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Trajetórias Formativas Docentes buscando aproximações na


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ALEXANDRIA Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v.5, n.2, p. 7-28, setembro 2012 ISSN 1982-153 
 
Trajetórias Formativas Docentes: buscando aproximações na 
bibliografia sobre formação de professores 
 
RODOLFO LANGHI 
1
 e ROBERTO NARDI 
2
 
1 Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da UFMS. Grupo de Pesquisa em Ensino de 
Ciências da UNESP/Bauru. Apoio parcial: CAPES; rodolfo@langhi.com.br 
2 Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência da UNESP/Bauru. Departamento de 
Educação. Faculdade de Ciências. Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências. Apoio: CNPq; 
nardi@fc.unesp.br 
 
Resumo. Este artigo, de revisão teórica, apresenta etapas da trajetória formativa de professores, mediante os 
conceitos e as significações atribuídas por autores da área de formação de professores, referências do Grupo 
de Pesquisa em Ensino de Ciências, da Faculdade de Ciências da UNESP. Procuramos sintetizar, mediante o 
uso de uma tabela, as diferentes tipologias associadas às trajetórias formativas docentes, efetuando possíveis 
aproximações entre si, com o objetivo de sugerir, a partir de uma visão geral destas, um repensar sobre estas 
trajetórias, fornecendo, assim, subsídios para futuros trabalhos com abordagens nesta linha de pesquisa. 
Abstract: This paper is a theoretical review where we present teachers’ formative trajectories, according to 
concepts and significations from teachers' education literature, bibliography references to the UNESP 
Science Education Research Group. We summarize, in an overview table, different typologies associated to 
teachers' formative and professional development, trying to establish relationships among them. This study 
is aimed at to rethink these trajectories, in order to provide subsidies for future investigation in this research 
line. 
Palavras-chave: formação inicial de professores; formação continuada de professores; trajetórias formativas 
docentes; ensino de ciências. 
Keywords: teachers’ initial education; teachers’ continuous education; teachers’ educational trajectories; 
science education. 
 
 
Introdução 
A formação é um tema encontrado, não só na Educação, mas nas mais diversas 
áreas do contexto empresarial, social, político, etc. O conceito de formação está sujeito a 
múltiplas perspectivas e níveis, podendo ser definida de diferentes maneiras. No caso 
específico da formação de professores, deve-se promover o contexto para o 
desenvolvimento nas seguintes dimensões: intelectual, social e emocional dos mesmos, 
segundo Garcia (1999); e visto que os indivíduos adultos devem contribuir para o processo 
da sua própria formação a partir das representações e competências que já possuem, 
entende-se que a formação não é um mero treino de professores. 
Ainda considerando a profissão de professor, Pacheco (1995) afirma que o 
conhecimento profissional do mesmo não é limitado temporalmente e nem se pode dar 
como terminado em termos de aquisição, mostrando que a formação de professores ocorre 
com uma continuidade temporal, localizando quatro componentes formativas para a 
profissão docente: 
a) formação pessoal, uma espécie de autodesenvolvimento, que sempre está 
presente na formação. Cada professor tem seu estilo próprio de aprender e ensinar, suas 
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mailto:nardi@fc.unesp.br
 RODOLFO LANGHI e ROBERTO NARDI 
 
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crenças, atitudes pessoais e expectativas que não podem ser uniformizadas nem 
padronizadas. Deste modo, é uma formação subjetiva, relacionada com a individualidade 
do professor. 
b) formação científica específica, abrangendo a formação científica, tecnológica, 
técnica, e artística da especialidade de ensino. Os conteúdos científicos preparam o 
professor para o ensino, mas um dos principais aspectos que devem ser observados é a 
transferibilidade do conhecimento, ou seja, a transposição didática, pois o professor não 
pode simplesmente reproduzir os conteúdos dos programas de formação. 
c) formação pedagógico-didática, o que normalmente é chamado de pedagogia 
prática (formação teórica e teórico-prática no domínio das Ciências da Educação), 
constituindo-se na formação pedagógica no contexto das instituições de ensino superior. 
d) prática pedagógica, compondo-se das experiências práticas, estágios, e práticas 
de ensino ligadas à profissão docente. 
Na tentativa de buscar uma definição sintética para formação de professores, Garcia 
(1999) cita os trabalhos de Rodriguez Diéguez, de 1980, quando afirma que a formação de 
professores é “o ensino profissionalizante para o ensino”, e representa um encontro entre 
pessoas adultas, envolvendo interações entre formador e formando, com uma intenção de 
mudança, desenvolvida num contexto organizado e institucional mais ou menos 
delimitado. 
Defendendo o princípio de que o aprendizado profissional continua mesmo após a 
formação inicial do professor, Garcia (1999) concebe a formação de professores como um 
contínuo, uma vez que é uma visão simplista pretender que a formação inicial possa 
oferecer “produtos acabados”. O entendimento mais coerente e plausível partiria da 
concepção de que esta é apenas uma primeira fase de um longo e diferenciado processo de 
desenvolvimento profissional, de modo que se precisa conceber os professores como 
sujeitos em constante evolução e desenvolvimento (GARCIA, 1999). Segundo Zeichner 
(1993), é preciso reconhecer que o processo de aprender a ensinar se prolonga durante toda 
a carreira do professor, e independente do que os programas de formação inicial fazem, o 
essencial é que ensinem e preparem o professor a começar a ensinar, de modo que estes se 
sintam responsáveis pelo seu próprio desenvolvimento profissional. Por isso, a formação 
deve ser encarada como um processo permanente (NÓVOA, 1997). 
Procurando definir esta formação contínua, Garcia (1999) reúne inúmeros 
conceitos de outros autores e apresenta diversas definições, pretendendo adotar o termo 
desenvolvimento profissional de professores, para o qual primeiramente se refere em seu 
TRAJETÓRIAS FORMATIVAS DOCENTES: BUSCANDO APROXIMAÇÕES NA BIBLIOGRAFIA 
 
 
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texto como toda a atividade que o professor, em exercício, realiza com a finalidade 
formativa profissional ou pessoal, individualmente ou em grupo, para atingir uma eficácia 
maior no desempenho de suas tarefas atuais ou futuras. Conforme Garcia (1999), 
especialmente desde a década de 90, tem ocorrido internacionalmente uma notável 
evolução na pesquisa sobre formação de professores em exercício, tanto na quantidade 
como na qualidade, resultando no surgimento de outros termos, na literatura especializada, 
para o que conhecemos, no Brasil, por formação continuada, tais como: aperfeiçoamento, 
formação em serviço, formação contínua, reciclagem, capacitação desenvolvimento 
profissional, desenvolvimento de professores – usados normalmente como termos 
equivalentes. 
Para Pacheco (1995), a formação continuada é um processo destinado a aperfeiçoar 
o desenvolvimento profissional do professor em suas variadas vertentes e dimensões. A 
natureza desta formação encerra duas ideias principais, a mudança para novos saberes 
relacionados com a prática profissional, e atividades conducentes a uma nova compreensão 
do fazer didático e do contexto educativo. Para o autor, a formação contínua se dá através 
de três critérios: critério pessoal (necessidade de desenvolvimento e autoconhecimento), 
critério profissional (necessidades profissionais individuais e de grupo), critério 
organizacional (necessidades contextuais da escola; mudanças que refletem alterações 
sociais, econômicas e tecnológicas). Segundo Pimenta e Anastasiou (2005), o 
desenvolvimento profissional envolve a formação inicial e continuada, e no caso da 
docência, é um campo de conhecimentos específicos configurados em quatro grandes 
conjuntos: conteúdosdas diversas áreas do saber e do ensino, ou seja, das ciências 
humanas e naturais, da cultura e das artes; conteúdos didático-pedagógicos, diretamente 
relacionados ao campo da prática profissional; conteúdos relacionados a saberes 
pedagógicos mais amplos do campo teórico da prática educacional; conteúdos ligados à 
explicitação de sentido da existência humana individual, com sensibilidade pessoal e 
social. Por isso, a identidade do professor é também profissional, ou seja, a docência 
constitui um campo específico de intervenção profissional na prática social. 
Definindo este processo de desenvolvimento profissional, os Referenciais para 
Formação de Professores (BRASIL, 2002) o declaram como permanente, atuando como 
uma articulação entre a formação inicial e a continuada. De fato, legalmente, no Brasil, 
programas de formação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis 
devem ser oferecidos e mantidos pelos Institutos Superiores de Educação, conforme o 
artigo 63, parágrafo terceiro, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 
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1996). E o artigo 14, parágrafo segundo, das Diretrizes Curriculares Nacionais para a 
Formação de Professores da Educação Básica (BRASIL, 2001), enfatiza a flexibilidade de 
cada instituição formadora para construir projetos inovadores e próprios, concebendo um 
sistema de oferta de formação continuada, que propicie oportunidade de retorno planejado 
e sistemático dos professores às agências formadoras. 
No entanto, como tentamos mostrar neste texto, assumimos a noção de que o termo 
formação continuada abrange um lastro muito maior de oportunidades formativas, indo 
além da concepção comum de que ela só ocorre no âmbito profissional ou apenas após a 
formação inicial. Existem fases marcantes durante a vida do indivíduo, que contribuem 
com processos formativos, podendo exercer uma grande influência em seu cotidiano 
escolar e em sua carreira profissional. De fato, diversos autores da área de formação de 
professores afirmam que esta contínua e evolutiva formação do trabalho docente parece ser 
marcada por etapas ou trajetórias que lhe atribuem processos formativos e momentos de 
aprendizagem construtiva da, na, e além da carreira profissional. Quais são estes momentos 
específicos (ou trajetórias formativas docentes), apontados por alguns dos principais 
autores da área, e como podemos estabelecer possíveis aproximações entre eles? Esta é a 
questão norteadora deste artigo. 
 
Trajetórias formativas docentes: construindo a formação 
Diversos autores apresentam estas etapas, que contribuem para a formação do 
profissional da educação, com diferentes terminologias. Pacheco (1995), por exemplo, cita 
algumas delas como sinônimos: trajetória profissional, formação contínua, formação 
continuada, processo de formação, e itinerário formativo. Outros termos são: percurso 
formativo ou ciclos vitais dos professores (GARCIA, 1999). 
Deste modo, aprender a ensinar significa percorrer uma trajetória, ou percurso, de 
sobrevivência profissional, reconhecendo que tal ato é, segundo Pacheco (1995), 
individualizado, personalizado, diferenciado, que depende de suas crenças, atitudes, 
experiências prévias, motivações, interesses e expectativas, com diversas influências, 
interações complexas, negociadas e provisórias. Classificando estas influências, Zeichner e 
Tabachnik (1987) citam as pré-formativas, formativas, e a experiência escolar. Jordell 
(1987) destaca apenas dois tipos principais de influência (pessoal e estrutural) com quatro 
níveis que os interligam: pessoal (experiências pessoais), classe (alunos), institucional ou 
escolar (condições de trabalho), e social (economia e política). 
Usando uma analogia, Lacey (1977) caracteriza determinados períodos que também 
TRAJETÓRIAS FORMATIVAS DOCENTES: BUSCANDO APROXIMAÇÕES NA BIBLIOGRAFIA 
 
 
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influenciam no processo de formação de um professor: período de lua de mel (quando o 
professor iniciante possui idealismos e sonhos para mudar situações), período de crise 
(quando o professor toma consciência das dificuldades reais da escola), período de 
adaptação (quando o professor aprende a aceitar o fracasso, podendo socializar ou não os 
seus problemas). Segundo Silva (2000), a continuidade da aprendizagem docente é 
marcada por pelo menos três trajetórias de formação: a vida do indivíduo, a formação 
acadêmica que teve, e a escola onde ele trabalha. Salientando a socialização como um 
processo através do qual um indivíduo constroi conhecimentos e competências sociais 
necessárias para assumir um papel na sociedade, os trabalhos de Jordell (1984, apud 
GARCIA, 1999) consideram que há três fases desta trajetória formativa: as primeiras 
experiências, como criança e como adulto; as experiências nos cursos de formação de 
professores, enquanto aluno e estagiário; os primeiros anos de experiência. 
Mesmo levando em conta que o processo formativo de um professor jamais estará 
concluído, Pacheco (1995) identifica cinco etapas de formação de um professor: aluno, 
enquanto criança e adolescente; aluno de um curso de formação de professores; estagiário; 
professor principiante; professor com experiência. Comentando sobre o ciclo de vida 
profissional dos professores, Huberman (2000) identifica “estados da alma” dos docentes: 
entrada na carreira, quando está descobrindo e explorando para a sobrevivência; 
estabilização com independência e emancipação, pertencendo a um corpo profissional; 
diversificação de métodos e materiais de ensino; questionamento sobre seu trabalho, 
desencantando-se devido à monotonia das aulas; serenidade e distanciamento afetivo, com 
perda de ambição, aceitando a realidade; lamentações e queixas dos alunos e da política 
educacional; desinvestimento com relação à carreira, retirando-se para “cultivar o seu 
jardim”. 
Diante de tantas classificações de vários autores para as etapas pelas quais o 
professor experimenta, tentamos organizá-las de acordo com suas características comuns, 
de modo que passaremos, a partir de agora, a analisar cada trajetória formativa com suas 
respectivas fases, procurando sintetizar em uma tabela, ao final deste texto, possíveis 
aproximações entre si. 
 
Trajetórias formativas docentes: algumas aproximações possíveis 
Partindo do pressuposto de que a formação de um futuro professor tem início bem 
mais cedo do que a dita formação inicial, Silva (2000) mostra que as situações vividas pelo 
profissional do ensino antes mesmo de escolher esta carreira influenciam o seu modo de 
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ensinar, pois o professor age em conformidade com sua personalidade, seus hábitos, 
caprichos, preferências, automatismos, angústias ou culpabilidades e sem um controle total 
da racionalidade. Isto se explica pelo fato de que antes de ser professor, ele já foi aluno, já 
foi filho, ou é parente de algum professor, talvez o afetando direta ou indiretamente em 
suas escolhas. De fato, enquanto aluno, as milhares de horas, que passa como criança e 
adolescente, o faz assimilar, interiorizar e construir saberes e conhecimentos que serão 
reproduzidos no momento em que atuarem como professores (PACHECO, 1995). Ao longo 
do percurso como aluno, ele se confronta com uma diversidade de professores e inúmeros 
estilos de ensinar, e tais aspectos (positivos ou negativos) se fazem presentes quando este 
se torna efetivamente um professor. 
Para construir o seu “eu profissional”, segundo Tardif (2004), o agora educador se 
lembra (consciente ou inconscientemente) de algum professor que lhe chamou a atenção 
enquanto era criança, e pode incorporar as qualidades ou truques dele, pois a 
temporalidadeestrutura a memorização de experiências educativas marcantes para a 
construção de sua “personalidade profissional”. A visão que os professores possuem sobre 
o ensino, remonta suas experiências enquanto alunos. Assim, boa parte dos professores 
sabe algo sobre a sua profissão antes mesmo de pensarem em escolher esta carreira 
profissional, o que não acontece com a maioria das profissões. Tardif (2004) demonstra 
que os professores são trabalhadores que já estiveram em seu lugar profissional, enquanto 
ainda crianças, e o desejo de ser professor pode ter tido origem durante sua idade infantil, 
ou esta decisão pela carreira talvez tenha sido influenciada pela família, ou pelo incentivo 
de seus próprios professores, ou ainda por simplesmente ajudar colegas de classe sobre o 
conteúdo escolar. De fato, muitos professores pesquisados por este autor mostraram que há 
uma afeição muito grande por crianças, afirmando que o ato de ensinar lhes é inato, um 
dom, uma arte. 
Resultados de pesquisas apresentados por Tardif (2004) mostram que a vida 
familiar e as pessoas significativas na família aparecem como uma fonte de influência 
muito importante que modela a postura da pessoa em relação ao ensino. Além disso, há 
experiências marcantes com outros adultos: outros pares, amigos, relações amorosas, e 
episódios de afeto. Ao longo desta trajetória de vida pessoal e escolar, o professor 
interioriza conhecimentos, competências, crenças e valores, os quais estruturam a sua 
personalidade e suas relações com outros, sendo reutilizados de maneira não-reflexiva. 
Nesta perspectiva, a experiência não seria baseada unicamente no trabalho em sala de aula, 
mas decorreria em grande parte de pré-concepções do ensino e da aprendizagem herdadas 
TRAJETÓRIAS FORMATIVAS DOCENTES: BUSCANDO APROXIMAÇÕES NA BIBLIOGRAFIA 
 
 
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de toda a história escolar. 
Assim, uma parte importante da competência profissional tem raízes tão arraigadas 
em sua história de vida, que dificilmente a formação inicial alteraria as concepções do 
futuro professor sobre o ensino. Para Tardif (2004), estas fontes pessoais de saberes são 
chamadas de fontes pré-profissionais do saber-ensinar, e a socialização pré-profissional 
compõe-se das experiências familiares e escolares. Feiman (1983) denomina esta etapa 
formativa de fase de pré-treino, onde ocorrem experiências prévias de ensino que os 
candidatos a professor já viveram, geralmente como alunos, e que podem influenciá-los 
inconscientemente quando estes vierem a ser professores. 
Vivenciando estas fases da vida, repletas de experiências pré-profissionais, pré-
escolares, familiares, pessoais e enquanto aluno do ensino fundamental e médio, o futuro 
professor (muitas vezes sem saber que escolherá tal carreira profissional) atravessa uma 
trajetória de sua vida que lhe agregam conceitos e concepções acerca do ensino e da 
aprendizagem em etapas que antecedem em muito a chamada “formação inicial”, a qual 
ocorre, em geral, mediante um curso de graduação, e isto contribui para o processo 
formativo de sua posterior docência. Assim, analisando o fato de ocorrer inicialmente uma 
certa formação do indivíduo que ainda atuará como professor, acreditamos ser apropriado 
denominarmos tal etapa de sua vida, conforme descrita nos parágrafos acima, de trajetória 
formativa docente inicial, experienciada antes de um curso universitário. 
A partir do momento que o sujeito faz sua opção pela carreira docente e se envolve 
em um curso de graduação, cujo objetivo é a formação profissional de professores, fases 
diferentes são experimentadas (novos conceitos pedagógicos e didáticos, conteúdos 
disciplinares, atividades como estagiário), influenciando e afetando a sua trajetória de vida. 
A partir deste momento, acreditamos que o indivíduo encontra-se em uma etapa 
intermediária (e não obrigatoriamente inicial), pois os processos formativos, apresentados 
neste curso de formação de professores, posicionam-se entre sua anterior trajetória de vida 
pré-profissional (a qual acreditamos ser inicial, de fato) e a sua futura e próxima carreira 
profissional. Assim, preferimos denominar a trajetória formativa que detalharemos a seguir 
de trajetória formativa docente intermediária, e não como normalmente costuma ser 
chamada: formação inicial. 
Para Pacheco (1995), ao participar de um curso de formação de professores, ele se 
torna um aluno futuro-professor, ou como Tardif (2004) acertadamente denomina, um 
professorando. Nesta etapa, ele passa por uma situação formativa mais intensa e 
característica de sua pretendida profissão, mediante um plano curricular previamente 
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determinado, com concepções formalizadas sobre o ensino e sobre normas escolares. Esta 
é comumente denominada de fase de formação inicial, a qual abrange uma etapa de 
preparação formal numa instituição específica de formação de professores, onde se adquire 
conhecimentos pedagógicos e acadêmicos, realizando práticas de ensino. 
Por outro lado, a formação acadêmica, ou a chamada formação inicial, como sua 
própria denominação parece indicar, demonstra-se como apenas o começo de uma carreira 
profissional. Pensando no termo inicial, este se refere, sobretudo, ao princípio (início) de 
uma carreira que foi escolhida pelo indivíduo, e, por isso, não o compreendemos como 
sendo o início de uma formação em si. Nesta introdução para a futura profissão, ocorre a 
construção de saberes que não permanecem inalterados, pois a formação inicial (curso de 
graduação) não passa apenas de uma das fases da profissionalização docente, uma vez que 
os futuros professores já chegam carregados de concepções sobre o ensino, cujas 
modificações não são garantidas durante a sua formação inicial (GARCIA, 1999). 
Portanto, os estudantes que iniciam um programa de formação já possuem algumas 
concepções, conhecimentos e crenças enraizados e interiorizados sobre o que se espera de 
um professor, o papel da escola, um bom aluno, como se ensina etc, sendo que os cursos de 
formação inicial alteram pouco, ou confirmam e reforçam, o que os estudantes já trazem 
consigo (GARCIA, 1999). Sob esta ótica, os professores em formação inicial têm um 
conhecimento prévio acerca do ensino, o que poderá influenciá-los em suas práticas, 
quando atuarem como professores iniciantes. Por exemplo, os estudos, realizados por 
Camargo (2003), com licenciandos em Física, mostram que, embora estes futuros 
professores tenham sido ensinados a lecionar de um modo inovador em relação ao ensino 
tradicional, eles ministram suas aulas em conformidade com milhares de horas vivenciadas 
a partir de experiências enquanto alunos do ensino fundamental e médio, reproduzindo 
metodologias de ensino pré-formativas. 
Por isso, as metas e finalidades da formação inicial não deveriam abranger apenas 
os níveis dos conhecimentos, mas também das destrezas, habilidades ou competências, e 
atitudes ou disposições, através da prática de ensino (GARCIA, 1999). De fato, como 
mostram Zeichner (1993), Garcia (1999) e Pérez Gómez (1992), os saberes da profissão 
docente fazem parte de um constructo que é permanentemente modificado e elaborado 
pelo próprio professor durante a sua prática. 
Para Pacheco (1995), na função de estagiário, o indivíduo assume um papel 
ambíguo, pois é aluno e professor ao mesmo tempo. Neste estágio, o aluno pode se dar 
conta do ambiente da sala de aula como um conjunto de situações complexas e difíceis de 
TRAJETÓRIAS FORMATIVAS DOCENTES: BUSCANDO APROXIMAÇÕES NA BIBLIOGRAFIA 
 
 
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enfrentar, e notar a grande diferença do que revisou em suas aulas de formação. Segundo o 
Plano de Desenvolvimento da Educação (BRASIL, 2007), o estágio deve se constituir em 
um ato educativo supervisionado desenvolvido no ambiente de trabalho, fazendo parte doprojeto pedagógico do curso, além de integrar o itinerário formativo do estagiário. Para os 
estágios, Perrenoud (2002) sugere que deveriam existir mais parcerias amplas e equitativas 
entre universidades e escolas, alternando períodos de aulas e de estágio, efetuando 
negociações com as escolas sobre como os estagiários vão trabalhar nelas, envolvendo os 
mesmos de modo real, com um tempo dedicado à reflexão das ações após um período de 
estágio. Além disso, a universidade deveria continuar dando suporte ao professor formado 
durante os anos iniciais de seu trabalho. 
Esta trajetória formativa docente intermediária, que abrange as fases do curso de 
formação de professores e o período de estágio, antecede uma das mais turbulentas 
trajetórias da vida profissional, que chamaremos de trajetória formativa docente na 
carreira, passando por difíceis fases de adaptação no ofício de ensinar, enquanto professor 
principiante. As características que distinguem um iniciante de um profissional experiente 
podem ser claramente observadas, segundo alguns autores que veremos a seguir, nos 
primeiros três a sete anos. Fases posteriores à adaptação podem acarretar ao professor certa 
estabilidade e experiência que, por sua vez, podem lhe atribuir períodos de 
questionamento, inovações, conformações, lamentações, ou até mesmo desistência. 
Mencionando o professor iniciante, Pacheco (1995) o identifica como aquele que 
não completou ainda seus três anos de carreira após ter se graduado. É um período de 
intensa aprendizagem e assimilação, em concomitância com uma fase de adaptação 
profissional. Segundo Lacey (1977), nesta trajetória formativa profissional, podem ocorrer 
três decisões do professor: submissão estratégica (concorda com as definições das 
autoridades e constrangimentos, porém com reservas); ajuste interiorizado (concorda com 
as definições das autoridades e constrangimentos, acreditando ser a melhor solução para 
uma dada situação); redefinição estratégica (indivíduo não aceita uma situação e empenha-
se por uma mudança). Para Feiman (1983), nesta trajetória formativa ocorrem duas fases 
distintas: a fase de iniciação (primeiros anos de exercício profissional, nos quais os 
docentes aprendem na prática, em geral, através de estratégias de sobrevivência); e a fase 
de formação permanente (atividades planejadas pelas instituições ou professores de modo 
a atingir níveis de desenvolvimento profissional e aperfeiçoamento do seu ensino). 
Embora o ato de aprender a ensinar seja um continuum, ele é marcado por uma 
importante descontinuidade significativa, através da passagem da posição de aluno para 
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professor. Muitas vezes, nesta descontinuidade, ocorre um colapso entre os ideais que 
foram elaborados durante a formação de professores e a “crua e dura realidade da vida 
cotidiana da aula” (VEEMAN, 1988). Isto é confirmado pelas tensões e sentimentos de 
insegurança e temor (GARCIA, 1992; 1999) que o professor iniciante demonstra ao 
experimentar os seus primeiros dias de trabalho. Este momento é conhecido por “choque 
da realidade”, termo popularizado por Simon Veenman em 1984, conforme Garcia (1992), 
e também denominado por outros autores de “choque com a realidade”, “choque de 
transição”, “choque cultural”, todos significando o confronto inicial com a complexa 
realidade do exercício da profissão, que pode gerar a desilusão e o desencanto (TARDIF, 
2004). Esta fase de iniciação ao ensino é o período que abarca os primeiros anos em que os 
professores fazem a transição de estudantes para professores, nos quais há muitas tensões e 
aprendizagens sucessivas e intensivas em contextos geralmente desconhecidos, o que induz 
o principiante a levar uma atitude de sobrevivência, num esforço amplo para manter seu 
equilíbrio pessoal e profissional (GARCIA, 1999). 
Há frustração e desconcerto dos professores iniciantes que tentam enfrentar 
problemas usando os conhecimentos, estratégias e técnicas que lhes foram ensinadas na 
formação inicial, mas que parecem inúteis nos primeiros momentos de sua atuação 
profissional, segundo Pérez Gómez (1997), uma vez que estes cursos apresentam um 
abismo entre a teoria e a prática, sendo a prática definida como a aplicação no contexto 
escolar das normas derivadas do conhecimento científico, e geralmente situada no final do 
currículo de formação inicial. 
Outros principais problemas destes principiantes, apontados por Garcia (1999), são: 
a) imitação acrítica de condutas observadas em outros professores; b) dificuldade em 
executar a transferência do conhecimento adquirido na formação inicial; c) 
desenvolvimento de uma concepção técnica do ensino; d) isolamento entre os professores 
(caráter individualista). Para Zeichner (1997), um dos problemas mais importantes da 
formação de professores é o isolamento em pequenas comunidades compostas por colegas 
que compartilham ideias semelhantes, enfraquecendo maiores interações e debates. Além 
destes, Garcia (1999) mostra ainda outros aspectos atualmente prejudiciais ao ensino: 
burocratização, proletarização, intensificação do trabalho que diminui sua autonomia, 
progressiva feminização. 
Tendo em vista estes problemas, Tardif (2004) apresenta os três ou cinco primeiros 
anos de carreira como uma fase crítica, pois os professores acumulam sua experiência 
fundamental, devendo provar a si mesmos e a outros que sabem ensinar. Estas ações e 
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decisões vão transformando a sua maneira de ensinar em macetes, truques da profissão, em 
habitus, em traços da sua personalidade profissional. Este “choque da dura realidade”, 
quando se passa pelos primeiros anos de ensino, pode provocar as seguintes reações: 
alguns descobrem seus limites a tal ponto que os levam a rejeitar a sua formação; em 
outros, provoca uma reavaliação de sua situação; em outros ainda, suscita julgamentos 
mais relativos (a pessoa se conforma). 
Este choque, acredita-se, possui como uma de suas profundas raízes, a forma como 
são introduzidas as disciplinas de Prática de Ensino nos cursos de formação inicial das 
universidades, onde se dissocia a teoria da prática, mesmo que um estágio supervisionado 
seja considerado como ‘prática’ pela instituição formadora de educadores. Neste sentido, 
Garcia (1999) aponta que as práticas de ensino só podem contribuir para a formação 
quando respondem a algumas condições, tais como: os professores em formação devem 
melhorar sua disposição e competências para a aprendizagem, devem aprender a 
desenvolver um olhar crítico sobre o que vêem, pensam e fazem, e por último, encarar a 
prática como o princípio de sua aprendizagem contínua e não como uma aplicação da 
teoria ou um ponto culminante do processo de formação. Assim, tentando superar estas 
dificuldades, Garcia (1999) sugere uma reforma das disciplinas de Prática de Ensino, 
abrangendo uma revisão do currículo da formação inicial do professor e uma revisão das 
relações que se estabelecem entre a universidade e as escolas. Enquanto esta revisão não 
ocorre, a “dura realidade” obriga o professor a procurar atravessar com êxito etapas 
principais com interesses específicos, conforme Tardif (2004): interesses de sobrevivência 
pessoal (preocupação em obter êxito e ser agradável aos alunos); interesses sobre a 
situação de ensino (procura de métodos adequados a situações de ensino e aprendizagem); 
interesses sobre os alunos (preocupação com a aprendizagem deles e com o relacionamento 
que tem com eles). 
Durante esta fase de adaptação profissional no início da carreira, o professor passa, 
segundo uma revisão bibliográfica efetuada por Tardif (2004), por três fases gerais: 
transição do idealismo para a realidade, marcada pela reunião formal de orientação;iniciação aos sistemas de normas e hierarquias da instituição; descoberta dos alunos 
“reais”. No entanto, o mesmo autor apresenta também, uma visão mais reducionista de 
outros pesquisadores da área, em que mostram apenas duas fases para os primeiros anos de 
carreira: exploração (de um a três anos) e estabilização ou consolidação (de três a sete 
anos). Sob outros critérios, fases diferentes foram identificadas através de um estudo 
desenvolvido por Sikes (1985), embora sejam apresentadas com uma aparente linearidade, 
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de acordo com Garcia (1999): a) fase da exploração, quando o professor está 
profissionalmente se socializando; b) fase de transição, em que há indícios de estabilização 
profissional para alguns, mas há a busca de novos empregos para outros; c) fase de 
estabilização, quando o professor procura ser mais competente no trabalho, pois se sentem 
mais seguros e confiantes em si mesmos; d) fase de maturidade, em que há um desejo de 
adoção de novos papéis no contexto da escola; e) fase de preparação para jubilação, 
quando ocorre um afrouxamento da disciplina e de suas exigências perante os alunos. 
A fase do professor com experiência é, para Pacheco (1995), o último percurso da 
sua aprendizagem profissional e aquele que perdura por mais tempo. Mesmo assim, sua 
formação para a profissão docente permanece incompleta, uma vez que o professor jamais 
deixa de aprender, pois o ensino é uma profissão que exige uma constante evolução e 
adaptação a novas situações, e que deve acompanhar a rápida evolução da sociedade, 
ciência e tecnologia. 
Durante uma situação prática em aula, o professor reconceitualiza o que aprendeu 
em sua formação inicial, deixando de lado o formalismo e atendendo a sua utilidade. O que 
o professor sabe de si, dos alunos, matéria, currículo e métodos de ensino, não o aprendeu 
exclusivamente pela teorização, mas principalmente em contato com situações práticas, 
ponderadas e refletidas, ou seja, sua metacognição (PACHECO, 1995). Estes saberes 
pessoais são tão relevantes que, de acordo com os resultados obtidos por Gimeno, em 
1988, conforme apresentados por Pacheco (1995), em uma amostra de professores, 3/4 
deles consideram que a formação inicial que receberam “não lhes serviu para nada”. 
Acreditamos que afirmar “não servir para nada” seja uma postura um tanto extremista, pois 
certamente as influências de seu curso de formação de professores se farão presentes 
durante a atuação em sua carreira profissional. 
Com o tempo de serviço, o professor vai construindo um padrão próprio de 
comportamento, resultando na costumeira resolução de problemas em sala de aula. Nestas 
resoluções rotineiras, existem antecedentes internos, caracterizados por suas crenças, que 
influenciam nos seus processos cognitivos (Garcia, 1999). De acordo com Mizukami et al 
(1996), a aprendizagem de como ser professor e de como ensinar, ocorre, grande parte das 
vezes, nas situações de sala de aula. Para responder a determinadas situações, algumas 
vezes o professor recorre à sua intuição, que vem permeada pelas experiências, leituras e 
cursos acumulados nos seus anos de carreira. Por fim, ao serem requisitados para que 
expliquem verbalmente suas atitudes e escolhas de ações nos momentos de seu trabalho, os 
professores acabam fornecendo suas próprias explicações, muitas vezes isentas de teorias 
TRAJETÓRIAS FORMATIVAS DOCENTES: BUSCANDO APROXIMAÇÕES NA BIBLIOGRAFIA 
 
 
 19 
pedagógicas aprendidas na formação inicial, e transformam tudo isso em teorias 
particulares ou pessoais, declarando como sendo importante tanto a teoria como a prática. 
A trajetória na carreira profissional do professor é marcada por situações complexas 
e ímpares, as quais determinam ações e decisões do professor que vão, ao longo dos anos, 
construindo a sua “personalidade profissional” (TARDIF, 2004), ou como denomina 
Marland e Osborne (1990), suas teorias implícitas ou pessoais; ou ainda conforme 
Mizukami et al (1996), suas sínteses pessoais. Estes momentos, que na maioria das vezes 
se traduzem em problemas que “não encontram respostas pré-elaboradas” (PÉREZ 
GÓMEZ, 1992), são únicos, e vivenciados pelo professor na maioria das vezes dentro da 
sala de aula. Tais momentos não conseguem ser previstos e trabalhados durante a sua 
formação inicial, pois conforme Contreras (2002), as situações educativas são singulares, 
não sendo possível uniformizar ou generalizar os processos educativos. Por esta razão, 
afirma-se que a formação acadêmica, que procura introduzir o futuro professor à profissão 
de ensinar, não tem atingido os objetivos de entregar para a escola um profissional pronto e 
acabado a fim de cumprir o seu papel como educador. 
Assim, a trajetória de vida, formada pela família, escola (enquanto estudante), 
formação inicial e formação pós-inicial, determinam um conjunto de conhecimentos 
característicos da profissão docente, baseando-se em um constructo pessoal, teorias 
particulares e individuais que os professores adquirem ao longo de sua vida pessoal, 
acadêmica e profissional. Segundo Schön (1987), as teorias particulares e concepções dos 
professores podem estar profundamente enraizadas no pensamento do professor, 
remontando aos seus anos de estudante, sendo que a sua mudança implica um processo de 
autoconsciência e auto-reflexão. Neste sentido, afirma-se que a formação do professor é 
encarada como sendo permanente, contínua e ininterrupta. 
Conforme Guarnieri (2000), o professor, ao lidar em suas aulas com situações 
inesperadas que não puderam ser trabalhadas durante sua formação inicial, busca respostas 
em um conjunto de dados mentais (memória) repleto de concepções e idiossincrasias 
advindas de sua experiência pessoal anterior (família e escola, enquanto aluno). 
Acreditamos que todos estes momentos na vida do professor formam o que se chama de 
trajetória de vida do professor (NÓVOA, 2000), aludindo a muito mais do que uma 
simples trajetória profissional docente. 
Além disso, as fases da vida, através das quais o professor atravessa durante sua 
inteira trajetória de vida, são compostas por experiências familiares, pessoais, pré-
escolares, escolares (enquanto aluno do Ensino Fundamental, Médio, e de Graduação), 
 RODOLFO LANGHI e ROBERTO NARDI 
 
 20 
profissionais (enquanto professor na carreira), e não necessariamente ocorrem de modo 
independente, pois diferentes fases podem influenciar o trabalho do professor ao mesmo 
tempo. Por exemplo, a sua atuação profissional pode ser modificada conforme lhe ocorram 
experiências pessoais ou familiares durante certo período de sua vida. 
 
Repensando as diferentes trajetórias formativas 
Baseando-se na fundamentação acima e repensando na categorização e definição 
das trajetórias formativas docentes, acreditamos que há pelo menos três delas, 
considerando-as como principais na vida do profissional do ensino. Neste artigo, 
arriscamo-nos em denominá-las de: 
Trajetória formativa docente inicial: experiências de vida pessoal, familiar, social e 
escolar, ocorridas antes da escolha da carreira docente, e que certamente influenciarão 
futuramente atitudes e decisões enquanto um profissional do ensino. 
Trajetória formativa docente intermediária: concepções construídas acerca do 
ensino através dos conteúdos e práticas que lhe são apresentados durante um curso 
acadêmico de formação de professores. Normalmente é chamada de formação inicial ou 
curso de graduação. 
Trajetória formativa docente na carreira: experiências formativas profissionais e 
cotidianas que incrementam a sua formação como professor, as quais ocorrem após o 
término do curso que o habilitou. Normalmente é chamada de formação continuada.Haveria uma quarta trajetória, a nosso ver, que contribui direta ou indiretamente 
com a experiência de vida pessoal e profissional da parte do professor que já finalizou sua 
carreira, mas que dá continuidade com suas atividades extracurriculares, mesmo após ter se 
retirado para “cultivar o seu jardim” (HUBERMAN, 2000). Este tipo de profissional não se 
permite uma posição estática com relação à ocupação de ensinar e aprender, e suas 
preocupações persistem em se voltar para prestar um trabalho à comunidade escolar e de 
continuar aprendendo, mesmo depois de ter encerrado oficialmente a sua carreira, e por 
isso, poderemos denominar este percurso de trajetória formativa docente pós-carreira. A 
tabela 1 sintetiza estas quatro trajetórias formativas docentes e suas fases, apresentando as 
aproximações possíveis entre as referências consultadas. 
Nota-se que o aprendizado do professor, e consequentemente sua formação, ocorre 
constantemente, desde a tenra idade até a sua velhice. Por este motivo, acreditamos que o 
termo formação continuada estaria mais bem adaptado para explicar a inteira e completa 
trajetória de formação, abarcando as três acima, simultaneamente. Pensando deste modo, a 
TRAJETÓRIAS FORMATIVAS DOCENTES: BUSCANDO APROXIMAÇÕES NA BIBLIOGRAFIA 
 
 
 21 
formação continuada não ficaria limitada apenas a momentos que ocorrem após a formação 
inicial, como normalmente é entendida, mas iria além deste significado. 
Como os momentos experienciados antecedentes a um curso de formação docente 
contribuem para o profissionalismo, conforme atestam os autores já citados, podemos 
concluir que tais situações fazem parte de sua formação. Deste modo, a continuidade 
formativa já ocorre antes de qualquer inicialização através de um curso profissional, e é 
neste período que acontecem, de fato, os primeiros momentos de formação, ou seja, a sua 
verdadeira formação inicial ocorre em instantes localizados nesta trajetória de sua vida 
pessoal, familiar, escolar enquanto aluno, e que preferimos denominar de trajetória 
formativa docente inicial. 
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TRAJETÓRIAS FORMATIVAS DOCENTES: BUSCANDO APROXIMAÇÕES NA BIBLIOGRAFIA 
 
 
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Durante o chamado curso de formação inicial, o professor também experimenta 
eventos formativos, que o influenciarão em sua profissão, indicando que seu aprendizado 
está continuando, e não simplesmente começando ou iniciando, pois nem mesmo sua 
formação inicial seria de fato, um início em sua formação. Acreditamos, portanto que o 
termo formação intermediária se aplicaria mais adequadamente a estes momentos na 
trajetória formativa do professor, onde se inclui o curso que o habilita como tal. 
Como esta continuidade de aprendizagem, ou formação profissional, se dá antes 
mesmo de uma formação dita inicial, e continua após a mesma, isso nos leva a reformular 
também o significado do termo formação continuada, atribuindo-lhe uma significação 
mais ampla, uma vez que acaba permeando todo o processo formativo, o qual se inicia a 
partir do momento em que o sujeito possui a capacidade de aprender. 
 
Concepções acerca da formação continuada de professores 
Segundo apresentado pela literatura, há pelo menos duas concepções principais e 
distintas para a trajetória formativa denominada de “formação continuada de professores”. 
A primeira é aquela em que a formação continuada é considerada como sinônimo 
de cursos de curta duração, os quais, em geral, não proporcionam uma formação de fato, 
no sentido de resultar em mudanças na prática profissional dos professores que os 
frequentam, pois normalmente são formulados exclusivamente pelos mesmos atores dos 
cursos de graduação (ditos formação inicial de professores) sob a mesma perspectiva 
desconexa da prática e da realidade vivenciada pelo professor em exercício. Em resultado 
disso, muitos cursos que levam o nome de formação continuada não passam de meras 
atualizações de conteúdo, não alterando significativamente a prática docente, ou, quando 
muito, contribuem, às vezes, apenas para o professor reformular o seu discurso. Ou seja, o 
professor retorna à sua sala de aula com a mesma prática anterior (PIMENTA, 2000; 
MIZUKAMI et al, 2002; GARCIA, 1999). 
A segunda concepção de formação continuada aproxima-se mais ao que a literatura 
sobre formação de professores tem demonstrado, pois abrange um programa de 
acompanhamento mais contínuo do professor participante, não se resumindo a cursos de 
curta duração. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da 
Educação Básica, por exemplo, mostram que a formação inicial deve ser complementada 
ao longo da vida (BRASIL, 2001), o que exige uma formação continuada em larga escala, 
e não em algumas dezenas de horas. De fato, os princípios norteadores de implementação 
de programas de formação continuada do Ministério da Educação mostram que este tipo de 
 RODOLFO LANGHI e ROBERTO NARDI 
 
 24 
formação ultrapassa cursos compostos por apenas algumas horas, pois: a formação 
continuada vai além da oferta de cursos de atualização ou treinamento; a formação, para 
ser continuada, deve integrar-se no dia-a-dia da escola; a formação continuada é 
componente essencial da profissionalização docente (BRASIL, 2008). Estes documentos 
apoiam-se sob uma base legal única, a LDB, a qual, conforme já comentada na introdução 
deste artigo, indica as universidades e faculdades como mantenedoras de programas de 
formação continuada para professores (BRASIL, 1996). Assim, podemos afirmar que, no 
Brasil, a formação continuada é “exigência” por lei, com caráter de programa contínuo, 
não exclusivamente cursos de curta duração essencialmente conteudistas. 
No entanto, apoiando-nos nos referenciais analisados neste artigo, apresentamos 
uma terceira concepção adicional para a trajetória formativa docente denominada de 
“formação continuada de professores”: afirmamos que a formação continuada envolve 
todas as quatro trajetórias de vida pessoal e profissional descritas nos parágrafos anteriores, 
e não como ela costuma ser normalmente apresentada, a saber, determinadas situações 
formativas apenas após a formação inicial, em geral, sob a forma de cursos de curta 
duração, com o jargão “cursos de formação continuada”. De fato, a formação continuada 
abrange toda a continuidade da vida, incluindo todas as fases identificadas pelos autores já 
comentados e que fundamentam esta nossa concepção. 
Apresentamos, assim, a tabela 01 como uma síntese das trajetórias formativas 
docentes aqui discutidas e como elas são entendidas pelos principais autores da área, numa 
tentativa de aproximar seus significados e tipologias, conforme o questionamento central 
levantado no início deste texto. Na mesma tabela, nas suas extremidades laterais, 
apresentamos a nossa própria classificação destas trajetórias e suas fases, incluindo a nossa 
própria concepção sobre a formação continuada de professores, segundo a discussão 
acima. 
 
Considerações finais 
As diferentes tipologias referentes às trajetórias formativas docentes, conforme as 
visões de vários autores da área de formação de professores, podem ser aproximadas e 
sintetizadas, conforme a sua dimensão temporal, visando futuros trabalhos da área, 
interessados em abordar esta temática. 
Ao apresentar estas classificações e aproximações, no entanto, estamos cientes do 
alerta de Borges (2001) contra seis aspectos problemáticos neste tipo de trabalho: a) 
surgem dificuldades àqueles que se propõem a realizar sínteses para lidar com a 
TRAJETÓRIAS FORMATIVAS DOCENTES: BUSCANDO APROXIMAÇÕESNA BIBLIOGRAFIA 
 
 
 25 
diversidade tipológica existente; b) as sínteses também ficam marcadas com a diversidade 
teórica e metodológica, uma vez que a classificação e agrupamentos obedecem a critérios 
diferenciados; c) há a diversidade empírica dos próprios objetos de pesquisa; d) aparece 
um alto grau de abstração nestes estudos, assumindo a forma de discursos característicos 
dos (e entre) os pesquisadores, tornando-se cada vez mais distante da realidade dos 
docentes; e) as sínteses possuem limitações, embora tenham utilidade para o 
desenvolvimento da pesquisa; f) surgem problemas na repercussão dessas tipologias em 
outros países e em como isto é transferido para a realidade deles. 
Por outro lado, a visão geral das trajetórias formativas docentes, conforme 
apresentada em quadros-síntese resultantes de aproximações como estas, leva-nos à 
compreensão dos motivos de algumas situações do processo educativo nacional. Por 
exemplo, mediante esta breve análise teórica, podemos notar quão breve ocorre a chamada 
“formação inicial” (a mais curta de todas) e, como seria preocupante imaginar que a 
trajetória de menor duração possa ser concebida pelo senso comum como uma forma de 
entregar ao mercado de trabalho escolar professores prontos e preparados para exercer suas 
atividades profissionais a contento, ou pensar que a mais curta de todas as trajetórias 
formativas docentes seria capaz de formar um profissional. 
Portanto, encontramo-nos em um contínuo processo de formação, pois estamos 
constantemente aprendendo desde os primeiros dias de vida. Por isso, a formação não pode 
ser concebida como um processo finito e completo em si mesmo, o que implica em um 
provável repensar no significado do termo normalmente usado para os alunos de graduação 
que estão terminando ou terminaram recentemente seu curso: formandos. Em certo sentido, 
todos os seres que detenham uma capacidade de aprender durante sua vida podem ser 
chamados de formandos, pois o aprendizado não termina ao se completar, após poucos 
anos, um curso normalmente chamado de superior. Assim, não existe formação completa e 
acabada, pois todos somos formandos enquanto seres pensantes, e jamais atingimos o grau 
de formados. 
 
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 RODOLFO LANGHI e ROBERTO NARDI 
 
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RODOLFO LANGHI é professor adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso do 
Sul (UFMS/Campo Grande). Possui graduação em Licenciatura Plena em Ciências pelo 
Centro Universitário Fundação Santo André (1996), mestrado (2004) e doutorado (2009) 
pelo Programa em Educação Para a Ciência pela Universidade Estadual Paulista Júlio de 
Mesquita Filho (UNESP/Bauru). É sócio efetivo da Sociedade Astronômica Brasileira 
(SAB) e da Sociedade Brasileira de Física (SBF). Desenvolve pesquisas, projetos e 
publicações na área de Educação em Astronomia, Formação de Professores, e Prática de 
Ensino de Ciências e de Física.Ministra as disciplinas: Estágio Supervisionado; Prática de 
Ensino de Física; TCC; Educação em Astronomia. Maiores detalhes, na homepage: 
http://sites.google.com/site/proflanghi 
 
 
 RODOLFO LANGHI e ROBERTO NARDI 
 
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ROBERTO NARDI: Licenciado em Física pela Universidade Estadual Paulista Júlio de 
Mesquita Filho - UNESP (1972), mestre em Science Education pela School of Education 
da Temple University, Filadélfia, EUA (1978), doutor em Educação pela Faculdade de 
Educação da Universidade de São Paulo, FEUSP (1989) com estágio de pós-doutoramento 
na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, 2004-2005). Docente no Departamento 
de Física da Universidade Estadual de Londrina (UEL) (1980-1993). Secretário para 
Assuntos de Ensino da Sociedade Brasileira de Física (SBF), (1991-1993), Secretário 
Executivo, Vice-Presidentes e Presidente da ABRAPEC (2000-2005). É membro efetivo da 
ESERA - European Science Education Research Association. A partir de 1994 atua no 
Depto. de Educação e no Programa de Pós-graduação em Educação para a Ciência da 
UNESP, Bauru, como Professor Adjunto, Livre Docente. É um dos líderes do Grupo de 
Pesquisa em Ensino de Ciências, interessando-se por temas relacionados ao ensino de 
Ciências, particularmente ensino de Física, em questões relacionadas ao ensino, à 
aprendizagem e à formação inicial e contínua de professores. Foi Coordenador da Área de 
Ensino de Ciências e Matemática e Membro do Conselho Técnico Consultivo do Ensino 
Superior (CTC-ES) da CAPES no triênio 2008-2011. É atualmente membro da 
International Comission on Physics Education (C14) da IUPAP - International Union of 
Pure and Applied Physics.