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Ansiedade Fisico-Social

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Célio Mioche
Samuel Zualo
Ansiedade Físico-Social - estudo do 3ᵒ ano na Faculdade de Educação Física e Desporto
Laboral
Licenciatura em Ensino de Educação Física e Desporto
Universidade Pedagógica de Maputo
Maputo
2021
Célio Mioche
Samuel Zualo
Ansiedade Físico-Social - estudo do 3ᵒ ano na Faculdade de Educação Física e Desporto
	
Trabalho de investigação apresentado na cadeira de Psicologia do Desporto e do Exercício, na Faculdade de Educação Física e Desporto, para a avaliação.
 Orientador:
Prof. Vicente Tembe
 
Universidade Pedagógica de Maputo
Maputo
2
2021
Índice
1.	INTRODUÇÃO	3
1.1.	OBJECTIVOS	4
1.2.	GERAL	4
1.3.	ESPECÍFICOS	4
2.	CONCEITUALIZAÇÃO	5
3.	ANSIEDADE FÍSICO-SOCIAL.	6
4.	FACTORES RELACIONADOS COM A ANSIEDADE FÍSICO-SOCIAL	7
4.1.	Apreensão em relação a aparência do corpo e insatisfação com o peso	7
4.2.	Desordens alimentares	7
5.	IMPORTÂNCIA DO DESPORTO NA MELHORIA DO EQUILÍBRIO FÍSICO.	8
6.	AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE ANSIEDADE FÍSICO-SOCIAL	8
7.	CONSIDERAÇÕES FINAIS	9
8.	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	10
1. INTRODUÇÃO
Todo o ser humano, de forma intrínseca, possui a necessidade de procurar e estabelecer uma identidade única e individualizada, com a qual se sinta bem. Este aspecto é um ponto fulcral da existência humana, uma vez que o modo como o indivíduo se vê a si mesmo e ao seu lugar no mundo, ou seja as suas auto-percepções, são fundamentais para explicar o seu comportamento. Actualmente os indivíduos possuem um interesse básico em saber como os outros o percebem, bem como uma necessidade básica de manipular o modo no qual os outros o percebem. Em consequência desta necessidade surge a habilidade para apresentar favoravelmente o “eu” para o mundo externo, tornando-se assim uma componente vital do funcionamento humano, nomeadamente no que respeita a ajustes sociais (Goffman, 1959).
Este facto de manter a imagem corporal tem desencadeado uma grande obsessão em todo mundo (Corbin & Fox; 1987), levando a que a sociedade moderna busque compensar ser esbelto e o ser esbelto é aquele que preenche os requisitos do ideal de beleza imposto pela sociedade actual. Este facto leva a que na generalidade os sujeitos vivam numa grande pressão para obterem a imagem corporal ideal. Resulta então a ansiedade físico-social, onde as pessoas tornam-se socialmente ansiosas quando se avaliam desfavoravelmente, ou quando acreditam que não são capazes de lidar com as exigências sociais.
Com a elaboração deste trabalho, pretende-se compreender o termo: ansiedade físico-social e de que modo esta ansiedade influencia na construção da identidade pessoal do individuo.
1.1. 
OBJECTIVOS 
1.2. GERAL
· Compreender de que modo a ansiedade físico-social influencia na construção da identidade do individuo.
1.3. ESPECÍFICOS 
· Apresentar conceitos gerais ligados à ansiedade físico-social
· Identificar alguns factores relacionados à ansiedade físico-social
· Descrever a importância do Desporto para um melhor equilíbrio físico.
2. CONCEITUALIZAÇÃO 
A ansiedade físico-social é um termo que pode melhor ser percebido olhando-se para aspectos relacionados com o “eu”, ou seja, conceitos relacionados com a auto-imagem.
· Autoconceito - William James (1890) define este termo olhando para três constituintes principais do “Eu”: o “Eu” material (possessão do próprio corpo), o “Eu” social (reconhecimento social) e o “Eu” espiritual (faculdades psíquicas e disposições de cada individuo). Por outro lado Shavelson , Hubner e Staton (1976), descrevem o Autoconceito como a percepção que cada um faz do envolvimento que o rodeia, com base nas suas experiências e interpretações.
· Auto-estima – Para Vaz Serra (1986) a Auto-estima consiste no processo avaliativo que o indivíduo estabelece acerca das suas qualidades e desempenhos. É esta a parte afectiva do Autoconceito, onde a pessoa faz julgamento de si própria e atribui sentimentos de bom e de mau aos diferentes dados da sua própria identidade.
· Autoconceito Físico – É a forma como o individuo percepciona os seus atributos físicos e as suas capacidades, Segundo Vaz e Serra (1986). Tem vindo a acentuar-se como um elemento fundamental na identidade e na Auto-estima do indivíduo.
· Imagem Corporal - Duke-Duncan (1991) definiu imagem corporal como percepção de atracção física ou aparência, sentimentos positivos ou negativos acerca do corpo, ou visão mantida acerca do próprio corpo. Na actualidade esta adquiriu uma importância tão central na vida do Homem, que nos dias de hoje não é suficiente gostar do que vemos ao espelho, é preciso que essa imagem seja aprazível ao olhar dos outros (Pereira, 1999).
2.1. Insatisfação e insatisfação relacionada a imagem corporal 
Existe uma tendência de maior insatisfação do género feminino quanto a imagem corporal, em relação ao género masculino, numa mesma idade.
Batista (2000) num dos seus estudos concluiu que existe maior satisfação em relação à imagem corporal em indivíduos envolvidos em actividades desportivas, relativamente aqueles que não efectuam qualquer tipo de actividade física. Porém entre indivíduos praticantes, aqueles que competem apresentam níveis mais baixos de satisfação com a imagem corporal que os indivíduos que participam em actividades de lazer.
 Em modalidades como a Ginástica Aeróbica é frequente encontrarem-se sujeitos que, apesar de estarem bastante fit, acham que precisam de emagrecer ou que se percepcionam de forma negativa (Senra, 2002). Estes factores estão intrinsecamente ligados a ansiedade físico-social.
3. ANSIEDADE FÍSICO-SOCIAL.
O conceito ansiedade física social foi desenvolvido por Hart, Leary e Rejeski (1989), baseados nas perspectivas de auto-apresentação, para compreender certos comportamentos e atitudes face ao desporto.
· A auto-apresentação - refere-se aos “processos pelos quais as pessoas monitorizam e controlam o modo como são percepcionadas pelos outros” Leary (1992) citado por (Hagger et al., 2006).
· A ansiedade físico-social (SPA) diz respeito à ansiedade que as pessoas experimentam como resposta à avaliação, feita pelos outros, do seu físico (Hart et al., 1989).
· O conceito da ansiedade físico-social provém do constructo geral de ansiedade social experimentada quando as pessoas duvidam das suas capacidades em deixar impressões desejadas nos outros
· As mulheres possuem valores superiores de ansiedade física social pois estas possuem maior estresse durante a prática de actividades física bem com pensamentos mais negativos sobre os seus corpos (Hart et al.1989).
4. FACTORES RELACIONADOS COM A ANSIEDADE FÍSICO-SOCIAL
4.1. Apreensão em relação a aparência do corpo e insatisfação com o peso
A ansiedade física social é a preocupação com a possibilidade do seu corpo ser avaliado negativamente por terceiros. O corpo não é somente o que temos, mas também o que somos, este pode servir de instrumento de prazer facilitando ou dificultando a relação com os outros. Daí que, numa sociedade onde muitas vezes predomina o parecer sobre o ser, o cuidado e o cultivo do corpo ocupam um lugar privilegiando (Gervilla, 1997). Este cuidado chega mesmo a transformar-se num verdadeiro culto e obsessão. 
4.2. Desordens alimentares
Este factor está interligado com a apreensão da aparência do corpo visto que, uma pessoa que se sinta permanentemente insatisfeita com o seu corpo e com uma elevada ansiedade física social desejará, com certeza, melhorar a sua condição física e o seu aspecto. Dados os padrões contemporâneos de beleza, esta transformação desejada passa frequentemente pelo emagrecimento, levando a que esta pessoa sofra de perturbações alimentares.
· Vários estudos comprovaram que existem relações significativas entre as auto-apresentações, a ansiedade físico-social e as desordens alimentares (Diehl, Johnson, Petrie & Rogers, 1995; Reel & Gill, 1996), geralmente causados pela insatisfação.
· Outros estudos demonstraram que quanto mais elevada a ansiedade física social, menos frequentes são os comportamentos alimentares saudáveis (Cox et al., 1997; Frederick & Morrison,1998; Diehl, Johnson, Rogers & Petrie, 1998; Haase & Prapavessis, 1998) citado por Hausenblas (1999).
5. IMPORTÂNCIA DO DESPORTO NA MELHORIA DO EQUILÍBRIO FÍSICO.
O desporto é tradicionalmente visto como um potente meio para o desenvolvimento da auto-estima, apesar de também de que alguns por conta de garantir uma imagem corporal, ou ainda por causa da ansiedade físico-social recorrem à prática desportiva por questões estéticas.
Segundo Fox (2000), o exercício físico promove a auto-estima através de mecanismos largamente conhecidos:
· Um mecanismo psicofisiológico indeterminado que aumenta uma imagem de si mesmo positiva;
· Desenvolvimento da imagem e satisfação corporal através da perda de peso ou aumento muscular;
· Incremento do autoconceito físico através da melhoria de habilidades e aspectos como força e função cardiorrespiratória;
· Aumento da autonomia e controlo do corpo, assim como da sua aparência e funcionamento;
· De acordo com Fox & Corbin (1989) e Sonstroem, Speliotis Fava, (1992): praticar desporto regularmente é associado moderadamente a auto-percepções mais positivas.
6. AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE ANSIEDADE FÍSICO-SOCIAL 
Para a avaliação do nível de ansiedade físico-social pode usar-se a Escala de Ansiedade FísicoSocial (Physique Anxiety Scale) de 12 itens com 5 pontos variando entre nada = 1 a extremamente = 5 (Hart, Leary e Rejeski, 1989), a escala foi traduzida e adaptada para o português conforme o modelo utilizado por Santos, Senra e Ferreira (2007).
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a elaboração do trabalho constatou-se que a ansiedade físico-social pode contribuir de forma negativa na construção da identidade do individuo. Portanto, a insatisfação e a frustração de os indivíduos não atingirem os ideais de beleza leva a que estes expressem uma maior pressão e ansiedade social em corresponder aos referidos estereótipos, tudo isto influencia o modo como o sujeito se percepciona e faz com que este adquira baixos níveis de auto-estima. Contudo é importante ressaltar a importância que a actividade física possui em relação à ansiedade físico-social.
O exercício físico praticado regularmente pode contribuir para um melhor equilíbrio físico e, consequentemente promover um melhor estado da ansiedade físico-social. Além disso, o exercício atua no controle do estresse, que por sua vez, promove uma melhoria da saúde psicológica, incluindo o transtorno de ansiedade físico-social.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORBIN, C. & FOX, K. Composição Corporal: a espada de dois gumes. Horizonte. Vol. IV, nº22 Novembro/Dezembro, pp.136-141, 1987;
CORBIN, C. & FOX, K. The physical Self-perception Profile: Development and Preliminary Validation. Journal of Sport & Exercise Psychology. Vol. 11, 408-430. 1989. 
DIEHL, N.S., et al. Social Physique Anxiety and disordered eating: What’s the connection? Addictive Behaviors, Vol. 23 (1), pp. 1 – 6. (1998);
DUKE-DUNCAN, P. Body image. In R. Lerner, A. Petersen & J. Brooks-Gunn (Eds.) Encyclopedie of Adolescence (Vol.1). New York: Garland Publishing, 90-94. (1991);
GERVILLA, E. Postmodernidad y educación: valores e cultura de lo jóvenes (3ª Reimp.). Madrid: Dykinson. 1997;
 GOFFMAN, E., The presentation of self in everyday life, Garden City, NY: Doubleday Anchor, 1959;
 HAASE, A.M., & PRAPAVESSIS, H. Social Physique anxiety and eating attitudes: Moderating effects of body mass and gender. Psychology, Health and Medicine, Vol. 3, pp. 201 – 211. 1998;
HAUSENBLAS, H.A., & MACK, D.E. Social physique anxiety and eating disorder correlates among female athletic and nonathletic populations. Journal of Sport Behavior, Vol. 22, pp. 502 – 514. 1999;
Hagger M. S., et al. Cross-cultural validity and measurement invariance of the social physique anxiety scale in five European nations. :DOI: 10.1111/j.1600.0838. 00615. 2006;
HART, E.A., et al.. The measurement of social physique anxiety. Journal of Sport and Exercise Psychology, Vol. 11, pp. 94-104. 1989;
PEREIRA, M.M.F. Academia: estrutura técnica e administrativa. Rio de Janeiro: Sprint. 1996;
SENRA, C. Motivação e exercício. Percepção dos comportamentos de motivação nos estados de mudança. Tese de Mestrado da Universidade Técnica de Lisboa. Faculdade de Motricidade Humana. 2002;
SHAVELSON, et al.. Validation of construct interpretations. Review of educational research, 46, 407-44. 1976;
VAZ Serra, A. A importância do Auto conceito. Revista Psiquiatra Clínica, 7 (2), 57-66, 1986.

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