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INCONTINÊNCIA FECAL E A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA 1. Introdução 2. Fisiopatologia 3. Etiologia 4. Abordagens Clínicas 4.1. Avaliação e diagnósticos 5. Classificação 6.Exames Físicos 6.1. Exames complementares 7. Conceito da CIF 8. Tratamento Clínico 9. Tratamento Fisioterapêutico 10. Referências Bibliográficas CARTILHA Redução da capacidade do reto de sentir e acomodar as fezes, a quantidade e consistência das fezes, a integridade dos esfíncteres e da musculatura anal, e a motilidade retal. Ela resulta de condições que interropem ou rompem a estrutura ou a função da unidade anorretal. A incontinência fecal pode apresentar um impacto substancialmente negativo na qualidade de vida do paciente. Introdução A incontinência fecal tem muitas causas e fatores de risco e pode ser um sintoma de uma condição de base. Fisiopatologia O Sistema nervoso autônomo medeia a contração tônica do esfíncter anal interno durante a continência e seu relaxamento durante a defecação, através do controle simpático e parassimpático, respectivamente. Com o envelhecimento, ocorre degeneração do esfíncter anal interno, que pode causar redução progressiva das pressões de repouso. Também pode ocorrer redução da complacência retal, da sensibilidade anal e atrofia muscular do assoalho pélvico associadas ao aumento da idade. Principalmente por causa do trabalho de parto que determina o estiramento e a degeneração parcial do nervo pudendo. É um nervo misto que tem funções sensitivas e motoras. É responsável pela sensibilidade do períneo por meio do ramo perineal, dos ramos retais inferiores e pelo ramo dorsal do pênis/clitóris. Em termos etiológicos, a incontinência fecal pode dividir-se em quatro categorias: danos do esfíncter, alterações das características das fezes, distúrbios neuromusculares e alterações da compliance e sensibilidade retal. Etiologia Aspectos gerais Mais frequente nas mulheres e idosos. Mecanismos da normal continência fecal: a motilidade intestinal, o volume e a consistência fecal, o grau de consciência mental, o tônus esfincteriano anal e a integridade da inervação neuronal. A incontinência surge geralmente após uma lesão traumática esfincteriana. Estima-se que a IF seja de 1,4 a 20% para o grupo com idade superior a 40 anos. Avaliação A avaliação da incontinência fecal deve ser dirigida para a causa e para o estado funcional do doente, sendo importante que a história clínica seja detalhada, abordando as suas possíveis causas e a frequência, severidade e duração dos episódios, bem como o impacto na qualidade de vida do doente, incluindo a capacidade deste sair de casa para o trabalho ou para atividades sociais. A gravidade da incontinência fecal é determinada pela escala de Wexner e envolve não só as características e frequência das perdas anais, mas também o uso de proteção e as limitações consequentes à incontinência fecal. Abordagens Clínicas Diagnóstico O diagnóstico das causas da incontinência fecal podem ser feito por meio do exame proctológico e da retossigmoidoscopia. Enquanto o primeiro permite examinar o ânus, o segundo serve para visualizar a parte interna das porções mais baixas do intestino grosso. Diagnóstico Para um diagnóstico mais minucioso da incontinência fecal podem ser necessários exames como a eletromanometria e a miografia do nervo pudendo. O diagnóstico da enfermidade de base, quando é o caso, necessita exames específicos. O Questionário FIQL – Qualidade de Vida na Incontinência Fecal é utilizado por se tratar de instrumento específico de linguagem simples, com tempo de aplicação viável e meu ip de aceitação na literatura. Produz resultados iguais ou semelhantes, em duas ou mais aplicações no mesmo paciente, desde que seu estado clínico não tenha sido alterado. Exame Físico É pertinente que este seja detalhado e dirigido a todos os sistemas uma vez que, como já foi referido, a incontinência pode ser secundária a doenças sistémicas ou neurológicas. Este deve incluir, particularmente, inspeção do períneo, exame neurológico (nomeadamente a sensibilidade perianal e os reflexos cutâneos anais), exame digital do reto, protoscopia e rectossigmoidoscopia. Classificação • Incontinência passiva: descarga involuntária e inconsciente de fezes ou gases. • Incontinência de urgência: descarga de matéria fecal apesar das tentativas ativas para reter os conteúdos intestinais. • Fecal soiling: perda de fezes após evacuação normal. A gravidade da incontinência varia desde a eliminação não intencional de gases, a perda de matéria fecal líquida até à evacuação completa do conteúdo intestinal. Exames complementares Conceitos da CIF Estrutura e função Atividade Participação Estrutura e Função: fortalecimento do assoalho pélvico com o retorno da funcionalidade fecal. Atividade: realizar as atividades cotidianas sem auxílio terciários de métodos preventivos. Participação: realizar atividades de contexto social, trabalho, lazer e prática de atividade física. Tratamento Clínico A modificação dos hábitos intestinais irregulares é muitas vezes essencial para o tratamento da incontinência. O objetivo é estabelecer um trânsito intestinal previsível, com frequência e consistência de fezes mais fáceis de controlar. Existem fármacos eficazes utilizados no tratamento da IF: agentes formadores de volume, injeções diretas no esfíncter, fármacos que aumentam a função do esfíncter e a desimpactação fecal. O tratamento da incontinência fecal pode ser clínico ou cirúrgico. Clinicamente, o tratamento é feito por meio de dietas e medicamentos específicos. Tratamento cirúrgico Fisioterapia Eletroestimulação O tratamento fisioterapêutico tem como finalidade a melhora da propriocepção perineal (consciência dos músculos da pelve), tônus, coordenação, força, reflexo, sustentação, contração e relaxamento. Promovendo também mobilidade dos tecido. Tratamento Fisioterapêutico Detectar mecanismo responsáveis Treinamento da musculatura do assoalho pélvico Biofeedback (VITTON et al., 2010) Tratamentos efetuados por fisioterapeutas especializados têm grande benefício na incontinência fecal. Neste caso, o principal objetivo é estabilizar o pavimento pélvico e o esfíncter. Biofeedback Ao contrário dos exercícios que fortalecem o pavimento pélvico, o biofeedback melhora a perceção da sensação retal e a resposta do esfíncter à distensão, ou seja, melhora a contração do esfíncter em resposta à distensão retal, sem haver alterações consistentes na pressão do esfíncter, distensão do reto ou duração da contração. O seu sucesso varia de 38% a 100% e é independente da técnica usada. Num estudo de Norton et al. concluiu-se que a interação doente- terapeuta e a capacidade de coping do doente são mais importantes do que os exercícios ou o feedback fisiológico na melhoria da incontinência. Objetivo: reeducar os músculos do assoalho pélvico, fornencer consciência proprioceptiva, melhorar função muscular, aumentar resistência de contração do músculo estriado, com foco no esfíncter anal externo e facilitar o recrutamento de fibras musculares. Eletroestimulação A estimulação elétrica é mais uma técnica que tem sido indicada para incontinência fecal. Esta estimulação recruta passivamente através da corrente elétrica os músculos do assoalho pélvico, os esfíncteres e o suporte nervoso que o seguem. Treinamento da musculatura do assoalho pélvico O treino dos músculos do pavimento pélvico aumenta a sua força e resistência, estimula o seu suprimento nervoso, aumenta o fluxo sanguíneo para o reto, região anal e pavimento pélvico, bem como melhora a “consciência” anatómica para diminuir os episódios de incontinência. As fases de treino do pavimento pélvico envolvem o desenvolvimento de sensibilidade, contração e relaxamento de músculos isolados, exercitamento de cadeias musculares e integração da atividade no suporte de peso diário. Referências Bibliográficas J.Leite, F.Poças. Tratamento da incontinência fecal. Ver Port Coloproct. 2010; 7(2): 68-72.MIRANDA, Jose Eduardo Gomes Bueno; DE ASSIS CARVALHO, Mary ; MACHADO, Nilton Carlos. Fisiologia da motilidade colôn ica e da evacuação, treinamento esfincteriano anal e distúrbios funcionais da evacuação. Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sor ocaba , v. 13, n. 3, p. 1-5, 2011. RIBEIRO, Fani Susana Leit e. Incontinência fecal: abordagem passo a passo. 2013 TOMASSO, A.B. et al. Gui a prático de geriatria. Ed. Guanabara Koogan: SBGG, 2017.
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