testamento 
segundo Milton Schwantes: uma construção literária da Torá. In Revista Vértices 
n.º 16 (2014). São Paulo: Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, 
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), 2014.
https://goo.gl/oVmTgg
A Torá: Uma Leitura Inovadora
SIQUEIRA, Tércio Machado. A Torá: uma leitura inovadora. In Revista Caminhando 
(v. 17, n.º 2). São Bernardo do Campo: Departamento de Ciências da Religião, 2012.
https://goo.gl/MEVQEM
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UNIDADE O Pentateuco e sua História
Referências
SELLIN, Ernst. Introdução ao Antigo Testamento. Volume I. São Paulo: Edições 
Paulinas, 1983.
Tradução Ecumênica da Bíblia. São Paulo: Edições Loyola.
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