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1 Rebeca Ferreira Moreira FRATURAS DO TERÇO MÉDIO DA FACE Os traços de fraturas seguem as linhas de menor resistência, entre os pilares e arcos de reforço. Três fatores importantes ao estudo das fraturas maxilares: o ponto de atuação do trauma, sua direção, e a posição da cabeça no momento deste. Ressaltou ainda a pequena ação muscular existente no terço médio da face. CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS DO TERÇO MÉDIO DA FACE Fratura Horizontal - Le Fort I ▪ Conhecida como fratura de Guerin ou Duchange ▪ Ocorre transversalmente pela maxila acima das raízes dentárias ▪ Paredes lateral do seio, lateral nasal e terço inferior do septo nasal e se separam nas placas pterigoideas ▪ Inicia o traço de fratura na porção inferior da abertura piriforme, cruza a fossa canina e encaminha-se posteriormente até a fissura pterigomaxilar ▪ Ossos envolvidos: maxila, palatino, vômer, esfenoide Fratura Piramidal - Le Fort II ▪ O traço da fratura cruza a porção inferior dos ossos nasais, processo frontal da maxila até os lacrimais, rima Infraorbital, na junção do zigomático e maxila desce obliquamente e caminha posteriormente até a fissura pterigomaxilar. O septo nasal também é afetado ▪ Ossos envolvidos: Maxila, palato, vômer, esfenoide, etimóide, nasais e lacrimais Disjunção Craniofacial- Le Fort III ▪ O traço da fratura percorre os ossos nasais, processo ascendente da maxila, porção superior dos ossos lacrimais, parede medial das orbitas, células etmoidais e caminha para o canal óptico, sem atingi-lo, continua pela parede lateral da orbita afetando o esfenoide ou mesmo o frontal, separando o frontal 2 Rebeca Ferreira Moreira do zigomático em nível da sutura frontozigomática. A fratura atinge ainda o arco zigomático e septo nasal próximo a lâmina cribiforme ▪ Ossos envolvidos: Ossos envolvidos: Maxila, palato, vômer, esfenoide, etimóide, nasais e lacrimais, zigomático COMBINAÇÃO DE FRATURAS Fratura de Lannelongue ▪ Conhecida como fratura sagital da maxila ▪ O traço de fratura segue no sentido ântero-posterior paralelo a sutura palatina ▪ Poderá causar mordida cruzada posterior bilateral Fratura de Walther 3 Rebeca Ferreira Moreira ▪ É composta de uma fratura do tipo vertical na região da sutura intermaxilar, que está associada a uma fratura Le Fort I, II ou III, dividindo a face no sentido sagital e transversal em quatro fragmentos distintos Fratura de Huet ▪ Localiza-se lateralmente na maxila ▪ Dois traços de fraturas verticais e um horizontal ▪ O primeiro traço da fratura vertical segue da região de pré-molares no sentido superior até o rebordo orbital inferior ▪ O outro traço vertical na região de molares até rebordo orbital inferior ▪ As duas linhas verticais são unidas pelo traço de fratura horizontal dentro da cavidade orbital, no assoalho orbital Fratura de Bassareau ▪ Localizada na região anterior e mediana da face ▪ Incluída toda a estrutura do nariz e osso etimóide ▪ Apresenta dois traços de fraturais verticais que partem das fossas caninas em direção superior ao dorso nasal 4 Rebeca Ferreira Moreira Fratura de Richet ▪ Unilateral ▪ Localiza-se na região anterior e mediana da face ▪ Fratura mediana + Le Fort I + unilateral DIAGNÓSTICO AVALIAÇÃO CLÍNICA ▪ Geralmente vítimas de acidente de trânsito ▪ A inspeção apresenta fáceis típicas: alongamento do terço médio da face, equimose e edema periorbital bilateral, respiração oral ▪ Intraoral observa-se má oclusão, com contato prematuro na região posterior e mordida aberta anterior ▪ O exame da cavidade nasal mostra coágulos e laceração da mucosa nasal ▪ A palpação é o exame mais importante em que se nota a mobilidade do terço médio ▪ Ao mover a maxila com a mão direita e imobilizando com a esquerda a região frontonasal ▪ A fratura Le Fort I é a mais difícil de ser diagnosticada, sendo a que exibe menos sinais característicos, pouca mobilidade maxilar, e ausência de equimose periorbital ▪ O achado mais importante é a queixa de dor (em nível de seio maxilar) ou mesmo incomodo ao contatar os dentes superiores com os inferiores AVALIAÇÃO POR IMAGEM O exame mais preciso para o diagnóstico de fraturas maxilares é o clínico 5 Rebeca Ferreira Moreira Telerradiografia de Perfil ▪ Alongamento das estruturas ósseas do terço médio ▪ Retrusão maxilar ▪ Contato prematuro com os dentes posteriores ▪ Através das medidas cefalométricas evita alterações e planeja tratamento Posição de Waters ▪ Visualização da disjunção maxilomalar (Le Fort II) ▪ As fraturas Le Fort I são difíceis de visualizar, mas tem como um sinal indireto a opacidade do seio maxilar (hematossinus) Póstero-anterior ▪ Fornece dados apenas do rebordo orbital superior e seios frontais Tomografia ▪ Exame complementar de grande utilidade ▪ Especialmente ao redor da área orbital ▪ Norma coronal, sagital, axial e reconstruções tridimensional ▪ Não tem sobreposições ósseas ATENDIMENTO IMEDIATO ▪ As fraturas de terço médio, principalmente Le Fort II e III podem apresentar traumas cranianos sem manifestação de sintomas imediatos ▪ Medidas de emergência estão voltadas para desobstrução da vias aérea, verificação da função circulatória e exame de outras regiões como abdome e membros ▪ O tratamento mais simples e efetivo é o bloqueio maxilomandibular com a barra de Erich, que deve ser feita tão logo o paciente tenha condições clínicas, mesmo aguardando para cirurgia eletiva ▪ As hemorragias devido a ferimentos dos tecidos moles devem ser rigorosamente examinadas, limpo e comprimido por meio de curativo 6 Rebeca Ferreira Moreira ▪ A hemorragia nasal costuma ser controlada por tamponamento nasal anterior, caso essa manobra não resulte indica-se o tamponamento nasal posterior ▪ A primeira preocupação é com os globos oculares ▪ Geralmente há edema palpebral, deve-se proceder a abertura palpebral e inspeção da integridade do globo ocular ▪ Caso o paciente esteja em alerta deve-se perguntar se a sua visão está ou não presente ▪ A lesão do nervo óptico é rara, mas quando presente é urgentíssima, pois poucas horas são suficientes para danificar permanentemente o nervo optico, juntamente com III, IV e VI pares cranianos TRATAMENTO ▪ O tempo pós trauma para cirurgia de terço médio da face varia conforme a gravidade do caso ▪ De modo geral o paciente está em boas condições locais para ser submetido à cirurgia 5 dias depois do trauma ▪ Objetivos: redução dos fragmentos e seu posicionamento usando as relações ocluais como guia e fixação dos fragmentos contra a base do crânio, até que ocorra a consolidação óssea. Projeção ântero-posterior. ▪ Fixação interna rígida ▪ A maior dificuldade no tratamento é restabelecer a oclusão ACESSOS CIRÚGICOS Fraturas Le Fort I ▪ Acesso Intraoral ▪ Caldwell ampliado ▪ Fundo do vestíbulo de 1º molar a 1º molar 7 Rebeca Ferreira Moreira Fraturas Le Fort II ▪ Acesso intraoral + acesso ao rebordo orbital inferior ▪ Via palpebral inferior, subtarsal ou transconjuntival Fraturas Le Fort III ▪ A necessidade de exposição da região frontonasal, frontozigomática, e arcos zigomáticos exige um acesso maior ▪ Acesso coronal ▪ Desvantagem: maior sangramento e aumento do tempo cirúrgico ▪ Vantagem: Exposição adequada de todo rebordo orbital superior e sutura frontonasal, caso haja a necessidade de enxertos, pode ser tirado da calota craniana ▪ Para região orbital inferior faz-se abordagem conforme Le Fort II ▪ Pode realizar acesso direto a região frontozigomática REDUÇÃO E FIXAÇÃO DAS FRATURA LE FORT Fraturas Le Fort I ▪ Podem ser completas, incompletas, unilateral ▪ Fixação do segmento fraturado contra o esqueleto fixo restante▪ Refazendo os pilares e arcos faciais Tratamento Incruento ▪ Inicia-se pela fixação da barra de Erich ▪ Desimpacção da fratura com fórceps de Rowe ▪ Bloqueio buscando a melhor oclusão ▪ Suspensão pode ser aplicada em várias regiões do esqueleto fixo (borda da abertura piriforme, espinha nasal anterior, margem Infraorbital, região frontozigomática e arcos zigomáticos) ▪ Bloqueio mantido por 30 dias 8 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Se o paciente for desdentado mais possuir prótese, a mesma poderá ser utilizada para colocação de ganchos e fixação esquelética interna ▪ Se o paciente não tiver prótese uma goteira acrílica deverá ser confeccionada para fixação interna esquelética e o BMM Tratamento Cruento ▪ Através do acesso Caldwell-Luc ampliado ▪ Fixação interna rígida ▪ Placas e parafusos do tipo L, Y, semilunar e reta (1.5mm ou 2mm) ▪ Pilar zigomático e canino ▪ Fraturas cominutivas dos pilares e arcos deveram ser reconstruídas com enxertos ósseos Fraturas Le Fort II ▪ Não há um tratamento padrão para as fraturas piramidais ▪ O primeiro passo é buscar uma boa relação maxilomandibular ▪ Havendo impacção com retroposição na maxila, deve-se realizar a desimpacção com fórceps de Rowe até obter a oclusão dentária normal. Tratamento Incruento ▪ Suspensão esquelética (fios de aço) ▪ Tem vantagem de ser rápido e pouco invasivo ▪ Suspensão somente é feito após o bloqueio maxilomandibular Tratamento Cruento ▪ Com fixação interna rígida após bloqueio Maxilo mandibular ▪ Pilar zigomático, nasomaxilar com placas Y e reta (1.5mm) ▪ Nas margens Infraorbital a fixação interna rígida pode ser feita por mini placas ▪ A fratura nasal é tratada de forma clássica, redução interna e contenção por gesso Fratura Le Fort III 9 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Raramente ocorre de forma isolada ▪ Costumam estar associadas as fraturas zigomático-orbitais, frontonasoetimol- orbital ▪ Geralmente apresentam algum grau de contusão cerebral e há lesões faciais associadas ▪ Ruptura do ligamento cantal interno, avulsão de partes moles, afundamento da pirâmide nasal ▪ A fixação interna rígida é feita com abordagens da sutura frontonasal e frontozigomática COMPLICAÇÕES Liquorréia ▪ Nas fraturas Le fort. II e III o traço da fratura passa próximo a placa cribriforme do etimóide, podendo levar a ruptura da dura-máter e consequente meningite ▪ Na suspeita instituir antibiótico sistêmico e elevação da cabeça Infecção ▪ Rara ▪ Em alguns casos devido ocorre secreção purulenta pelo nariz principalmente se o tampão nasal for deixado por mais de 72H ▪ É de fácil controle Pseudoartrose ▪ Praticamente não ocorre nesse tipo de fratura ▪ O que se observa é a consolidação óssea em posição anormal provocando encurtamento ou alongamento da face ▪ Se o paciente apresentar 30 dias de trauma a cirurgia deve ser feita como urgência Epistaxes ▪ Geralmente cessa com o tamponamento nasal anterior 10 Rebeca Ferreira Moreira ▪ Raramente há necessidade de tamponamento nasal posterior ▪ Alguns autores descrevem a ligadura da artéria esfenopalatina Ruptura do Ligamento Cantal ▪ Traumas que causam fraturas na parede medial da orbita ▪ Afundamento do dorso do nariz ▪ Fraturas nasoetmoidais ▪ Arredondamento do ângulo medial das pálpebras ▪ Hipertelorismo Trauma ao Globo Ocular e Pálpebras ▪ Uma das primeiras medidas é o exame ocular ▪ Verificar se enxerga ou não ▪ Equimose e quemose conjuntival são bastante comuns (não constitui uma complicação) SEQUELAS Nariz em Sela ▪ Afundamento do dorso nasal, por fratura dos ossos próprios do nariz ▪ Fratura em livro aberto ou cominutivas que necessitam de reconstrução de praticamente toda a estrutura nasal Síndrome da Fissura Esfenoidal ▪ Geralmente associada a fraturas de teto de orbita ▪ É rara pela grande resistência do osso frontal ▪ Se caracteriza pela midríase paralítica, ptose palpebral, exoftalmo e palidez retiniana, o que pode acarretar lesão irreversível da retina, induzindo a síndrome da fissura orbital superior 11 Rebeca Ferreira Moreira
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