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GABARITO A2 HISTÓRIA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA

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Pergunta 1
· 1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o texto a seguir:
“A Anti-Slavery Internacional, organização não governamental que atua no combate à escravidão no mundo contemporâneo, considerava que cerca de 25 milhões de pessoas eram vítimas do trabalho escravo em 2003. Dentre essas pessoas haveria trabalho infantil, exploração sexual e trabalhadores escravizados por dívida. Nesse mesmo ano, conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT), aproximadamente 25 mil pessoas estariam vivendo nessas condições no Brasil.” (CATELLI JR., 2007, p. 268)
CATELLI JR., R. História – texto e contexto. São Paulo: Scipione, 2007.
I. Conflitos entre os vários grupos étnicos africanos, reinos e nações rivais dos mais diversos matizes contribuíram para que africanos capturassem seus inimigos e os encaminhassem à escravidão, negociando-os com europeus entre os séculos XVI e início do XIX. O tráfico internacional de escravos de origem africana é o cerne da diáspora forçada de afrodescendentes pelo mundo, em especial no continente americano.
 
II. A Lei Áurea permitiu a criação de condições especiais para que os ex-cativos e libertos de origem africana fossem inseridos na sociedade brasileira com a implementação de um amplo conjunto de reformas. Entre as iniciativas, houve a reforma agrária, que permitiu o surgimento de um campesinato negro brasileiro, e a reforma urbana, que ajudou com a titularidade da posse de imóveis – logo, capital – nas mãos dos antigos cativos.
 
III. Dada a ampla resistência de segmentos africanos e afro-brasileiros, a instituição escravista nunca foi tão poderosa quanto em outros países e regiões do continente, tais como o Caribe, Cuba, os atuais EUA e a Colômbia. Esse fato contribuiu para o rápido declínio da escravidão em nosso país.
 
IV. No Brasil, em pleno século XXI, conseguimos eliminar as situações de trabalho análogo à escravidão. Esse é um fato histórico que demonstra o alcance e um outro patamar civilizatório de nossa sociedade.
 
V. Em função das políticas de ação afirmativa, também chamadas de reparatórias, os contingentes populacionais afrodescendentes tiveram uma significativa melhoria em sua condição de vida, de estudos e de trabalho; deixaram de ser uma “minoria desprestigiada” e alcançaram a plenitude de seus direitos.
 
Está correto o que se afirma em:
	Resposta Selecionada:
	 
I.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta: a participação ativa de estados africanos no abastecimento das rotas escravagistas e o próprio tráfico internacional de escravos foram estudados ao longo das últimas décadas, o que permitiu elucidar alguns mitos em relação à natureza da participação de africanos em eventos que desencadearam a diáspora. Todavia, mesmo com a participação de estados africanos, “clientes” de interesses europeus no tráfico, não há a relativização do tráfico, tampouco de seu papel em enriquecer o centro desse processo, localizado em países da Europa Ocidental. A diáspora africana foi a base para a viabilidade econômica das Américas. Ela possibilitou sua efetiva transformação, assim como inseriu o continente africano em relações de dependência com o mundo que o europeu criou.
	
	
	
	
· Pergunta 2
· 1 em 1 pontos
	
	
	
	Trabalho escravo ou escravidão por dívida consiste na privação da liberdade de uma pessoa (ou grupo), que fica obrigada a trabalhar para pagar uma dívida que o empregador alega ter sido contraída no momento da contratação. Essa forma de escravidão já existia no Brasil, quando era preponderante a escravidão de negros africanos. As leis abolicionistas não se referiram à escravidão por dívida. Na atualidade, pelo artigo 149 do Código Penal Brasileiro, o conceito de redução de pessoas à condição de escravos foi ampliado de modo a incluir também os casos de situação degradante e de jornadas de trabalho excessivas (ESTERCI, 2007).
 
ESTERCI, N. Almanaque Brasil Socioambiental (Verbete). São Paulo: Instituto Socioambiental, 2007 (Verbete – A luta contra o trabalho escravo).
Com base no texto, julgue as afirmações a seguir.
I. O cativo africano era propriedade de seu senhor no período anterior à abolição, não cabendo ao Estado brasileiro, no século XIX, prever qualquer regulação na relação entre senhor e escravo. Apenas tardiamente, algumas intervenções tiveram o intuito de inibir a violência física contra os cativos, como os excessivos castigos corporais e outras formas de tratamento que hoje classificaríamos como práticas de tortura.
 
II. O trabalho escravo foi extinto, em todas as suas formas e manifestações, com a promulgação da Lei Áurea, assinada pela princesa Izabel, então regente do Império do Brasil. Desde então, não há mais brasileiros em condições de escravidão.
 
III. A escravidão dos contingentes afrodiaspóricos no Brasil não foi a única modalidade de exploração compulsória de trabalho; havia também, embora em escala menor, a escravidão de indígenas.
 
IV. A privação da liberdade de uma pessoa, sob a alegação de dívida contraída no momento do contrato de trabalho, não é uma modalidade de escravidão; portanto, não está regulada na atual legislação trabalhista.
 
V. As jornadas excessivas e extenuantes, seguidas de uma situação degradante no exercício de um trabalho mal remunerado, são consideradas formas de escravidão moderna ou análogas à escravidão pela legislação brasileira atual.
 
Está correto o que se afirma em:
	Resposta Selecionada:
	 
I, III e V.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta: o cativo africano era uma propriedade de seu senhor, e o Estado brasileiro não intervia em uma relação tida como privada. Todavia, no fim da escravidão, algumas medidas legais surgiram para que o Estado brasileiro legislasse a respeito de conflitos entre senhores e escravos, mitigando, em alguns casos, o uso de extrema violência ou arbitrando negociações pela alforria. A escravidão não atingiu apenas os contingentes afrodiaspóricos, sendo parte da estrutura social, política e econômica do Brasil colônia e, depois, do Império. Outro contingente populacional também atingido pela escravidão foram as coletividades indígenas, especialmente nos séculos XVI ao XVIII, nas mais diferentes regiões da América portuguesa. Hoje, ainda há indivíduos que são submetidos a situações análogas à escravidão, que é caracterizada por jornadas excessivas, condições degradantes de trabalho ou pela impossibilidade de se desvencilhar do trabalho por meio de cobranças de dívidas ou cárcere privado.
	
	
	
	
· Pergunta 3
· 1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia a frase a seguir e julgue os itens.
 
“No tempo em que vivemos e na crise que atravessam todas as indústrias europeias, a fundação de uma colônia é a criação de uma válvula de escape.” (Jules Ferry, colonialista francês)
 
I. Um dos principais objetivos dos colonizadores europeus era o pleno desenvolvimento de suas colônias e sua integração à metrópole. Essa preocupação aumentava à medida que a colônia recebia mais colonos de origem europeia.
 
II. A corrida colonial entre os países imperialistas ou neocolonialistas visava conquistar mercados para as metrópoles – em sua maioria, países da Europa Ocidental –, de modo a garantir um espaço para a aquisição de matérias-primas e mão de obra barata e, eventualmente, um local para o acolhimento das massas populacionais excedentes dos países europeus.
 
III. Entre as justificativas europeias para as conquistas coloniais, havia também aquelas de ordem religiosa (converter os “pagãos” ao cristianismo) e de ordem cultural (era “dever” da Europa levar sua civilização para os povos que consideravam “atrasados”, o “fardo” do homem branco). Também não podemos nos esquecer do racismo científico, que corroborava, no plano da ciência, com a inferioridade inata dos povos e culturas submetidos aos europeus.
 
IV. A expansão europeia ocidental rumo à conquista de novas colônias deu-se sobretudo na África e na Ásia. Também não podemos nos esquecer da submissão da Oceania e do imperialismo econômico exercido contra nações independentes, mas frágeis do ponto devista econômico, como aquelas localizadas na América do Sul.
 
V. A expansão imperialista da Europa Ocidental traduziu-se não só pela conquista de colônias, no continente africano ou asiático, mas também pelo investimento de capitais em países independentes, principalmente na América do Sul, tornando-os atraentes para novos processos produtivos e base de tecnologia de ponta para ser aproveitada pelos poderes metropolitanos.
 
Está correto o que se afirma em:
	Resposta Selecionada:
	 
II, III e IV.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta: a alternativa problematiza a corrida colonial para a conquista de novos territórios, em especial a partilha africana, que objetivava o acesso livre a matérias-primas e a exploração da mão de obra local para atender aos interesses metropolitanos. Também não podemos nos esquecer das justificativas europeias, que envolviam o discurso missionário de converter os pagãos ao cristianismo, seja católico ou protestante, a missão civilizatória dos europeus, destinados a transformar primitivos e selvagens em cidadãos respeitáveis, e o racismo científico, que também fornecia elementos que justificavam a ação imperialista. Além disso, há as motivações de ordem estritamente econômica nas transações entre casas bancárias e Estados europeus com nações sul-americanas, que, por meio de empréstimos vultosos, construíram ou ampliaram a infraestrutura existente para atender às demandas dos mercados internacionais por produtos tropicais e outras matérias-primas necessárias à sociedade europeia ou ainda norte-americana.
	
	
	
	
· Pergunta 4
· 0 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o texto a seguir e responda ao que se pede.
 
“Os africanos foram trazidos do chamado continente negro para o Brasil em um fluxo de intensidade variável. Os cálculos sobre o número de pessoas transportadas como escravos variam muito. Estima-se que, entre 1550 e 1855, entraram pelos portos brasileiros 4 milhões de escravos, na sua grande maioria jovens do sexo masculino.” (FAUSTO,1995, p. 51)
 
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1995.
 
No que tange à escravidão no Brasil, é correto afirmar que:
 
I. eram chamados quilombos os espaços onde africanos, seus descendentes e outros contingentes se refugiavam da ordem escravista e da administração colonial;
 
II. o dia da Consciência Negra celebra a abolição da escravidão, representada pela assinatura da Lei Áurea, que, no século XIX, proclamou a liberdade dos escravos e sua nova inserção na sociedade brasileira;
 
III. aos escravos só restava a rebeldia como forma de reação, a qual se manifestava por meio do assassinato de feitores, de senhores, das fugas constantes e até do suicídio;
 
IV. o quilombo dos Palmares, organizado no interior do atual estado de Alagoas, é considerado o mais importante do período colonial, tendo sido liderado por Zumbi, tido como o maior representante da resistência africana e afro-brasileira à instituição escravista;
 
V. no continente africano, as várias sociedades e povos estavam divididos em etnias, organizadas em clãs, reinos e alguns impérios. Desse modo, o que prevalecia era a diversidade social e de organização política, diferente da ideia, preconceituosa, de que africanos eram atrasados e viviam, sem exceção, de forma homogênea;
 
VI. por meio das obras do pintor e desenhista Jean-Baptiste Debret (1768-1848), é possível conhecer aspectos do cotidiano da escravidão. Ele esteve no Brasil no século XIX e deixou uma preciosa fonte iconográfica, que retrata o cotidiano do país recém-independente, seu povo, fauna e flora;
 
Está correto o que se afirma em:
	Resposta Selecionada:
	 
I, III, IV e V.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta incorreta: o dia da Consciência Negra não se relaciona com a assinatura da Lei Áurea, porque esse marco normativo, importante para a história brasileira, não representou uma melhora na condição dos antigos cativos e de seus descendentes, tampouco causou mudanças significativas na vida desses sujeitos. A instituição escravista era complexa, assim como a relação entre senhores e escravos. Assim, no campo das relações privadas, havia a possibilidade de que escravos se tornassem libertos, seja pela aquisição de sua alforria por compra ou por outros fatores. Outras formas de resistência também foram fartamente discutidas pela historiografia brasileira, como fugas individuais e coletivas – que às vezes resultavam na formação de quilombos, até na diminuição do ritmo do trabalho e, infelizmente, em suicídio. Desse modo, a rebeldia era uma das inúmeras formas de resistência dos cativos diante de sua condição, havendo também outras formas de acomodação, conformismo e resistência diante do cotidiano de violência.
	
	
	
	
· Pergunta 5
· 1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia a matéria a seguir:
“Quase todos os dias, temos a possibilidade de ler um longo artigo sobre a ‘nova África’ e sua habilidade para ‘jogar novo sangue nas artérias do comércio há muito bloqueadas pela esclerose da corrupção’, sem uma só menção aos aspectos sociais da questão. [...] Sabemos, entretanto, que a realidade é menos rósea, que é possível falar de pelo menos duas Áfricas (a pobre e menos pobre) e que a potência da imagem nos lembra quase todo dia que nem tudo que reluz é ouro.” (Jornal do Brasil, 11 out. 1998)
 
Embora essa matéria jornalística tenha sido publicada há décadas, alguns elementos ainda devem ser considerados para pensarmos o lugar que o continente africano e os seus diferentes países ocupam na presente globalização. Tendo isso em mente, assinale a alternativa correta.
	Resposta Selecionada:
	 
Os diferentes países africanos ainda têm dificuldades para se beneficiar da presente globalização da economia. Não há dúvida de que o continente, em maior ou menor grau, ainda enfrenta profundos problemas causados pelo imperialismo e pela violência depois das independências nacionais.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta: o neocolonialismo ou imperialismo promoveu uma partilha dos recursos humanos e materiais do continente africano, perpetuou as chagas do escravismo e do velho colonialismo, destruindo a economia e a organização social tradicional de inúmeras culturas e povos africanos. Em seu lugar, tivemos a implantação de obras de infraestrutura e a reorganização da agricultura com o objetivo de atender à economia do antigo colonizador. As dificuldades econômicas e os conflitos sociais provenientes do neocolonialismo ainda são parte significativa da paisagem africana moderna e um empecilho ao seu maior desenvolvimento humano e social.
	
	
	
	
· Pergunta 6
· 1 em 1 pontos
	
	
	
	A expansão imperialista na África foi uma “corrida” realizada por países da Europa Ocidental para a conquista e divisão do continente na segunda metade do século XIX.
 
Podemos afirmar que o imperialismo:
	Resposta Selecionada:
	 
foi motivado pela busca da criação de espaços fornecedores, territórios coloniais provedores de matérias-primas para as indústrias metropolitanas, reserva de mercado para o consumo de mercadorias produzidas nos países metropolitanos e, eventualmente, localidades que abrigariam populações de origem europeia consideradas excedentes em seus países de origem.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta: o imperialismo representou uma violenta mudança nas formas tradicionais de gestão das sociedades tomadas; trouxe administradores coloniais, colonos e exércitos dos países imperialistas, dividiu etnias e, sob a mesma gestão colonial, submeteu povos e culturas rivais ou ainda inimigas. Do ponto de vista estritamente econômico, reforçou as assimetrias existentes entre as metrópoles, industrializadas ou em fase de rápida consolidação industrial, e as colônias, que tiveram suas atividades econômicas transformadas para atender aos interesses predominantes da metrópole.
	
	
	
	
· Pergunta 7
· 1 em 1 pontos
	
	
	
	Leia o texto a seguir:
Em 17 de março de 1872, pelo menos vinte negrosliderados pelo escravo Bonifácio avançaram sobre José Moreira Veludo, proprietário da Casa de Comissões (lojas de venda e compra de escravos) em que se encontravam, e lhe meteram a lenha. Em depoimento à polícia, o escravo Gonçalo disse que, tendo ido anteriormente à casa de Veludo para ser vendido, foi convidado por Filomeno e outros para se associar com eles para matar Veludo para não irem para a fazenda de café para onde tinham sido vendidos. (CHALHOUB, 1990)
 
CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
 
Com base no texto e considerando seus conhecimentos, reflexões e leituras a respeito da escravidão no Brasil, analise as afirmações a seguir.
                           
I. Pesquisas a respeito da escravidão no Brasil trazem uma série de exemplos, como no fragmento do texto citado, que se opõem e desconstroem mitos famosos da historiografia clássica, seja esta conservadora ou mesmo progressista, porque, muitas vezes, os cativos apareciam apenas como peças econômicas, sem nenhuma vontade que orientasse suas ações diante de processos mais abrangentes.
 
II. O tráfico interno no Brasil deslocava milhares de cativos de regiões estagnadas para outras, como da região açucareira para locais onde o plantio e a colheita do café estavam crescendo economicamente. Esse deslocamento separava amigos e familiares. Diante da possibilidade de serem retirados de contextos nos quais estavam minimamente familiarizados, da companhia de seus entes queridos e do trabalho que já realizavam, muitos cativos reagiam agredindo senhores, seus capatazes, e atacavam também os donos das casas de comissões.
 
III. Incidentes como o relatado eram isolados no contexto colonial e no Império. O ataque revela a barbárie de africanos e de seus descendentes; Bonifácio não foi devidamente civilizado pelo trabalho e demais instituições ocidentais.
 
IV. Nem inertes, tampouco revolucionários em tempo integral, os cativos e muitos libertos na ordem escravocrata eram sujeitos de sua época e, a despeito da ordem escravocrata, muitos se organizavam para lutar por aquilo que acreditavam, resistindo, mesmo sob o jugo da escravidão.
 
V. Ao cativo só restava assumir seu papel na ordem escravocrata, tornando-se “peça” de uma imensa engrenagem para sobreviver, um dia por vez. Deveria aceitar plenamente o domínio de seu senhor e seus eventuais lapsos morais e agressivos.
 
Está correto o que se afirma em:
	Resposta Selecionada:
	 
I, II e IV.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta: os cativos e libertos tinham uma boa capacidade de resistência, inventividade e resiliência na ordem racista e escravocrata. Eles se organizavam visando alcançar objetivos muito claros, como atenuar a violência de seu dia a dia por meio dos instrumentos ali disponíveis. Ao trabalharmos com documentos, verificamos que, mesmo sob profunda violência e exploração, há uma multiplicidade de situações nas quais os cativos estavam inseridos. Cativos sim, mas ainda sujeitos diante das possibilidades que os engendravam; exerciam minimamente um espaço autônomo e de barganha a favor de sua situação sob a escravidão.
	
	
	
	
· Pergunta 8
· 1 em 1 pontos
	
	
	
	A escravidão é considerada, por historiadores e cientistas sociais, um dos pilares da sociedade brasileira, tendo-a marcado de maneira indelével. A respeito das características da sociedade escravista colonial da América portuguesa, a atual sociedade brasileira, julgue as afirmações a seguir.
 
I. Desde o início do processo de colonização portuguesa na América, houve uma ampla e maciça inserção da mão de obra africana, em especial na antiga capitania de São Vicente, atual São Paulo.
 
II. Na América portuguesa, ocorreu o predomínio da utilização da mão de obra escrava africana, seja em áreas ligadas à agroexportação e monocultura do açúcar, no atual Nordeste brasileiro, a partir do fim do século XVI, seja na região mineradora de ouro, diamantes e outras pedras preciosas, a partir do século XVIII.
 
III. A partir do século XVI, com a introdução da mão de obra escrava cativa africana, a escravidão indígena foi completamente abolida em todas as regiões da América portuguesa, o que representou uma nova inserção dessas populações na sociedade brasileira em formação.
 
IV. Em algumas regiões da América portuguesa, os senhores permitiram que alguns de seus cativos e até libertos realizassem uma lavoura de subsistência dentro dos latifúndios agroexportadores e monocultores. Essa lavoura, dedicada ao cultivo de víveres imprescindíveis à vida de senhores e cativos, é chamada por historiadores de “brecha camponesa”.
 
V. Nas cidades coloniais da América portuguesa, cativos e cativas de origem africana e afro-brasileira trabalhavam também vendendo mercadorias nas ruas, como doces, legumes, frutas, sendo conhecidos na literatura como “escravos de ganho”.
 
Está correto o que se afirma em:
	Resposta Selecionada:
	 
II, IV e V.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta: a América portuguesa, atual Brasil, foi organizada do ponto de vista econômico a partir da mão de obra escrava. Nos anos iniciais da colonização e em capitanias mais afastadas dos grandes centros açucareiros, predominou a mão de obra indígena, os “negros da terra”, que gradativamente foi substituída, dado o crescente comércio internacional de escravos, pela mão de obra africana. Assim, foi a mão de obra africana cativa que impulsionou os principais “ciclos” econômicos e as demais atividades produtivas no Brasil colônia, o que não impediu a manutenção da escravidão de segmentos indígenas. A brecha camponesa era um elemento importantíssimo para a organização do engenho, pois fornecia víveres e gêneros alimentícios sem os quais parte do engenho não sobreviveria. Desse modo, foi comum, no Brasil colônia, a brecha camponesa por meio do trabalho de cativos e de libertos que orbitavam a lógica do engenho. Outro elemento importante é a existência de amplos setores urbanos que utilizavam a mão de obra africana cativa como “escravos de ganho”, que eram alugados para as mais diferentes tarefas ou ainda perambulavam pelo espaço urbano das vilas coloniais vendendo víveres e oferecendo os mais diferentes serviços.
	
	
	
	
· Pergunta 9
· 1 em 1 pontos
	
	
	
	Observe a imagem a seguir e leia o texto:
 
Cartaz comemorativo da abolição da escravidão no brasil.
Fonte: Wikimedia Commons, 2020.
 
Pronunciamento de Abdias Nascimento em 13/05/1998
“Na data de hoje, 110 anos passados, a sociedade brasileira livrava-se de um problema que se tornava mais agudo com a proximidade do século XX, ao mesmo tempo em que criava condições para o estabelecimento das maiores questões com que continuamos a nos defrontar às vésperas do Terceiro Milênio. Assim, a 13 de Maio de 1888, a Princesa Isabel, então regente do trono em função do afastamento de seu pai, D. Pedro II, assinava a lei que extinguia a escravidão no Brasil, pondo fim a quatro séculos de exploração oficial da mão de obra de africanos e afrodescendentes nesta Nação, mais que qualquer outra, por eles construída. Durante muito tempo, a propaganda oficial fez desse evento histórico um de seus maiores argumentos em defesa da suposta tolerância dos portugueses e dos brasileiros brancos em relação aos negros, apresentando a Abolição da Escravatura como fruto da bondade e do humanitarismo de uma princesa. Como se a história se fizesse por desígnios individuais, e não pelas ambições coletivas dos detentores do poder ou pela força inexorável das necessidades e aspirações de um povo [...].
Assim, neste 13 de maio, fazemo-nos presentes nesta tribuna, não para comemorar, mas para denunciar uma vez mais a mentira cívica que essa data representa, parte central de uma estratégia mais ampla, elaborada com a finalidade de manter os negros no lugar que eles dizem ser o nosso. A comunidade afro-brasileira, porém, já mostrou claramente que não mais aceita a condição que nos querem impingir. [...]. Assim,ao mesmo tempo em que denuncia as injustiças de que é vítima, nossa comunidade apresenta reivindicações consistentes e viáveis para a solução dos seculares problemas que enfrenta. Reivindicações, como a ação compensatória, capazes de contribuir para que venhamos a concretizar, com o apoio de nossos aliados sinceros, a segunda e verdadeira abolição.”
NASCIMENTO, A. Pronunciamento. Brasília, DF: Senado, 13 maio 1998. Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/pronunciamentos/-/p/texto/226669. Acesso em: 16 dez. 2020.
 
Agora, julgue os itens a seguir.
 
I. O processo que resultou na abolição pouco teve relação com a benevolência pessoal da então regente princesa Izabel ou com razões estritamente humanitárias. Ele estava mais ligado à pressão diplomática e econômica britânica, nação já plenamente industrializada no fim do século XIX, desejosa de ampliar potenciais mercados consumidores para os seus produtos manufaturados.
 
II. Também era do interesse britânico acabar com o tráfico de escravos, entendo-o como um empecilho ao alargamento das relações comerciais do império britânico com povos africanos e nações latino-americanas que ainda o patrocinavam. Ao findar o tráfico e asfixiar a escravidão, vários dos capitais foram direcionados para a aquisição de serviços e tecnologia britânica, que seria utilizada nessas nações politicamente livres, mas dependentes do ponto de vista econômico.
 
III. A coroa imperial desejava, desde a independência, a abolição da escravidão, mas, dada a situação política interna e a necessidade de apaziguar as elites políticas e econômicas brasileiras, ao Império coube o papel de manter a escravidão até que ela não fosse mais interessante ao país e às suas lideranças.
 
IV. O fim do tráfico internacional de escravos africanos e a adoção de instrumentos legais, como a Lei do Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários, contribuiu decididamente para o fim da escravidão no Brasil.
 
V. Outro importante elemento que tornou possível a abolição da escravidão foi a própria decadência da instituição escravista em nosso país, minada por inúmeras revoltas, que incendiariam, literalmente, o Brasil Império na década que antecede a Lei Áurea, assim como a decisiva atuação do movimento abolicionista, que também contou com a presença marcante de lideranças afro-brasileiras de destaque e de reconhecimento público.
 
Está correto o que se afirma em:
	Resposta Selecionada:
	 
I, II e V.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta correta: o processo de abolição fora complexo e envolveu pressões econômicas e diplomáticas da principal potência da época, o império britânico, interessado em fazer valer suas vontades imperialistas – as utilidades de um capitalismo industrial em expansão. Além disso, ele contou com o enfraquecimento da instituição escravista pelo seu declínio econômico, ao mesmo tempo que tal organização era atacada por movimentos sociais (abolicionistas, republicanos), mas, principalmente, pela ação direta de cativos que buscavam sua liberdade, erradicando propriedades e senhores no processo.
	
	
	
	
· Pergunta 10
· 0 em 1 pontos
	
	
	
	Os países industrializados, sejam eles da Europa Ocidental, os Estados Unidos ou o Japão, a partir do século XIX, voltaram suas atenções para os continentes africano e asiático visando estabelecer áreas coloniais próprias, seja por meio de efetivo controle territorial ou ainda por meio de protetorados sobre populações inteiras e seus territórios. Também há a ação neocolonialista por meio de empréstimos e estabelecimento de infraestrutura para transportes de mercadorias e outras commodities, base da economia de países capitalistas dependentes das economias centrais. A respeito do neocolonialismo ou imperialismo, analise as afirmações a seguir.
 
I. A dominação que os países da Europa Ocidental – Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Portugal, Itália e Bélgica – estabeleceram sobre o continente africano, no século XIX, ratificada pelo Congresso de Berlim, é mais conhecida como Partilha Sul do mundo.
 
II. A principal área de dominação econômica do neocolonialismo europeu foi a América do Sul, especialmente em países como a Argentina e o Brasil, a exemplo dos grandes investimentos em infraestrutura e empréstimos destinados a essa região por financistas britânicos e, em menor escala, franceses e depois alemães.
 
III. A França iniciou suas conquistas coloniais pela Argélia (norte da África), no início do século XIX, utilizando seus exércitos da chamada Legião Estrangeira. Esse foi o primeiro passo para o estabelecimento de um vasto controle sobre a África Ocidental e parte significativa do Sahel africano, o que tornou os franceses o segundo país em extensão imperialista.
 
IV. A garantia de fornecimento de matérias-primas para a indústria (ferro, carvão, petróleo, mas também madeira e outros gêneros “exóticos” dos continentes africano e asiático), principalmente de países da Europa Ocidental, constituía-se no principal objetivo econômico do neocolonialismo ou imperialismo.
 
V. As potências industrializadas justificavam o domínio sobre outros povos como missão civilizadora, isto é, obrigação de difundir o progresso pelo mundo. Essa missão civilizatória também atestava a supremacia do homem branco e europeu, seu “fardo” para com as demais populações atrasadas do planeta e era reforçado pelas teorias do racismo científico.
 
Está correto o que se afirma em:
	Resposta Selecionada:
	 
III, IV e V.
	Resposta Correta:
	 
	Comentário da resposta:
	Resposta incorreta: não houve nenhuma Partilha Sul. Esse é um termo equivocado para a reunião de países imperialistas europeus no Congresso de Berlim, que dividiu o continente atendendo aos seus interesses, seguido de uma verdadeira corrida para a sua efetiva ocupação, o que gerou processos de invasão, violência, guerra aberta e reorganização dos territórios, submetendo-os aos interesses do domínio imperialista.

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