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TCC CORREAO VALIDO

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FACULDADE UNIBRASÍLIA 
CURSO DE DIREITO
LEILIANE DA SILVA FERNANDES
BRUMADINHO E MARIANA: POSSIBILIDADE DE REPARAÇÃO DE DANOS PELO ESTADO
 
Brasília
2021
LEILIANE DA SILVA FERNANDES
BRUMADINHO E MARIANA: POSSIBILIDADE DE REPARAÇÃO DE DANOS PELO ESTADO
Monografia apresentada como requisito para conclusão do curso de Direito pela Faculdade UniBrasília - Gama. Professora Orientadora: Professora Taynara Amaral.
Brasília
2021
LEILIANE DA SILVA FERNANDES
BRUMADINHO E MARIANA: POSSIBILIDADE DE REPARAÇÃO DE DANOS PELO ESTADO
Monografia apresentada como requisito para conclusão do curso de Direito pela Faculdade UniBrasília - Gama. Professora Orientadora: Professora Taynara Amaral.
Brasília, de de 2021
BANCA EXAMINADORA
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Profª. Taynara Amaral
_______________________
Prof.
Examinador
_______________________
Prof.
Examinador
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo analisar a possibilidade de reparação de danos pelo Estado nos desastres ocorridos em Brumadinho e Mariana. Ou seja, a presente pesquisa visa verificar se o Poder Público pode ser obrigado a reparar os danos, decorrentes dos desastres supramencionados, juntamente com as empresas privadas envolvidas. Conclui-se que, as inconsistências com presença nas legislações e jurisprudências, assim como os diversos casos de improbidades por parte dos agentes públicos realizam contribuições para aumentar a corrupção e manutenção das práticas empresariais que fazem a violação das legislações ambientais. Com isso, as omissões e comissões estatais em detrimento dos crimes ambientais com prática pelas empresas torna-se um dos grandes entraves para efetivar as eles, no contexto onde a instituição que possui o poder de fiscalização, torna-se cúmplice desses crimes. Por fim, neste cenário, o Brasil acaba assistindo eventos como os de Mariana e Brumadinho, sem haver a possibilidade de asseguração aos cidadãos que eles não acabarão se repetindo, menos ainda que a impunidade não triunfará.
Palavras-chave: Reparação de danos. Poder Público. Responsabilidade Civil , penal e administrativa do Estado. 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................6
1 OS DESASTRES DE BRUMADINHO E MARIANA: BREVE PANORAMA DAS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DECORRENTES DO ROMPIMENTO DE BARRAGENS..............................................................................................................8
1.1 DAS RESPONSABILIDADES PREVISTAS NO ART. 225 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.....................................................................................................................8
1.1.1 Responsabilidade Civil: espécies........................................................................8
1.1.2 Responsabilidade Penal: requisitos....................................................................8
1.1.3 Responsabilidade Administrativa: conceito........................................................8
2 DA RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS E PESSOAS FÍSICAS ENVOLVIDAS NOS DESASTRES DE BRUMADINHO E MARIANA.........................8
2.1 DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS POR DANOS AMBIENTAIS
2.1.1 Teoria do risco integral……………………….……………………………………….8
2.1.2 Regime Aplicável À Reparação Dos Danos Individuais……………..………......8
2.2 RESPONSABILIDADE DOS PRESIDENTES E DIRETORES DAS EMPRESAS DEGRADADORAS…………………………………………………………...…………......8
2.3 É POSSÍVEL A RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DOS ENVOLVIDOS?............................................................................................................8
2.4 RESPONSABILIDADE CRIMINAL DAS PESSOAS JURÍDICAS E DOS SEUS DIRETORES E PRESIDENTES……………………………………………………………8
2.4.1 responsabilidade dos indivíduos por crimes ambientais…………………………….8
2.4.2 responsabilidade das pessoas jurídicas e de seus diretores
2.4.3 responsabilidade penal dos envolvidos por crimes não ambientais…………………………………………………………………………………8
3 BRUMADINHO E MARIANA: POSSIBILIDADE DE REPARAÇÃO DE DANOS PELO ESTADO…….....................................................................................................8
3.1 O PODER PÚBLICO PODE SER OBRIGADO A REPARAR OS DANOS JUNTAMENTE COM AS EMPRESAS DEGRADADORAS? ......................................................................................................................................8
CONCLUSÃO..............................................................................................................8
REFERÊNCIAS.................................................................................................................8
INTRODUÇÃO
Ao término do século XX, a temática do meio ambiente acabou emergindo em várias áreas, tomando novos direcionamentos que possuem a tendência de ir além das noções de um ambiente entendido como consenso e movimento ambiental como homogêneo e com foco de forma única em preservar os recursos naturais. Tiveram surgimento novas questões de direito social, relacionadas com o meio ambiente, que levam em consideração as relações perante deterioração das condições de vida populacional e deterioração da socioecologia, ou seja, dentre desequilíbrios sociais e ambientais.
Estas novas discussões acabaram possibilitando conscientizações sobre a necessidade do estabelecimento de acordos e trocas coletivas com envolvência o meio ambiente. Neste interim, o meio ambiente tem apresentação como um setor privilegiado para surgir novos modelos de envolvimento e participação das pessoas nos debates públicos, realizando contribuições para surgir novas maneiras de produção de conhecimento.
Com isso, partindo destas amplas articulações perante questões sociais e ambientais, a luta tem como base a cidadania ambiental e tem estruturação partindo da utilização de contra-hegemónico do Estado de Direito e das práticas de democracia participativa. Nesse interim, as práticas democráticas caracterizantes das proposições de direito ambiental possuem consistência com as proposições com defesa em nome de diversas lutas pela emancipação social. O surgimento e desenvolvimento do movimento de justiça ambiental tem consideração como um significativo exemplo deste fenômeno articulatório.
Em 2015, uma tragédia acabou devastando a cidade de Mariana em Minas Gerais. Uma barragem de dejetos de minérios teve ruptura, e inundou a maior parte da cidade com lama tóxica e o rio que tinha consideração a grande fonte de água de várias cidades. A barragem era de uma empresa com denominação de Samarco, de propriedade da Vale, considerada a segunda maior empresa de mineração do planeta.
Além do mais, a falta de medidas eficazes para controlar os riscos das barragens por parte da empresa Vale e do Estado realizaram contribuições com uma tragédia ainda maior. Uma barragem parecia com a de Mariana teve sua ruptura na cidade de Brumadinho em Minas Gerais. Mesmo o alcance dos dejetos foi menor por causa do volume em armazenagem, ela acabou atingindo uma área povoada, além da estrutura administrativa e do refeitório da empresa, o que causou o desaparecimento de mais de cento e oitenta pessoas, e a morte de ao menos cento e cinquenta.
Ativistas ambientais e a imprensa acabaram divulgando o evento como uma tragédia anunciada, para qual a Vale e o Estado acabaram recebendo diversas notificações. Existem também, desconfianças por instituições ambientais e por parte da sociedade relacionadas com as negligências estatais para conter os riscos da barragem, e até mesmo de esquemas de corrupção voltados a aprovar os pareceres em favor da continuidade dos trabalhos no local quando ambientalistas fizeram indicação de seus riscos. Nesse interim, surge o questionamento acerca da responsabilidade estatal no dano ambiental.
Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo analisar a possibilidade de reparação de danos pelo Estado nos desastres ocorridos em Brumadinho e Mariana. Ou seja, a presente pesquisa visa verificar se o Poder Público pode ser obrigado a reparar os danos,decorrentes dos desastres supramencionados, juntamente com as empresas privadas envolvidas.
 
1 OS DESASTRES DE BRUMADINHO E MARIANA: BREVE PANORAMA DAS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DECORRENTES DO ROMPIMENTO DE BARRAGENS
Os desastres ambientais ocorridos em Mariana e Brumadinho, ambas em Minas Gerais, devastaram largas regiões e, principalmente, afetaram a vida de diversas pessoas. Nesse panorama, é de se esperar que, com os referidos eventos, o Estado buscaria intervir no cenário para que isso não ocorresse novamente, investindo em políticas públicas de prevenção, o que não ocorreu.
O primeiro ocorreu em 5 de novembro de 2015 com o rompimento de uma barragem de rejeitos e o transbordamento de outra, ambas da empresa Samarco Mineração S/A na cidade de Mariana-MG, ocasião que causou grandes desastres ambientais e mortes de trabalhadores e moradores. O segundo, mais recente, ocorreu em 25 de janeiro de 2019 com o rompimento de uma barragem de rejeitos da empresa Vale S/A, na cidade de). Brumadinho-MG, também resultando em desastres ambientais e mortes (REZENDE e SILVA, 2019).
Ambos eventos causaram destruição ambiental e patrimonial, além de, principalmente, causar danos irreversíveis à vida das pessoas afetadas direta ou indiretamente. Como citado anteriormente, o incidente em Mariana, que por meio do Rio Doce alcançou o estado de Espírito Santo, a 663km de distância, levando rejeitos para o mar, contaminando pelo menos 80 mil m²deste. Não bastante, em seu percurso de destruição, desabrigou mais de 1.200 pessoas, causou destruição vegetal, e a morte de 19 pessoas.
No caso de Brumadinho, de acordo com o jornal Estado de Minas (PARREIRAS, 2020), 270 pessoas foram soterradas, das quais 11 ainda estavam desaparecidas. Além disso, o rompimento atingiu o Córrego do Feijão, riacho que irrigava a região. 
Ainda nesse sentido, MASSIGNAM (2019) levante em suas pesquisas que a barragem de Brumadinho não recebia vistoria desde de 2016, o que configura a falta de fiscalização presencial nas suas dependências até o momento do rompimento, em 2019. Também, em julho de 2018, a empresa alemã Tüd Süd, a qual prestava consultoria à Vale, expediu um laudo de segurança relatando que explosivos não poderiam ser usados próximos à mina, tampouco poderiam trafegar caminhões e veículos pesados sobre ela, ou haver qualquer elevação do nível da água. O mesmo laudo solicitava a adoção de medidas de segurança e liquefação. Apesar disso, a Vale obteve “autorização para expandir as minas do Córrego do Feijão - local do desastre, e de Jangada, as duas pertencentes ao Complexo Paraopeba” (MASSIGNAM, 2019, p. 55), mesmo com as obras previstas divergindo da recomendação do próprio relatório já citado. Ainda assim, a SEMAD (Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais) concedeu a aprovação do licenciamento, em 11 de dezembro de 2018, embora houvesse a expressa menção da previsão de uso explosivos, retroescavadeiras e caminhões de grande porte.
Posto isto, faremos um paralelo com outros eventos. Odete Medauar (2004, p. 433) destaca que:
[...] a responsabilidade civil do Estado diz respeito à obrigação a este imposta de reparar danos causados a terceiros em decorrência de suas atividades ou omissões; por exemplo: atropelamento por veículo oficial, queda em buraco na rua, morte em prisão.
Medauar, em sua fala, deixa clara a observância da obrigação estatal de não se omitir, e no caso da fiscalização inadequada, pode-se configurar um caso de omissão. Esse viés traz nova luz aos fatos ocorridos nas regiões citadas de Minas Gerais, posta a larga escala do acontecimento e a visão sobre omissões relacionadas a não vistoria de patrimônio, a qual ocasiona lesões a terceiros.
1.1 DAS RESPONSABILIDADES PREVISTAS NO ART. 225 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	 
De acordo com o art. 225, parágrafo 3º da Constituição Federal, as atividades e condutas lesivas ao meio ambiente poderão acabar gerando responsabilização civil, administrativa e criminal, sem prejuízo de possível condenação por improbidades ambientais e reparações dos danos individualistas às vítimas e trabalhadores.
1.1.1 Responsabilidade Civil: espécies
Em um primeiro momento é fundamental ter noção do entendimento de responsabilidade civil. A ideia relacionada a responsabilidade civil vem do ideal de não causar prejuízos a outrem. Ou seja, não seria justo que alguém tivesse prejuízos através de uma conduta, omissa ou comissiva, de outra pessoa e que precisa amargar um prejuízo por algo que não teve culpa.
A ideia relacionada com a responsabilidade civil tem origens no latim respondere no Direito Romano, que era a responsabilização de alguém para quem assume-se as consequências de suas atividades (GAGLIANO E PAMPLONA FILHO, 2014).
De acordo com Rodrigues (2003), a responsabilidade civil tem consideração como a obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparação do prejuízo causa a outra, por fato próprio ou por fato de pessoas ou coisas que dela tem dependência.
De forma doutrinária é tido que o instituto da responsabilidade civil torna-se parte do direito obrigacional, pois a principal consequência prática de um ato ilícito torna-se a obrigação que acabara acarretando para seu ator, de reparação do dano, obrigação essa de natureza pessoal, que tem sua resolução em perdas e danos (GONÇALVES, 2009).
O novo Código Civil traz em seu art. 186 o seguinte texto: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, fazer violações do direito e vier a causar danos a outrem, ainda que de forma exclusiva moral, comete ato ilícito.
É possível perceber que a responsabilidade civil é o dever de reparação do dano causa àquele que o suportou. Distintamente da responsabilidade penal, que tem vistas a uma sanção pessoal como a perda da liberdade ou outra restrição de direito, por exemplo.
Neste contexto, Gagliano e Pamplona (2014) pontuam que, na responsabilidade civil, o agente que acabou cometendo o ilícito possui a obrigação de reparação do dano patrimonialista ou moral causado, procurando a restauração do status quo ante, obrigação essa que, se não tiver mais possibilidade, tem sua conversão no pagamento de uma indenização ou de uma compensação, enquanto, pela responsabilidade penal ou criminalista, precisa o agente sofrer a aplicação de uma cominação legal, que pode ser privativa de liberdade, restritiva de direitos ou mesmo pecuniária.
Partindo disso, ainda é fundamental o esclarecimento que para a ocorrência do dever de reparação, configurando-se a responsabilidade é fundamental a presença de três elementos, que são: conduta, dano e nexo causal.
A conduta tem consideração como a ação ou omissão com prática por quem comete o dano, sendo o nexo causal a ligação lógica perante essa conduta e o dano causado. Ou seja, o dano apenas tem existência por que aquela conduta teve ocorrência.
O ordenamento jurídico possui a finalidade de proteger o que é lícito, bem como repreender o que é ilícito, conferindo dessa maneira aos agentes a possibilidade de realizar ou não algo, com determinada liberalidade, desde que não venha a prejudicar outrem ou atinja bens jurídicos tutela dos pelo Estado (ANDRADE, 2012).
“A partir do momento em que se pratica um ato, tem o agente o dever jurídico de prezar pela legalidade e moralidade do mesmo, ou seja, praticá-lo em consonância com a lei e os princípios morais e éticos a ele cabíveis” (ANDRADE, 2012, p.1).
Dessa maneira:
Se o ato praticado for ilícito, acarretando um dano, tem como efeito imediato a criação de obrigações a serem atendidas pelo executor do ato ilícito. Esse efeito é denominado por alguns juristas de dever jurídico originário ou primário. A violação de esse dever jurídico primário gera um dever secundário ou efeito mediato do ato ilícito, qual seja, a indenização do prejuízo causado (CARVALHO FILHO, 2012, p.158).
Sintetizando o que foi dito, Andrade (2012) explica que, em apertada síntese, a responsabilidade civil, nada mais é que um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico originário.O Título IX do Código Civil/2002, elenca o embasamento para as regras gerais da responsabilidade civil no direito brasileiro. A obrigação de indenizar pelo dano causado a outrem está expressa em seu artigo 927: "Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo” (BRASIL, 2010, p.22).
A responsabilidade civil tem por escopo reparar o prejuízo da vítima, seja material, moral ou estético, obrigando o causador do dano à reparação por meio de indenização proporcional. Para Cavalieri Filho (2008, p.149), a responsabilidade Civil opera a partir do ato ilícito, com o nascimento da obrigação de indenizar, que tem por finalidade tornar indemne o lesado, colocar a vítima na situação em que estaria sem a ocorrência do fato danoso.
A grande maioria dos civilistas entende que a responsabilidade civil opera a partir da culpa, ou seja, quando o ato ilícito ocorrer por imperícia, imprudência ou negligência, ou quando houver dolo, ficando então, sujeito à sanção. Dessa forma, “a responsabilidade civil é denominada subjetiva, pois a verificação da existência o não de culpa dá-se com a análise da conduta do causador do dano” (SIMÃO, 2009, p.93).
Assim, a responsabilidade civil subjetiva, sob o fundamento da culpa, provinda do direito romano clássico, inspirada no Código Francês de 1804, encontrou nesse a sua forma generalizadora, servindo de padrão às legislações modernas, entre as quais se insere a brasileira (KRIGER FILHO, 2010).
Por outra senda, a responsabilidade civil pode ser objetiva, ou seja, aquela em que "o que se leva em conta é a potencialidade de ocasionar danos; a atividade ou conduta do agente que resulta por si só na exposição a um perigo, independentemente se houve atitude culposa por parte do causador do dano (VENOSA, 2015).
A Teoria da responsabilidade civil objetiva percorreu um longo caminho até passar a ser admitida no ordenamento jurídico atual, começando com "sua divulgação na França, sendo Salleiles e Josserand seus precursores. Inicialmente, as primeiras atenuações em relação ao sentido clássico de culpa traduziram-se nas ‘presunções de culpa’ e em mitigações no rigor da apreciação da culpa em si. Os tribunais foram percebendo que a noção estrita de culpa, se aplicada rigorosamente, deixaria inúmeras situações de prejuízo sem ressarcimento (KRIGER FILHO, 2010).
Assim, a jurisprudência, diante da necessidade de mudanças de paradigmas, passa a aceitar uma nova realidade, imposta pela nova ordem social. Primeiro, admite a culpa presumida e posteriormente, a responsabilidade sem culpa, baseadas na teoria do risco, ou seja, a atividade passa a ter, além do bônus, o ônus.
Dessa forma, tem-se que a doutrina do risco pode ser, então, assim resumida: todo prejuízo deve ser atribuído ao seu autor e reparado por quem o causou, independentemente de ter ou não agido com culpa. Resolve-se o problema na relação de causalidade, dispensável qualquer juízo de valor sobre a culpa do responsável, que é aquele que materialmente causou o dano (CAVALIERI FILHO, 2008).
Assim, na responsabilidade civil objetiva não tem necessidade à presença de nenhum elemento subjetivo, bastando ter a existência o dano e o nexo causal perante a conduta, sem perquirir elementos subjetivos, para que tenha configuração a responsabilidade de reparação do dano.
A teoria relacionada com a culpa subjetiva teve consagração pelo Direito Brasileiro, partindo do Código Civil de 1916 “ (BRASIL, 2002) ” e no atual Código Civil tem presença no artigo 1861, no Código de Defesa do Consumidor em seu art. 14, §4º “ (BRASIL, 1990) ”. Resulta daí que a comprovação da culpa, em detrimento dos atos com prática pelo agente, tem determinação no ordenamento jurídico, especialmente para averiguar o quantum indenizatório. Neste contexto, a ordem jurídica acaba levando em conta o fato humano voluntário, perante o qual tem repouso toda a construção dos efeitos jurídicos.
Na responsabilidade subjetiva, a vítima necessita provar a culpa do agente, seja ela por dolo ou culpa. Já na responsabilidade objetiva existe uma presunção de culpa, logo o ônus probandi tem inversão, e é o agente a quem se imputada a conduta que precisa fazer a demonstração que não foi o causador do dano ou, pelo menos, provar que existiu uma excludente de responsabilidade civil, como por exemplo, a culpa exclusiva de vítima, caso fortuito ou força maior, exercício regular de um direito. Casos esses que, se tiver comprovação acabam excluindo o nexo causal entre agente e dano, derrubando a responsabilidade civil (RAMOS, 2014).
Assim, é possível notar que, a responsabilidade civil subjetiva tem como base a teoria da culpa, sendo ela fundamental para que tenha recaída perante o agente o dever de indenização. Gonçalves (2009) pontua que, por ser subjetiva, a responsabilidade se esteia na ideia de culpa. A prova da culpa do agente acaba passando a ser pressuposto fundamental do dano indenizável.
Com isso, a prova da culpa do agente acaba passando a ser pressuposto (subjetivo) fundamental do dano indenizável, tendo a vítima provar o nexo perante o dano e a culpa do agente.
Queiroz (2011) pontua que, a responsabilidade civil subjetiva é dada quando a fundamentação do dever de indenização residir na noção de culpa latu sensu. Com isso, terá avaliação o elemento anímico do agente para poder ter existência de sua responsabilização. Neste caso, a culpa torna-se o principal pressuposto para que seja caracterizado a responsabilidade civil subjetiva, e tem configuração o dever de reparação quando se encontram com presença culpa ou dolo. Na responsabilidade subjetiva é fundamental a presença dos elementos dolo ou culpa permeando a conduta do agente que acaba cometendo o dano.
1.1.2 Responsabilidade Penal: requisitos
As responsabilidades no contexto do Direito Penal tornam-se de forma total com independência das responsabilidades presentes em outras esferas, como é o caso da responsabilidade, advinda do Direito Civil e a responsabilidade administrativa, objeto do Direito Administrativo.
Para Venosa (2012) acerca desta ramificação do direito nas suas respectivas responsabilidades, poderá ter vários caráteres como a responsabilidade civil e penal. As noções de responsabilidade, como é o caso do gênero, tem implicação em examinar a conduta voluntária que viola um dever jurídico. Neste contexto, a responsabilidade poderá ser de vários caráteres, mesmo de maneira ontológica a conceituação seja a mesma. De começo, existe um divisor de águas perante responsabilidade penal e civil. Além do mais, a ilicitude poderá ser civil ou penal.
O ordenamento jurídico precisa ter compreensão e respeito das diferenças destes institutos de responsabilidade. Há tempos, o Direito Penal tem consideração como a “ultima ratio”, isto é, precisa ter utilização como última razão, a última saída para a resolução de litígios em pendência. Todos os outros meios alternativos precisam se tornar ineficientes para que o penal possa ser colocado em prática.
Deixando de lado o fato que, os ilícitos civis nem, todavia, possuem relação de forma coincidente com os ilícitos penais, puníveis segundo a lei penal. Neste contexto, Venosa (2012) pontua que, o círculo dos atos de ilicitude como é caso dos fatos e atos humanos possui uma amplitude bem maior: os ilícitos civis nem sempre se configurarão de condutas puníveis, com descrição na lei penal. Entretanto, a ideia de transgredir um dever jurídico tem sua presença em ambas as responsabilidades. Cabe ao legislador, quando houver necessidade, tornar uma conduta de forma criminal punível.
Venosa (2012) acrescenta ainda que, o direito penal, considerado a área do direito público, é uma maneira da salvaguarda dos direitos da sociedade como um todo, de forma individualista. Além do mais, o direito civil acaba fazendo suas relações privadas, onde é possível a compreensão melhor de todos os alcances daquelas atividades particulares possa fazer alcance. As normas de direito penal tornam-se de direito público, com interesse de forma mais direta para a sociedadedo que ao indivíduo lesado, ao ofendido. No direito privado, o que apresenta-se em destaque é reparar o dano em prol da vítima, no direito penal como regra, é buscado punir e melhor adequar socialmente em prol de todos. Quando possuem incidências as duas ações, existirão duas persecuções, um em prol da sociedade e a outra em prol dos direitos da vítima.
Com isso, é possível entender que, mesmo a responsabilidade civil e penal, sejam possuintes de interseções nos conceitos e são axiológicas, os objetos e os intuitos de responsabilização são de forma totais distintos uns dos outros. As áreas do direito penal, civil e administração têm suas respectivas responsabilidades.
O dano ambiental é possuinte de responsabilidade administrativa e civil, sendo que, é possível receber sanções destas esferas e ainda penais em casos de algum indivíduo vir a cometer algum tipo de impacto partindo dos crimes ambientais. Entretanto, a pessoa jurídica não é possibilitada de cometer crimes decorrendo das várias posições da doutrina (GALVÃO, 2009).
O que tem maior importância em relação a responsabilidade penal é de que, ela precisa apenas de utilização em última situação possível, isto é, nos casos de extrema necessidade. Relacionado ao direito ambienta, a doutrina faz afirmação que, como há outros meios de responsabilização do dano ambiental de maneira administrativa e civil, a esfera penal não seria necessária (MARQUES, 2021).
Quanto ao conceito de responsabilidade penal, Galvão (2009) pontua que, é o dever jurídico de responder por ações de delito que acaba recaindo perante o agente imputável.
Ao cometer um delito, uma pessoa considerada responsável terá submissão a uma pena. Ao inimputável terá aplicação uma medida de segurança, ou seja, uma providência substitutiva ou complementar da pena, sem natureza expiatória ou aflitiva, mas de índole assistencial, de prevenção e recuperação, representando determinadas restrições pessoais e patrimoniais, fundada na periculosidade. Enquanto a pena possui uma natureza de forma essencial ética e tem como base a justiça, a medida de segurança é de forma ética neutra e possui por fundamentação a utilidade. A pena é sanção; a medida de segurança não é sanção e tem vistas ao impedimento do provável retorno para prevenir a prática criminal partindo de neutralização profilática ou de recuperação social da pessoa. A pena possui como natureza jurídica fundamental o sofrimento, é repressiva e intimidante. A medida de segurança possui natureza terapêutica, assistencial ou pedagógica, tendo serventia ao fim de segregação tutelar ou readaptação da pessoa (MARQUES, 2021).
Para que um indivíduo seja responsável de forma penal por um certo delito, são fundamentais 3 condições básicas, que são segundo Dotti (2015):
1) Ter feito a prática do delito;
2) Ter tido, à época, entendimento de natureza criminosa da ação;
3) Ter sido livre para a escolha perante praticar e não praticar a ação;
Além do mais, a responsabilidade penal de acordo com Dotti (2015) poderá ser:
1) Total: quando o agente tinha a capacidade do entendimento da natureza criminosa de seu ato e de se determinar de forma total segundo este entendimento. Neste caso, o delito que fez prática lhe é imputável, e poderá o agente ser julgado responsável de forma penal;
2) Parcial: se, à época do delito, o agente era de maneira parcial com capacidade de entendimento da natureza criminosa do ato e parcialmente capaz de se determinar segundo este entendimento. Neste caso, o delito lhe é semi-imputável, e o agente pode ser julgado parcialmente responsável pelo que fez, sendo que, na prática terá implicação em reduzir a pena de um a dois terços ou substituição da pena por medida de segurança;
3) Nula: quando o agente era, à época do delito, de forma total sem capacidade do entendimento da natureza criminosa do fato ou totalmente sem capacidade de se determinar segundo esse entendimento. Neste caso, o delito com prática lhe é inimputável e o agente será julgado irresponsável penalmente pelo que fez;
1.1.3 Responsabilidade Administrativa: conceito
A responsabilidade administrativa é resultante de infrações a normas administrativas, sujeitando o infrator a sanção de caráter também administrativa. Tem sua fundamentação na capacidade que as pessoas jurídicas de direito público têm da imposição de condutas ao administrador – é o poder administrativo, com inerência à Administração dos entes políticos, nos limites das respectivas competências institucionalistas (MEIRELLES, 2015).
Entre estes poderes, é preciso destacar o poder de polícia administrativa, que a Administração Pública exerce perante as atividades e bens que acabam afetando ou poderiam afetar toda a coletividade. Todos os entes do Estado são possuintes de poder de polícia com relação à matéria que lhes cabe regular (MEIRELLES, 2015).
O direito penal e o direito administração, em relação aos poderes disciplinar e de polícia são considerados direitos sancionatórios, com veiculação partindo de ações de condenação, tendo distinção pelo caráter das sanções e fins que cada um persegue. Com isso, da mesma maneira como na esfera penal, é entendido que a sanção administrativa de caráter punitivo não precisa passar para o sucessor do infrator, tendo sua transmissão tão apenas a sanção de caráter reparatório.
Chamone (2018) faz definição de pena e sanção administrativa como o delito administrativo ao descumprir uma obrigação positiva que o cidadão possui para com a Administração como membro da sociedade, e assim, como parte dessa Administração.
Além do mais, a aplicabilidade das sanções administrativas, da mesma forma como a penal, precisa de forma necessária ser precedida de processo administrativo, existindo contraditório e ampla defesa, tendo observação o devido processo legal (MEIRELLES, 2015).
Em relação a natureza jurídica da responsabilidade administrativa, é preciso fazer a seguinte análise: se, de um lado, tem imunidade a dúvida que a responsabilidade civil ambiental é objetiva e que a penal é subjetiva, de outro lado, a identificação da natureza jurídica da responsabilidade administrativa torna-se uma matéria repleta de dificuldades, e por este motivo, pouco discutido na parte doutrinária.
De acordo com Freitas (2017), conquanto se apregoe a histórica aceitação da culpabilidade no direito administração de sanção, são poucas as posições explícitas ao lançamento de luz no caminho a ser seguido. Meirelles (2015), partiu da regra da objetividade. Até mesmo, desde há tempos, a multa administrativa é considerada de caráter objetiva, se tornando devida independente se ocorreu culpa ou dolo do infrator.
Com a Lei nº 9.605/98, que versa acerca das sanções penais e administrativas com derivação das condutas e atividades que lesam o meio ambiente, a temática acabou passando a receber uma maior atenção na doutrina, com posições repletas de conflitos (CHAMONE, 2018).
Uma parte da doutrina, com o pensamento voltado a responsabilidade objetiva, de forma pioneira faz defesa que, quando a Lei nº 9.605/1998 fez referência à infração administrativa como toda ação ou omissão que faça a violação das regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente, com condicionamento somente na voluntariedade da pessoa que fez sua violação, estabelecer como regra maior a teoria da responsabilidade objetiva no contexto administrativo-ambiental. A culpa será a exceção, em hipóteses com prefixação no ordenamento jurídico brasileiro (MEIRELLES, 2015).
De outro lado, perante o contexto da responsabilidade subjetiva, é defendido que, além dos aspectos da voluntariedade, não prescinde a culpa, como pressuposições fundamentais para caracterizar a infração administrativa, antes com garantia expressamente no art. 5º, LV, da Constituição, assegurando para os litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados de forma geral, a mais ampla defesa, que não acaba se coadunando com o regime da responsabilidade objetiva.
Em uma decisão unânime da 2ª Turma, a Corte teve entendimento que a responsabilidadeambiental administrativa possui caráter subjetivo, sendo que, a aplicabilidade das penalidades administrativas não faz obediência à lógica da responsabilidade objetiva do contexto civil, entretanto, precisa ter obediência ao dinamismo da teoria da culpabilidade, isto é, a conduta precisa ser cometida pelo alegado transgressor, demonstrando seu elemento subjetivo e demonstrando o nexo causal perante conduta e danos.
Em um outro caso, a 1ª Turma fez adoção de um posicionamento inverso, decidindo que a responsabilidade ambiental administrativa é considerada objetiva, forte na preceituação com presença no § 1º do art. 14 da Lei nº 6.938/1981, ensejando o posicionamento de que, o poluidor tem a obrigação, sem a existência de exclusão das penalidades, a indenizar ou fazer a reparação dos danos, independente se existe culpa. É verídico que este posicionamento iniciou a tomar outro caminho partindo do julgamento do AgRg do Agravo em REsp 62.584/RJ em 2015, que pela maior parte deu provimento ao recurso, onde a responsabilidade civil por dano ambiental tem maior abrangência do que a responsabilidade administrativa e penal, não fazendo admissão dessas últimas que terceiros venham a responder a titulação objetiva pelas ofensas ambientais por prática por outrem.
2 DA RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS E PESSOAS FÍSICAS ENVOLVIDAS NOS DESASTRES DE BRUMADINHO E MARIANA 
2.1 DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS POR DANOS AMBIENTAIS 
Inicia-se fazendo destaque do texto com exposição no art. 14, § 1º da Lei nº 6.938/1981, determinado ser o poluidor responsável, independente se existe culpa, por indenizar ou reparar os danos com causa no meio ambiente. Assim, a responsabilidade está para a vítima – meio ambiente e não para a figura do agente causador. (BRASIL, 1981)
O intuito da lei e de toda a sociedade é proteger, e de forma consequente preservar o meio ambiente, mas nem todavia, este intuito tem alcance e áreas que precisariam de proteção são utilizadas de forma indevida, danificando-as.
Machado (2014) pontua que, a responsabilidade civil por dano ambiental é considerada objetiva, isto é, tem independência de demonstrar culpa, bastando comprovar o dano e existência de nexo causal que venha a fazer frente ao causador para a ocorrência da obrigatoriedade de indenização.
O art. 927, parágrafo único do Código Civil, traz que, existirá a obrigatoriedade de reparação do dano, independente de culpa, nos casos em especificidade em lei, ou quando a atividade geralmente com desenvolvimento pelo autor do ano tiver implicação, por seu caráter, risco para os direitos de outrem. (BRASIL, 2002).
Machado (2014) pontua que, a responsabilidade objetiva ambiental tem em seu significado que, aquele que acabam danificando o ambiente possui o dever jurídico de sua reparação. Presente, pois, o binômio dano/reparação. Não se é perguntado o motivo da degradação para a existência do dever de indenização ou reparação. A responsabilidade sem culpa incide em indenizar ou reparar os danos com causa ao meio ambiente e aos terceiros afetados por sua atividade.
Caso fique provado que ocorreu o dano e o nexo causal, existe a necessidade de reparar o prejuízo pelo meio ambiente na tentativa de reconduzi-lo em maior proximidade possível ao seu status quo.
Normalmente, os danos com causa ao meio ambiente são considerados de difícil reparação, com isso, dispõe a Lei nº 6.938/1981 no seu art. 4º:
A Política Nacional do Meio Ambiente visará: 
(...) 
VI – a preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas a sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; 
VII – a imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar ou indenizar os danos causados pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. (BRASIL,1981).
Com isso, é notado que, o dever de reparar o dano ambiental tem positivação no ordenamento jurídico, que faz previsão de suas maneiras de ressarcir o dano ambiental, em um primeiro momento na busca de reparar ou substituir o bem ambiental lesado, de forma subsidiária, a compensação monetária da vítima, partindo de pagar indenização pecuária, que tem seu funcionamento como compensação ecológica.
Para Bedran e Mayer (2013), em atendimento das especificidades do Direito Ambiental, a responsabilidade precisa acabar seguindo duas vias, preventiva e reparatória, sendo que, não existindo a possibilidade de reparar os danos ambientais a via de prevenção tem eficiência na tutela ao meio ambiente.
O dano ambiental poderá ser de maneira direta, onde a ação acaba caindo de forma direta perante o bem tutelado ou indireta quando tem ocorrência a degradação por falta de agentes de prevenção.
Segundo Lemos (2008), a maior parte dos danos ambientais são decorrentes devido ao abuso do direito e/ou provocados por atos ilícitos que não respeitam os limites da preservação com estabelecimento por lei.
Além do mais, Leite e Ayala (2010) pontua que, o dano ambiental tem pressuposição para imputar a responsabilidades em casos onde existe lesão a certo bem ambiental ou a interesses de terceiros com envolvência, possuindo amplos significados apresentados pela doutrina, dependendo do bem atacado e do meio específico que tem inserção.
2.1.1 Teoria do risco integral
Para a presente teoria, bastante a existência das pressuposições do dano e nexo causal, dispensando-se dos outros elementos, como é possível citar a culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso fortuito ou força maior.
Milaré (2009) pontua que, ainda que a indústria tomou diversas precauções para que sejam evitados acidentes que causam danos ao meio ambiente, se, como exemplo, há a explosão de um reator que controla a emissão de agentes químicos poluidores (caso fortuito), tem subsistência o dever de indenização. Da mesma maneira, caso por um fato da natureza tiver a ocorrência no derramamento de substâncias tóxicas existentes no depósito de uma indústria (força maior), pelo fator da existência da atividade haverá o dever de indenização.
Segundo Montes (2002), desimporta e tem irrelevância a força maior e o caso fortuito para a exclusão da responsabilidade. Com isso, tem aplicação a teoria do risco integral, onde o dever de reparação tem independência da análise da subjetividade do agente e tem fundamentação pelo fato da existência da atividade de onde adveio o prejuízo. O poluidor acabará assumindo de forma integral os riscos advindos da sua atividade, não tendo importância se o acidente ecológico foi provado por falhas humanas ou técnicas ou se for obra do acaso ou foça maior.
Para a presente teoria, não tem importância se a atividade de poluição tem consideração lícita ou não, tem importância se existiram falhas humanas ou técnicas, caso fortuito ou força maior. Tendo ocorrência o dano ambiental, o poluidor possui o dever de indenização.
Meirelles (1999) pontua que, a teoria do risco integral é considerada a modalidade extremada da doutrina do risco administrativo, com abandono na prática, pela condução ao abuso e iniquidade social. Para esta formulação radical, a Administração tem a obrigação de indenização dos danos suportados por terceiros, mesmo que resulte de culpa ou dolo da vítima.
Entretanto, Di Pietro (2009) pontua que, tem ocorrência que, diante das normas que tiveram introdução no direito brasileiro, tiveram surgimento hipóteses em que são aplicadas a teoria do risco integral, levando em conta que a responsabilidade estatal tem incidência de forma independente da ocorrência das circunstâncias que geralmente teria consideração excludentes da responsabilidade. É o que tem ocorrência em casos dos danos com causa por acidentes nucleares (art. 21, XXIII, d da Constituição) e ainda em hipóteses de danos que decorrem dos atos terroristas, de guerra ou eventos correlatos, contra aeronaves de empresas aéreas brasileira, de acordo previsão nas Leis nº 10.309/2001 e 10.744/2003. Ainda, o Código Civil fez previsão de várias hipóteses de risco integral nas relações obrigacionais,de acordo com os arts. 246, 393 e 399.
A teoria do risco integral de forma original fez legitimação da responsabilidade objetiva, proclamando reparar o dano mesmo que não seja voluntária, responsabilizando-se o agente pelos atos do qual fosse a causa materialista, na execução somente dos fatores exteriores ao homem.
Adotar essa teoria tem justificativa pelo contexto de proteção com presença no art. 225, caput, da Constituição Federal, ao meio ambiente de forma ecológica equilibrado, podendo-se vislumbrar a instituição de real obrigação da incolumidade perante os bens ambientais.
O vínculo da responsabilidade objetiva à Teoria do Risco Integral acaba expressando preocupações doutrinárias no estabelecimento de um sistema de responsabilidade o mais rigoroso possível, ante o alarmante quadro de degradação que assiste não apenas no país, mas em todo o planeta. De acordo com esta doutrina do risco integral, qualquer fato culposo ou não, faz imposição ao agente a reparação, desde que cause um dano.
Com isso, é verificado que essa, tem consolidação no contexto do Superior Tribunal de Justiça e a aplicabilidade da teoria do risco integral nos casos de dano ambiente, apresenta-se disso a natureza objetiva da responsabilidade.
Assim, basta comprovar o dano e a relação de causalidade perante esse dano e a conduta do réu. É entendido que, o agente acabou assumindo o risco ao exercer atividades de potenciais lesivos a outrem e ao meio ambiente.
Dito isso, é certo que a responsabilidade por danos ambientais além de objetiva é coberta pela teoria do risco integral. VOCÊ EXPLICOU BEM O QUE É O RISCO INTEGRAL. PORÉM, FALTOU EXPLICAR DE FORMA EXPLICÍTA QUE A RESPONSABILIDADE OBJETIVA POR DANO AMBIENTAL É TAMBÉM INTEGRAL, PODE DAR CONTINUIDADE AO PARÁGRAFO QUE INICIEI. (EXPRESSAR COM FIRMEZA DE QUE SIM ESSE TIPO DE RESPONSABILIDADE ALÉM DE SER OBJETIVA OBEDECE A TEORIA DOS RISCO INTEGRAL).
2.1.2 Regime Aplicável À Reparação Dos Danos Individuais
Em relação aos danos dos direitos individuais como vida, saúde, integridade física, propriedade, violações desse tipo estão relacionadas aos danos reflexos, como explica Rafael Martins Costa Moreira (2019):
Quanto aos danos a direitos individuais (vida, integridade física, saúde e propriedade, por exemplo) decorrentes do desastre ambiental, denominados de danos reflexos ou “por ricochete”, aplica-se o mesmo regime de responsabilidade civil dos danos ambientais: independe de culpa, é informada pelo risco integral e impede, em regra, a alegação de excludentes. (MOREIRA, 2019).
2.2 RESPONSABILIDADE DOS PRESIDENTES E DIRETORES DAS EMPRESAS DEGRADADORAS (Fazer uma introdução com minhas palavras a cada parágrafo)
Primeiramente, a responsabilidade penal do indivíduo é subjetiva, não sendo o simples fato de ser administrador ou sócio de uma empresa capaz de responsabilizar a pessoa por crime ambiental. Dessa forma ensinam Scocuglia e Rodas (2014):
Ser administrador ou sócio de uma empresa não acaba tornando um indivíduo responsável por crime ambiental cometido pela empresa. Isto devido ao fato que, a responsabilidade penal ambiental não é objetiva, mas sim, subjetiva. Baseado neste entendimento, a 3ª Vara Penal de Barcarena (PA) absolveu 4 diretores de duas acusações de crimes ambientais realizadas pelo Ministério Público.
As duas ações acabam sendo movidas devido aos vazamentos de caulim, um minério com utilização para produzir papel, cerâmica e tintas que deixa a água esbranquiçada. No primeiro caso, que teve ocorrência no ano de 2011, a liberação teve motivação por um incêndio provocado por indivíduos que não tiveram identificação. Já o segundo vazamento ocorreu no ano de 2012, e a liberação da substância foi devido a uma queda de energia no distrito industrial de Barcarena.
O Ministério Público acabou apresentando denúncia contra a empresa e os diretores na alegação que tiveram omissão e cometeram crimes dos arts. 54 da Le dei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) na forma do art. 13, parágrafo 2º, do Código Penal. O órgão fez argumentação de que, como trata-se de questões ambientais, não haveria a necessidade da prova das intenções de prejudicar (animus laedendi) dos réus. Desta forma, foi pedido a condenação deles. (Scocuglia; Rodas, 2014).
A empresa teve representação pelo advogado Filipe Coutinho da Silveira. De acordo com o advogado, não há nos autos provas para demonstrar que os diretores tiveram participação do ocorrido que acabou gerando vazamentos, caso com enquadramento como caso fortuito.
No julgamento do caso, o juiz Roberto Andrés Itzcovich, fez destaque que, a responsabilidade penal ambiental faz buscas em reparar ou compensar o dano causado. Pelo entendimento que isto tem maior relação com a pessoa jurídica, foi feita a negação da responsabilidade objetiva dos executivos. Para o juiz, não existiu conduta dos diretores – nem ativa nem omissa – que realizasse contribuições para o vazamento de caulim.
Para o fortalecimento de seu entendimento, o juiz fez citação de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (Habeas Corpus 34.957), na isenção dos administradores de culpa pelos danos ambientais quando não houver possibilidades para provar o nexo causal.
O fato dos indivíduos acabarem figurando como sócios de uma pessoa jurídica não autoriza instaurar o processo criminal por crime contra o meio ambiente se não restar de forma mínima a comprovação da vinculação com a conduta criminosa, perante pena do reconhecimento de forma imprópria a responsabilidade penal objetiva. Com isso, o juiz absolveu os diretores das acusações realizadas pelo Ministério Público. Entretanto, ele ordenou o prosseguimento do processo relacionado com a pessoa jurídica da empresa.
2.3 É POSSÍVEL A RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DOS ENVOLVIDOS?
Falar aqui nesse tópico sobre a responsabilidade por infração administrativa, aplicação de multas pelo IBAMA, licenciamento caçado, aplicação de multas pelos órgãos fiscalizadores municipais
2.4 RESPONSABILIDADE CRIMINAL DAS PESSOAS JURÍDICAS E DOS SEUS DIRETORES E PRESIDENTES Fazer umas paráfrases melhores
Dialnet-AResponsabilidadePenalDaPessoaJuridicaEmDesastresA-7075608.pdf cópias idênticas
A pessoa física, ao longo dos tempos, passou a fazer utilização da pessoa jurídica para praticar vários atos, entre os quais, lícitos e ilícitos. Em relação a ordem jurídica, diversos ilícitos não acabam alcançando a pessoa jurídica, sendo que, essa é um ente fictício, com criação apenas no contexto de papéis, já a pessoa física possui existência real, corpórea. Com isso, não existe a possibilidade de condenação de um ente fictício à pena de prisão de privar a liberdade. (DA COSTA; POZZETTI, 2019)
Nesse sentido continuam Da Costa e Pozzetti (2019):
Entretanto, a responsabilização penal da Pessoa Jurídica ante à prática de condutas tipificadas como crime, tem galgado grande relevância no âmbito nacional e internacional, vez que se percebe com maior frequência a ocorrência de ilícitos penais no âmbito de pessoas jurídicas; entretanto, por trás da pessoa Jurídica, há Pessoas Físicas que as gerenciam, que tomam atitudes por elas, de forma pensada e calculando lucros. Entretanto, essas pessoas físicas devem receber tratamento diferenciado e serem responsabilizadas pelos ilícitos cometidos pela Pessoa Jurídica.
Decorrendo dos crescentes ilícitos, o direito não poderá fechar seus olhos e manter as descriminalizações destas pessoas. Essas condutas criminosas de forma corriqueira possuem ligação com a degradação do meio ambiente, corrupção, lavagem de dinheiro, evasão das divisas, sonegações fiscais, doações irregulares à campanha eleitoral, dentre outros.
Em relação a esse protagonismo da pessoa jurídica, o modelo de persecução penal ainda tem relação praticamente de forma exclusiva da punição dos ilícitos com práticas por pessoas físicas. Neste contexto, Machado (2009) pontua que, o pano de fundo destas discussões tem caracterização, de um lado, pelo aumento das demandas pela regulação e tratamento de problemas com ligação à criminalidade econômica, corrupção,lavagem de dinheiro, dentre outros, e de outro, pelo papel central das organizações empresariais nestas práticas, com agravo por causa que são enfrentadas grandes barreiras na atuação do sistema penal, que tem o costume para a imputação de responsabilidade individual, nas persecuções e punições desses ilícitos.
Nesse mesmo contexto, não é possível não levar em conta as altas cifras com movimentação pelas grandes empresas, fruto, em diversos casos, de “delitos de colarinho branco”, tendo impactos de forma negativa na parte econômica, o que causa diversos prejuízos para a sociedade como um todo. De acordo com Machado (2009), é estimado que o crime econômico vinculado ao mundo financeiro e os grandes bancos reciclam somas de dinheiro superiores a um trilhão de euros por ano, ou seja, mais do que o Produto Nacional Bruto (PIB) de um terço da humanidade. Afirmar que as pessoas jurídicas não podem ser sujeitas a diretos de imputação criminal significa, na verdade, deixar os importantes temas econômicos ou políticos de nossa época fora do alcance de sérias sanções.
Além do mais, este protagonismo pela pessoa jurídica no contexto criminalista é representante de entraves para a atuação do Poder Judiciário, devido ao uso da Pessoa Jurídica, por seus gestores, como um escudo impunível, criando barreiras para prevenir e reprender esses ilícitos.
No ordenamento jurídico, a responsabilidade penal da pessoa jurídica é possuinte de lastros constitucionais, tendo relegação ao legislador infraconstitucional a tipificação das condutas que terá incidência esse instituto, pois, na atualidade é possível a aplicação apenas no contexto “ambiental” partindo da Lei nº 9.605/1998, dispondo acerca das sanções penais e administrativas com derivação das condutas e atividades que lesam o meio ambiente.
De acordo disposição na Lei nº 9.605/1998, a pessoa jurídica poderá acabar respondendo por praticar infrações no contexto administrativo, civil e penal:
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautores ou partícipes do mesmo fato. (gn)
2.4.1 responsabilidade dos indivíduos por crimes ambientais 
(agente: aquela pessoa que fez a conduta/crime) responsabilidade individual da Pessoa física REFAZER ESSE TÓPICO
2.4.2 responsabilidade das pessoas jurídicas e de seus diretores
Falta fazer esse tópico
2..4.3 responsabilidade penal dos envolvidos por crimes não ambientais ATENÇÃO PARA AS PARÁFRASES
A personalidade da pessoa jurídica poderá acabar respondendo por crimes na espera penal. Esse fato teve admissão partindo da Constituição de 1988, passando a fazer a caracterização da responsabilidade penal da pessoa jurídica, partindo do art. 173, § 5º:
A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. (BRASIL, 1988).
Tem ocorrência que, os crimes por esse parágrafo citados ainda precisam das normativas legais infraconstitucionais, que ainda não teve criação.
Os crimes ambientais também tiveram definição como delitos que poderão ser cometidos por pessoa jurídica, partindo do art. 225:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. (BRASIL,1988).
O STJ acaba apresentando na jurisprudência uma posição dominante em relação com as perfeitas caracterizações da responsabilidade criminal pela pessoa jurídica, desde que também existam caracterizações do crime cometido pelo seu representante legal.
Já o STF não fez pronunciamentos de forma específica acerca da temática. Tem ocorrência que, o § 1º faz estabelecimento que, a responsabilidade penal da pessoa jurídica não depende de pessoa física, conflitante com a teoria da dupla imputação com manifestação partindo do STJ.
Segundo Capez (2011), os sistemas ingleses e franceses já fizeram adoção dessa teoria, já o sistema da Alemanha não fez a adoção da penalização da pessoa jurídica, entretanto fez criação dentro do direito administrativo sanções para a punição das personalidades jurídicas.
No sistema dos ingleses a pessoa jurídica poderá ter criminalização por qualquer tipo de infrações penais, entretanto, as grandes recorrências são nos crimes contra os direitos do trabalho, contra as relações consumistas, contra a ordem econômica e o meio ambiente.
No sistema dos franceses é possível até mesmo ter incriminação de forma penal associações, fundações, dentre outros, precisando o ato antijurídico ter prática por seus representantes legais e nos interesses daquela, sendo esta responsabilidade com consideração subsidiária a responsabilidade da pessoa física, onde as penalidades poderão ser a multa, interdição ou ainda fechamento.
No país, até o momento não tiveram criação leis infraconstitucionais na tipificação dos crimes realizados contra a ordem econômica e financeira, contra os direitos do consumidor e economia popular, isto é, existe autorizações constitucionais para imputar a responsabilidade penal a pessoa jurídica, entretanto, não existe lei em especificidade que faça sua previsão.
A responsabilidade penal das pessoas jurídicas em relação aos crimes ambientais teve enfrentamento, como comentado anteriormente, partindo da Lei nº 9.605/1988, estipulando em seu art. 3º o enquadramento quando a infração acabar sendo cometido por órgãos com vinculação a elas; e o art. 21º que, faz a estipulação das penas com aplicação a pessoa jurídica, como é o caso da multa, restritiva dos direitos ou prestar serviços para a comunidade.
Segundo o art. 3º da presente lei, são requisições fundamentais para imputar a responsabilidade criminalista: que seja pessoa jurídica de direito privado, isto é, não existem criminalizações das pessoas jurídicas de direito público; que o crime venha a ser cometido por decisões dos representantes legais ou contratuais, e venha a agir para os interesses da pessoa jurídica.
É certo que os penalistas possuirão enorme trabalho para a regularização da temática em relação as leis infraconstitucionais, iniciando pelas próprias definições criminais, sendo que, o crime apenas terá imputação ao fato típico, antijurídico e culpável, mas especialmente em relação a caracterização do crime como doloso ou culposo, em análise, todavia, do contexto da pessoa física e não pessoa jurídica, sendo que, essa última não possui vontade própria.
3 BRUMADINHO E MARIANA: POSSIBILIDADE DE REPARAÇÃO DE DANOS PELO ESTADO
Em relação a Brumadinho, existiu uma assunção de responsabilidade e foram adotadas medidas de emergência, no intuito da reparação do dano ambiental e patrimonial.
Rezende (2020), pontua que, o Ministério Público de Minas Gerais requereu a concessão a título de tutela de urgência, dentre outras medidas:
· Manutenção em fundo privado próprio, de capital de giro jamais em inferioridade a 100% do valor a ter utilização, para os doze meses subsequentes nas despesas para custear que sejam elaborados e executados os planos, programas, ações e medidas tratados nesse feito;
· Constituir garantia com suficiência para reparar os danos, em um valor mínimo de R$ 50 bilhões, sem prejuízo do valor em cautela;
· Custo integral de contratar entidades que acabarão prestando assessorias técnicas independentementedos indivíduos atingidos;
· Custo de entidade/corpo técnico multidisciplinar, independentemente de elaborar diagnóstico social e econômico e plano de reparação integral dos danos, assim como para executar os planos, projetos e ações, até mesmo os emergenciais, e de auditoria externa com independência para análise finalística e contábil-financeira para executar os planos;
· Antecipar as indenizações de R$ 30 mil para indivíduos atingidos e em valor com correspondência às dívidas e financiamento com relação as atividades de produção dos agricultores, pecuaristas, piscicultores e empresários que acabaram ficando impossibilitados de serem saldos devido o desastre;
· Fornecer água potável;
· Fornecer serviços ou materiais fundamentais para a garantia da subsistência digna dos indivíduos, famílias e comunidades que foram atingidas;
Levando em consideração a necessidade da Justiça tomar contato pessoal e imediato com a realidade, o persente órgão solicitou que fossem realizadas audiências públicas judiciais para que a comunidade seja ouvida, na garantia da representação das várias coletividades atingidas.
A empresa Vale acabou disponibilizando relatórios acerca das ações, apresentando números de suma importância, como mais de 12 mil atendimentos médicos, distribuição de água, realocação de indivíduos e foram pagas indenizações.
É sabido que, as consequências e danos foram sérios e acabaram culminando em muito sofrimento e prejuízo. Para a existência da responsabilidade, principalmente por atos ilícitos civis, é fundamental que haja a presença de elementos de conduta (ação ou omissão), culpa lato sensu (dolo, negligências, imprudências e imperícias), dano (patrimonial ou extrapatrimonial) e nexo causal (liame perante conduta e dano).
Com isso, de um mesmo fato jurídico é possível fazer a extração das responsabilidades civis, administrativas e penais. Cada esfera é possuinte de características específicas em relação a imputação e sanção.
Os aspectos penais poderão atingir indivíduos em que a função pode ter ligação com condutas omissas, o que poderia ter permitido o rompimento. Nestes casos, torna-se fundamental apurar a culpa do agente. Já a pessoa jurídica acaba respondendo de forma penal pelos crimes ambientais, que poderão ensejar punições como multas.
Em relação aos aspectos administrativos, diversas medidas poderão ter aplicação, como é o caso da suspensão da atividade e multas. Essas sanções são independentes das apurações judiciais.
Existe também sanções de caráter civil, que possuem ligação com as reparações integrais dos danos causados, seja os indivíduos de forma individual considerados, quer voltado para a coletividade e meio ambiente. Além do mais, diante dos danos ambientais e riscos inerentes da atividade, para que possa ter aplicabilidade as sanções, não existe a necessidade de comprovação da culpa, em que pese o recebimento de notificações perante as várias negligências e imprudências.
Cavalcante (2020) pontua que, a responsabilidade da presente empresa precisaria ser retornada no momento anterior do rompimento. Entretanto, esta reparação não tem possibilidade, pelo fato que são arbitradas compensações e indenizações.
Para a regulação de eventos de grandes magnitudes, como é o caso, o direito material, assim como o processual, precisam ter operacionalização contando com uma máxima eficácia e celeridade.
Não existe a possibilidade de ficar aguardando muitos anos por decisões de condenação para que seja possível fazer a busca da reparação do dano que foi causado. Neste contexto, aqueles que operam o direito vêm conseguindo paliativos importantes, que é o pagamento imediatamente das indenizações para a mitigação dos danos. Esses valores não realizam impedimentos que sejam apurados prejuízos maiores futuramente e a determinação da complementação.
Nesse contexto, a presente empresa fez a criação da Fundação Renova, no intuito do acompanhamento da reparação e o pagamento das indenizações. Os passos possuem acompanhamento por advogados, magistrados, dentre outros.
Esses atos precisam ser de forma definitiva introjetados do direito brasileiro, especialmente em ações de responsabilidade para a atenuação dos sofrimentos causados. Entretanto, não é bastante apenas formalizar sem que haja eficácia. No mês de novembro de 2019, foi constatado que, somente um dos quarenta e dois programas obrigatórios foi cumprido pela presente Fundação.
Cavalcante (2020) pontua que, se para cada condutar necessitar a instauração de ação a ter julgamento daqui a alguns anos, a reparação ficará perdida no tempo, se tornando uma injustiça. Neste contexto, o uso de instrumentos de solução alternativas de conflitos, como é o caso da mediação, conciliação e arbitragem precisam ser de forma ampla usados.
Esse caso mostra de forma clara que o Direito não tem capacidade para lidar com problemas novos partindo de instrumentos antiquados. O mundo sofreu alterações, assim como toda a sociedade. Cabe ao Direito e aqueles que fazem sua operação deixarem a área comum e fazerem a adoção de medidas eficientes e contemporâneas.
Em relação a Mariana, a Fundação Renova acabou apresentando previsão das atividades a terem desenvolvimento no ano de 2019, com vistas em reparar os danos causados. A grande parte dos recursos teria destinação para pagar indenizações e auxílios emergenciais.
A presente tragédia teve ocorrência no mês de novembro de 2015, quando quase 40 milhões de metros cúbicos de lama acabaram vazando depois que foi rompida uma barragem da empresa Samarco, deixando comunidades e florestas destruídas e dezenove mortos. Para a reparação dos anos, teve firmação no mês de maio do ano de 2016, acordos perante Samarco, suas acionistas, governo federal, governos de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Naquele tempo, foi estimado que haveria a necessidade de aproximadamente R$ 20 bilhões, que teriam gastos em quinze anos. Tiveram definição quarenta e dois programas englobando, como exemplo, indenizações, reconstruções das comunidades, garantias da educação e saúde daqueles que foram atingidos e recuperações ambientais. 
Moreira (2020) pontua que, a Fundação Renova teria gastos mais de R$ 5 bilhões desde a ocorrência da tragédia. Se tivesse tendo execução o orçamento no ano de 2019 integralmente, até o final do ano R$ 8 milhões teriam tido destinação para o processo de reparação dos anos.
Moreira (2020) pontua ainda que, o volume dos recursos que estava tendo alocação, principalmente naquilo de natureza compensatória, como obras de infraestrutura, tratamento de esgoto e atividades de restauração florestal, torna-se um aporte de suma importância para os estados afetados. Todavia, o enfoque é dado com motivo para reparar o desastre, entretanto, este componente de desenvolvimento econômico inicial a ter presença de maneira notável em Minas Gerais e Espirito Santo.
Para a definição do orçamento de 2020, a presente fundação acabou levando em conta que, praticamente a totalidade relacionada com o mandante com previsão para 2018 teve execução. É esperado que, o programa das indenizações tenha conclusão no ano de 2019, e para isso, há a previsão de gastos que acabam somando cerca de R$ 1 bilhão. O montante é representante de 37% do orçamento, a grande fatia dos recursos com previsão. Este valor fazia a inclusão ainda, dos custeios dos auxílios emergenciais, que não tem configuração de verba de indenização e precisa ter pagamento de forma mensal partindo de um cartão com concessão para aqueles que perderam sua renda decorrendo do rompimento da barragem. A quantidade equivale a um salário mínimo, com acréscimo de 20% para os dependentes, além do valor de uma cesta básica (SUDRÉ, 2020).
Moreira (2020) pontua que, desde a ocorrência da tragédia, já tiveram pagamento mais de R$ 1,5 bilhão em indenizações e auxílios para mais de 290 mil indivíduos com distribuição nas trinta e nove cidades que foram afetadas. Dentre elas, como exemplo, estão pessoas prejudicadas devido a interrupção do abastecimento de água e pescadores. Em Mariana, o processo de pagarindenização andou de maneira lenta por causa de diversas especificidades. Isto vem tendo discussão no contexto da Justiça do estado de Minas Gerais, sendo que, a Justiça Federal tem a responsabilidade por questões envolventes os outros municípios que foram afetados.
Além do mais, as vítimas de Mariana também acabaram conquistando, contanto com o apoio do MPMG, o direito da elaboração de cadastros próprios, que teria serventia como base para o processo de negociação das indenizações. A responsabilidade por essa atividade foi da Cáritas, que teve seleção pelas próprias pessoas atingidas para sua assessoria. A entidade preparou um dossiê para as vítimas e ainda fez a seleção das instituições de pesquisa para apresentar uma matriz de danos, ou seja, é uma tabela com os valores dos prejuízos materialistas e imaterialistas.
Moreira (2020) pontua que, a Renova já fez a conclusão de mais de 870 cadastros, e diversas famílias já acabaram firmando acordos para recebimento das indenizações finais. Também existiu acordos e pagamentos de indenizações para parentes de dezesseis dos dezenove mortos. Dessas 3 famílias que restaram, uma fez o recebimento de valores parciais e as outras ainda discutem a presente situação no contexto jurídico.
Moreira (2020) pontua ainda que, de um total de mais de R$ 1 bilhão com reserva no orçamento para o ano de 2019 para indenização, R$ 317 milhões são de forma específica com destinação para as vítimas de Mariana. A entidade pontua ainda que, mais de R$ 500 milhões são para pagar indenizações e auxílios financeiros para pescadores e R$ 148 milhões para agricultores.
Assim, por ter consideração como um processo nunca visto ainda, o pagamento da indenização torna-se o maior desfio da presente Fundação. Pelo caráter do dano, o maior montante indenizatório foi relacionado para pagar pescadores e implementar políticas para pescador de fato e pesca de subsistência. A política dos pescadores de fato faz a ampliação dos critérios de elegibilidade, o que possibilita reconhecer aqueles que faziam a prática da pesca comercial artesanal, entretanto, não são possuintes de meios de comprovação, por causa da alta informalidade da área.
Os programas de reassentamentos acabam respondendo pela a segunda maior fatia orçamentária do ano de 2019. Sendo que, foram mais de R$ 234 milhões. Teve previsão para 2020 o começo das reconstruções das casas. O desenho dos imóveis teve elaboração partindo de arquitetos que levaram em consideração os desejos das famílias. Além do mais, estas residências precisariam possuir no mínimo 20 metros quadrados a mais do que aquele que foi devastada (KOKKE, 2020).
O distrito de Bento Rodrigues, na cidade de Mariana, é aquele que teve sua reconstrução mais adiantada. Foram apresentadas obras de infraestrutura, envolvendo, como exemplo, abrir ruas, instalar redes de esgoto e pavimentação. Em relação a Paracatu, o canteiro de obras teve implantação e está tendo realização a supressão vegetal. Em Gesteira, que é um distrito de Barra Longa, a situação está bem atrasada. O terreno em que a comunidade teria reconstrução foi adquirido somente no final de 2019. Já os reassentamentos não tiveram conclusão, sendo que, as pessoas estão vivendo em casas que foram alugadas pela presente Fundação.
Além do mais, o orçamento de 2019 fez previsão que, R$ 83 milhões teriam destinação de forma específica para obras de saneamento e R$ 43 milhões para monitoração da qualidade da água do Rio Doce. Existe ainda recursos com estabelecimento para recompor as áreas de proteção permanente e recuperar as nascentes e para manejar rejeitos (SUDRÉ, 2020).
Mesmo com isso, Sudré (2020, p.1) faz afirmação que:
No entanto, na avaliação de Tchenna Maso, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a atuação da Fundação Renova está longe da ideal. A Fundação Renova é completamente ineficiente nas políticas de tratamento e reparação aos atingidos. Ela cumpre, de maneira parcial inclusive, o que está previsto no próprio acordo que dá origem a ela. A Renova não fornece centros de atendimento jurídico gratuito para os atingidos, não cumpre prazos. Até hoje, não cumpriu o prazo de reconhecer todos os atingidos e não segue o próprio cronograma de cadastramento.
Com isso, além do não atendimento à totalidade das vítimas partindo de auxílios financeiros emergenciais, abastecimento de água e reparação das perdas produtivas, a Fundação realiza investimentos em recursos para construir sua própria imagem, beneficiando somente as empresas.
3.1 O PODER PÚBLICO PODE SER OBRIGADO A REPARAR OS DANOS JUNTAMENTE COM AS EMPRESAS DEGRADADORAS? 
A responsabilidade ambiental vem tendo bastante discussão na atualidade, devido ao fato que, no resultante de sua eficiência, partindo da reparação com efetuação por aqueles que causam danos, é que reside a possibilidade de frear a degradação ambiental. Junto com a possibilidade de responsabilizar por parte da coletividade, para preservação e reparação do dano ambiental está de forma constitucional prevista a responsabilidade estatal, sendo que, a Constituição elege o Poder Público com responsabilidade por preservar o meio ambiente. O Poder Público possui a obrigação de tutela do ambiente contra agressões ou degradações.
Neste contexto, é que o Estado poderá ter responsabilização por danos ocasionados ao ambiente, seja pela sua atuação comissiva ou omissiva. Ainda, de forma solidária, por danos com causa por terceiros, o Estado poderá ter responsabilização, sendo que, ele possui o dever de fiscalização da atividade de terceiros que sejam nocivas ao meio ambiente, e poderá exercer seu direito de regresso relacionado ao agente que causou prejuízo.
Qualquer atividade que possa acabar acarretando danos ao meio ambiente está subordina à Administração, perante a forma de fiscalização, vigilância ou controle, motivo pelo qual o Estado poderá e deverá ter responsabilização de maneira solidária com o poluidor nos casos de dano ao meio ambiente, especialmente pela configuração da culpa in omittendo no poder/dever policial. 
Tendo observação que o Estado precisa ter responsabilização por danos ambientais que vierem a causa, assim como por aqueles onde tem responsabilidade solidária, no momento em que é deixado de exercer de maneira adequada seu poder de polícia, cabe terem observação quais mecanismos de instrumentalização da responsabilidade civil do Estado.
Além do mais, Carvalho Neto (2010) pontua que, é possível que a Administração Pública cause danos aos administrados, entretanto, não apenas para eles, como também ao meio ambiente. A partir do contexto de que, a responsabilidade civil estatal, no interim da teoria do risco administrativa, apresenta o dever de reparar os danos decorrentes. Isto, no entanto, não tem aplicação quando o dano com causa pelo Estado é ecológico, casos onde precisam ter aplicação o regime especial da responsabilidade civil ambiental.
O art. 225 da Constituição faz imposição ao Poder Público e para a coletividade os deveres de defesa e preservação do meio ambiente para presentes e futuras gerações. Isto, entretanto, não realiza impedimentos que estes entes tenham possibilidade de figuração como sujeito com responsabilidade por dano ambiental. O §3º do referido artigo faz determinação a sujeição daquele que lesar o meio ambiente a sanções penais e administrativas, independente da obrigação de reparação dos canos que foram causados.
É preciso destacar que, ao se tratar de danos ambientais, tem imposição a aplicabilidade de regime especial de responsabilidade civil, pelo qual, aquele que polui, tem a obrigação da reparação ou indenização dos dados das suas atividades referente ao meio ambiente, com culpa ou não. Nestes casos, mesmo que o sujeito com responsabilidade que causou a lesão seja o Poder Público, não tem incidência a regra de responsabilidade com previsão no art. 37, § 6º da Constituição.
A Constituição disciplinou a responsabilidade civil estatal partindo de um dispositivo específico, e ainda acabou albergando a responsabilidade civil ambiental em seu art.225, §3º, de maneira que, a aplicabilidade deste regime em especificidade da responsabilidade ao Poder Público em nada tem contrariedade ao regramento da Constituição, tendo compatibilidade com ele. Com isso, é possível pontuar que, a responsabilidade objetiva por dano ambiental teve recepção na Constituição, que fez estabelecimento com abrangência a responsabilidade objetiva da Administração Pública por danos causados por seus agentes.
Neste contexto, levando em consideração a consagração do meio ambiente como direito fundamental e o dever protetivo e de preservação com imposição ao Poder Público pelo art. 225 da Constituição, Rocha e Rocha (2017) pontuam que, com inserção nesse quadro de princípios, o fator de atribuir a responsabilidade apenas poderá acabando ser – caso deseje de forma efetiva o cumprimento do mandado do enunciado maior do caput do art. 225 – objetivo. Além do mais, este parâmetro já tinha previsão no ordenamento no contexto da Constituição e 1981. Com isso, a natureza objetiva decorre da lógica e necessária dos sistemas constitucionais, pela valorização que foi dada ao meio ambiente. Apenas as imputações objetivas viabilizam o comando constitucional.
Assim, relacionado a responsabilidade estatal pelos danos que foram causados por ele, a natureza especial do regime da responsabilidade civil ambiental não tem adoção da teoria objetiva, sendo que, essa também acabou sendo eleita pela Constituição. A maior diferente perante estes regimes apresenta-se no fato de que, o primeiro tem orientação pela teoria do risco integral, já o segundo pela teoria do risco administrativo.
É possível afirmar que, independente do sujeito com responsabilidade pelo dano ambiental ser particular ou Estado, na área de Direito Ambiental, devido a Lei nº 6.938/1981, tem aplicação a regra de objetivar a responsabilidade civil levada ao extremo por aplicar a teoria do risco integral, que não faz admissão de excludentes de responsabilidade.
Entretanto, é preciso destacar os pensamentos de Costa Neto (2013), pontuando que, em relação a existência de outras correntes da doutrinária de responsabilidade objetiva, assim como a existência de determinada resistência doutrinária e jurisprudencial em relação ao princípio do risco integral, não existe outra colocação mais adequada em decorrência do dano ecológico. É destacado também que, tem importância devido ao fato que permite a responsabilidade mesmo diante de condutas omissivas.
3.2 O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público acaba apresentando características e detém os meios adequados para faça valer a responsabilidade Estatal pelos danos ao meio ambiente, mesmo possuindo sua atuação de fiscalização, por muitas vezes, prejudicada pelas resistências corporativas, assim como pelas objeções pseudoideológicas. 
Neste contexto, Tepedino (2004) pontua que, esta entidade deixa de ter atuação apenas nos momentos patológicos, onde há a ocorrência de lesão a interesse público, tendo convocação a realizar intervenções de maneira permanente, na promoção do projeto constitucional e a efetividade dos valores com consagração pelo ordenamento. O promotor de justiça, antes com identificação praticamente que de forma exclusiva com a promoção da ação penal, tem transformação no promoter de valores, para cuja tutela a ação judicial não é mais do que um de seus instrumentos. Não mais fica no aguardo do inquérito ou processo para, apenas então, ter pronunciação, precisando, ao contrário, fazer a busca dos meios de tutela mais adequados e na evocação para ele a iniciativa de defender a sociedade. Estas intervenções ativas e diretas, partindo de atuações judiciais ou extrajudiciais, não são aleatórias, possuindo conteúdo de forma clara com estabelecimento na Constituição, que faz a definição dos objetivos e fundamentações da República, suscitando a reavaliar, em sede de interpretação, de postulados que, por tempos, acabaram passando despercebidos pelos juristas.
Com isso, mesmo no enfrentamento de diversas dificuldades à atuação jurídica, é o Ministério Público o ente possuinte das melhores condições de travar lutas por preservar o meio ambiente, fazendo o uso da Ação Civil Pública, considerada um instrumento eficiente para reparar danos ambientais.
Entretanto, essa espécie de ação pode ter consideração eficiente, no contexto onde o art. 3º da Lei nº 7.237/1985 faz determinação que, a ação civil pode possuir por objeto a condenação em dinheiro ou cumprir a obrigatoriedade de fazer ou não. Com isso, levadas em consideração as especificidades de cada caso, é possível que o Ministério Público ajuíze ação com a tutela específica necessitam em cada caso.
A parte jurisprudencial já vem fazendo acolhimento da legitimidade do Ministério Público para a promoção da ação civil pública, para reparar os danos ambientais, onde é possível a figuração no polo passivo o Poder Público. Neste contexto tem apresentação à disposição nesta jurisprudência:
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PUBLICA. LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTERIO PUBLICO. DANOS CAUSADOS AOS TRABALHADORES NAS MINAS DE MORRO VELHO. INTERESSE SOCIAL RELEVANTE DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS.
1 – O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação civil pública em defesa dos direitos individuais homogêneos, desde que configurado interesse social relevante. 
2 – A situação dos trabalhadores submetidos a condições insalubres, acarretando danos à saúde, configura direito individual homogêneo revestido de interesse social relevante a justificar o ajuizamento da ação civil pública pelo Ministério Público. 
3 – Recurso especial conhecido e provido. 
MULTA POLUIÇÃO MUNICIPIO ADMISSIBILIDADE. AUSENCIA DE QUEBRA DE AUTONOMIA CONSTITUCIONAL. Pessoa jurídica de direito público interno que não está imune ou isenta do cumprimento da lei. Recursos não providos. A municipalidade não é imune às sanções previstas na legislação que cuida do meio ambiente, e imposta por outra entidade de direito público. Aliás, o art. 32, IV, da Lei nº 6.938/81 define a figura do poluidor como sendo pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. REsp nº 58682 / MG (1995/0000546-8) autuado em 05/01/2015.
Com isso, é possível pontuar que, para efetivar a responsabilidade civil estatal, o meio de maior eficiência é o uso, partindo do Ministério Público, a ação civil pública, sendo um mecanismo legal e mais eficaz para lutar pela preservação ambiental.
CONCLUSÃO
O país é possuinte de sólidas legislações ambientais, que faz previsão de severas punições a empresas e pessoas físicas que causam danos ao meio ambiente. Entretanto, uma temática ainda repleta de inconsistência na legislação é a responsabilidade estatal relacionada aos danos ambientais.
As inconsistências com presença nas legislações e jurisprudências, assim como os diversos casos de improbidades por parte dos agentes públicos realizam contribuições para aumentar a corrupção e manutenção das práticas empresariais que fazem a violação das legislações ambientais.
Com isso, as omissões e comissões estatais em detrimento dos crimes ambientais com prática pelas empresas torna-se um dos grandes entraves para efetivar eles, no contexto onde a instituição que possui o poder de fiscalização, torna-se cúmplice desses crimes.
Por fim, neste cenário, o Brasil acaba assistindo eventos como os de Mariana e Brumadinho, sem haver a possibilidade de asseguração aos cidadãos que eles não acabarão se repetindo, menos ainda que a impunidade não triunfará
REFERÊNCIAS
ANDRADE, I. Lambert de. Responsabilidade Civil das Agências de Turismo. 2012.. Disponível em: <http://www.unipac.br/site/bb/tcc/tcc1af0b30c569a02c2efc6f5020739b034.pdf>Acesso em: 26 jan. 2021.
BEDRAN, Karina Marcos; MAYER, Elizabeth. A responsabilidade Civil por Danos Ambientais no Direito Brasileiro e Comparado: Teoria do Risco Criado Versus Teoria do Risco Integral. Veredas do Direito: Direito Ambiental e Desenvolvimento

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