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ANOTAÇÕES PROCESSO CIVIL III

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 AS DECISÕES JUDICIAIS: 
Os pronunciamentos judiciais podem decidir determinada questão dentro de um 
processo, ou ser simplesmente destinados a impulsioná-lo. 
Os provimentos jurisdicionais com conteúdo decisório são denominados de 
decisões em sentido amplo. 
As decisões interlocutórias são aquelas que resolvem questão incidente no 
curso do processo. 
A sentença, por sua vez, “é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com 
fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem 
como extingue a execução”, consoante definição legal prevista no art. 203, § 1º, do CPC. 
Desse modo, pelo CPC, se houver uma decisão com conteúdo de art. 485 
(hipóteses em que não há resolução do mérito) ou de art. 487 (casos de resolução do 
mérito), mas que não põe termo à fase de conhecimento ou à execução, não se trata de 
sentença parcial, senão de decisão interlocutória. 
Logo, haverá decisão interlocutória de mérito quando, por exemplo, o juiz: 
homologa acordo parcial; julga um dos pedidos, por ser incontroverso; ou reconhece a 
prescrição em relação a um dos pedidos. Observe-se que, nesses casos, a decisão não 
põe termo à fase de conhecimento, tampouco extingue a execução, razão pela qual se 
trata de decisão interlocutória, ainda que tenha conteúdo de art. 487 do CPC. 
Portanto, a sentença deve ser definida como a decisão judicial tendente a 
encerrar a fase de conhecimento em primeira instância, que, resolvendo ou não o 
mérito, possui conteúdo previsto nos arts. 485 ou 487 do CPC, ou que encerra a 
execução. Qualquer outro ato judicial que resolva questão incidente, no curso da fase 
de conhecimento, de liquidação ou de execução, ou em tutela de urgência preparatória, 
independentemente da matéria apreciada, é decisão interlocutória. 
Assim, tem natureza de decisão interlocutória, por exemplo, a decisão judicial 
que: a) exclui um dos litisconsortes do processo (conteúdo de art. 485, VI, CPC); b) 
indefere o processamento da reconvenção (art. 485, I, CPC); c) resolve o mérito de um 
dos pedidos antecipadamente, necessitando os demais pedidos de instrução probatória 
(art. 356, CPC); d) reconhece a prescrição em relação à parte da pretensão (art. 354, p. 
único; e art. 487, II, CPC), mas o feito prossegue em relação aos demais pedidos; e) 
homologa acordo parcial (art. 354, parágrafo único; art. 487, III, CPC), prosseguindo-
se o processo no tocante à parte controversa. 
 
 A SENTENÇA E SEUS REQUISITOS 
A sentença cível possui elementos essenciais e facultativos. Os elementos 
facultativos são os dispensáveis, ou seja, aqueles cuja ausência não enseja qualquer 
invalidade, nem mesmo irregularidade. De outro lado, a ausência dos elementos 
essenciais enseja a nulidade absoluta da sentença. 
Em termos estruturais, são elementos facultativos: a) preâmbulo; e b) ementa. 
Os elementos estruturais essenciais são: a) relatório; b) fundamentação; e c) 
dispositivo. 
Com efeito, o art. 489 do CPC estabelece que “são elementos essenciais da 
sentença: I – o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com 
a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no 
andamento do processo; II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato 
e de direito; III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as 
partes lhe submeterem.” 
OBS: Na Seção II do Capítulo XIV, sob a rubrica “Dos Elementos 
e dos Efeitos da Sentença”, o art. 489 do CPC/2015 estabelece 
quais são “os elementos essenciais da sentença”. O diploma atual 
eliminou a terminologia equivocada do CPC/73, que se valia da 
expressão “requisitos”. Requisito designa algo preexistente, 
anterior, como um pressuposto da sentença. Ocorre que os 
elementos a que a lei refere estão inseridos dentro da sentença 
(rectius, decisão). Por isso, é mais correto denominar como 
elementos. 
 
 RELATÓRIO: 
A ausência de relatório gera a nulidade da decisão, pois presume-se que o juiz 
não teve o contato adequado com o processo. 
Contudo, esta nulidade pode ser elidida quando o magistrado elaborou o relatório 
per relationem. Essa modalidade de confecção do relatório pode ocorrer: a) quando o 
juiz refere-se ao relatório de outra decisão do mesmo processo; b) quando o juiz refere-
se ao relatório de outra decisão de outro processo, mas que seja com ele conexo; c) 
quando o acórdão utiliza o relatório da sentença. O relatório é extremamente importante 
também para a identificação de similaridade ou distinção de casos para aplicação de 
precedentes. 
 
 
 
 FUNDAMENTAÇÃO: 
A falta de fundamentação é pressuposto de validade e não de existência da 
decisão judicial. Sua falta gera nulidade absoluta. Contudo, na prática é bem difícil se 
verificar a falta de fundamentação. A invalidade também ocorre quando há 
fundamentação deficiente. 
Inexistente seria a decisão proferida por quem não é investido de jurisdição. Se 
a autoridade é investida da função jurisdicional e profere sentença não fundamentada, 
há sentença defeituosa, não inexistente. 
É justamente por isso que se permite caber apelação da decisão com 
ausência/defeito de fundamentação para fins de invalidação. Só se pode invalidar 
decisão existente. 
 
 DISPOSITIVO 
Dispositivo é a parte da sentença (decisão) em que o magistrado resolve a 
matéria que lhe foi submetida. É nesta oportunidade que o magistrado, após verificar 
o resumo do processo (relatório) e as premissas fixadas (fundamento), dá a sua 
conclusão e confere a tutela jurisdicional a uma das partes. É o elemento chave e nuclear 
do pronunciamento judicial. 
Para o mundo do direito a parte dispositiva (ou o “comando”) constitui o 
elemento mais importante. Tanto que a falta de relatório ou motivação, de acordo 
com majoritária doutrina que é, igualmente nosso posicionamento, importa em 
nulidade da sentença. Já a falta da parte dispositiva acarreta a inexistência da 
própria decisão, visto que, se não houve, uma decisão, tecnicamente, não há uma 
sentença, não podendo ser denominada como tal. 
Em conclusão, é possível traçar as principais consequências sobre a falta dos 
elementos da decisão: 
ELEMENTO DA DECISÃO 
FALTANTE 
CONSEQUÊNCIA (SANÇÃO 
PROCESSUAL) 
FORMA DE CONTROLE 
DENTRO DO PROCESSO 
Ausência de relatório. Gera nulidade da decisão. Havendo recurso, o tribunal 
poderá anular a sentença 
para que seja proferida outra 
ou, pelo princípio da 
primazia do mérito, poderá 
ele mesmo suprir a falta de 
relatório (art. 938, § 1º, CPC). 
Ausência de fundamento. Gera nulidade da decisão. Havendo recurso, o tribunal 
poderá anular a sentença 
para que seja proferida outra 
ou, se a matéria estiver em 
condições de imediato 
julgamento, o próprio 
tribunal supre a 
fundamentação 
ausente/deficiente (art. 
1.013, § 3º, IV, CPC). Sem 
prejuízo, cabem embargos 
de declaração por 
ausência/deficiência de 
fundamentação (art. 1.022, 
parágrafo único, II, CPC). 
Ausência de dispositivo A decisão é juridicamente 
inexistente 
Caberá recurso que, 
entendendo não haver 
dispositivo deverá 
necessariamente remeter os 
autos para o juízo prolator 
da decisão para que seja 
proferida nova (não é 
possível a reforma da 
decisão – efeito substitutivo) 
sob pena de supressão de 
instância sem previsão legal. 
 
 
 
 
 
 
 
 CLASSIFICAÇÃO DA SENTENÇA OBJETO DA FASE DE 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA: 
 
CONDENATÓRIA 
A sentença condenatória tem como característica principal a condenação do réu 
ao cumprimento de uma obrigação. Através dela, o juiz impõe a referida obrigação que, 
no caso de descumprimento, ensejará procedimento executivo de cumprimento de 
sentença, com seus atos executivos próprios em razão da obrigação fixada. A 
condenação do réu fixada na sentença poderá determinar variadas espécies de 
obrigações em desfavor do réu. Poderá fixar a obrigação de pagar dinheiro, obrigação 
de fazer ou não fazer,obrigação de entrega de coisa, ou até mesmo obrigação de emitir 
declaração de vontade. 
OBS: Com a sentença “transitada em julgado” e em caso de o 
credor não cumprir com a obrigação voluntariamente, cabe o 
pedido de cumprimento de sentença. Então, uma sentença que foi 
cumprida pelo réu de forma voluntária, na sua integridade, não 
pode ser alvo de cumprimento e sentença (preclusão lógica). 
 
São tutelas que não se limitam apenas a declarar a existência do direito em favor 
do autor, mas concedem a ele a possibilidade de valer-se da sanção executiva, tornando 
realidade concreta aquilo que lhe foi concedido. Portanto, decorrente dela, forma-se um 
título executivo judicial. 
São sentenças do ponto de vista prático, portadoras de alto grau de ineficácia, 
pois são insuficientes para tutelar efetivamente o direito do credor. E isso porque, se não 
houver o cumprimento espontâneo do devedor, dará ensejo a que o credor promova um 
processo de execução (ou ao menos, conforme a nova lei, novo procedimento ou nova 
fase), requerendo que o Estado pratique atos materiais a fim de converter o patrimônio 
do devedor em renda ao credor. 
As sentenças condenatórias têm eficácia ex tunc, pois seus efeitos retroagem à 
data da propositura da demanda. Como regra, elas só produzem efeitos a partir do 
trânsito em julgado, salvo se o recurso contra ela interposto não for dotado de eficácia 
suspensiva. 
A sentença prepara a execução. Ela é só a causa, não o efeito. Como dito, ela é a 
mais ineficiente de todas as tutelas jurisdicionais. Se o grau de eficácia de uma tutela se 
mede pelos efeitos concretos em que está apta a produzir, a sentença condenatória 
produz pouquíssimos efeitos para fora do processo. 
 
 
 
 CONGRUÊNCIA EXTERNA 
O magistrado deve julgar nos limites do pedido. O pedido vem delineado nos arts. 
322 e 324 do CPC/2015, que dispõem ser, o pedido, certo e determinado. Em 
contraposição, o magistrado deve julgar de acordo com este pedido, em sua certeza e 
sua determinação. Contudo, nem sempre isso ocorre, dando passo aos vícios de 
congruência da sentença. 
 
 SENTENÇA EXTRA PETITA 
Sentença extra petita é aquela em que o magistrado concede algo fora daquilo que 
foi requerido. Este vício está atrelado à certeza do pedido. 
Verifica-se sempre que o magistrado conceder algo diverso daquilo que foi pedido 
seja porque (a) concedeu bem da vida diverso (pedido mediato); ou (b) prestou tutela 
jurisdicional diversa (pedido imediato). 
Por diverso, há de se presumir que o magistrado não decidiu aquilo que foi 
requerido pelo autor, decidindo coisa diversa. Dessa forma, se o magistrado inseriu 
dentro da condenação algo a mais do que foi requerido, mesmo que seja de gênero 
diferente, a decisão será ultra e não extra petita. 
Da mesma forma que o pedido, será extra petita a sentença que se funda em causa 
de pedir não suscitada pelo autor. Aqui o vício não é do pedido, pois o juiz concedeu a 
tutela com base no pedido, mas com diversa causa de pedir. 
Da sentença extra petita caberá apelação. Este pedido será rescisório, para que seja 
proferida uma nova sentença. Contudo, se estiver em condições de imediato julgamento, 
poderá o Tribunal já julgar a questão adotando a teoria da causa madura, conforme art. 
1.013, § 3º, II, CPC. Nada impede que, com o trânsito em julgado, seja ajuizada ação 
rescisória com fundamento em manifesta violação a norma jurídica (art. 966, V, 
CPC/2015), no caso os arts. 141 e 492 do CPC/2015. 
 
 SETENÇA ULTRA PETITA 
Na sentença ultra petita o magistrado julga a mais do que foi pedido. Aqui a 
problemática não reside na certeza do pedido (pois foi dado exatamente aquilo que se 
requereu), mas na determinação. O magistrado concedeu mais do que havia sido 
requerido pelo autor e, portanto, a sentença está viciada. 
Sempre que o magistrado proferir sentença em quantidade maior do que a 
requerida (dentro do mesmo gênero) pelo autor haverá esta modalidade de sentença. 
Difere-se da decisão extra petita. No julgamento ultra petita o magistrado analisa 
o pedido, mas exagera e concede mais do que foi requerido. Já na decisão extra petita, 
o magistrado não analisa aquilo que foi requerido, e concede algo fora do pedido, 
portanto inventa matéria não suscitada. 
 
 SENTENÇA INFRA PETITA (CITRA PETITA) 
O terceiro vício (e mais comum, diga-se) é a sentença que julga aquém do que foi 
pedido, denominada sentença infra ou citra petita. 
Há autores que entendem haver diferença entre as sentenças infra e citra petita. 
As primeiras nada têm de irregular, pois seria o acolhimento parcial da demanda (o que 
pode ocorrer na resolução do mérito). As segundas sim, ofendem o princípio da 
congruência, pois se julga menos do que se pediu. 
Evidente que este terreno somente terá aplicabilidade no campo da cumulação de 
pedidos, quando o magistrado deixa de analisar um dos pedidos formulados. Não seria 
crível imaginar que diante da formulação de um único pedido deixe o magistrado de 
julgá-lo, pois não haveria sentença. 
SENTENÇAS CITRA, ULTRA E EXTRA PETITA * 
EXTRA PETITA É aquela em que o juiz julga ação diferente da que foi proposta, 
sem respeitar as partes, a causa de pedir ou pedido, tais como 
apresentados na petição inicial. Dispõe o caput do art. 492: “É 
vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida (...) 
ou em objeto diverso do que lhe foi demandado”. O juiz só pode 
inovar em relação aos fundamentos jurídicos do pedido, já que 
ele os conhece (jura novit curia), mas não em relação aos fáticos, 
nem em relação aos pedidos. 
ULTRA PETITA É aquela em que o juiz julga a pretensão posta em juízo, mas 
condena o réu em quantidade superior à pedida. O art. 492 do 
CPC veda que ele o faça. 
EXTRA PETITA Por sentença infra ou citra petita denominamos aquela em que o 
juiz deixa de apreciar uma das pretensões postas em juízo, não 
aprecia um dos pedidos, quando houver cumulação. 
 
 
 VÍCIO DE JUÍZO E VÍCIO DE ATIVIDADE 
Como qualquer demanda os recursos têm uma causa de pedir. A causa de pedir 
recursal constitui-se do elemento necessário a autorizar a reforma, invalidação, 
integração ou esclarecimento da decisão recorrida. 
Assim, é importante verificar qual tipo de vício enseja o reexame do ato judicial 
impugnável. 
A argumentação pode ser de reforma ou invalidação nos erros praticados pelo 
juízo na sentença, respectivamente denominados error in iudicando e error in 
procedendo. 
Error in iudicando é o erro de julgamento, erro de juízo. Trata-se de uma má 
apreciação da questão de direito ou da questão de fato, requerendo, desta forma, a 
reforma da decisão. 
Este erro investiga o conteúdo da decisão. O juiz decidiu mal, apreciou mal aquilo 
que lhe foi submetido para ser decidido. A cognição do tribunal deve ser mais aguda, 
pois o caso refere-se, no mais das vezes, ao próprio mérito da causa. 
Assim, se um magistrado indefere determinada incidência de uma multa alegando 
que se aplica ao caso a lei X, poderá a parte recorrer pedindo a aplicação da lei Y. O 
tribunal entende que o juiz de primeiro grau equivocou-se na aplicação, subtrai o 
posicionamento esposado na sentença e enquadra o posicionamento que entende correto. 
Error in procedendo é o vício de atividade, um defeito na decisão apta a ser 
invalidada. Veja, uma coisa é uma decisão errada, da qual o tribunal pode corrigi-la. 
Outra é a decisão defeituosa, que deve ser invalidada para que seja proferida uma nova. 
Este vício não está ligado ao conteúdo da decisão, mas à forma, já que não ataca 
o acerto da decisão. Enquanto os vícios de juízos guardam referibilidade com o direito 
material, os vícios de atividade têm observância no direito processual. 
Lá é vício da decisão, ao julgar, aqui o vício é de má condução processual, defeito 
na condução do processo. 
O vício de atividade ocorre quando o juiz desrespeita norma de procedimento 
provocando gravame à parte. 
Error inprocedendo poderá ser intrínseco ou extrínseco. Será intrínseco quando 
o vício ocorrer na própria decisão (como, por exemplo, a prolação de sentença 
terminativa, o julgamento antecipado do mérito tolhendo a produção de alguma prova 
ou uma decisão extra petita). Nesse caso, há duas situações possíveis: a) ou o Tribunal 
determinará (caso constate o vício) a anulação da sentença para que seja proferida outra; 
ou b) procederá ao julgamento imediato do mérito se a matéria estiver em condições de 
imediato julgamento (art. 1.013, § 3º, I, CPC). 
Será extrínseco quando o vício é anterior à decisão. Nesse caso é importante levar 
em consideração que tipo de invalidade se está tratando. Isso porque o sistema 
processual brasileiro admite invalidades (= nulidades) sujeitas e não sujeitas à preclusão 
(art. 278 e parágrafo único, CPC/2015). Em sendo sujeita à preclusão, a não alegação 
na primeira oportunidade enseja impossibilidade de renovação da alegação em apelação. 
Nas demais não se opera preclusão para o Poder Judiciário, podendo haver sua 
verificação a qualquer tempo, ainda que tenha sido decidido anteriormente. 
 
Art. 493 
Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou 
extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em 
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão. 
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes sobre ele 
antes de decidir. 
Art. 494 
Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: 
I. para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões 
materiais ou erros de cálculo; 
II. por meio de embargos de declaração. 
 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 
 
 Art. 513 a 538, CPC. 
 Capítulo I: Disposições gerais (do art. 513 ao 519); 
 Capítulo II: Do cumprimento provisório da sentença que reconhece a 
exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa (art. 520 ao 522); 
 Capítulo III: Do cumprimento definitivo da sentença que reconhece a 
exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa (art. 523 ao 527); 
 Capítulo IV: Do cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de 
obrigação de prestar alimentos (art. 528 ao 533); 
 Capítulo V: Do cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de 
obrigação de pagar quantia certa pela fazenda pública (art. 534 e 535); 
 Capítulo VI: Do cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de 
obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar coisa (art. 536 ao 538). 
 
 
 O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA É UMA FASE DO PROCESSO: 
 
Ou seja, você entrou com uma ação de cobrança, houve a decisão, transitou em 
julgado (salvo exceção), agora você requer o cumprimento no mesmo processo (mesmos 
autos, salvo nos casos que não podem ser executados nos mesmos autos, vide Art. 515 
do CPC). 
Cumprimento, na acepção utilizada tanto no CPC/2015 quanto no CPC/1973 
(com as devidas alterações promovidas pela Lei nº 11.232/2005), é termo genérico. 
Abrange tanto a efetivação das obrigações de fazer, de não fazer e de entregar coisa, 
constantes de decisões judiciais, quanto a execução de obrigação de pagar quantia certa, 
constante dos títulos judiciais previstos no art. 515 do CPC/2015 (art. 475-N do 
CPC/1973). Todas essas obrigações (fazer, não fazer, entregar coisa e pagar quantia 
certa) serão cumpridas na mesma relação processual, ou seja, independentemente da 
instauração de processo executivo próprio. 
O CPC/2015 organiza as regras gerais do cumprimento de sentença nos arts. 
513 a 519. Tais disposições são aplicáveis, no que couber, a todas as modalidades de 
obrigações, de modo a tornar efetivo o direito reconhecido ao exequente. 
O requisito para cumprimento de sentença é a existência de um título executivo 
judicial, documento com a ordem judicial que dá à parte vencedora os meios legais para 
garantir a execução do que ficou decidido (vide Art. 515 do CPC). 
O procedimento referente ao cumprimento de sentença, seja definitivo ou 
provisório, contempla apenas as regras especiais, as quais devem ser completadas com 
procedimentos estabelecidos para a execução dos títulos judiciais. Aliás, cumprimento 
de sentença é uma espécie do gênero execução. Utiliza-se a expressão cumprimento 
de sentença quando a obrigação exequenda é reconhecida em título judicial; o termo 
execução, num sentido restrito, é utilizado para se referir ao procedimento para forçar 
o devedor a adimplir uma obrigação reconhecida em título extrajudicial. 
Após a verificação de que um desses atos constituiu um título executivo judicial, 
basta o exequente demonstrar que seu direito é CERTO (ele existe de fato), LÍQUIDO 
(há uma quantia certa a ser paga, uma ação específica a ser realizada) e EXIGÍVEL (a 
discussão sobre o direito se encontra finalizada, impossibilitando o contraditório). 
 
 INTIMAÇÃO DO DEVEDOR: 
De acordo com o CPC/2015, independentemente da natureza da obrigação, a 
regra é que o devedor será intimado, pelo diário da justiça, na pessoa do advogado 
constituído. As exceções estão previstas nos incisos II, III e IV do § 2º do art. 513, bem 
como no § 4º do mesmo dispositivo. 
A justificativa para a desnecessidade de intimação pessoal do 
devedor é que este, por ter participado do processo de 
conhecimento, já tem plena ciência da condenação, e sabe, por 
óbvio, que tem o dever de adimplir a obrigação fixada na decisão 
judicial. O que o CPC/2015 pretende não é prejudicar o devedor, 
mas possibilitar maior celeridade ao trâmite processual quando já 
se decidiu a relação de direito material. 
 
Se, no entanto, o pedido de cumprimento de sentença for requerido 
após um ano do trânsito em julgado da sentença, a intimação deverá 
ser feita, necessariamente, na pessoa do devedor. Durante o período 
entre o trânsito e o pedido de cumprimento o juiz poderá mandar 
arquivar temporariamente os autos, apesar de inexistir permissão 
expressa no CPC/2015. 
 
 SUJEITOS PASSIVOS: 
Outra novidade encontra-se no § 5º do mesmo dispositivo, que contempla o 
entendimento jurisprudencial acerca da limitação subjetiva do título executivo. Embora 
esse dispositivo possa ser deduzido do princípio do contraditório, o legislador 
processual aproveitou a oportunidade para fortalecer a ideia de proteção ao fiador ou 
coobrigado que não exerceu o seu direito de defesa no processo de conhecimento. 
 
 CONDIÇÃO PARA O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA: 
Além da existência do título e da liquidez da obrigação, o exequente tem que 
comprovar, para fins de execução, que a condição ou termo ao qual estava sujeita a 
relação jurídica foi implementado. 
Condição é a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico, oneroso ou 
gratuito, a evento futuro e incerto (art. 121 do CC). Será suspensiva a condição se o 
direito decorrente do negócio for adquirido com a ocorrência do evento; será resolutiva 
se o direito se extinguir com a verificação da condição. Termo é a cláusula que subordina 
os efeitos do ato negocial a um acontecimento futuro e certo. 
 
ANÁLISE DO ART. 515 DO CPC. 
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA: A redação do inciso I trocou o termo 
“sentença” por “decisão judicial”, e inseriu como requisito para o cumprimento a 
necessidade de reconhecer a obrigação, ao invés de apenas constatar a sua existência. 
A alteração pode parecer apenas gramatical, mas não o é. Com a utilização do 
termo genérico “decisão judicial”, a determinação proferida por juiz ou tribunal 
competente, mesmo em se tratando de decisão interlocutória, poderá constituir 
título executivo judicial. Para tanto, a decisão interlocutória deverá reconhecer, ainda 
que provisoriamente, a existência de um dever de prestar. 
SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE AUTOCOMPOSIÇÃO. Os incisos II 
(complementado pelo § 2º) e III contemplam os títulos firmados mediante acordo entre 
as partes. A diferença entre eles é que no inciso III (decisão homologatória de 
autocomposição extrajudicial dequalquer natureza) não há necessidade de prévia 
controvérsia judicial; as partes levam à homologação o acordo firmado fora do juízo, 
cabendo ao magistrado aferir apenas a licitude do objeto e os seus aspectos formais. 
Quem tem legitimidade para ser parte não se enquadra na 
autocomposição do parágrafo segundo deste artigo. A composição 
celebrada em juízo e homologado pode envolver terceiro e pode 
envolver relação jurídica não discutida na ação, mas não tem a 
força de obrigar um terceiro ou de decidir uma relação jurídica 
estranha ao processo. 
 
FORMAL E CERTIDÃO DE PARTILHA: Formal de partilha, que deve conter 
as peças elencadas no art. 655, é o documento extraído dos autos do inventário que 
constitui a prova da propriedade dos bens pelos sucessores do falecido. Quando o valor 
do quinhão hereditário não exceder a cinco salários mínimos, o formal de partilha pode 
ser substituído por um documento mais simplificado, denominado certidão de partilha 
(art. 655, parágrafo único). O formal e a certidão têm força executiva exclusivamente 
em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título universal e singular. 
Contra essas pessoas pode o interessado requerer o cumprimento da sentença, para 
receber a quantia ou a posse dos bens que lhe couberam na partilha. Contra estranhos ao 
inventário, todavia, o título não permite o cumprimento, devendo o interessado se valer 
do processo de conhecimento. 
CRÉDITO DE AUXILIAR DA JUSTIÇA: O inciso V é novidade no rol dos 
títulos executivos judiciais. É que no CPC/1973 ele é tratado como título extrajudicial, 
no rol do art. 585. Diante da nova disposição física desse título, ao invés de se requerer 
a expedição de certidão comprobatória da fixação e aprovação das custas, emolumentos 
e honorários, para posterior propositura de ação de execução autônoma, o credor poderá, 
nos mesmos autos em que se originou o crédito, pleitear o seu cumprimento. 
SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO: A 
sentença penal condenatória torna certa a obrigação de indenizar (art. 91, I, do CP), ou 
seja, a condenação criminal, por si só, constitui título executivo cível. 
SENTENÇA ARBITRAL: A sentença arbitral, que tem eficácia de título 
executivo independentemente de homologação judicial, produz, entre as partes e seus 
sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário. 
Caso seja ilíquida, antes do cumprimento, a sentença arbitral deverá ser liquidada 
no juízo cível competente. Porque não se observa o processo jurisdicional para edição 
da sentença arbitral, o primeiro ato de comunicação do devedor, no que se refere à 
liquidação ou execução, será a citação (art. 515, § 1º). 
SENTENÇA ESTRANGEIRA HOMOLOGADA PELO STJ: O Brasil admite 
a jurisdição estrangeira, mediante controle, desde que a decisão não se refira a imóveis 
situados no território brasileiro, nem a inventários e partilha de tais bens (art. 23). O 
controle se faz por meio de homologação, ato jurisdicional da competência do STJ, de 
natureza constitutiva, pois não só reconhece a validade do julgado, como lhe confere 
eficácia. A homologação é um plus que se acrescenta à sentença estrangeira para que 
esta possa produzir efeitos no Brasil. A homologação, cuja competência, de regra, é do 
presidente do STJ, é regulada pelas seguintes normas: art. 105, I, i, da CF; arts. 960 a 
965 do CPC/2015; arts. 12 a 17 da LINDB e Regimento Interno do STJ. Para que a 
sentença seja homologada, o requerente deverá comprovar o trânsito em julgado, nos 
termos da Súmula nº 420 do STF. 
SÚMULA 420, STF: Não se homologa sentença proferida no 
estrangeiro sem prova do trânsito em julgado. 
 
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA ESTRANGEIRA APÓS CONCESSÃO 
DO EXEQUATUR à carta rogatória pelo STJ. Submete-se à homologação pelo STJ a 
decisão estrangeira que tenha natureza de sentença. No caso de decisão interlocutória 
estrangeira – que não tem natureza de sentença, mas de mero ato processual –, a sua 
exequibilidade está condicionada à prévia apreciação pelo STJ, o qual concederá uma 
espécie de autorização para que as diligências eventualmente requisitadas pela 
autoridade estrangeira possam ser executadas no Brasil. Para que produzam efeitos 
dentro da ordem jurídica nacional, as decisões interlocutórias serão cumpridas por meio 
de carta rogatória, que observará o disposto nos arts. 36 e 960 e seguinte do CPC/2015. 
 
ANÁLISE DO ART. 515 DO CPC. 
PROTESTO DA DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO: O 
CPC/2015 traz uma nova possibilidade de compelir o devedor ao adimplemento da 
obrigação fixada na sentença, qual seja a de protestar a decisão judicial transitada em 
julgado junto a um cartório de notas e protestos de títulos e documentos. 
Embora num primeiro momento possa parecer que a medida propõe uma inversão 
de valores, conferindo maior força executiva à restrição creditícia do que à própria 
sentença, tal mecanismo foi expressamente inserido no CPC/2015 como mais uma 
forma para se alcançar a efetividade dos julgados. 
O protesto é possível sempre que a obrigação estampada no título é considerada 
líquida, certa e exigível. Por essa razão é que a decisão judicial que reconhece a 
exigibilidade de uma obrigação – como título executivo que é – permite a utilização 
desse mecanismo. Diferentemente da sentença, o protesto produz uma publicidade 
específica de divulgação da inadimplência, constituindo-se, assim, eficaz meio de 
execução indireta. 
Três peculiaridades desse novo artigo: I. é facultativo; II. inova em relação ao CPC 
anterior; III. só pode ser feito a lavratura do protesto depois de decorrer o prazo e o 
devedor não pagar no prazo. 
OBS: Protesto por não pagamento de pensão alimentícia não é 
facultativo. 
 
POSSIBILIDADE DE NEGATIVAÇÃO DO DEVEDOR: A negativação do 
devedor de obrigação constituída em título judicial é autorizada pelo § 5º do art. 782, 
que estende esse meio de coerção à execução definitiva de título judicial, ou seja, ao 
cumprimento definitivo de sentença. 
A inclusão do devedor em cadastros de inadimplentes (SPC, Serasa e quejandos), 
conhecida popularmente como negativação, só pode ser determinada a requerimento do 
exequente, vedada a inclusão de ofício. A inscrição será cancelada imediatamente se for 
efetuado o pagamento, se for garantida a execução ou se a execução for extinta por 
qualquer outro motivo. 
Na execução por quantia, pouco importa a natureza do título em que contemplada 
a obrigação (se judicial ou extrajudicial): o meio típico é a expropriação, caso o devedor, 
uma vez citado na execução de título extrajudicial ou intimado no cumprimento de 
sentença, não satisfaça o crédito. Além desse meio, o Código prevê expressamente como 
medida coercitiva o protesto e a negativação. 
 
 
ANÁLISE DO ART. 520 DO CPC. 
CUMPRIMENTO PROVISÓRIO X CUMPRIMENTO DEFINITIVO. O 
cumprimento de título judicial líquido poderá ser definitivo ou provisório. Será 
definitivo quando a decisão tiver transitado em julgado; será provisório quando a 
decisão tiver sido impugnada mediante recurso ao qual não tenha sido atribuído efeito 
suspensivo. 
Em geral, a apelação é recebida nos efeitos devolutivo e suspensivo (art. 1.012). 
Nas hipóteses relacionadas nos incisos do § 1º do art. 1.012, será recebida apenas 
no efeito devolutivo. Os recursos especial e extraordinário, em regra, são recebidos 
apenas no efeito devolutivo (art. 1.029, § 5º), o que viabiliza o cumprimento provisório 
do acórdão recorrido. 
Para se definir a natureza do cumprimento (definitivo ou provisório), também se 
deve verificar se houve interposição de agravo de instrumento da decisão que julgou a 
liquidação (art. 1.015, parágrafo único). A concessão de efeito suspensivo ao agravo de 
instrumento, o que constitui exceção, simplesmente obstaculizará o cumprimento da 
decisão, uma vez que, suspensos os efeitos da decisão liquidatória, não se pode falar em 
título líquido.Por outro lado, se o agravo de instrumento foi recebido apenas no efeito 
devolutivo, que é a regra, pode o credor, desde já, promover o cumprimento. Esse, 
entretanto, será provisório, porquanto a decisão do recurso poderá modificar 
substancialmente o quantum devido ou até mesmo definir que nada há a ser liquidado. 
Na execução definitiva, porque fundada em título judicial com trânsito em 
julgado, não se cogita de responsabilidade do exequente em prestação de caução para a 
prática de atos executivos tampouco em restituição das partes ao estado anterior. Nessa 
modalidade, a execução abrangerá todos os atos executivos (penhora, arrematação e 
pagamento) independentemente do oferecimento de qualquer garantia por parte do 
credor, uma vez que, em razão da definitividade do título, não se cogita de prejuízos 
pelos quais possa vir a ser responsabilizado o credor. 
Basicamente, a distinção entre uma e outra modalidade de 
cumprimento é a responsabilidade do credor, a possibilidade de 
retorno das partes ao estado anterior e a exigência de caução para 
levantamento de depósito em dinheiro e alienação de propriedade 
ou de outro direito real. 
 
RESPONSABILIDADE DO CREDOR: Nos termos do inciso I, o cumprimento 
provisório corre por conta e responsabilidade do credor. Trata-se se responsabilidade 
objetiva. Assim, reformado o título provisório, o credor/exequente deverá arcar com os 
prejuízos sofridos pelo executado, independentemente da verificação de culpa. 
STATUS QUO ANTE: A regra prevista no inciso II é complementada pelo § 4º, 
que estabelece que o retorno ao estado anterior não implicará desfazimento da 
transferência de posse ou da alienação de propriedade, ou de outro direito real, 
eventualmente já realizada. Nesses casos, a impossibilidade de restituição resolve-se em 
perdas e danos, cujos valores serão aferíveis no mesmo processo. A restituição ou o 
ressarcimento limitar-se-ão à parcela da decisão reformada ou anulada, caso a 
modificação ou anulação não tenha sido integral (inciso III). 
PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO (INCISO IV): A caução, isto é, a garantia, pode 
ser real ou fidejussória. A real funda-se em direitos reais de garantia, como hipoteca, 
penhor, anticrese ou depósito em dinheiro. A fidejussória funda-se em obrigação 
pessoal, como, por exemplo, a decorrente de fiança. A toda evidência, a caução deve ser 
prestada por terceiro que tem idoneidade financeira. Não se admite caução fidejussória 
do próprio credor, porquanto este, em decorrência da lei, já responde pelos danos que a 
execução provisória acarretar ao devedor. Em quatro hipóteses a lei autoriza a dispensa 
da caução. Nesse sentido, conferir os comentários ao art. 521. 
MULTA E HONORÁRIOS: Outra novidade é que na fase de cumprimento 
provisório da sentença poderá ser aplicada multa caso não ocorra o pagamento 
voluntário do débito no prazo de 15 (quinze) dias contados da intimação do executado. 
Essa multa, antes rechaçada por alguns julgados do STJ, 102 tem expressa previsão no 
Novo Código, mas somente é aplicável quando a decisão judicial reconhecer a 
exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa. Caso o devedor pretenda se livrar da 
multa, poderá depositar judicialmente a quantia devida ao exequente, sem prejuízo da 
apresentação de impugnação no prazo legal. 
Vale ressaltar que, quanto aos honorários, a sua fixação no âmbito 
do cumprimento provisório de sentença é perfeitamente cabível, 
consoante previsão expressa contida no § 1º do art. 85 do 
CPC/2015. Nesse caso, como o cumprimento provisório corre por 
iniciativa e responsabilidade do exequente, se a decisão for 
reformada, caber-lhe-á a reparação dos danos eventualmente 
causados ao executado, nestes se incluindo os honorários já 
desembolsados. 
 
 
 O CUMPRIMENTO DA SENTENÇA PODE OCORRER DE DUAS 
FORMAS: 
• DE FORMA PROVISÓRIA: 
Quando ainda existe uma apreciação da decisão em grau de recurso, mas que o 
recurso ainda não foi recebido em duplo efeito, só foi aceito no devolutivo. Nesse caso, 
a decisão pode ser executada de forma provisória. Quem executa, executa a conta em 
risco, pois se reformar a decisão no tribunal, terá que devolver a quilo que recebeu. Por 
isso, em alguns casos, o juiz pede uma caução. 
OBS: Nancy Andrighi ressaltou, subsistindo parcela controversa, 
sobre a qual pende recurso sem efeito suspensivo, é viável o 
cumprimento provisório da sentença, nos termos do artigo 520, 
com a garantia de caução prevista no inciso IV, do CPC. Segundo 
a relatora, nada impede que, no mesmo pronunciamento judicial, 
exista parcela incontroversa, em relação à qual não tenha havido 
nenhum recurso. "Ante a ausência de impugnação, e consideradas 
as especificidades da situação em concreto, a referida parcela 
transitará em julgado e poderá ser executada de maneira definitiva, 
concomitantemente e sob mesmo procedimento", afirmou. 
 
OBS: Importante verificar, portanto, que a apelação tem efeito 
suspensivo por lei (art. 1.012, caput, do CPC/2015), o que impede, 
em regra, a eficácia imediata das sentenças. No entanto, o parágrafo 
1º deste mesmo dispositivo legal traz um rol de hipóteses de 
sentenças que começam a produzir efeitos imediatamente após a 
sua publicação, quais sejam, as sentenças que (i) homologam 
divisão ou demarcação de terras; (ii) condenam a pagar alimentos; 
(iii) extinguem sem resolução do mérito ou julga improcedentes os 
embargos do executado; (iv) julgam procedente o pedido de 
instituição de arbitragem; (v) confirmam, concedem ou revogam 
tutela provisória; (vi) decretam a interdição. 
o O cumprimento de sentença provisória será feito em autos apartados. 
 
• DE FORMA DEFINITIVA: 
Quando já transitou em julgado a sentença. 
 
ANÁLISE DO ART. 521 DO CPC. 
CRÉDITO DE NATUREZA ALIMENTAR: A hipótese do inciso I leva em 
conta a natureza do crédito, sem qualquer outro condicionamento, como origem, valor 
ou situação de necessidade do credor. Não há mais cumulação de requisitos como 
ocorria no CPC/1973. A definição de verba alimentar é oferecida pelo § 1º do art. 100 
da Constituição Federal: 
Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles 
decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas 
complementações, benefícios previdenciários e indenizações por 
morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em 
virtude de sentença judicial transitada em julgado [...]. 
 
NECESSIDADE DO CREDOR: A hipótese do inciso II é subjetiva. Se o credor 
alegar e provar situação de necessidade, o juiz dispensará a exigência de caução. 
AGRAVO EM RESP E RE: A terceira hipótese prevê a dispensa da caução em 
função da baixa perspectiva de modificação ou anulação do título provisório que deu 
ensejo ao cumprimento provisório. 
JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA: O inciso IV permite a dispensa de 
caução quando a sentença a ser provisoriamente executada estiver em consonância com 
o entendimento dos tribunais superiores. A previsão se baseia no fato de as questões 
definidas na decisão exequenda já se encontrar em pacificadas, permitindo que o credor 
ultime a realização de seus créditos sem o ônus da caução. Isso porque, se o que foi 
decidido nas instâncias ordinárias estiver de acordo com a jurisprudência das cortes 
superiores, reduzidas são as chances de reforma da decisão, o que justifica a dispensa 
da garantia. 
Ressalte-se que o CPC/2015 promoveu uma ampliação nas 
hipóteses de dispensa se comparado com o CPC/1973. Entretanto, 
o parágrafo único do art. 521 traz uma importante ressalva, que 
deve ser analisada casuisticamente. Se existir manifesto risco de 
grave dano de difícil ou incerta reparação a exigência de caução 
será mantida, ainda que a situação se enquadre em uma das 
hipóteses presentes nos incisos do art. 521. 
 
 
 
ANÁLISE DO ART. 522 DO CPC. 
COMPETÊNCIA PARA O CUMPRIMENTO PROVISÓRIO: Como ainda 
não há trânsito em julgado, o exequente deverá requerer o cumprimento provisório por 
meio de petição dirigidaao juízo competente, o qual, como já dissemos, não se altera 
em virtude da interposição de recurso. 
DOCUMENTAÇÃO DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO: Para viabilizar a 
satisfação da decisão judicial, o exequente deverá instruir a petição com cópia dos 
documentos mencionados no art. 522, exceto se o processo já tramitar em autos 
eletrônicos. Em seguida, se deferida a petição, o executado será intimado na pessoa de 
seu advogado – regra – para, querendo, apresentar impugnação (art. 520, § 1º). 
 
ANÁLISE DO ART. 523 DO CPC. 
NOÇÕES GERAIS E DECISÃO SOBRE PARCELA INCONTROVERSA: 
O cumprimento definitivo da sentença processasse nos autos principais, mediante 
simples requerimento do exequente. O pedido deve ser instruído com os documentos 
pertinentes, a exemplo do demonstrativo atualizado do débito. Na sequência, será 
intimado o devedor, através de seu advogado constituído nos autos (regra), para pagar 
o débito no prazo de 15 (quinze) dias. Permanecendo a inadimplência, o valor será 
acrescido de custas, multa e honorários advocatícios. 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS: Na sistemática do CPC/1973, por inexistir 
previsão expressa, o inadimplemento do devedor não permitia que ao montante da 
condenação fossem acrescidos honorários advocatícios. Esse entendimento, no entanto, 
já tinha sido superado pelo Superior Tribunal de Justiça. O CPC/2015 apenas consolidou 
o entendimento dessa Corte, possibilitando a fixação dos honorários em sede de 
cumprimento definitivo de sentença, por aplicação do princípio da causalidade. 
IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA: Na sistemática da 
nova legislação processual é desnecessária prévia penhora para a apresentação, nos 
próprios autos, de impugnação ao cumprimento da sentença. A garantia, se fornecida, 
servirá para dar efeito suspensivo ao cumprimento. Essa alteração aproxima a 
impugnação ao cumprimento de sentença dos embargos do devedor na execução de 
título extrajudicial. 
Pensando na celeridade e na efetividade da tutela jurisdicional, o 
legislador impossibilitou o pedido de parcelamento ao executado 
na fase de cumprimento de sentença, conforme vedação expressa 
contida no art. 916, § 7º, do CPC/2015. 
 
ANÁLISE DO ART. 524 DO CPC. 
DEMONSTRATIVO DE DÉBITO COMO REQUISITO 
IMPRESCINDÍVEL AO REQUERIMENTO DE CUMPRIMENTO DE 
SENTENÇA: Caberá ao exequente instruir a petição com o demonstrativo 
discriminado e atualizado do crédito, com a indicação de todos os elementos previstos 
nos incisos II, III, IV, V e VI do art. 524. Caso não o faça, apesar de não haver disposição 
expressa no CPC/2015, deve o juiz possibilitar a emenda da petição, com a advertência 
no sentido de que o descumprimento a essa determinação acarretará extinção do feito. 
Se a confecção do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do 
executado, continua sendo possível intervenção judicial para se determinar o 
cumprimento da diligência. A diferença é que o CPC/2015 permite a cominação de 
crime de desobediência não apenas para o terceiro que, injustificadamente, deixar de 
cumprir a ordem judicial, mas também para o próprio executado (§ 3º). 
Outra modificação trazida pelo novo Código está no § 1º, que permite ao juiz 
determinar a penhora com base no valor que entender devido, na hipótese em que o 
demonstrativo aparentemente exceder os limites da condenação. 
 
 
 
CUMPRIMENTO DEFINITIVO DE SENTENÇA NA OBRIGAÇÃO DE PAGAR 
QUANTIA CERTA. 
Art. 523, multa de 10% + honorários advocatícios de + 10% caso não seja pago o valor 
em 15 dias. 
 
1. IDENTIFIQUE AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O 
CUMPRIMENTO DEFINITIVO É O CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DE 
SENTENÇA! 
RESPONDIDO NO INÍCIO! 
2. A MULTA E A VERBA HONORÁRIA PREVISTA NO PARÁGRAFO 1º 
DO ART. 523 DO CPC, ADMITEM INCIDÊNCIA CUMULATIVA ENTRE 
SI? 
A incidência da multa e da verba honoraria não são cumulativas, ambas serão 
aplicadas diretamente no valor principal. 
3. APONTE AS DIFERENÇAS ENTRE AS SEGUINTES EXPRESSÕES: 
INEXIGIBILIDADE E ⁠INEXEQÜIBILIDADE 
Inexigibilidade: aquilo que não dá para cobrar, não da para exigir. Conteúdo 
obrigacional que existe no título. 
Inexequibilidade: aquilo que não pode servir para uma execução, que não da 
para executar. Referente ao título, o título não da para executar. Quando lhe 
faltar Liquidez, Certeza e Exigibilidade, ele, o título judicial, não pode ser 
executado. 
 
1. QUAIS SÃO AS DUAS FORMAS DE SE PROMOVER A LIQUIDAÇÃO DE 
SENTENÇA? NOS ARTIGOS 509, 510, 511 E 512 DO CÓDIGO DE PROCESSO 
CIVIL? 
• Por Arbitramento (art. 509, I): Esta modalidade é aplicada quando a própria 
sentença determinar a liquidação por arbitramento, quando as partes acordarem 
nesse sentido ou ainda quando a natureza do objeto da liquidação exigir esse 
método. Em outras palavras, quando a sentença não especifica o valor exato da 
condenação, mas indica que este deve ser determinado por meio de avaliação 
técnica ou por arbitramento, esta modalidade é utilizada. 
• Por Procedimento Comum: Esta forma de liquidação é adotada quando há a 
necessidade de alegar e provar fato novo para determinar o valor exato da 
condenação. Por exemplo, quando as partes discordam sobre determinados fatos 
ou elementos que influenciam no cálculo da quantia devida, é necessária a 
produção de provas adicionais para esclarecer a questão. Nesses casos, a 
liquidação ocorre por meio do procedimento comum, permitindo às partes 
apresentarem suas alegações e provas perante o juízo responsável.

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