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AD1- LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR

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1 
 
 
 
AD1 – 2021.2 GABARITO 
DISCIPLINA: LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR 
Coordenação: Profª Ana Maria de Bulhões Carvalho 
 
Caro (a) aluno (a): 
Esta é a primeira avaliação a distância deste semestre, uma avaliação individual 
e com consulta. Aproveite a boa ocasião para reforçar seus conhecimentos, 
considerando-a como um estudo dirigido, uma oportunidade de melhorar seu 
rendimento final na disciplina e garantir resultado satisfatório no Curso. 
Esta avaliação será realizada exclusivamente pela plataforma. Para responder 
às perguntas, leia atentamente os enunciados das questões e procure ser claro 
e objetivo na elaboração de suas respostas. 
INSTRUÇÕES 
• Se ainda tiver dúvidas, leia no Tutorial da plataforma o passo a 
passo para a realização deste tipo de avaliação on-line, ou 
comunique-se com as tutoras, na Sala de Tutoria. 
 
• Revise tudo antes de enviar. 
 
• FAÇA SUA PROVA EM WORD ANTES DE INSERI-LA NA 
PLATAFORMA. FACILITA A CORREÇÃO, O QUE AGRADECEMOS. 
ATENÇÃO: Verifique se você se apresentou no Fórum de apresentação, 
sim? 
NESTE SEMESTRE VAMOS PRIORIZAR A LITERATURA 
LATINOAMERICANA! 
Boa prova! 
 
 
2 
 
QUESTÃO 1 (2 PONTOS) sobre a assimilação da leitura 
 
Dialogando com os colegas a partir do Fórum de Apresentação 
Todos os alunos participaram do Fórum de Apresentação. Cada um contou sua 
experiência de iniciação literária. Agora é preciso dialogar com os colegas. Vá 
ao Fórum, leia o que dizem e selecione um depoimento que tenha tocado seu 
coração. Copie-o e comente-o aqui na questão. Elabore um texto autoral, com, 
pelo menos, 200 palavras. 
Pessoal 
 
QUESTÃO 2 (2 PONTOS) sobre poesia 
No capítulo sobre “Família”, da seção Perfis, em um ensaio 
autobiográfico, na segunda parte do livro Elogio de sombras (1977)*, Jorge 
Luís Borges escreve, falando do pai: 
“Foi ele que me revelou o poder da poesia – o fato de que as palavras não são 
apenas um meio de comunicação, mas também símbolos mágicos e música” 
(p.68). 
Por outro lado, o escritor moçambicano Mia Couto, afirma que “A poesia não é 
um gênero literário, é um idioma anterior a todas as palavras.” (IN: O mapeador de 
ausências, 2021,p. 14). 
Pode-se dizer que um pensamento complementa o outro? Explique cada frase 
dos escritores, para justificar se concorda ou não com a pergunta que fizemos. 
Sim, pode-se dizer que os pensamentos se complementem. Se partirmos do 
conceito de poesia como gênero literário constituído de palavras escolhidas não 
apenas semanticamente, mas também pela sua forma gráfica e sonoridade, trazido 
em nossas aulas, é possível entender claramente a magia e a música mencionadas 
por Jorge Luis Borges. O ritmo e a métrica são capazes de provocar esta sensação. 
Ao mesmo tempo, quando Mia Couto diz que a poesia ‘é um idioma anterior a 
todas as palavras’, logo vem à mente a capacidade da poesia de, mesmo que 
economicamente, dar novos significados às palavras por meio de seus usos dentro 
dos poemas. É capaz de criar cenários em nossa imaginação de formas 
completamente diferentes de textos escritos em prosa. E esta característica muito 
tem a ver com as sensações provocadas pela poesia que Jorge Luis Borges cita. 
OU 
O pensamento dos autores se completa porque ambos definem a poesia como 
uma forma de comunicação que antecede a palavra, ou seja, a poesia exprime os 
sentimentos da alma e entrelaça autor e leitor num ato de interpretação peculiar. A 
poesia expressa a liberdade do autor nos versos e estrofes, e permite que o leitor se 
aproprie dos sentimentos deste ao escrevê-la. 
3 
 
O escritor Jorge Luis Borges evidencia que a poesia vai além do que poderíamos 
perceber com as palavras: afinal uma mesma palavra, numa poesia poderá ter 
diversas interpretações dependendo de quem lê, como e quando for lida. 
O escritor Mia Couto não considera a poesia um gênero literário por apontar 
que a poesia é uma forma de comunicação ilimitada, portanto colocar um rótulo-
gênero--, seria limitá-la à realidade concreta das ações, enquanto não há limites para 
a imaginação. 
Ambos autores conferem à poesia a possibilidade de comunicação ilimitada, 
pois uma poesia pode falar do eu, eles, nós, sentimentos da alma, e tudo mais que o 
autor possa imaginar e compartilhar com o mundo. 
Ainda 
Sim, um pensamento complementa o outro. No pensamento de Jorge Luis Borges, a 
poesia tem poder, não é apenas comunicação ou conjunto de palavras, mas é símbolo 
mágico e música. Vemos um universo mais amplo da poesia nesta fala. 
Já de acordo com Mia Couto, a poesia é um gênero literário anterior às palavras. Aqui 
vemos uma espécie de transcendência da poesia. 
Ambos escritores definem a poesia para além de algo, sejam as próprias palavras, o 
idioma ou a comunicação. Portanto é nesse aspecto que as duas falas se tocam e se 
complementam. A busca pela definição da poesia é algo que inquieta o poeta, essa 
busca o leva a uma resposta que transcende o campo das palavras. 
O fato da poesia ser anterior a todas as palavras para Mia Couto, explica porque a 
mesma poesia é mágica e música para Jorge Luis Borges. Porque sendo anterior a tudo, 
a poesia gera tudo e se transforma em tudo porque é liberdade e criatividade. 
 
QUESTÃO 3 (2 PONTOS) sobre a construção poética 
3.1. Como afirma Bakhtin, “cada enunciado é um elo da cadeia muito complexa de 
outros enunciados.” (op.cit. Koch, 2012, p.78). Pesquise na internet 
(https://youtu.be/nPbTs9ZJcfU) e comente de que maneira a assertiva pode ser 
aplicável aos últimos versos da canção Divina comédia humana, do compositor/cantor 
cearense Belchior. 
A canção de Belchior mescla suas próprias ideias, criações e palavras com os 
conhecimentos antes adquiridos por ele de obras literárias famosas. 
O próprio título da canção, Divina Comédia Humana, remete tanto à obra de Dante 
Alighieri, A Divina Comédia, quanto à obra de Honoré de Balzac, A Comédia Humana. 
Além do título, Belchior faz alusões a estas obras em alguns de seus versos. 
Também há referências ao soneto Ora direis, ouvir estrelas (Via Láctea), de Olavo 
Bilac. 
https://youtu.be/nPbTs9ZJcfU
https://youtu.be/nPbTs9ZJcfU
https://youtu.be/nPbTs9ZJcfU
4 
 
Sendo assim, fica evidente que Belchior criou um elo perfeito entre vários 
enunciados, expressando bem o seu ponto de vista realista sobre a vida e o amor 
OU 
A assertiva pode ser aplicada aos últimos versos da canção de Belchior quando o autor 
assume que não se pode controlar o tempo, espaço, ou os sentimentos humanos. Logo, 
perder o senso seria o lógico para o ser humano que é finito e não pode esperar pelo 
amanhã (que talvez não aconteça). Aproveitar o agora é o mais importante para não 
se perder um amor ou a vida na sua plenitude. 
 
Ainda 
"Ora direis, ouvir estrelas, certo perdeste o senso Eu vos direi no entanto" 
 Trecho da canção "a divina comédia humana", Belchior. 
 
"Ora, direis, ouvir estrelas, certo Perdeste o senso, e eu vos direi, no entanto" 
 Trecho do soneto "Via láctea", Olavo Bilac. 
Como observamos nos trechos transcritos acima, as passagens são idênticas, o que 
significa que Belchior se serviu do soneto de Olavo Bilac para construir sua música. Há, 
portanto, um diálogo entre os textos, o que configura o elo que Bakthin diz haver entre 
os enunciados. 
 
3.2. Que traços de intertextualidade são identificáveis na letra da canção 
de Belchior? Procure e exemplifique. 
A intertextualidade fica evidente justamente nas citações e menções a outros 
escritores na obra de Belchior. 
Torna-se implícita no título da canção, mas também no assunto tratado na 
canção. 
Ao mencionar o céu e o inferno, Belchior faz alusão à obra de Dante que, em seu 
livro, publicado em 1472, menciona sua própria viagem pelo Purgatório, Inferno e 
Paraíso. 
Quando canta “Ora direis, ouvir estrelas, certo perdeste o senso”, Belchior relembraOlavo Bilac e reforça sua forte ligação com a realidade. 
OU 
 Belchior faz nos seus versos relações com situações do nosso dia a dia. Na canção 
temos a referência à tensão que o goleiro de futebol sente numa partida ao ver seu 
adversário se aproximando. A alegria do raiar do dia traz depois de uma noite, ou seja, 
desperta novas emoções. O encontro casual relaciona a um momento breve, sem muita 
importância ou profundidade emocional. “Ficar colado à pele dela noite e dia” sinalizam 
5 
 
que a intenção do autor é permanecer ao lado da amada constantemente. O ficar colado 
está referindo-se a cola usado para colar papel, objetos, madeira, etc. “Morando na 
filosofia”, seria uma forma de expressar quem ama é sábio. Etimologicamente, a palavra 
filosofia é amor à sabedoria. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia Acesso em 
22/08/2021) Uma transa sensual compara-se a um encontro para satisfazer apenas aos 
prazeres físicos, e não para compartilhar uma vida a dois. 
O autor nos versos: “Eu quero gozar no seu céu, pode ser no seu inferno 
Viver a divina comédia humana onde nada é eterno!” 
Belchior faz a intertextualidade com o clássico da literatura mundial, “Divina Comédia” 
escrito pelo escritor italiano Dante Alighieri no século XIV, que traz em três volumes os 
títulos: Inferno, Purgatório e Paraíso. O autor descreve a trajetória humana em busca 
de salvação da alma (paraíso/céu). Belchior enfatiza que a vida é uma passagem curta 
que precisa ser experimentada não dando tanta relevância para o fim (céu ou inferno), 
mas sim celebrar o presente. https://pt.wikipedia.org/wiki/Divina_Com%C3%A9dia 
Acesso em 25/08/2021. 
Ainda 
O próprio título do texto é uma referência a " A Divina Comédia", obra magna do 
escritor italiano Dante Alighieri, e ao livro " A comédia humana" de Honoré de Balzac, 
célebre escritor francês. 
Abaixo, segue uma transcrição da letra da música de Belchior que também lembra a 
obra de Alighieri: 
"Eu quero gozar no seu céu, pode ser no seu inferno, 
Viver a divina comédia humana onde nada é eterno, 
Eu quero gozar no seu céu, pode ser no seu inferno, 
Viver a divina comédia humana onde nada é eterno" 
 Trecho da canção " A Divina Comédia Humana", de Belchior. 
Notamos uma referência a obra "A Divina Comédia" de Dante Alighieri, uma vez que 
tal obra relata a experiência do personagem que transita pelo inferno, purgatório e 
céu. 
QUESTÃO 4 (2 PONTOS) sobre poesia e espaço-tempo-tema 
Vimos que, com as mudanças dos tempos, mudam-se os gostos, os hábitos, os modos 
de pensar; essas transformações, de ordem econômica, social, política, também geram 
impacto nas criações artísticas de modo geral. Com a produção feminina vai se dar 
fenômeno semelhante, pois os temas que afetam este universo feminista estão 
expressos de forma contundente na fala de nossas poetas parnasianas e 
contemporâneas. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia%20Acesso%20em%2022/08/2021
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia%20Acesso%20em%2022/08/2021
https://pt.wikipedia.org/wiki/Divina_Com%C3%A9dia
6 
 
4 Leia os dois poemas abaixo, comente e compare 
a) a temática. 
A temática de ambos os poemas é a mulher. Entretanto, Conceição Evaristo traz uma 
visão mais voltada para o empoderamento da mulher, valoriza suas características e a 
importância delas. Já Luiza Amélia de Queiroz Brandão faz uma crítica ao impacto que 
ainda gera na sociedade a mulher que rompe os “padrões” contemporâneos, ao mesmo 
tempo em que se compromete a fazê-lo. 
OU 
A temática das duas poesias é o papel feminino na sociedade. No poema de Conceição 
Evaristo (Minas Gerais, século XXI) – Eu-mulher, a autora apresenta os aspectos físicos 
da mulher como progenitora, destacando o período da amamentação e o 
desenvolvimento do corpo como sinal de maturidade física. A mulher neste poema, 
embora, madura fisicamente, ainda não tem voz ativa na sociedade como cidadã de 
direito. A sua voz é inaudível como se o seu papel social, fosse apenas parir filhos. A 
autora chama atenção para valorização da mulher como sujeito histórico no contexto 
social, onde possa falar e ser ouvida porque é um direito adquirido e assegurado pelo 
Constituição Cidadã (1988). 
No poema de Luiza Amélia de Queiroz Brandão (Piauí, final sec. XIX) a autora insere 
desde os primeiros versos a posição social da mulher como uma lutadora pelos seus 
direitos civis. A autora não se preocupa em descrever a mulher fisicamente, como mãe 
e mulher, e sim demonstra nos versos a capacidade feminina para lidar com situações 
tipicamente delegadas aos homens como julgar (juiz), advogar. A mulher do poema de 
Brandão é a mulher que foge aos padrões da sociedade do século XIX, a saber mãe e 
esposa apenas. A mulher proposta pela autora é aquela que não fala mais baixo, ou 
nem fala, mas a mulher que grita para que os seus direitos sejam cumpridos, 
Os dois poemas discutem o papel social da mulher, em séculos diferentes com palavras 
diferentes, e tendo em vista o reconhecimento do ser mulher e cidadã num contexto 
social tipicamente machista. No século XXI, a mulher conquistou mais direitos que a do 
século XIX, como exemplo a Lei Maria da Penha (LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 
2006) que assegura proteção à mulher contra agressões domésticas de seus 
companheiros, no entanto ainda há um longo caminho para a igualdade de gênero ser 
uma realidade, onde homens e mulheres têm igualdade salarial e são valorizados pela 
sua competência e não pelo gênero. 
Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm Acesso em 
30/08/2021. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm
7 
 
Ainda 
Os dois poemas têm como centro a mulher. Mas como são poemas de épocas diferentes, 
possuem abordagens temáticas, estéticas ( me refiro ao uso de palavras e não a ordenação 
dos versos) e sintáticas diferentes. 
Conceição Evaristo, escritora contemporânea, traz uma escrita mais aberta quando fala "Uma 
gota de leite me escorre entre os seios", "Uma mancha de sangue me enfeita entre as pernas" 
e "Eu-mulher em rios vermelhos inauguro a vida." Tais abordagens talvez fossem mal vistas se 
fossem aplicadas em um poema do século XIX, como o outro. Essa é uma característica de 
Conceição Evaristo, que marca a fala por esses temas que são tabus, como a biologia da 
mulher e sua sexualidade, vemos isso em outras obras suas, como o romance " Ponciá 
Vicêncio'', por exemplo. Também fala da mulher em sua natureza reprodutora, como se vê nas 
passagens: " Eu fêmea-matriz" e "Eu-mulher abrigo da semente". 
Já Luiza Amélia de Queiroz Brandão, escreve seu poema no século XIX, no nordeste, onde a 
cultura era mais tradicional e fechada à liberdade da mulher. Seu poema marca a busca da 
mulher por seu reconhecimento e as barreiras que enfrenta em uma cultura fechada e 
machista. 
"É, para os falsos sectários, um crime que os faz pasmar!" Esse trecho mostra como a atividade 
da mulher era vista como uma ofensa à estrutura da sociedade. Como ela diz: é transgredir 
leis. 
Mas a escritora não desiste e luta por sua autonomia, como observamos: "Não posso curvar a 
fronte Nesse estreito horizonte E na inércia ficar!" 
Esse poema demonstra a difícil vida da mulher e sua luta, sua esperança. 
 
b) a linguagem de cada uma - considerando a época em que foram 
escritos. 
Eu-mulher 
Uma gota de leite me 
escorre entre os seios. 
Uma mancha de sangue 
me enfeita entre as pernas 
Meia palavra mordida me 
foge da boca. 
Vagos desejos insinuam esperanças. 
Eu-mulher em rios vermelhos 
inauguro a vida. Em baixa voz 
violento os tímpanos do mundo. 
Antevejo. Antecipo. 
Antes-vivo 
Antes – agora – o que há de vir. 
Eu fêmea-matriz. 
Eu força-motriz. 
Eu-mulher abrigo 
da semente moto-
contínuo do 
mundo. 
8 
 
 
 Você pode ouvir o poema musicado em https://www.letras.mus.br/mariana-per/eumulher/ 
 
Leia agora o poema de Luiza Amélia de Queiroz Brandão (Piauí, final sec. XIX) 
A mulher 
A mulher que toma a pena 
Para em Lira a transformar, 
É, para os falsos sectários, 
Um crime que os faz pasmar! 
Transgride as leis da virtude 
A mulher deve ser rude 
Ignara por condição! 
Não deve aspirar à glória!... 
Nem um dia na história 
Fulgurar com distinção! 
Mas eu que sinto no peito, 
Dilatar-me o coração, 
Bebendo as auras da vida, 
Na sublime inspiração: 
Eu que tenho uma alma grande, 
Uma alma audaz que s’expande 
No espaço a voejar. 
Não posso curvar a fronte 
Nesse estreito horizonte 
E na inércia ficar! 
(NUNES, Luiza Amélia de Queiroz. Flores incultas. Parnaíba, PI: [S.N.], 1875, 
p.71 - 75). 
 
Expressando sua busca por liberdade, é incontestável a subjetividade presente na obra 
de Luiza Amélia, que teve o devido reconhecimento pela ousadia de publicá-la em uma 
época em que a mulher não tem representatividade social, 
As mulheres, restritas ao espaço privado do lar, eram então incultas pois tinham acesso 
limitado à instrução--quando tinham. A elas não se destinava a esfera pública do mundo 
econômico, político, social e cultural. 
A linguagem escolhida por cada uma delas é, de acordo com seus contextos, usada para 
causar impacto ao leitor. Ambas usam linguagem clara e contemporânea. 
Ainda 
O diferencial entre os poemas quanto a linguagem, reside no modo natural como 
Conceição Evaristo coloca questões da natureza da mulher e sua sexualidade, enquanto 
Luíza Amélia usa expressões mais polidas como " Fulgurar com distinção!". Por outro 
lado, o poema de Luiza Amélia pode ter sido encarado como afronta pela sociedade da 
época, por retratar uma mulher que tem sonhos e deseja vivê-los. Imaginando o texto 
https://www.letras.mus.br/mariana-per/eu-mulher/
https://www.letras.mus.br/mariana-per/eu-mulher/
https://www.letras.mus.br/mariana-per/eu-mulher/
https://www.letras.mus.br/mariana-per/eu-mulher/
9 
 
de Evaristo transportado para a época de Luiza Amélia, o choque da sociedade seria 
maior, ao verem palavras como " Uma mancha de sangue me enfeita entre as pernas". 
Com isso, nota-se que as palavras usadas pelas autoras foram revolucionárias cada 
uma em sua época, ao construírem seus textos de acordo com suas sensações em cada 
momento histórico diferente. 
 
QUESTÃO 5 (2 PONTOS) ainda sobre poesia feminina 
5.1 Usando poucas palavras, descreva o ambiente que o poema cria. 
 
As palavras do poema levam a imaginar um ambiente pacífico, de companheirismo, 
parceria e amor entre cônjuges. 
OU 
A autora retrata um ambiente doméstico, trivial de um casal quando o homem volta da 
pescaria com peixes. A poeta tem a preocupação de mostrar a cooperação entre marido 
e mulher, em que a limpeza dos peixes é feita pelos dois, sem distinção de gênero. 
Prado leva o leitor a imaginar a simplicidade da vida a dois e ao mesmo tempo a 
profundidade de desfrutar bons momentos com quem se ama. 
Ainda 
O poema retrata um ambiente familiar, que representa a felicidade da cumplicidade e 
da companhia, um casamento. 
5.2 Que recursos Adelia Prado usa para criar este efeito. Como compõe os versos? 
Adélia Prado introduz o poema comparando a sua atitude com a de outras mulheres, 
quando seus maridos voltam de uma pescaria. A autora faz questão de destacar que 
ela apoia o marido por prazer e não por obrigação feminina nas tarefas do lar. Nos 
versos: “prateou no ar dando rabanadas, fala do marido ao referir-se ao movimento do 
peixe ao ser pescado. Aqui a autora usou a personalização para destacar o animal nos 
versos. 
OU 
Prado usa verbos ou situações que expressam ações rotineiras da vida de um casal que 
vão da chegada do marido em casa, colaboração da mulher para limpar o peixe, o 
compartilhamento de conversas e olhares, o saudosismo do primeiro encontro até o 
descanso do casal em seu quarto. Não há separação por estrofes. O leitor é levado pelos 
versos a ser a terceira pessoa nesse relacionamento de trocas afetivas e entrosamento 
10 
 
do casal numa atividade trivial realçada pelos sentimentos que chegam a ser palpáveis 
no poema. 
Ainda 
Os recursos usados por Adélia Prado são os fatos e acontecimentos cotidianos. A escritora 
serve-se de acontecimentos simples para cativar o leitor e criar um ambiente familiar e realista, 
como observamos em "É tão bom, só a gente sozinhos (sic) na cozinha, de vez em quando os 
cotovelos se esbarram". Esse pode ser visto como um relato de muitas pessoas de verdade, o 
que gera identificação e comoção. O recurso de retratar o cotidiano e a realidade criam os 
efeitos característicos produzidos pelo poema de Adélia Prado. 
Também usa o recurso da metáfora ao demonstrar as relações de um casamento por meio de 
um contexto de pescaria e limpeza de peixe. No trecho: "ajudo a escamar, abrir, retalhar e 
salgar", a autora identifica a atividade de limpar o peixe com a lida, a luta do casamento, ou 
seja, no casamento há trabalho, mas também vale a pena, uma vez que segundo a autora: "é 
tão bom, só a gente sozinhos (sic) na cozinha". 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
Fonte: https://www.google.com/search?q=poesia+casamento+adelia+prado&client=firefox-
bd&sxsrf=ALeKk02qihMOK1J3llN- 
ajxi0sJu9rwXYg:1628981069604&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=_LsCLu2apmy0YM%252CAx3fMocD4
MYeM%252C_&vet=1&usg=AI4_-
kQ8jucctNnFOVGV6BS5LKfj13J5uQ&sa=X&ved=2ahUKEwjjgfvy7HyAhWDH7kGHRgyCIYQ9QF6BAgnEAE#i
mgrc=iimIiWLT4BWBZM 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.google.com/search?q=poesia+casamento+adelia+prado&client=firefox-b-d&sxsrf=ALeKk02qihMOK1J3llN-ajxi0sJu9rwXYg:1628981069604&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=_LsCLu2apmy0YM%252CAx3f-MocD4MYeM%252C_&vet=1&usg=AI4_-kQ8jucctNnFOVGV6BS5LKfj13J5uQ&sa=X&ved=2ahUKEwjjgf-vy7HyAhWDH7kGHRgyCIYQ9QF6BAgnEAE#imgrc=iimIiWLT4BWBZM
https://www.google.com/search?q=poesia+casamento+adelia+prado&client=firefox-b-d&sxsrf=ALeKk02qihMOK1J3llN-ajxi0sJu9rwXYg:1628981069604&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=_LsCLu2apmy0YM%252CAx3f-MocD4MYeM%252C_&vet=1&usg=AI4_-kQ8jucctNnFOVGV6BS5LKfj13J5uQ&sa=X&ved=2ahUKEwjjgf-vy7HyAhWDH7kGHRgyCIYQ9QF6BAgnEAE#imgrc=iimIiWLT4BWBZM
https://www.google.com/search?q=poesia+casamento+adelia+prado&client=firefox-b-d&sxsrf=ALeKk02qihMOK1J3llN-ajxi0sJu9rwXYg:1628981069604&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=_LsCLu2apmy0YM%252CAx3f-MocD4MYeM%252C_&vet=1&usg=AI4_-kQ8jucctNnFOVGV6BS5LKfj13J5uQ&sa=X&ved=2ahUKEwjjgf-vy7HyAhWDH7kGHRgyCIYQ9QF6BAgnEAE#imgrc=iimIiWLT4BWBZM
https://www.google.com/search?q=poesia+casamento+adelia+prado&client=firefox-b-d&sxsrf=ALeKk02qihMOK1J3llN-ajxi0sJu9rwXYg:1628981069604&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=_LsCLu2apmy0YM%252CAx3f-MocD4MYeM%252C_&vet=1&usg=AI4_-kQ8jucctNnFOVGV6BS5LKfj13J5uQ&sa=X&ved=2ahUKEwjjgf-vy7HyAhWDH7kGHRgyCIYQ9QF6BAgnEAE#imgrc=iimIiWLT4BWBZM
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