Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RELAÇÕES INTERPESSOAIS E ÉTICA PROFISSIONAL Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Erika de Paula Alves CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Cláudia Regina Michelli Prof.ª Érika de Paula Alvesd Prof.ª Marcio Moisés Selhorst Revisão de Conteúdo: Prof.ª Graciela Juciane Minatti Revisão Gramatical: Prof.ª Sandra Pottmeier Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 174 A474r Alves, Erika de Paula. Relações interpessoais e ética profissional / Erika de Paula Alves. Indaial : Uniasselvi, 2013. 88 p. : il Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830- 625-0 1. Ética profissional. 2. Relações interpessoais. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci Copyright © UNIASSELVI 2013 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Erika de Paula Alves Mestre em Sustentabilidade pela Universidade Federal de Minas Gerais (2011), Especialista em Gestão Estratégica de Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (2008) e Graduada em Turismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (2005). Atualmente integra o quadro docente da Pós-Graduação na EAD do Centro Universitário Leonardo Da Vinci. É consultora em planejamento e gestão de micro e pequenas empresas, gestão de projetos, fomento ao associativismo e gestão de entidades sem fi ns lucrativos. Federal de Minas Gerais (2011), Especialista em Gestão Estratégica de Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (2008) e Graduada em Turismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (2005). Atualmente integra o quadro docente da Pós-Graduação na EAD do Centro Universitário Leonardo Da Vinci. É consultora Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 Relações Interpessoais e Comunicação .............................9 CAPÍTULO 2 Inteligência Emocional e Liderança ...................................27 CAPÍTULO 3 Cultura e Clima Organizacional .........................................47 CAPÍTULO 4 Ética Profissional, Educação e Trabalho sob a Ótica do Orientador Educacional ............................75 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a), bem-vindo(a) à disciplina de Relações Interpessoais e Ética Profissional. Este é um dos temas mais relevantes no nosso dia a dia profissional. A compreensão das teorias e abordagens sobre as relações interpessoais e a ética profissional propicia que tenhamos o aperfeiçoamento de competências básicas referentes à nossa postura profissional. Mais que uma disciplina, Relações Interpessoais e Ética Profissional é um complemento para todas as outras disciplinas que estudamos. Este caderno de estudo foi planejado para contribuir com o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Procure responder as atividades de estudos propostos ao longo do texto, assistir aos vídeos sugeridos e ler as indicações de textos. Sua participação é essencial para o melhor aproveitamento do conteúdo. O caderno foi dividido em 4 (quatro) capítulos. No primeiro capítulo, Relações Interpessoais e Comunicação, vamos identificar os conceitos e perspectivas relacionadas ao tema e o seu reflexo no dia a dia do orientador educacional. No segundo capítulo, Inteligência Emocional e Liderança, abordaremos ambos os aspectos e perspectivas que envolvem os assuntos e sua influência nas instituições. O terceiro capítulo, Cultura e Clima Organizacional, é destinado ao estudo de alguns dos conceitos que envolvem o tema e nos torna aptos, partindo deste estudo, a analisar criticamente nosso ambiente de trabalho no que tange aos aspectos relacionados à cultura e ao clima organizacional. O quarto capítulo, Ética Profissional, Educação e Trabalho sob a Ótica do Orientador Educacional, seremos instigados a repensar nossas posturas e a compreender a relevância do comportamento ético nas instituições. Caro(a) aluno(a) é essencial que você seja participativo para que aproveite ao máximo este material. Espero que esta especialização, somada à sua experiência prática, permita que você aumente seus conhecimentos e competências. O seu sucesso profissional depende de você! A autora. CAPÍTULO 1 Relações Interpessoais e Comunicação A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Caracterizar os principais fatores que auxiliam na compreensão sobre as relações interpessoais nas instituições. Identifi car as principais teorias e abordagens sobre a comunicação nas institu- ições. Analisar o papel da comunicação interpessoal nas instituições. 10 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional 11 RELAÇÕES INTERPESSOAIS E COMUNICAÇÃO Capítulo 1 ConteXtualização Caro(a) aluno(a), neste primeiro capítulo, conceituaremos o que são relações interpessoais. A partir disso, vamos conhecer e caracterizar os fatores relacionados às relações interpessoais e à sua infl uência no nosso dia a dia de trabalho. Diante disso, você será capaz de entender alguns posicionamentos dos colaboradores e ter uma postura crítica frente às pressões do dia a dia. Na continuidade, vamos conceituar comunicação para que você possa perceber a importância deste aspecto para se realizar um trabalho de excelência. Estudaremos o papel da comunicação interpessoal em nossa vida profi ssional e quais os aspectos envolvem uma comunicação efi caz. Em suma, aprofundar nossos estudos sobre Relações Interpessoais e Comunicação contribuirá para o desenvolvimento profi ssional que almejamos. Teorias e Abordagens Sobre as Relações Interpessoais: Algumas VariáVeis O profi ssional contemporâneo precisa conhecer a si mesmo e ter habilidades psicológicas capazes de contribuir com a instituição onde trabalha. Ter uma postura ética, ser responsável, saber trabalhar em equipe, possuir capacidade de liderança são algumas das características desejáveis. Diante disso, percebemos que um fator transversal a todas estas características é: Saber lidar com pessoas. Atividade de Estudos: 1) Em sua escola observe quais são as ações mais bem sucedidas. São aquelas impostas ou são aquelas que nascem e se desenvolvem como resultado das relações interpessoais? Por quê? _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ 12 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional O segredo para lidar com as difi culdades alheias de maneira assertiva é focar o outro como centro do processo de melhorias e não o problema em si. Este enfoque propicia que as relações interpessoais produzam o combustível necessário para alavancar os motores de uma instituição. Neste ínterim, a escola fi gura como o espaço onde alunos e professores integram grupos heterogêneos e interagem em busca de objetivos comuns, contexto em que ocorrem as relações interpessoais que o orientador educacional atuará. Dentre as posturas que são adequadas para que se estabeleçam relações positivas no ambiente de trabalho estão o respeito, a ajuda mútua entre os indivíduos da equipe de trabalho, a empatia, a solidariedade e a cordialidade. Um ambiente pacífi co é favorável à obtenção de resultados positivos, uma vez que os profi ssionais sentem-se mais motivados e focados para superar as metas e atingir os objetivos preestabelecidos. Na sociedade moderna,as relações interpessoais se estabelecem pautadas em comportamentos individuais que são carregados, dentre outros fatores, pela infl uência das informações que foram processadas por cada um dos envolvidos no processo de comunicação. O sujeito adquire conhecimentos em sua interação com o meio e neste sentido, surgem as novas Tecnologias da Informação e Comunicação – as chamadas TIC – que favorecem o rompimento de barreiras espaço-temporais, denominada por Castells (2008) como sociedade da informação ou sociedade em rede. Diante deste panorama, torna-se imperativo que as relações interpessoais fortaleçam comportamentos éticos, baseados em respeito mútuo e em harmonia com a diversidade de pensamentos e comportamentos. Quer saber mais sobre a era da informação? Leia o livro “A Sociedade em Rede” obra interessante para se refletir sobre os novos desafios da escola que está em um ambiente considerado por Castells (2008), como uma sociedade em rede numa era marcada pela economia informacional. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2008. 11. ed. Tradução: Roneide Venancio Majer com a colaboração de Klauss Brandini Gerhardt; [prefácio de Fernando Henrique Cardoso]. Dentre as posturas que são adequadas para que se estabeleçam relações positivas no ambiente de trabalho estão o respeito, a ajuda mútua entre os indivíduos da equipe de trabalho, a empatia, a solidariedade e a cordialidade. 13 RELAÇÕES INTERPESSOAIS E COMUNICAÇÃO Capítulo 1 O relacionamento com o outro, muitas vezes induzido e mediado pelas TIC, propicia um crescimento que infl uenciado pela experiência alheia, enriquece a sua própria. As instituições modernas de sucesso, com especial destaque para as escolas, têm como centro de suas políticas o cuidado com as relações interpessoais e a percepção dos fatores que podem infl uenciá-las. O trabalho em equipe, a capacidade de liderança, a aprendizagem colaborativa em equipes multidisciplinares e a facilidade em conviver com a diversidade humana são algumas das características imprescindíveis do profi ssional contemporâneo. Ao considerarmos alguns dos fatores que estruturam a base do relacionamento interpessoal merecem especial atenção o diálogo, a empatia, o respeito e a assertividade. A seguir vamos entender mais sobre cada um destes fatores estruturais. Por meio do diálogo as pessoas refl etem sobre suas próprias ideias e identifi cam as melhores opções. Sabe-se que, para que se estabeleça um diálogo produtivo é indispensável que esteja claro quais são os objetivos da conversa, que os participantes tenham uma postura aberta, saibam ouvir e saibam fazer as perguntas corretas para ouvir as respostas que possam contribuir com a equipe. O orientador é o facilitador da equipe e interioriza refl exões, fomenta diálogos, é fl exível para identifi car novos desafi os e novas oportunidades. Ele é um dos incentivadores para que as pessoas da equipe saibam ouvir, pois a crítica ao outro mostrando resistência às novas ideias prejudica a busca de soluções inovadoras e tolhe a criatividade. Ao ouvir atentamente a explanação de um colega, demonstra-se como o outro é importante e o quanto ele pode contribuir com o grupo. Caro aluno, ao analisar as funções designadas ao orientador educacional além do diálogo produtivo, você já percebeu como é importante a empatia em sua prática diária? A empatia signifi ca colocar-se na posição ou situação da outra pessoa, num esforço de entendê-la. Embora isso possa parecer simples, é difícil de pôr em prática, pois a nossa sociedade, de um modo geral, ensina as pessoas (particularmente os homens) a esconderem suas emoções (BOWDITCH; BUONO, 1992, p. 86). A empatia é uma característica desejável para o profi ssional de orientação uma vez que ele, para desempenhar suas atribuições, precisa ser um comunicador que tenha competência para conquistar o ouvinte. E, neste caso, o ouvinte pode ser um aluno, um professor, a comunidade do entorno da escola, um diretor. O trabalho em equipe, a capacidade de liderança, a aprendizagem colaborativa em equipes multidisciplinares e a facilidade em conviver com a diversidade humana são algumas das características imprescindíveis do profi ssional contemporâneo. 14 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional Diante de um público tão diverso, é indispensável que o orientador tenha empatia e adquira a habilidade de adaptar sua linguagem ao nível intelectual do público. Se isso não acontece, a mensagem não é transmitida de maneira efi caz e torna- se mais difícil atingir os objetivos. Atividade de Estudos: 1) Lendo a seção anterior, você deve se perguntar: Como identifi car o nível intelectual do ouvinte? Imagine que você fará uma palestra para uma plateia desconhecida e refl ita sobre como você faria para identifi car o nível intelectual dos ouvintes com o objetivo de adaptar sua linguagem e os conteúdos para este público. Descreva o que você faria abaixo. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ Esta questão é bastante complexa e envolve variáveis como a faixa etária, o gênero, o conhecimento acadêmico, o conhecimento do tema por parte do público, dentre outros. Analisando tais aspectos, fi camos mais abertos a compreender o 15 RELAÇÕES INTERPESSOAIS E COMUNICAÇÃO Capítulo 1 outro e temos a oportunidade de melhorar nossa argumentação para que ela seja mais efi caz. Este exercício nos incita a entender os pontos positivos da fala e tornamos a convivência mais amável. Outro fator do saudável relacionamento interpessoal que merece destaque é o respeito, sentimento que envolve tratar o outro com atenção e consideração. Respeitar o outro requer a capacidade de conviver com a diferença. Ao aceitarmos a diferença tornamos mais harmonioso o convívio com a equipe de trabalho e percebemos oportunidades de aprendizado antes ofuscadas. Por fi m, outro fator do relacionamento interpessoal efi caz é a assertividade, postura que está relacionada a uma comunicação direta, pragmática, ou seja, sem rodeios. Ser assertivo pressupõe ser verdadeiro, ser objetivo, ser honesto nas informações. Há um limiar tênue entre a assertividade na comunicação e a grosseria. O locutor deve ser sincero e transparente na comunicação a fi m de obter uma equipe motivada e capaz de alcançar resultados positivos, mas, deve ter especial cuidado para ser direto sem ofender as pessoas. Um dos principais papéis do orientador educacional é fazer uma escuta atenta das relações interpessoais construídas no cotidiano, ajudando a revelar o currículo oculto que se produz e reproduz nos diversos ambientes de aprendizagem. A atuação dele, porém, se potencializa quando está integrada ao trabalho da equipe pedagógica. Fonte: LAVALBERG, Catarina. Nova Escola. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/orientador- educacional/uniao-pedagogica-orientacao-funcao-orientador-educacional-trabalho-508108.shtml>. Acesso em: 10 jan. 2013. Percebemos que é inerente às relações interpessoais fatores que compões os processos de comunicação. Partindo deste pressuposto, aprofundaremos nossas discussões sobre comunicação interpessoal. 16 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional Atividade de Estudos: 1) Você considera que os quatro fatores basilares das relações interpessoais apresentados favorecem o trabalho do orientador educacional? Como utilizá-los para contribuir com o sucesso da instituição onde você atua? Cite uma situação que exemplifi que a importância de cada fator na prática de orientação. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ A Comunicação Interpessoal Nas Instituições “A coisa mais importante em comunicação é ouvir o que não está sendo dito” (Peter Drucker) Peter Drucker (1909 – 2005) foi um escritor austríaco, estudioso da administração e professor universitário. É considerado por muitos estudiosos o pai da administração moderna. O relacionamento humano se caracteriza pelas interações entre os indivíduos que vivem numa sociedade. Tais interações são basilares para os processos de comunicação e para o desenvolvimento de relacionamentos pessoais e profi ssionais (relações interpessoais). “A comunicação é frequentemente defi nida como a troca de informações entre um transmissor e um receptor, e a inferência 17 RELAÇÕES INTERPESSOAIS E COMUNICAÇÃO Capítulo 1 (percepção) do signifi cado entre os indivíduos envolvidos” (BOWDITCH; BUONO, 1992, p. 80). Nesta perspectiva de análise, pode-se afi rmar que “a comunicação é um processo interativo e didático (de pessoa a pessoa).” (BOWDITCH; BUONO, 1992, p. 82) Conforme sustenta Bowditch e Buono (1992) existem modos de comunicação que são defi nidos como comunicação verbal, não verbal, simbólica e paralinguística. A comunicação verbal é a que comumente usamos no dia a dia e se subdivide entre verbal-oral e verbal escrita. A comunicação não verbal se refere à transmissão de uma mensagem por algum meio diverso da fala e da escrita como os sinais espaciais e a linguagem corporal. A comunicação simbólica refere-se aos aspectos de nós que podem comunicar muito para outras pessoas como a roupa que usamos, a decoração do nosso escritório, a posição que ocupamos na disposição das cadeiras em uma sala de reunião. E, a comunicação paralinguística, abrange o tom de voz, o ritmo da fala, o modo como o silêncio é utilizado. Ao analisarmos as atividades ligadas à orientação educacional, muito do saber fazer de sua prática diária abrange o entendimento dos símbolos e comportamentos que envolvem a comunicação. “A comunicação é mais complexa do que simplesmente receber uma mensagem sem distorções; o simples ato de receber a mensagem não garante que o receptor vá interpretá-la corretamente (ou seja, como se pretendia)” (BOWDITCH; BUONO, 1992, p. 81). O quadro a seguir apresenta alguns dos fatores que devem ser observados para se analisar a comunicação em uma equipe de trabalho. Para que o orientador educacional possa identifi car os fatores que envolvem os processos de comunicação e analisar criticamente os signifi cados das mensagens é válido observar: Quem está comunicando a quem, em termos de papéis que estas pessoas desempenham na escola. A linguagem ou o(s) símbolo(s), e a respectiva capacidade de levar a informação e esta ser entendida por ambas as partes. O canal de comunicação, se a linguagem é escrita ou falada. “A comunicação é frequentemente defi nida como a troca de informações entre um transmissor e um receptor, e a inferência (percepção) do signifi cado entre os indivíduos envolvidos” (BOWDITCH; BUONO, 1992, p. 80). Conforme sustenta Bowditch e Buono (1992) existem modos de comunicação que são defi nidos como comunicação verbal, não verbal, simbólica e paralinguística. 18 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional O conteúdo da comunicação como informações relevantes ou irrelevantes, familiares, estranhas, entre outros. O contexto no qual a comunicação ocorre, em qual espaço físico, se é entre profi ssionais em níveis hierárquicos diferentes, se é no ambiente social, entre outros. As características interpessoais do transmissor e as relações interpessoais entre o transmissor e o receptor. Podem ser considerados estes os principais fatores que compõem a base de análise e compreensão das mensagens transmitidas na comunicação. Fonte: Bowditch e Buono (1992, p. 80) (adaptado pela autora). Ao idealizarmos uma equipe de trabalho imaginamos um grupo em sinergia, esforçando-se na busca de um objetivo comum. Mas alcançar a sinergia não é tarefa fácil! Ela está relacionada à comunicação interpessoal e as variáveis que a compõem. Soma-se a este fato o posicionamento de Habermas (1981 apud TROTTA, 1998, p. 69-70) que propõe que se busquem formas de consolidar as relações humanas em padrões éticos e morais, substituindo critério de verdade fundamentados na refl exão solitária por critérios de argumentação produzidos no interior do processo de comunicação; uma refl exão centrada na comunicação, a busca da razão comunicativa. [...] Seu modelo de ação comunicativa pressupõe que todos os interessados possam participar do discurso e que todos eles tenham oportunidades idênticas de argumentar e chances iguais de fazer e refutar afi rmações, interpretações e recomendações. É notório que um dos fatores fundamentais para uma boa comunicação é a maneira que abordamos o assunto. Muito além do conteúdo, é a postura, o jeito que a pessoa compartilha suas ideias em uma instituição. Fatores como o tom de voz e a linguagem corporal são fundamentais para o impacto da mensagem que se quer passar. Conforme análise de Grispun (2006, p. 183): A escola, ainda que se assemelhe a outras empresas, destaca-se pela sua fi nalidade principal – a educação. Mello (1970) destaca a educação como ciência da informação; na escola a comunicação não é somente um meio para alcançar um fi m, mas se constitui na própria essência da educação. Analogamente a estrutura organizacional adotada nas empresas privadas, os orientadores têm a função de uma média gerência, ou seja, dialogam a 19 RELAÇÕES INTERPESSOAIS E COMUNICAÇÃO Capítulo 1 todo momento entre os níveis operacionais e compreende suas necessidades ao mesmo tempo que é o principal responsável pela interlocução com os níveis estratégicos, contribuindo com informações relevantes para a tomada de decisão. Analisado a partir desta perspectiva, o orientador é um facilitador, ou seja, um profi ssional que faz a mediação de confl itos e instiga a percepção das várias abordagens sobre um problema, gera conhecimento organizacional e contribui com uma visão inovadora sobre suas atribuições. O facilitador é um líder que fomenta a cooperação e o trabalho em equipe, estimula o grupo a buscar soluções criativas com foco na melhoria e aperfeiçoamento das práticas educacionais. Uma das principais difi culdades de se atingir a efi cácia na comunicação é quando um ou mais indivíduos assumem uma postura defensiva, situação bastante comum quando se aborda uma questão sob a ótica de um julgamento ou de avaliação. Nestes casos, as pessoas ao invés de tentarem entender e discutir a mensagem, buscam estratégias de autodefesa de seus conceitos, adotando um estilo defensivo ao invés de um estilo de apoio. A fi m de exemplifi car tal situação a tabela a seguir sintetiza os comportamentos passíveis de precipitar a defensividade e seus opostos correspondentes. Tabela 1 - Comportamentos da comunicação denfensiva Estilo DefensivoEstilo de Apoio Comentário Avaliação Descrição Comentários avaliativos ou julgamentos tendem a pôr as pessoas na defensiva. Controle Orientação para problemas Se um comunicador parecer estar tentando controlar os receptores, estes se porão na defensiva. Estratégia Espontaneidade Se parecer que o comunicador está prepa- rando uma armadilha para o receptor, ou tentando levar o receptor a uma conclusão que possa não ser garantida, o receptor se porá na defensiva. Neutralidade Empatia Um comunicador que pareça frio e distante provocará mais defensiva do que um que expresse amizade e calor humano. Superioridade Igualdade Um comunicador que pareça superior pro- vocará a defensividade. Certeza Condicionalidade Um comunicador que “sabe tudo” sem qualquer sombra de dúvida cria a defensi- vidade. Fonte: Adaptado de Jack Gibb, “Defensive Communication” 3 (Verão de 1961): p. 141-148 apud (BOWDITCH; BUONO, 1992, p. 86). 20 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional A efi cácia da comunicação interpessoal é um dos desafi os enfrentados pelo profi ssional de orientação. Segundo Pissurno (2008, p. 24), “os cinco elementos que distinguem os bons dos maus comunicadores são: auto-imagem, saber ouvir, clareza de expressão, capacidade de lidar com sentimentos de contrariedade ou irritação e auto-abertura”. Vamos analisar estes cinco elementos detalhadamente, sendo que a auto-imagem (ou autoconceito) de alguém é quem ele é. É o centro de seu universo, seu quadro referencial, sua realidade pessoal e o seu ponto de vista particular. É um valor por meio do qual ele percebe, ouve, avalia e compreende todas as coisas. É o seu mundo individual do mundo que o cerca. (PISSURNO, 2008, p. 24) Esta percepção de si mesmo afeta a comunicação, colocando o falante na posição de superioridade, igualdade ou inferioridade. Atividade de Estudos: 1) Você se lembra de alguma situação em que a auto-imagem infl uenciou sua prática profi ssional? Descreva uma dessas situações e indique no mínimo 03 fatores que contribuíram para que você adotasse esta postura. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ Segundo Pissurno (2008, p. 24), “os cinco elementos que distinguem os bons dos maus comunicadores são: auto-imagem, saber ouvir, clareza de expressão, capacidade de lidar com sentimentos de contrariedade ou irritação e auto- abertura”. 21 RELAÇÕES INTERPESSOAIS E COMUNICAÇÃO Capítulo 1 Se analisado de forma isolada, a auto-imagem é um fator que afeta diretamente a comunicação nas instituições. Muitas vezes o profi ssional encontra difi culdades e demonstra insegurança ao dialogar com os seus superiores. Sabemos que há outros fatores que infl uenciam esta postura de relativo desconforto frente a profi ssionais que estejam em posições hierárquicas mais altas, mas um dos pontos que justifi ca esta postura é uma possível auto-imagem negativa. Estas pessoas que possuem uma auto-imagem fraca, não raro, apresentam sentimentos de inferioridade e difi culdades em manter relações interpessoais coesas e satisfatórias. Em contrapartida, a pessoa com uma auto-imagem positiva, tem mais facilidade de interagir com os outros, e dialogar com pessoas de diferentes culturas e níveis hierárquicos, integrando e contribuindo com a melhoria da equipe de trabalho. Esta postura abre portas para que o profi ssional identifi que mais oportunidades na sua prática diária e tenha condições favoráveis para expressar suas ideias e sentimentos. A segunda característica identifi cada por Pissurno (2008, p. 25) é saber ouvir, quer dizer a audição se dá através do ouvido, enquanto o ouvir implica processo intelectual e emocional, que entrega dados ou inputs físicos, emocionais e intelectuais na busca de signifi cados e compreensão. O ouvir efi caz ocorre quando o destinatário é capaz de discernir e compreender o signifi cado da mensagem do remetente. O objetivo da comunicação só assim é atingido. O bom ouvinte capta as palavras e a linguagem silenciosa da comunicação não verbal percebendo e interpretando os sinais do interlocutor. Sua atenção no emissor permite uma interação no sentido de identifi car os possíveis signifi cados e chegar à compreensão dos fatos. Uma ação que demonstra falta de atenção no que o outro diz é quando o ouvinte interrompe a frase do locutor antes que ele a fi nalize. Esta ação pode ser entendida como uma desvalorização da opinião do outro ou, como uma postura de alguém que não considera o que o locutor tem a dizer como algo importante. Para o orientador educacional saber ouvir é relevante haja vista que o cerne de seu exercício profi ssional é dialogar com alunos, professores e pais, identifi cando e desvendando signifi cados ora explícitos, ora implícitos. E, para que o diálogo seja efetivo, é fundamental “saber ouvir” uma habilidade que ultrapassa a barreira do som e torna-se imbrincada de sentidos que são perceptíveis pelos atos, gestos, olhares, expressões e, também, pelas falas. Grispun (2006, p. 61) afi rma que “para a Orientação, o cotidiano escolar é a arte de ouvir e de saber agir para melhor se disponibilizar para o outro e para a instituição.” Não raras Para o orientador educacional saber ouvir é relevante haja vista que o cerne de seu exercício profi ssional é dialogar com alunos, professores e pais, identifi cando e desvendando signifi cados ora explícitos, ora implícitos. 22 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional são as vezes que o orientador se depara com problemas que aparentemente são derivados de um fato que, se analisado sob uma perspectiva mais ampla, percebe- se que o problema é derivado de um fator implícito. Nestes casos é fundamental que a capacidade de “saber ouvir” do orientador seja apurada. Quer desenvolver melhor sua habilidade de saber ouvir? Saiba mais sobre a comunicação não verbal! Leia o livro de WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala – a linguagem silenciosa da comunicação não verbal. 40. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996. Esta obra apresenta imagens e discute gestos e atos que expressam sentimentos, concepções ou posicionamentos internos não declarados na fala. Outra característica identifi cada por Pissurno (2008, p. 26) e que está no quadro das mais perseguidas pelos profi ssionais contemporâneos é a “clareza de expressão”. Ter uma fala clara, ser pragmático em suas colocações, saber adequar a linguagem aos mais diversos públicos são alguns dos pontos fundamentais para se obter clareza na comunicação. Atividade de Estudos: 1) Você já percebeu que os grandes líderes são pessoas que possuem clareza de expressão? Pesquise sobre a história de Jack Welch, um executivo que se tornou famoso por suas conquistas derivadas da sua habilidade em gestão, sua capacidade de liderança e sua clareza de expressão. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________ 23 RELAÇÕES INTERPESSOAIS E COMUNICAÇÃO Capítulo 1 Em nosso cotidiano, é comum encontrarmos pessoas que são confusas ao se comunicar ou pessoas que presumem que o ouvinte entendeu tudo o que ele quis dizer, fi cando magoado quando o resultado de seu diálogo produz resultados pouco satisfatórios. Nestes casos, muitas vezes, o comunicador pressupõe que o que está claro para ele também estará evidente para o ouvinte. O comunicador defi ciente deixa que o ouvinte adivinhe o que ele quer dizer, partindo da premissa que está, de fato, comunicando. Por sua vez, o ouvinte age de acordo com suas adivinhações. O resultado disso é um mal-entendido recíproco (PISSURNO, 2008, p. 26). Para ter clareza de expressão, o comunicador efi caz precisa ter domínio do idioma, ter uma imagem mental clara do que se quer dizer. Para ter condições de exercer com competência sua função é imprescindível que o orientador tenha auto-abertura ou a capacidade de falar total e francamente a respeito de si mesmo, isto é, a transparência na comunicação. Esta é mais uma das características analisada por Pissurno (2008) e claramente um desafi o muito comum para os orientadores, que para conseguirem a efi cácia de seu trabalho precisam conquistar a confi ança do grupo, conhecer claramente os objetivos e metas da escola e fomentar um clima de boa vontade e criatividade na escola. Outra característica que merece destaque para a efi cácia da comunicação interpessoal é a capacidade para lidar com sentimentos de contrariedade. Neste sentido, é fundamental que a pessoa saiba lidar com suas emoções e tenha discernimento para expressar, de maneira construtiva, suas críticas e demais sentimentos de contrariedade. Segundo Pissurno (2008, p. 27), as seguintes orientações podem ser úteis: Esteja alerta para suas emoções; Admita suas emoções. Não as ignore ou renegue; Seja dono de suas emoções. Assuma responsabilidade por aquilo que fi zer; Investigue suas emoções. Não procure “vencer” uma discussão na base do revide ou de “dar o troco”; Relate suas emoções. A comunicação congruente signifi ca uma combinação satisfatória entre o que você está dizendo e aquilo que está vivenciando; Integre suas emoções, seu intelecto e sua vontade. Dê uma oportunidade a você mesmo de aprender e crescer como pessoa. As emoções não podem ser reprimidas. Elas devem ser identifi cadas, observadas, relatadas e integradas. As emoções são sentimentos inerentes ao ser humano e infl uenciam a comunicação interpessoal nas organizações. Quando colocamos de maneira assertiva as emoções nos relacionamentos profi ssionais obtemos mais cumplicidade e respeito. A efi cácia do processo comunicativo reduz os ruídos 24 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional que frequentemente geram mal-entendidos além de propiciar mais facilidade para que a equipe exercite o debate e o diálogo. Em síntese, para Pissurno (2008, p. 28, modifi cado) comunicação efi caz, tem por base uma auto-imagem adequada; a capacidade de ser um bom ouvinte; a habilidade de expressar claramente os próprios pensamentos e ideias; a disposição para se expor, para se revelar aos outros com atitudes e comportamentos transparentes e; a capacidade de lidar com as próprias emoções. Diante do exposto, afi rma-se que muitos problemas enfrentados pelas instituições estão relacionados com a necessidade das pessoas se comunicarem entendendo e fazendo-se entender pelas outras pessoas. Conforme conclui Trotta (1998, p. 75), “podemos afi rmar que avaliar e refl etir sobre a maneira pela qual estamos nos comunicando pode ser considerado fundamental para qualquer realização humana”. Atividade de Estudos: 1) Agora, você já conhece algumas das barreiras que afetam a comunicação interpessoal. Pense e enumere quais atitudes você pode tomar para eliminá-las e tornar-se um orientador de sucesso. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ A efi cácia do processo comunicativo reduz os ruídos que frequentemente geram mal- entendidos além de propiciar mais facilidade para que a equipe exercite o debate e o diálogo. 25 RELAÇÕES INTERPESSOAIS E COMUNICAÇÃO Capítulo 1 Algumas dicas para se obter uma comunicação interpessoal efi caz: – Trate as pessoas pelo nome. – Olhe com atenção para as pessoas enquanto elas falam. – Ouça as pessoas verdadeiramente (lembre-se da característica “saber ouvir”). – Sorria, qualquer pessoa sente-se acolhida ao conversar com alguém sorridente. – Coloque-se no lugar dos outros antes de falar ou tomar alguma decisão (lembre-se da importância da empatia). – Não tenha pré-conceitos. – Inspire confi ança, fator fundamental para um profi ssional na equipe de trabalho. – Solicite e aceite feedbacks, são oportunidades de crescimento pessoal e profi ssional. – Mantenha o equilíbrio emocional. Algumas Considerações Chegamos ao fi nal deste primeiro capítulo! Nele estudamos as relações interpessoais e a comunicação em nosso ambiente de trabalho. Vimos que são vários os aspectos que envolvem estes temas e examinamos cada um deles. Agora estamos aptos a fazer uma análise crítica que permita melhorar a nossa postura profi ssional e a contribuir com a equipe no que tange a possíveis melhorias relacionadas a este tema em nosso ambiente de trabalho. No próximo capítulo, você terá oportunidade de estudar a Cultura e o Clima Organizacional. Seu empenho é imprescindível para a sua aprendizagem. Você está construindo o caminho para o seu desenvolvimento! 26 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional Referências BOWDITCH, James L.; BUONO, Anthony, F. Elementos do comportamento organizacional. Tradução de José Henrique Lamendorf. São Paulo: Pioneira, 1992. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 11. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008. Tradução: Roneide Venancio Majer com a colaboração de Klauss Brandini Gerhardt; [prefácio de Fernando Henrique Cardoso]. GRISPUN, Mírian. P. S. Zippin. A orientação educacional: Confl ito de paradigmas e alternativas para a escola. São Paulo: Cortez, 2006. OLIVEIRA, Alkíndar. Administrando confl itos no relacionamento pessoal e profi ssional. In: OLIVEIRA, Alkíndar, Escola de Líderes. São Paulo: Alkíndar, 2012. Disponível em: <http://www.alkindar.com.br/treinamento/artigos.html>. Acesso em: 01 set. 2012. PISSURNO, Dayse Layds Rodrigues. Desenvolvimento de equipes: manual do participante. Pissurno; atualização do conteúdo Lacy de Oliveira Silva. - Brasília: SEBRAE, 2008. TROTTA, Rosy Rosalina Scapin. Relações interpessoais ainda? In: GRISPUN, Mírian P. S. Z. (Org.) A prática dos orientadores educacionais. São Paulo: Cortez, 1998. CAPÍTULO 2 Inteligência Emocional e Liderança A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Caracterizar inteligência emocional e liderança. Analisar a infl uência da inteligência emocional e da liderança nas instituições escolares. 28 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional 29 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E LIDERANÇA Capítulo 2 ConteXtualização Um dos desafi os profi ssionais é compreender e agirde forma adequada diante de situações de pressão em que se precisa exercer um cargo de liderança. Esta situação é vivida pelos orientadores educacionais por terem na base de sua prática profi ssional as relações interpessoais, conforme estudamos no Capítulo 01. Neste segundo capítulo, estudaremos algumas das variáveis que infl uenciam as relações interpessoais na escola, destacando fatores como inteligência emocional e liderança. Ao fi nal deste capítulo você deverá ser capaz de reconhecer diferentes posicionamentos ligados à inteligência emocional e compreender como se dão as relações de liderança no seu ambiente profi ssional. A Inteligência Emocional A inteligência emocional (IE) é tema de muitos debates e pesquisas científi cas que estudam as interações entre emoção e inteligência. A inteligência emocional amplia o conceito tradicional de inteligência e incorpora a ela a concepção ligada aos sentimentos, às emoções. A contribuição deste termo reside no fato de integrar os dois conceitos aparentemente antagônicos em uma mesma abordagem. O conceito de inteligência é originalmente ligado à razão e o conceito de emoção ligado aos sentimentos e às sensações. E, por muito tempo, as instituições consideraram que os profi ssionais deveriam agir pautados unicamente por questões racionais. Neste contexto, algumas pessoas fortalecem o uso da racionalidade e reduzem a capacidade de lidar com as pessoas por suprimir sentimentos ligados à emoção. Contudo, ao considerarmos a abordagem da inteligência emocional entende-se que o uso da racionalidade é mediado por fatores emocionais. Toda decisão possui um componente emocional e o que vai reger a escolha são os valores pessoais, o sim ou o não interno. O bom decisor tem uma apurada sensibilidade para perceber ambos os lados da situação (racional e emocional) e tomar a sua decisão mediada pela inteligência que identifi ca fatos e oportunidades. Esta característica está vinculada a capacidade de eliminar ressentimentos, mágoas e preconcepções no momento da tomada de decisão. Em outras palavras, ter capacidade de lidar com as emoções na vida profi ssional e pessoal. A inteligência emocional amplia o conceito tradicional de inteligência e incorpora a ela a concepção ligada aos sentimentos, às emoções. A contribuição deste termo reside no fato de integrar os dois conceitos aparentemente antagônicos em uma mesma abordagem. 30 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional Inteligência emocional é também denominada por alguns autores como maturidade emocional, tema originalmente ligado à psicologia que foi absorvido por outras áreas de estudos e pela sociedade leiga após a difusão de livros sobre a matéria que se tornaram bestsellers mundiais. A essência da Inteligência Educacional está na delicadeza no trato das relações interpessoais que envolvem as relações de trabalho. O livro Inteligência Emocional de Daniel Goleman debate temas como inteligência e a aplicabilidade de testes de Q.I. (Quoefi ciente de Inteligência), além de abordar questões ligadas ao funcionamento do cérebro. É uma obra polêmica que popularizou o conceito de inteligência emocional e revolucionou a área de psicologia nas empresas.É uma obra imperdível para quem tem interesse em aprimorar sua maneira de lidar com as pessoas e ampliar seus conceitos sobre inteligência emocional. (GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefi ne o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. 370 p.). Conforme sustenta Primi (2003) o conceito de inteligência emocional foi criado por Peter Salovey, John Mayer e David Caruso (SALOVEY; MAYER, 1990; MAYER; SALOVEY, 1999). Em 1995 Daniel Goleman lançou uma concepção que difere da original incluindo aspectos mais amplos “além de algumas afi rmações como a que diz que a inteligência emocional é mais importante do que a inteligência tradicionalmente medida pelos testes psicométricos”. São questões debatidas pelos pesquisadores e sem um consenso aparente. Importante ressaltar que existem outras correntes de estudo sobre IE, mas para fi ns corporativos, as ideias de Goleman (1995) são as mais aceitas e difundidas. Em consonância com o afi rmado por Goleman (1995 apud BERGAMNINI, 1996, p.75), a inteligência emocional é constituída de talentos, tais como a capacidade de motivar-se e persistir diante das difi culdades, controlando os impulsos de forma a adiar a satisfação com o objetivo de regular o próprio estado de espírito impedindo que a afl ição invada a capacidade de pensar, criar a empatia e esperar. Numa sociedade imersa na Era Informacional em que o conhecimento tem alto valor agregado, as empresas (e também as escolas) passaram a não tolerar em suas equipes pessoas que são agressivas, desequilibradas e com problemas aparentes nas relações interpessoais. Problemas estes, muitas vezes 31 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E LIDERANÇA Capítulo 2 derivados de um desequilíbrio da inteligência emocional. Na Era da Informação as instituições, as empresas, as escolas, são refl exos das pessoas que as compõem e o conhecimento é um diferencial competitivo. Em outras palavras, o capital humano que compõe uma organização integra o patrimônio da instituição. Diante deste cenário, a necessidade do indivíduo ser maduro e equilibrado para ter mais tranquilidade em lidar com as difi culdades que envolvem as relações de trabalho transformou-se em um ponto fundamental para se fomentar equipes de alto desempenho. Chiavenato (2010) em sua obra “Recursos Humanos” corrobora com este posicionamento e aborda a importância do capital humano nas instituições demonstrando critérios para transformar a diversidade de características individuais em oportunidades de crescimento da equipe de trabalho. De acordo com ele, o futuro das instituições está nas habilidades interpessoais. O termo inteligência emocional foi cunhado por Peter Salovery e John Mayer professores da Yale University. Estes autores defi nem cinco áreas de abrangência da inteligência emocional: - conhecer as próprias emoções: trata-se de reconhecer a emoção que se está sentindo e saber qualifi cá-la corretamente. - administrar as emoções: aprender a ser capaz de adequar a energia da emoção para entrar em conformidade com o momento, qualidade e intensidade da emoção. - reconhecer emoções em outras pessoas: a chave para intuir as emoções alheias é habilidade para ler as mensagens não verbais, como olhar, expressão fácil, tom de voz etc. - Manejar relacionamentos: quando duas pessoas interagem, a direção do estado de humor de uma passa para a outra pessoa. A sincronia das emoções determina se uma relação está indo bem ou não. Emoções não só comunicam como também contagiam o estado de humor de outra pessoa. Fonte: Chiavenato (2009, p. 189). 32 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional A importância de se desenvolver a inteligência emocional tem a ver com o bem-estar, a felicidade e a harmonia da própria pessoa. Percebe-se que a pessoa que possui aguçada inteligência emocional está em clara evolução, avançando e conquistando novos conhecimentos. Estes profi ssionais têm a capacidade de se adaptar às novas realidades e gostam de aprender o tempo todo, pois compreendem que a velocidade das mudanças nas últimas décadas é muito grande. São pessoas que gostam de aprender com outras pessoas! Geralmente, seu olhar sobre o mundo o direciona a ter atitudes de respeito pela maneira de ser do outro, pelo modo como ele pensa e age, é compreender que cada pessoa é única e tem contribuições importantes para a equipe de trabalho. São profi ssionais que assumem para si mesmos que devem aprender e reaprender. Como já foi dito conceito de inteligência emocional pressupõe que o indivíduo tenha sensibilidade para equilibrar a razão e a emoção. Entenda que não é adequado que o indivíduo seja extremamente racional, mas sim que a razão decida embora o sentimentoexista. Os avanços das discussões que envolvem a inteligência emocional indicam um emaranhado de habilidades necessárias ao profi ssional contemporâneo. Atividade de Estudos: 1) Sendo você, caro(a) aluno(a), responsável por explicar para seus colegas de trabalho o que é inteligência emocional, defi na com suas palavras este termo. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ A importância de se desenvolver a inteligência emocional tem a ver com o bem- estar, a felicidade e a harmonia da própria pessoa. Percebe-se que a pessoa que possui aguçada inteligência emocionalestá em clara evolução, avançando e conquistando novos conhecimentos. 33 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E LIDERANÇA Capítulo 2 A Influência da Inteligência Emocional nas Instituições Daniel Goleman (1995) aponta que a inteligência emocional pode ser equilibrada ou desequilibrada. Se tivermos um olhar mais atento para os relacionamentos interpessoais em nosso cotidiano, percebemos que muitas vezes as pessoas equilibradas são pessoas positivas e que possuem uma ideia positiva de si mesmo, havendo uma concomitância entre razão e emoção. Estes indivíduos tomam decisões rápidas, assumem riscos e têm coragem de errar. É fato que quem assume riscos está mais sujeito a erros como observado em um dito popular que “só não erra quem não faz”. Cumprem promessas grandes ou pequenas e não se deixam manipular porque têm segurança de si mesmo e clareza na percepção dos sentimentos. Acreditam no que fazem,agem e reagem rapidamente. Pessoas emocionalmente equilibradas são pessoas que conseguem se autodisciplinar. Ou seja, pessoas que têm disciplina de fazer a coisa certa na hora certa e da maneira certa. Este perfi l profi ssional arrisca, ousa, inventa e busca inovar com objetivo de progredir. Em outras palavras, a criatividade é um fator ligado à inteligência emocional porque a pessoa precisa ir contra o padrão estabelecido, ter coragem de se fazer com carinho e com estabilidade algo novo. Colocar em prática ideias inovadoras é difícil e requer mudanças pessoais profundas, que envolvem o questionamento apurado e assertivo sobre padrões estabelecidos. A dúvida é criativa, inquieta e é o princípio das grandes descobertas. Pessoas que possuem esta predisposição criativa enxergam o processo de mudança como algo importante e valorizam cada passo para a conquista dos objetivos. São profi ssionais motivados, que desfrutam o caminhar, o processo de construir, de criar e recriar, de inventar e se reinventar. Para se alcançar este ápice é fundamental que haja boas relações interpessoais no ambiente de trabalho pois, se isso não existir, o indivíduo será podado em sua atividade. Este jeito de agir deixa a vida e o trabalho mais ameno e mais desafi ante. 34 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional Atividade de Estudos: 1) Considerando a atuação do orientador educacional, pesquise quais atitudes acontecem no seu dia a dia que podem instigar a equipe da escola a colocar em prática ideias inovadoras? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ O conjunto de atitudes e atribuições de uma pessoa emocionalmente equilibrada é muito grande, mas é o que faz uma pessoa segura, e é o que faz uma pessoa conquistar sucesso profi ssional. Em virtude do que foi mencionado, os profi ssionais que sabem gerenciar os sentimentos são mais produtivos e alcançam melhores resultados. Em contrapartida, uma pessoa com baixa inteligência emocional enfrenta difi culdades nas relações interpessoais no trabalho. Em geral, este indivíduo tem difi culdade de autocrítica e possui pouca tolerância a contrariedades e frustrações. Como resultado, quando enfrenta situações de pressão suas respostas são agressivas e, não raro, tem atitudes acusativas e egoístas. São pessoas fracas que não têm competência para suportar o fracasso e o erro e, por isso, são mais limitadas para criar e para arriscar. Várias pessoas com este perfi l são donos das empresas ou diretores de escolas sendo que assumiram cargos hierárquicos mais altos, não por competência, mas por sua posição histórica na instituição. De acordo com Daniel Goleman (1995 apud BERGAMNINI, 1996, p.75), na medida em que nossas emoções atrapalham ou aumentam nossa capacidade de pensar e fazer planos, de seguir treinando para alcançar uma meta distante, solucionar problemas e coisas assim, defi nem os limites do nosso poder de usar nossas capacidades mentais inatas, e assim determinam como nos saímos na vida. E, na medida em que somos motivados por sentimentos de entusiasmo e prazer no que fazemos - ou mesmo por um grau ideal de ansiedade, esses sentimentos nos levam à conquista. É nesse sentido que a inteligência emocional é uma aptidão mestra, uma capacidade que afeta profundamente todas as outras facilitando ou interferindo com elas. O conjunto de atitudes e atribuições de uma pessoa emocionalmente equilibrada é muito grande, mas é o que faz uma pessoa segura, e é o que faz uma pessoa conquistar sucesso profi ssional. 35 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E LIDERANÇA Capítulo 2 Esta abordagem de Goleman (1995) nos desperta para a necessidade de realizar um trabalho constante comigo mesmo. Isto é, pensar a todo o momento sobre minhas atitudes e modifi car aspectos que não estão funcionando adequadamente para que se transformem em atitudes construtivas. O que pensamos infl uencia no que sentimos e o que sentimos infl uencia o que pensamos. O indivíduo que desconhece os próprios impulsos e sentimentos tende a se tornar ansioso. Por outro lado, pessoas que exercitam a autocrítica têm consciência de suas próprias limitações e geralmente são mais autossufi cientes para lidar com adversidades. Crescer emocionalmente é um processo lento, penoso. A inteligência emocional permite que as pessoas vejam a queixa como uma crítica construtiva, que a diversidade de pensamentos e posições seja um combustível para novos desafi os. Desde criança a pessoa que convive em um clima de paz, harmonia, compreensão e com disciplina tem mais facilidade em trabalhar sua inteligência emocional. Isso não quer dizer que apenas na infância adquirimos esta competência. Ao contrário, ela pode ser adquirida por meio de técnicas e desenvolvida de acordo com as experiências vividas por cada indivíduo. No ambiente escolar, sabe-se que o aluno brilhante nem sempre tem sucesso profi ssional. Para os adeptos à teoria de inteligência emocional defendida por Daniel Goleman (1995) o conhecimento teórico é requisito básico para integrar uma equipe de trabalho, mas o que diferencia uma pessoa bem sucedida é muito mais sua capacidade de ser emocionalmente equilibrada. Em síntese, nas empresas e também nas escolas, as equipes de alto desempenho são compostas por profi ssionais transparentes que entendem a importância do raciocinar sem abandonar as emoções. “São equipes caracterizadas pela elevada participação das pessoas e pela busca de respostas rápidas e inovadoras às mudanças no ambiente de negócios e que permitam atender às crescentes demandas”. (CHIAVENATO, 2010, p.86). Estes indivíduos são comprometidos com a equipe e aprenderam a equilibrar suas emoções e sua razão. Tal perfi l tem especial importânciapara o orientador educacional que a todo o momento lida com questões relacionadas à cognição - emoção. “São equipes caracterizadas pela elevada participação das pessoas e pela busca de respostas rápidas e inovadoras às mudanças no ambiente de negócios e que permitam atender às crescentes demandas”. (CHIAVENATO, 2010, p.86). 36 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional Atributos das Equipes de Alto Desempenho Os principais atributos das equipes de alto desempenho são geralmente os seguintes: - Participação: todos os membros estão comprometidos com o fortalecimento institucional e auto-ajuda. - Responsabilidade: todos os membros sentem-se responsáveis pelos resultados do desempenho. - Clareza: todos os membros compreendem e apoiam os objetivos da equipe. - Interação: todos os membros comunicam dentro de um clima aberto e confi ável. - Flexibilidade: todos os membros querem mudar e melhorar o desempenho. - Focalização: todos os membros são dedicados a alcançar as expectativas do trabalho. – Criatividade: todos os membros são dedicados a alcançar as expectativas do trabalho. – Rapidez: todos os membros atuam prontamente sobre os problemas e as oportunidades. Fonte: Chiavenato (2009, p. 224). Caro(a) aluno(a), você já pensou que os colaboradores da escola compõem um grupo que pode ser provocado para que se transforme em uma equipe de alto desempenho? Você, orientador educacional, pode ser o agente motivador que irá instigar o grupo a obter respostas para as questões apresentadas no quadro a seguir visando o progresso da escola e a melhoria da aprendizagem dos alunos. Aproveite e aprofunde seus conhecimentos sobre equipes de alto desempenho fazendo pesquisas em livros, em revistas e na Internet. 37 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E LIDERANÇA Capítulo 2 Equipes de Alto Desempenho Em geral, as equipes de alto desempenho conhecem perfeitamente os seguintes aspectos: “Quem somos nós? A equipe é capaz de uma auto-avaliação objetiva no sentido de alcançar uma compreensão de si mesma, dos seus fortes e fracos. Onde estamos agora? A equipe sabe fazer uma análise situacional e um balanço objetivo de qual é a sua situação atual. Para onde estamos indo? A equipe defi ne uma visão, bem como os objetivos que pretende alcançar em termos de saídas e resultados. Como chegar lá? A partir dos objetivos defi nidos, a equipe defi ne planos de ação estratégicos. O que esperam de nós? A equipe demonstra assumir responsabilidades por meio de regras de base e com isso ganha confi abilidade. De qual apoio necessitamos? A equipe avalia suas necessidades de treinamento e desenvolvimento e amplia sua capacidade de aprendizagem. Quanto efi cazes somos nós? A equipe faz um questionamento constante de sua capacitação e de sua efi cácia no alcance dos objetivos. Busca marcos de referência para revisar continuamente seus processos grupais e melhorá-los. Qual reconhecimento desejamos? A equipe busca retroação na forma de reconhecimento, remuneração, benefícios e promoções. Quem somos nós? Retorna o ciclo da equipe de alto desempenho, dessa vez melhorado com a aprendizagem ao longo do processo.” Veja a representação esquemática deste ciclo na Figura 1. 38 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional Figura 1 - Equipe de Alto Desempenho Fonte: Chiavenato (2010, p. 304). Atividades de Estudos: 1) Tente, agora, listar e justifi car cinco das habilidades relacionadas à inteligência emocional que você considera imprescindíveis para o orientador educacional. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Para eu me tornar um orientador educacional emocionalmente equilibrado e com acentuada inteligência emocional quais das habilidades que foram listadas acima eu preciso trabalhar e adquirir? Quais delas eu já possuo? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 39 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E LIDERANÇA Capítulo 2 ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Considerando suas habilidades descritas anteriormente como você, na posição de orientador educacional, pode contribuir para que os profi ssionais que atuam na escola desenvolvam a inteligência emocional? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Em virtude de todo o mencionado neste item, Daniel Goleman (1995 apud CHIAVENATO, 2009, p.189, modifi cado) sintetiza: a inteligência emocional tem sido considerada como um fator fundamental na construção de equipes bem-sucedidas e no alcance de objetivos de carreira. Ela é descrita como: A capacidade de ter consciência de seus sentimentos e de saber usá-los. Competência em gerenciar seu temperamento. Ser otimista e solidário. Conseguir empatia com os sentimentos das outras pessoas. Esses traços são críticos para [...] pessoas que devam trabalhar ou conviver juntas. Para Pensar... Há uma frase atribuída a Aristóteles que diz: “Qualquer um pode fi car furioso... isso é fácil. Porém, estar furioso com a pessoa certa, com a intensidade certa, no momento certo, pelo motivo certo, e da forma certa... isso não é fácil.” Esta colocação traduz em poucas palavras a essência da inteligência emocional. 40 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional Atividade de Estudos: 1) Tente agora imaginar uma situação que te deixa furioso no seu dia a dia como orientador educacional. Descreva a situação e como proceder para que sua atitude refl ita que você é um profi ssional com uma aguçada inteligência emocional? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ A Liderança e o Trabalho em EQuipe nas Instituições O orientador educacional ocupa um cargo de liderança nas escolas e sua atuação é essencial para fomentar as competências individuais da equipe. A capacidade de lidar com diferentes culturas e com a diversidade do comportamento humano é uma característica fundamental do líder. Atividade de Estudos: 1) Você conhece algum profi ssional de educação que ocupa um cargo de liderança na escola e possui difi culdades em gerir suas emoções? a) Cite e comente quais as consequências deste posicionamento para a equipe de trabalho escolar. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 41 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E LIDERANÇA Capítulo 2 ____________________________________________________ ____________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ b) Relacione as consequências destes atos com a educação. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Sabemos que alguns indivíduos têm difi culdades em gerir suas emoções principalmente as de natureza agressiva.O profi ssional bravo e/ou autoritário possui descontrole das emoções e, no ambiente de trabalho, não pode haver endosso para atitudes de desequilíbrio emocional. Quando o profi ssional ocupa um cargo de liderança, este fator é mais evidente e a necessidade de não se deixar dominar por sentimentos e impulsos de agressividade, intolerância a frustração e contrariedade é maior. Isso porque as características do denominado “analfabeto emocional” correspondem basicamente à intolerância a frustrações e a contrariedades. São pessoas não muito confi áveis porque não têm o domínio da razão sobre as emoções e, não raro, possuem condutas egoístas. É difícil para as instituições lidar com ocorrências desta natureza! O líder que tenta liderar sua equipe por meio da intimidação tende a ser excluído das instituições. Neste modelo o funcionário é tratado de forma grosseira por pessoas autoritárias. Há uma forte tendência de que as instituições empresariais e de ensino não escolham pessoas com perfi s grosseiros, pois é cada vez mais escasso se tolerar e aceitar pessoas com estes perfi s. Estes profi ssionais estão na contramão das pesquisas mais recentes sobre recursos humanos e também das posições adotadas por executivos de grande parte das instituições de sucesso. Tal perfi l fi ca evidente nas primeiras posições do “continuum de padrões de liderança” defi nidos na fi gura 2 que representa sob uma abordagem situacional os vários padrões de liderança. Quanto mais próximo da esquerda mais acentuado é o estilo de liderança autoritária, enquanto que, quanto mais próximo da direita mais democrático e participativo é o estilo adotado. O líder que tenta liderar sua equipe por meio da intimidação tende a ser excluído das instituições. 42 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional Figura 2 – Padrões de Liderança Fonte: Chiavenato (2010, p. 366). Como dito, gerenciamento tem prezado pela delicadeza no trato com as pessoas e o trabalho em equipe é muito valorizado por se pensar a todo o momento em parcerias, modelo que no “continuum de padrões de liderança” se aproxima da posição 7. Este modelo de trabalho possui lideranças que se relacionam de forma respeitosa com seus liderados. É composto por pessoas com aguçada inteligência emocional e que possuem capacidade de aprender permanentemente. Estes profi ssionais têm fl exibilidade para incorporar novos pontos de vista e abandonar outros que não são mais necessários. Repare que este é o perfi l desejado de um orientador educacional! Este quesito é fundamental para que se obtenha sucesso duradouro em sua caminhada. Figura 03 - Reunião de professores mediada pelo orientador educacional, visando um objetivo comum Fonte: Minicucci (2001, p.23). 43 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E LIDERANÇA Capítulo 2 Em nossa vida profi ssional convivemos com pessoas dos dois modelos – pessoas grossas e delicadas – líderes autoritários e participativos. Em comentário a esta questão Daniel Goleman (1999 apud CHIAVENATO, 2010, p.193) sintetiza algumas ideias e que aponta que existem cinco componentes básicos da inteligência emocional que são importantes para os líderes das organizações: Auto-consciência: a base de todos os demais componentes. Signifi ca estar atento a respeito de seus próprios sentimentos e consciente das emoções no sentido de interagir efi cazmente com os outros e apreciar emoções alheias. O líder sabe controlar suas emoções de maneira saudável e madura. Administrar as emoções: o líder deve saber balancear suas próprias emoções – como medo, ansiedade, preocupação, raiva, tristeza – de maneira a não prejudicar seu relacionamento com os outros e nem ferir susceptibilidade alheias. O líder sabe escolher os meios mais adequados para expressar ou liberar suas emoções. Automotivação: é a habilidade de ser otimista apesar dos obstáculos e difi culdades. Essa habilidade é crucial na perseguição de objetivos de longo prazo. Empatia: signifi ca a capacidade de se colocar no lugar dos outros, sintonizar-se com seus problemas e saber reconhecer e compreender os sentimentos alheios. Habilidades sociais: é a capacidade de se conectar com os outros, construir relacionamentos construtivos, manejar desacordos, resolver confl itos e infl uenciar os outros é crucial nas modernas organizações baseadas em equipes e fundamental nas posições de liderança. Uma boa parte das pessoas não adquiriu os componentes básicos da inteligência emocional adequada e com isso estas pessoas terão difi culdades em prosperar profi ssionalmente. Para um orientador educacional este é um ponto chave, pois sua atuação está relacionada ao seu sucesso como líder. É papel da família e da escola educar as pessoas para que sejam emocionalmente maduros e que eles venham a ser independentes e competentes profi ssionalmente. Atividade de Estudos: 1) Pense em seu círculo de relacionamentos e analise se você conhece alguém que se comporta como um líder em seu ambiente profi ssional. É um líder autoritário ou participativo? Explique o porquê da sua resposta. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 44 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Sabe-se que a posição de liderança é alterada de acordo com a situação. Muitos orientadores que são bons líderes nas escolas não o são em casa, na política etc. A situação de liderança é relativa e, muitas vezes uma pessoa exerce um papel de liderança em determinado ambiente e é liderada em outros. Esta adaptabilidade é muito enriquecedora! Para Minicucci (2001, p.170) “liderança é a infl uência interpessoal exercida numa situação, por intermédio do processo de comunicação, para que seja atingida uma meta”. Esta defi nição de liderança pressupõe: - Capacidade de infl uência interpessoal, ou seja, o líder infl uencia o pensamento e a ação do outro. Esta infl uência irá variar de acordo com a situação vivida. Alguns momentos no ambiente de trabalho exigem adaptação do líder. E, em algumas situações surgem novos líderes situacionais. - A comunicação é o meio mais usual que o líder utiliza para repassar sua mensagem aos liderados. - Um líder efi caz é capaz de infl uenciar seus liderados para atingir uma meta. Vamos refl etir sobre liderança? Um grupo de adolescentes deseja organizar um conjunto de música pop – esta é a meta. A liderança efi caz – de um professor, de um membro do grupo, de um maestro é aquela que: com infl uência interpessoal, nessa situação (numa escola), por meio da comunicação, consegue atingir a meta: levar os estudantes (liderados) à organização de um conjunto musical. Fonte: Minicucci (2001, p. 173) grifo nosso. A atuação do orientador educacional requer que o profi ssional assuma responsabilidades ligadas a atividades desempenhadas por outras pessoas, tornando-o um líder. Geralmente ele identifi ca necessidades que precisam 45 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E LIDERANÇACapítulo 2 ser trabalhadas pelos colaboradores para que a escola caminhe em busca da excelência. Diante desta situação, não raras são as vezes que existe a necessidade de realizar formações específi cas que podem envolver mudanças comportamentais. Planejar uma formação para a equipe é uma tarefa aparentemente fácil, no entanto, ao se defi nir o conteúdo programático deve-se levar em consideração alguns fatores, conforme quadro 01: Quadro 1 - Conteúdo do processo de formação Fonte: Chiavenato (2008, p. 295) modifi cado pela autora. Constitui parte da responsabilidade do orientador auxiliar na identifi cação da necessidade de se realizar formações com a equipe da escola. A subdivisão sobre os tipos de formações apresentada acima é adequada por permitir direcionar cada atividade para os objetivos da instituição em um dado momento. Repare que é possível realizar estas formações de maneira isolada ou conjunta. Mas é fundamental conhecer e identifi car a distinção dos objetivos trabalhados em cada um deles para se obter o sucesso esperado. Outra variável que precisamos ressaltar em todo este contexto é a cultura organizacional. Ela infl uencia a forma de se liderar e as relações de poder na escola. Em ambientes mais tradicionais, o respeito a hierarquia é grande e uma posição contrária a da direção pode ser motivo de sanções e de possíveis problemas. Em contrapartida, ambientes mais modernos têm limites hierárquicos mais fl exíveis e encorajam o diálogo quando as posições sobre determinado assunto são antagônicas. Diante de todo o exposto, podemos afi rmar que a liderança é um tema muito debatido e as pesquisas mais modernas sobre gestão de pessoas indica 46 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional que esta é uma característica primordial para o profi ssional contemporâneo. Assumir um cargo de orientador educacional requer formação acadêmica adequada, responsabilidade, respeito para com os colegas de trabalho e capacidade de liderar e infl uenciar positivamente a equipe. Corroboram desta afi rmação as posições defendias por Chiavenato (2010, p. 345) o qual complementa: O mundo organizacional requer líderes para a condução bem-sucedida das organizações e a liderança representa a maneira mais efi caz de renovar e revitalizar as organizações e impulsioná-las rumo ao sucesso e à competitividade. Sem liderança, as organizações correm o risco de vagar ao léu e sem uma direção defi nida. A liderança introduz força, vigor e rumo defi nido nas organizações. Então, você orientador educacional tem a missão de introduzir força, vigor e rumo defi nido para sua escola. Pense e aja sempre para fazer com que isso aconteça da melhor forma possível. Caro(a) aluno(a), vamos estudar mais como a liderança pode auxiliar na prática da obtenção de resultados positivos? Assista ao vídeo Gestão e Liderança de Pessoas na Prática do palestrante Sérgio Saraiva. Acesse o link www.youtube.com/ watch?v=PLbvRsCwIMQ SARAIVA, Sérgio. Gestão e liderança de pessoas na prática. (Girofl ex) E-talkEndeavor Brasil. Disponível em: <www.youtube.com/ watch?v=PLbvRsCwIMQ>. Acesso em: 12 nov. 2012. Que tal aprofundar seus conhecimentos sobre Liderança em Gestão Escolar. Este é o título do livro de Heloísa Lück, da Editora Vozes que debate maneiras de compartilhamento de uma liderança comprometida com os objetivos escolares. A obra proporciona refl exões relevantes sobre o cotidiano escolar, o espírito de equipe e a pró-atividade. Boa Leitura! LÜCK, Heloísa. Liderança em gestão escolar. 4.ed.Petrópolis, RJ: Vozes, 2010 –(série Caderno de Gestão). 168p. Assumir um cargo de orientador educacional requer formação acadêmica adequada, responsabilidade, respeito para com os colegas de trabalho e capacidade de liderar e infl uenciar positivamente a equipe. 47 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E LIDERANÇA Capítulo 2 Liderança e Poder Não se pode negar que em todas as instâncias sociais, convive-se com relações de poder. O poder é intrínseco à nossa sociedade e na escola não é diferente. No entanto, é preciso refl etir qual o papel desse poder. Seria dominar? Ou procurar encontrar meios para modifi car o espaço em que se está inserido? Como o orientador poderia lidar com o poder que de certa forma lhe é conferido ao assumir essa função? Vamos refl etir sobre isso nesta seção. O orientador educacional é um líder que exerce certa relação de poder nos relacionamentos profi ssionais escolares. O desafi o é defi nir de que maneira utilizar este poder para mobilizar a equipe e alcançar resultados positivos na escola. Comparativamente, espera-se que o professor seja um líder na sala de aula da mesma maneira que se espera que o orientador seja um líder dentro da escola. Atividade de Estudos: 1) Você já pensou sobre liderança na escola? O que signifi ca ser líder no contexto escolar? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ É interessante verifi car que a concepção de poder muitas vezes carrega um aspecto negativo ligado a dominação, a falta de diálogo e a aceitação de pontos de vista de pessoas que impõem sua vontade sobre as outras. Contudo, as relações de poder podem ser mantidas de forma positiva objetivando melhorar as relações de trabalho e direcionando a equipe para alcançar resultados favoráveis para a escola. De modo geral, existe uma intrínseca relação entre liderança e poder. Ambas as concepções estão relacionadas à infl uência exercida intencionalmente sobre outras pessoas, por meio das relações interpessoais. De modo geral, existe uma intrínseca relação entre liderança e poder. Ambas as concepções estão relacionadas à infl uência exercida intencionalmente sobre outras pessoas, por meio das relações interpessoais. 48 Relações Interpessoais e Ética Profi ssional Vale ressaltar que os líderes exercem algum tipo de poder sobre seus liderados, em contrapartida, nem todas as pessoas que possuem algum tipo de poder podem ser consideradas líderes. Em comentário a esta questão estudaremos os tipos de poder e suas principais características defi nidas por French e Raven (1960 apud CHIAVENATO, 2010, p.346). Quadro 2 - Características dos tipos de poder Tipos de Poder Características Bases do Poder Poder coercitivo O liderado percebe que o fracasso em atender às exigências do líder poderá levá-lo a sofrer algum tipo de punição ou penalidade que ele quer evitar. Organizacional: baseia-se no poder da posição hierár- quica que o profi s- sional ocupa.Poder de recompensa É o poder que se apoia na espe- rança de alguma recompensa, in- centivo, elogio ou reconhecimento que o liderado espera obter. Poder legitimado É o poder que decorre do cargo ou posição ocupada pelo indiví- duo no grupo ou na hierarquia organizacional. Poder de competência É o poder baseado na especiali- dade, no talento, na competência, na experiência ou no conhecimen- to técnico da pessoa. Os liderados percebem o líder como alguém que possui certas competências que excedem os seus próprios conhecimentos ou conceitos. Individual: baseia-se na pessoa do líder, na capacidade efetiva de gerar resulta- dos por meio das pessoas Poder de referência É o poder popularmente conhe- cido como carisma. O poder de referência emana da admiração e do desejo de se parecer com o líder. Fonte: French e Raven(1960 apud CHIAVENATO, 2010, p.346).Modifi cado pela autora. 49 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E LIDERANÇA Capítulo 2 Para aprofundar seus estudos sobre o uso do poder sugerimos “A Arte da Guerra” de Sun Tzu. É um tratado militar escrito no século IV A.C. composto por treze capítulos
Compartilhar