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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE MACEIÓ, ALAGOAS. MARIANA XXXXXXXXXXXXX, brasileira, alagoana, solteira, desempregada, portadora da identidade de n° 3.XXX.2XX SSP-AL, CPF n° 1XX.3XX.6XX-7X, residente e domiciliado na Rua do AXXX 4XX, no bairro da Santa Lúcia, em Maceió-AL. vem por meio do seu advogado, devidamente qualificado no mandado incluso, domiciliado na Rua Professor VXXX BXXXX, 4XX – bairro da Ponta Verde, com o telefone 9XXXX-1XX1, nesta cidade, apresentar: RECLAMATÓRIA TRABALHISTA em face de ARAUJO XXXXXXXXXXX LTDA EPP, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ 2X.XX3.0XX/0001-XX, localizado na Avenida GuXXX PXXX, Nº XX5, Cruz das Almas, CEP: 57.038-000, no Município de Maceió, Alagoas. 1. DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA A Reclamante não possui condições de arcar com o pagamento das custas e demais despesas processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família, motivo pelo qual requer nos termos da Lei n.º 1.060/50, que lhe seja concedida Assistência Judiciária. Por oportuno, impõe observar que segundo o Art. 99º do Código de Processo Civil, a requisição poderá ser formulada na petição inicial, conforme indica: Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. Sendo assim, requer a concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita, nos termos da Lei nº 1.060/1950 e do Código de Processo Civil. 2. DOS FATOS A Reclamante foi contratada pela pela Reclamada no dia 22 de maio de 2017, para cumprir a função de auxiliar de designer, recebendo uma remuneração mensal, na época da admissão, fixada em R$ 969,00 (novecentos e sessenta e nove reais). O trabalho era realizado no regime de 6 (seis) dias trabalhados para 1 (um) de folga, totalizando 44 (quarenta e quatro ) horas semanais, sendo 8 (oito) diárias, com direito a intervalo intrajornada de 01h:00min, situação que permitiu à Reclamante o exercício de 2 anos, 8 meses e 20 dias de serviços prestados. Todavia, após todo este período exercendo seu mister, a Reclamada optou por rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho, tendo o aviso prévio finalizado no dia 11 de fevereiro de 2020. Ocorre que, durante esse período, a Reclamada não efetuou quaisquer dos depósitos referentes ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), sendo esses depósitos correspondes a 8% (oito por cento) do salário pago do Reclamado, conforme dispõe a legislação. Ressalta-se que no decorrer do período em que laborou para a Reclamada, por diversas vezes procurou o seu chefe, este proprietário da mesma, para regulariza os depósitos, porém sem êxito. Além disso, tal prática já era comum no estabelecimento, visto que diversos funcionários tem noção de que os depósitos são realizados e, em razão da apreensão de perder o emprego, não fazem qualquer questionamento. Dessa forma, uma vez sendo dispensada sem justa causa, a Reclamante procurou o Ministério Público do Trabalho, a fim de buscar se informar sobre seus direitos e sobre quais valores seriam devidos, os quais restam elencados nos documentos em anexo e demonstram que o FGTS a ser pago deveria ser de, aproximadamente, R$ 3.562,00 (três mil e quinhentos e sessenta e dois reais), equivalendo a sua multa de 40% a, aproximadamente, R$ 1.425,00 (mil quatrocentos e vinte e cinco reais). Entretanto, ocorre que o valor referente à multa já fora pago, mas o montante referente ao valor do saldo do FGTS ainda não, ficando a reclamante à mercê do acaso, visto que desde o mês de março não recebe qualquer informação sobre tal valor que lhe é devido, Não obstante, outro fenômeno comum na referida empresa, era a prática de assédio moral contra os funcionários, sobretudo no dia estabelecido para o pagamento dos salários, ocasião em que era repassada a informação de que os salários, bem como os devidos valores comissionados, não seriam pagos enquanto os funcionários, naquele dia, não tivessem um bom valor de faturamento. Nesse sentido, cansada das reiteradas vezes que tal fato ocorreu, a Reclamante expôs sua indignação em um grupo do aplicativo whatsapp, onde todos os funcionários, bem como os seus superiores e os próprios proprietários, faziam parte. Com isso, uma vez exposta a indignação, a proprietária sequer respondeu aos questionamentos e, na tentativa de evitar que mais reclamações surgissem, removeu todos os integrantes do grupo, conforme demonstra a conversa em anexo. Diante dos fatos expostos motiva-se a busca da tutela jurisdicional pelo Reclamante com a presente reclamatória trabalhista. 3. DOS FUNDAMENTOS 3.1 DO FGTS – FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, instituído pela Lei 5.107/1966, é regido pela Lei 8.036/1990, a qual impõe o dever do empregador a efetuar o deposito, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8% da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os artigos 457 e 458 da CLT (comissões, gorjetas, gratificações, etc.) e a gratificação de Natal a que se refere a Lei 4.090/1962, com as modificações da Lei 4.749/1965. 3.3 DA AUSÊNCIA E IRREGULARIDADE DOS DEPÓSITOS DO FGTS – FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO Com base nos fatos expostos e nos documentos juntados (extratos), a Reclamada, durante o período de trabalho, não depositou o percentual devido na conta bancária vinculada do empregado junto ao Fundo de Garantia sob Tempo do Serviço (FGTS). A Lei 8.036/1990, anteriormente citada, regulamente que: Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965. (BRASIL, 1990) Diante disso, constitui obrigação legal do empregador o devido deposito, cuja a penalidade diante da sua ausência ou irregularidade está elencada no art. 22 da mesma Lei: Art. 22. O empregador que não realizar os depósitos previstos nesta Lei, no prazo fixado no art. 15, responderá pela incidência da Taxa Referencial – TR sobre a importância correspondente. § 1 o Sobre o valor dos depósitos, acrescido da TR, incidirão, ainda, juros de mora de 0,5% a.m. (cinco décimos por cento ao mês) ou fração e multa, sujeitando-se, também, às obrigações e sanções previstas no Decreto-Lei n o 368, de 19 de dezembro de 1968 § 2 o A incidência da TR de que trata o caput deste artigo será cobrada por dia de atraso, tomando-se por base o índice de atualização das contas vinculadas do FGTS. § 2 o -A. A multa referida no § 1 o deste artigo será cobrada nas condições que se seguem: I – 5% (cinco por cento) no mês de vencimento da obrigação; II – 10% (dez por cento) a partir do mês seguinte ao do vencimento da obrigação. § 3 o Para efeito de levantamento de débito para com o FGTS, o percentual de 8% (oito por cento) incidirá sobre o valor acrescido da TR até a data da respectiva operação. (BRASIL, 1990) Perante a infração cometida pela Reclamada pela ausência e irregularidade dos depósitos do FGTS, busca-se aqui a tutela jurisdicional para a condenação deste a efetuar os depósitos com incidência das correções monetárias legais, bem como auferir a ele também a multa correspondente. 3.4 DO ASSÉDIO MORAL E DANO EXTRAPATRIMONIAL Além do exposto, a prática comum do Empregador em relação a condicionar o pagamento do salário referente ao mês anterior de serviço ao faturamento do empregado,caracteriza dano moral decorrente da prática de assédio. Nesse sentido, o assédio moral é considerado por especialistas como toda e qualquer conduta abusiva, manifestando-se por comportamentos, palavras, atos, gestos ou escritos que possam trazer danos à personalidade, à dignidade ou à integridade física e psíquica de uma pessoa, pondo em perigo o seu emprego ou degradando o ambiente de trabalho. Em face disto, o empregador tem o dever de indenizar a empregada por ferir sua moral, como menciona o Art. 223-E, da Consolidação das Leis do Trabalho: Art. 2230-E “São responsáveis pelo dano extrapatrimonial todos os que tenham colaborado para a ofensa ao bem jurídico tutelado, na proporção da ação ou da omissão”. Nesse sentido, assevera a Jurisprudência do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, REPARAÇÃO POR DANO EXTRAPATRIMONIAL. ASSÉDIO MORAL CONFIGURADO. É cabível indenização por dano extrapatrimonial quando comprovada a prática de assédio moral por parte de preposto patronal contra o trabalhador vítima de menoscabo ao seu trabalho. (TRT-5 - RecOrd: 00010832620145050251 BA, Relator: IVANA MÉRCIA NILO DE MAGALDI, 1ª. TURMA, Data de Publicação: DJ 18/11/2016.) Ainda nesse sentido, continua o Tribunal, em jurisprudência diversa: DANO MORAL TRABALHISTA. CARACTERIZAÇÃO. Para que se caracterize o dano moral trabalhista é necessário que a lesão causada ao obreiro abale sua dignidade, causando-lhe turbação de ordem moral. (TRT-5 - RECORD: 1407120105050017 BA 0000140- 71.2010.5.05.0017, 5ª. TURMA, Data de Publicação: DJ 10/06/2011) Não obstante, vale dizer que a prática humilhante de condicionar o pagamento dos salários devidos do mês interior ao faturamento de vendas no dia do pagamento, não encontra qualquer parâmetro legal, caracterizando conduta abusiva que atenta contra integridade psíquica da Reclamante, visto esta necessitava do seu salário para cumprir com suas obrigações mensais. Nesse sentido, assevera o Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região: ASSÉDIO MORAL. O assédio moral ocorre quando o empregador, ou seus prepostos, praticam conduta abusiva, expondo o trabalhador, de forma reiterada, a situações vexatórias, humilhantes e constrangedoras, as quais atentam contra a sua dignidade e integridade psíquica, causando-lhe danos à sua honra e à sua moral. No entanto, não há falar em indenização por danos morais decorrentes de assédio moral quando o autor não comprova que tenha sido submetido a humilhações e constrangimentos, ônus que lhe pertencia, a teor do que previsto nos artigos 818 da CLT e 333, I, do CPC. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. Irrelevante, para apreciação do pedido de honorários advocatícios, a existência de assistência sindical, miserabilidade jurídica ou salário inferior ao dobro do salário mínimo. Com efeito, a Constituição Federal assegura o direito de exercício da profissão aos que tenham efetivamente a habilitação exigida em lei e dispõe, no artigo 133, acerca da essencialidade da atuação... (TRT 17ª R., RO 0023500-27.2013.5.17.0007, Rel. Desembargador Gerson Fernando da Sylveira Novais, DEJT 21/01/2015). (TRT-17 - RO: 00235002720135170007, Relator: DESEMBARGADOR GERSON FERNANDO DA SYLVEIRA NOVAIS, Data de Julgamento: 09/12/2014, Data de Publicação: 21/01/2015) Portanto, resta caracterizada a prática abusiva que culmina em assédio moral e gera a possibilidade de reparação em virtude da geração de dano moral. 3.5 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Os honorários advocatícios são devidos na ordem de 15% (quinze por cento), com fulcro no art. 133 da Carta Magna e também no art. 85 do C.P.C., aplicável de forma subsidiária ao processo do trabalho, que concebe: Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. § 1 o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente. § 2 o Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. (BRASIL, 2015) (grifo nosso) Nesta mesma linha, citamos que o deferimento dos honorários pela parte sucumbente foi matéria tratada e virou o Enunciado no 79, aprovado na 1a Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho ocorrida em 23/11/2007, in verbis: HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS DEVIDOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. I – Honorários de sucumbência na Justiça do Trabalho. As partes, em reclamatória trabalhista e nas demais ações da competência da Justiça do Trabalho, na forma da lei, têm direito a demandar em juízo através de procurador de sua livre escolha, forte no princípio da isonomia (art. 5º, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil) sendo, em tal caso, devidos os honorários de sucumbência, exceto quando a parte sucumbente estiver ao abrigo do benefício da justiça gratuita. Diante disto, requer que a Reclamada seja condenada ao pagamento dos honorários contratuais, no percentual estabelecido de 15% (quinze por cento). 4. PEDIDOS Diante os fatos e fundamentos expostos, requer: a) Conceder o benefício da Assistência Judiciária Gratuita à Reclamante. b) Requer que a presente Reclamatória Trabalhista seja julgada totalmente PROCEDENTE, condenando a Reclamada ao pagamento dos valores referentes ao FGTS devidamente corrigidos, bem como o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título de indenização por danos morais, sendo todos os valores atualizados de maneira monetária, incluindo juros, honorários advocatícios, custas processuais e demais cominações legais c) Requer a citação da Reclamada para oferecer resposta, no prazo legal, sob pena de revelia. d) Condenar a Reclamante ao pagamento dos honorários de sucumbência no percentual de 15% (quinze por cento), sobre os valores da condenação principal. e) Declarar que a Reclamante pretende provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, bem como a oitiva de testemunhas. Dá-se à causa o valor de R$ 8.562,00 (oito mil quinhentos e sessenta e dois reais) Nesses Termos, Pede e Espera Deferimento. Maceió, Alagoas, 01 de junho de 2020.
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