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Ana Carolina Thomaz Mendes Fibromialgia A fibromialgia, ou síndrome fibromiálgica (SFM), é uma doença de etiologia desconhecida, caracterizada por ocorrência de dor musculoesquelética generalizada crônica, fadiga, alterações no sono, estresse, entre outros sintomas. A ocorrência da fibromialgia independe de idade ou nível socioeconômico e cultural, afetando 2 a 10% da população, sendo 4 a 7 vezes mais comum em mulheres. Fisiopatologia A fisiopatologia da SFM não está completamente definida, mas um número de distúrbios neurossensoriais, neuroendócrinos e relacionado a neurotransmissores, assim como predisposição genética, tem sido implicado em sua causa. Neuroendócrino: disfunção do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, incluindo diminuição das respostas ao cortisol, e regulação anormal do hormônio do crescimento; Neurotransmissor: diminuição de serotonina no SNC, níveis elevados de substância P e fator de crescimento neural no liquor; Neurossensorial: amplificação central da dor e/ou antinocicepção reduzida (sensibilização central, anormalidades das vias descendentes inibitórias da dor); Genético: forte agregação familiar para SFM, evidência de polimorfismos de genes dos sistemas serotoninérgicos, dopaminérgicos e catecolaminérgicos na etiologia da SFM. Algumas atividades pioram os sintomas da fibromialgia, como digitar, permanecer sentado ou caminhar por muito tempo, estresse, levantamento de peso, realização de movimentos repetitivos e manutenção de qualquer posição por tempo prolongado. Atividades discretamente sedentárias, que permitam tarefas variadas e mudanças de posição, são mais bem toleradas. Quadro clínico Entre as queixas apresentadas, estão dor generalizada, localizada no hemicorpo direito e esquerdo, acima e abaixo da cintura, além do eixo axial (região cervical, face anterior do tórax, dorso e região lombar), com duração superior a 3 meses. Ao exame físico do doente com fibromialgia, encontram-se pontos dolorosos (tender points) em pelo menos 11 dos seguintes 18 pontos, bilateralmente: Inserção dos músculos suboccipitais na nuca; Ligamentos dos processos transversos da V a VII vértebra cervical (região cervical baixa); Músculo trapézio, no ponto médio da sua borda superior; Músculo supraespinal (no ombro, acima da borda medial da escápula); Junção do músculo peitoral com a articulação costocondral da segunda costela; 2 cm abaixo do epicôndilo lateral do cotovelo (face lateral); Quadrante laterossuperior da região glútea, abaixo da espinha ilíaca; Inserções musculares no trocânter femoral (face lateral do quadril); Face interna do joelho (no coxim gorduroso, pouco acima da linha média do joelho). Diagnóstico Quando o número de pontos dolorosos é inferior a 11, mas existem outros sinais e sintomas, o diagnóstico de fibromialgia também pode ser realizado. Muitos doentes apresentam, ainda, ansiedade, depressão, nervosismo, insônia, cefaleia, síndrome do cólon irritável, infecções urinárias de repetição, irregularidades no fluxo menstrual, sensibilidade ao frio, déficits de memória e concentração e cãibras nas pernas, condições clínicas mais frequentemente vistas em SFM do que na população em geral. Ana Carolina Thomaz Mendes São muito frequentes as queixas de fadiga generalizada, referida como sensação de falta de energia, exaustão e fatigabilidade durante a execução de exercícios físicos triviais, presentes em 85% dos doentes. Formigamento e adormecimento nas extremidades, sensação de inchaço e edema nas mãos, nos pés e nos tornozelos são referidos por 50 a 75% dos doentes. Dificuldade para o início do sono, despertares durante a noite, dificuldade para retomada do sono, sono agitado e superficial e despertar precoce ocorrem em cerca de 65% dos casos. É comum o paciente acordar cansado e com dor no corpo. A dor crônica compromete diversos aspectos da vida diária, relacionados a estresses emocionais, comprometimento da produtividade e do nível de educação e maior frequência de divórcios. O estresse pode desempenhar papel relevante na mediação e perpetuação dos sintomas da fibromialgia. Muitos doentes referem que os primeiros sintomas iniciaram após períodos de estresse ou traumas, ou que os sintomas se agravaram após estresses físicos ou emocionais de curta duração. É comum a queixa de desconfiança e falta de credibilidade por parte de amigos, familiares e profissionais da saúde, em função de as queixas serem poliformes e subjetivas, os exames complementares serem normais, haver recorrência dos sintomas e melhora não significativa com as terapias empregadas. O descondicionamento físico é característico na fibromialgia, predispondo a microtraumatismos musculares e fadiga crônica. Diagnóstico por imagem: termografia. Tratamento Baseia-se na abordagem interdisciplinar, incluindo controle da dor e da fadiga, melhora do padrão do sono, controle do estresse, melhora do humor, condicionamento físico e reintegração psicossocial. Para tanto, uma grande variedade de medicamentos pode ser utilizada, como AINEs, corticosteroides, opioides, anestésicos locais, ansiolíticos, neurolépticos, miorrelaxantes, anticonvulsivantes e antidepressivos. Além da terapia medicamentosa, podem ser utilizados meios físicos como calor, massagem e eletroterapia, condicionamento físico, acupuntura, infiltrações de pontos dolorosos ou PG, cinesioterapia e tratamento psicoterápico. Programas educativos são de grande importância. A prevenção da recorrência dos sintomas e a manutenção da qualidade de vida são fundamentais no processo de reabilitação do fibromiálgico. Diagnóstico Diferencial Doenças autoimunes. O fator antinúcleo (FAN), é um exame realizado para detectar a presença de auto anticorpos contra estruturas nucleares das células. É bastante utilizado como "triagem" em pacientes que apresentam suspeita clínica de uma doença autoimune, especialmente aquelas com manifestações reumatológicas, como dor articular. Ana Carolina Thomaz Mendes Pode ser utilizado para descartar as doenças autoimunes (lúpus, artrite reumatoide). São solicitados exames laboratoriais e de imagem apenas para descartar outros quadros que possam confundir o diagnóstico ou se somar à fibromialgia. Algumas condições podem apresentar quadro semelhante ao da FM tendo, portanto, um diagnóstico diferencial. Mialgia inflamatória. Hemossedimentação e proteína C reativa Distúrbio metabólico. Dosagem dos hormônios tireoidianos: T4 e TSH Hiperparatireoidismo primário. causado na maioria das vezes, por um adenoma de paratireoide (80 a 90% dos casos). Além das manifestações ósseas e renais, que são clássicas dessa doença, sintomas não específicos como fadiga, distúrbio emocional, anormalidades neuropsiquiátricas e dores musculares, podem estar presentes, imitando um quadro FM. Hiperparatireoidismo secundário. Falta de vitamina D; Excluir. HIV, Hepatite B e C Psiquiátricas: Transtorno depressivo maior OBS: A FM não deve ser considerada como diagnóstico de exclusão, mas sugerimos sempre considerar os diagnósticos diferenciais com outras síndromes ou doenças com sintomas semelhantes, como recomendado pelos critérios do ACR. Hipotireoidismo. pode apresentar quadro clínico que simula a FM. É recomendável que na abordagem desses pacientes sejam efetuadas as provas de função tireoidiana. Algumas vezes as duas podem coexistir - nesses casos não há evidências que a estabilização da função tireoidiana faça desaparecer o quadro de FM. Osteomalácia - Alguns pacientes iniciam o quadro com sensação de fraqueza, dor muscular e sensibilidade óssea, antes das manifestações radiográficas e metabólicas da doença. Polimialgia reumática - envolvimento das cinturas pélvica e escapulare a elevação significativa da velocidade da hemossedimentação típicos desta enfermidade, são importantes auxiliares diagnósticos. Também pode contribuir na elucidação diagnóstica o fato dos pacientes com polimialgia reumática apresentarem uma rápida resposta satisfatória à instituição de doses baixas de corticosteróides por via oral. No entanto, a dor muscular, característica predominante desta enfermidade, pode confundir o profissional médico menos atento, particularmente quando a dor muscular é difusa. Polimiosite (assim como outras miosites) pode ser confundida com fibromialgia. Faz-se importante lembrar que nesta enfermidade, a queixa principal é de fraqueza, ao invés de dor muscular. Tal fraqueza é caracteristicamente insidiosa, simétrica e progressiva, particularmente na cintura escapular e pélvica. Pode causar dor, entretanto, em aproximadamente 15 a 30% dos casos. Os pacientes podem apresentar quadros de artralgia, assim como os portadores de fibromialgia. Outras manifestações clínicas somadas às alterações laboratoriais, particularmente a elevação das enzimas musculares, conduzem ao diagnóstico correto. Não raramente, a síndrome de Sjögren pode ter como manifestação inicial sintomas de dor muscular difusa e inespecífica, acompanhada de cansaço, podendo causar dificuldade diagnóstica até que parâmetros laboratoriais e outras características clínicas se façam presentes. Certas reações adversas a determinados medicamentos podem causar mialgias difusas e despistar o médico desinformado. Entre essas medicações, destacam-se os bloqueadores de receptores H2 (utilizados para doença péptica), os fibratos e as estatinas (empregados para o tratamento das dislipidemias). Usuários de drogas podem sofrer reações que se assemelham a um quadro de fibromialgia, particularmente nos pacientes viciados em cocaína e cannabis. Pacientes com problemas de etilismo também podem apresentar quadros de dores musculares, seja durante o período do abuso do álcool ou do período de abstinência ao mesmo. Certas infecções, em particular a hepatite C, o HIV e a doença de Lyme, podem provocar dores musculares difusas e impor dificuldade diagnóstica, principalmente quando não há febre ou outros Ana Carolina Thomaz Mendes sintomas típicos. As análises laboratoriais sorológicas podem contribuir para elucidar alguns casos. Pacientes que realizaram corticoterapia por longos períodos, independentemente do motivo, podem sofrer de uma crise de abstinência ao corticoide, particularmente se a retirada do medicamento for feita de maneira abrupta e inadequada. Esses pacientes podem passar a experimentar dores musculares difusas, que respondem rapidamente à reutilização do medicamento. Outra condição que deve ser considerada no diagnóstico diferencial da síndrome da fibromialgia é a síndrome paraneoplásica (paraneoplasia). Nesta situação, existem sinais e sintomas que auxiliam no raciocínio clínico mais correto. No entanto, em raras situações, uma paraneoplasia pode se manifestar com quadro similar ao da fibromialgia e lançar um importante desafio diagnóstico, particularmente no caso do carcinoma broncogênico. A síndrome da fadiga crônica também deve ser lembrada no diagnóstico diferencial. O antecedente de febre baixa ou de faringite recorrente, além da presença de linfadenopatia, pode contribuir para clarificar o diagnóstico. Nesta síndrome predomina o cansaço, enquanto na fibromialgia predomina a dor difusa. Talvez a dificuldade diagnóstica maior seja diferenciar a fibromialgia de um reumatismo psicogênico. Em certas situações, o quadro clínico do paciente é pura expressão de um distúrbio psiquiátrico, particularmente de depressão. É bem sabido que a depressão ocorre mais comumente na fibromialgia do que nos indivíduos-controle ou mais que nos pacientes com artrite reumatoide. Cerca de metade dos pacientes com fibromialgia têm na sua história um quadro de depressão em algum momento de sua vida. Muitos dos sintomas da depressão, como cansaço, sensação de perda de energia, desânimo ou distúrbios do sono são idênticos àqueles da fibromialgia. Todavia, deve ser lembrado que uma boa proporção dos pacientes com fibromialgia não possui depressão ou qualquer componente de um distúrbio psiquiátrico. Síndrome da dor complexa regional A síndrome complexa de dor regional (SCDR) é uma doença que atinge as extremidades. É caracterizada por dor, edema, limitada amplitude de movimento, instabilidade vasomotora, alterações cutâneas e desmineralização óssea. Frequentemente, surge após uma lesão, cirurgia ou evento vascular, excedendo tanto em magnitude quanto em duração o curso clínico esperado pelo evento gerador. A Classificação de Dor Crônica da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) redefiniu a síndrome dolorosa anteriormente conhecida como distrofia simpático-reflexa e causalgia. Na SCDR tipo I (distrofia simpático-reflexa), lesões pequenas ou fraturas de extremidades precedem o início dos sintomas. A SCDR tipo II (causalgia) surge após lesão de nervo periférico. A dor simpateticamente mantida (DSM) é considerada um fenômeno variável associado a diversos distúrbios, incluindo SCDR. Epidemiologia As mulheres são mais acometidas por SCDR do que os homens; a razão de sexo mulher:homem varia de 2:1 a 4:1. A faixa etária mais atingida é a dos 37 aos 50 anos. A SCDR I é mais frequente que a SCDR II. Um estudo populacional calculou a incidência da SCDR I de 5,5 para 100.000 pessoas/ano e prevalência de 21 para 100.000. A SCDR II apresentou incidência de 0,8 para 100.000 pessoas/ano e prevalência de 4 para 100.000. Estudos estimam que, dos pacientes que apresentam SCDR, 1 a 2% sejam provenientes de fraturas e 4% das lesões nervosas evoluem para SCDR II. Manifestações clínicas Fraqueza dos músculos afetados está presente associada com alteração da acurácia de pequenos movimentos. Estudos de condução nervosa e eletromiografia são normais, exceto em estágios avançados da doença. Aproximadamente metade dos pacientes apresenta tremor de ação ou postural e 10% apresentam distonia de pé ou mão afetada. Procedimento diagnóstico Ana Carolina Thomaz Mendes O diagnóstico obedece aos critérios clínicos estabelecidos pela IASP. Síndrome complexa de dor regional tipo I A síndrome tem início após evento lesivo. Ocorre dor espontânea ou alodínia/hiperalgesia, não há limite territorial de nervo periférico específico e é desproporcional à lesão causadora. Há evidência de edema, anormalidade do fluxo sanguíneo cutâneo ou atividade sudomotora anormal na região da dor após evento lesivo. Exclui-se o diagnóstico por outras condições que promoveriam esse tipo de dor ou disfunção. Síndrome complexa de dor regional tipo II A síndrome tem início após lesão de nervo. Ocorre dor espontânea ou alodínia/hiperalgesia, que não necessariamente se limita ao território de nervo periférico específico e é desproporcional à lesão causadora. Há evidencia de edema, anormalidade do fluxo sanguíneo cutâneo ou atividade sudomotora anormal na região da dor após evento lesivo. Exclui-se o diagnóstico por outras condições que promoveriam tal dor ou disfunção. A dor é essencial para o diagnóstico. Sintomas e achados motores, apesar de comuns, não estão incluídos nos critérios diagnósticos. Os mecanismos envolvidos na gênese e sustentação da síndrome ainda são desconhecidos. Provavelmente, diferentes eventos fisiopatológicos ocorrem em locais distintos, simultaneamente ou em sequência. Não existe um modelo que explique todas as formas de apresentação e evolução da síndrome. Disfunção do sistema nervoso simpático Este modelo, mais extensamente estudo nos dias de hoje, pressupõe que ocorra uma resposta inflamatória exageradae persistente diante do trauma inicial, com o intuito de promover a cura e preservar a integridade do organismo, pois todos os sinais clássicos da inflamação estão presentes na síndrome: calor, rubor, edema, dor e perda de função. Em indivíduos com SCDR, são observados sangue e liquor nos líquidos intersticiais, além do aumento de mediadores inflamatórios IL-2, IL-4, IL-6, TNF-alfa e bradicinina. Fator genético A importância clínica da genética sobre SCDR ainda está para ser definida. A incidência e a prevalência da doença não seguem padrões mendelianos de herança. Há poucos estudos que indicam que alguns genótipos predispõem a SCDR. Associações de antígenos leucocitários humanos (HLA) com diferentes fenótipos têm mostrado aumento dos antígenos A3, B7 e DR2 do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) em pacientes com SCDR. Os antígenos HLA-DQ1 e HLA-DR13 também parecem estar associados à ocorrência e à gravidade de SCDR. Os estudos são poucos e com uma população pequena de casos, o que permite concluir que ainda há um longo caminho a ser percorrido no conhecimento da genética da SCDR. Assim, os estudos cada vez mais indicam que a SCDR é uma doença neurobiológica incluindo o SNC e seus componentes sensitivos, motores, autonômicos, bem como corticais, envolvendo processamento cognitivo e afetivo. Tais anormalidades são particularmente afetadas na fase aguda da doença. Alteração do SNC: As alterações sensitivas amplas estão associadas à sensibilização central. A representação somatossensorial está alterada, provavelmente no tálamo e no córtex. Com sensibilização medular há alteração do padrão de descarga dos motoneurônios alfa e gama, seguida de diminuição da mobilidade e da força muscular e tremor. A alteração da sudorese e do fluxo sanguíneo também está associada com alteração do SNC. Há evidência de desregulação autonômica central na SCDR tipo I. Ocorre alteração no sistema vasoconstritor cutâneo, com aumento de densidade de adrenoceptores alfa. As alterações de neurônios simpáticos causam modificação no fluxo sanguíneo, seguida de alterações tróficas. A atividade simpática pode estar normal ou diminuída, mas a resposta do estímulo simpático é exagerado. Após lesão de membro, há aumento da modulação pelo opióide, mas, no paciente com SCDR, essa modulação não ocorre. O edema pode resultar de mediadores, com o fator de crescimento neural e liberação de peptídeos Ana Carolina Thomaz Mendes de nociceptores aferentes primários. O controle do sistema simpático sobre a termorregulação geralmente está afetado, levando à diminuição da temperatura do membro. Inúmeras alterações de neurônio aferente primário e simpático parecem ser necessárias para resultar em dor mantida pelo simpático. Diferenças temporais e espaciais explica porque essa síndrome varia com o tempo e desenvolve manifestação variável em diferentes indivíduos com lesões idênticas. Inicialmente, as alterações são periféricas, e, com a evolução, resultam em alteração central medular e encefálica. Disfunção do SNS: Muitas vezes, o sistema simpático eferente está envolvido na geração da dor na SCDR. Essa dor pode ser mantida pelo SNS, quadro em que há efeito positivo com bloqueio simpático ou bloqueio de receptores a-adrenérgicos. O paciente com SCDR pode apresentar dor mantida pelo sistema simpático e dor independente do simpático. Na dor mantida pelo simpático, há alívio após bloqueio simpático. Após lesão tissular, ocorre sensibilidade exagerada no SNP e medula espinal a catecolaminas. Os nociceptores desenvolvem aumento da sensibilidade a catecolaminas. A regulação de adrenoceptores-alfa para cima nos aferentes nociceptivos resulta em dor e dor mantida pelo simpático. A liberação de noradrenalina causa vasoconstrição. Já a excitação de fibras A-delta e C causa vasodilatação e extravasamento de plasma por liberação de substância P. Na SCDR, há alteração da ação vasoconstritora produzida pelo SNS. A vasodilatação e a vasoconstrição na SCDR relacionam-se com disfunção do sistema simpático; nas primeiras semanas após secção de fibras vasoconstritoras, ocorre vasodilatação. Após lesão tecidual, o vaso pode desenvolver aumento da sensibilidade e da resposta ao frio local e a catecolaminas devido à regulação para cima de adrenoceptores. Pode ocorrer interação entre sistema simpático e fibras aferentes nociceptivas em três pontos: gânglio da raiz dorsal, nervo seccionado em regeneração e fibra não-lesada no nervo seccionado parcialmente. Os nociceptores tornam-se responsivos aos estímulos simpáticos, provavelmente relacionados à conexão de neurônio noradrenérgico simpático com neurônios aferentes primários na periferia. O sistema simpático se conecta também com neurônios aferentes não-nociceptivos, o que pode contribuir para a alodinia, que ocorre por ativação do sistema simpático e de neurônios do corno dorsal sensibilizados. A conexão entre fibras simpáticas e fibras nervosas aferentes faz com que um impulso anormal seja conduzido para a medula. Essa conexão pode ocorrer diretamente por meio da noradrenalina agindo em adrenoceptores a2, entre terminação noradrenérgica e terminação nervosa aferente. Também pode ser por outra substância; a estimulação simpática pode ativar neurônio aferente primário por neuropeptídeo Y presente em muitas fibras noradrenérgicas.
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