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Nina Lena Souza Medicina UFSM 106 Desenvolvimento infantil RN tem em média 3 kg e 50cm, ao 1° ano aumenta 300% de massa e chega aos 75cm em média. A criança deve atravessar cada estádio segundo uma sequência regular, ou seja, os estádios de desenvolvimento são sequenciais. Se a criança não for estimulada ou motivada no devido momento, ela não conseguirá superar o atraso. Marcos do desenvolvimento 0-1 meses 5 Postura - barriga para cima, braços e pernas fletidos, cabeça lateralizada 5 Observa o rosto 5 Reage ao som 5 Eleva a cabeça Reflexo de sucção (0 a 5 meses) Reflexo cutâneo plantar (0 a 12 meses): no RN, desencadeia extensão do hálux. A partir do 13º mês, ocorre flexão do hálux. A partir desta idade, a extensão é patológica. Reflexo de Moro (0 a 5 meses): soltar a criança, fazer barulho ou puxar lençol deve fazer a criança, assustada, abrir os braços. É incompleto a partir do 3º mês e não deve existir a partir do 6º mês. Reflexo de preensão palmar (0-5 meses): segura o dedo do examinador. Flexão dos dedos. Reflexo de preensão plantar: agarra o dedo do examinador com o pé. Flexão dos dedos dos pés. Reflexo de busca (0 a 3 meses): tocar região perioral quando o bebê está com fome. Virar a cabeça e os lábios na direção do estímulo. Reflexo de marcha automática (0 a 4 meses): colocar o bebê de pé, inclinado e ele dá “passos”. Reflexo de fuga à asfixia (0 a 3 meses): criança em decúbito ventral no leito, com a face voltada para o colchão. Vira o rosto liberando as vias aéreas para respirar adequadamente. 1-2 meses 5 Sorriso social – responde facialmente aos pais 5 Abre as mãos 5 Emite sons (vogais) 5 Movimenta ativamente os membros 2-4 meses 5 2 meses: inicia-se a ampliação do seu campo de visão (o bebê visualiza e segue objetos com o olhar). 5 Entre 2 e 3 meses: sorriso social. 5 Entre 2 e 4 meses: bebê fica de bruços, levanta a cabeça e os ombros. Anteriormente há movimento ulnar. Aos 5 meses ela passa a controlar o dedão e 8-9 meses já faz a pinça (motricidade fina). Importante Criança deve dormir de barriga para cima risco de morte súbita. Nina Lena Souza Medicina UFSM 106 4-6 meses 5 Entre 4 a 6 meses: o bebê vira a cabeça na direção de uma voz ou de um objeto sonoro. Busca ativa dos objetos. 5 Leva objetos a boca 5 Localiza som 5 Muda de posição ativamente (rola) – PRECISAMOS AVISAR AOS PAIS DO RISCO DE QUEDAS! Colocar a criança no chão quando vai se afastar, mas não deixar ela no alto. Até quando criança pode dormir com os pais – segundo indicação: até os 4 meses, após isso devem separar, ter seu próprio berço no quarto deles. Para o professor, ele acha que seria melhor até os 6 meses (depois possuem maior dificuldade pela fase da separação). Fazer a criança dormir no lugar correto, não pode dormir na sala e levar a criança até o quarto dela – ela precisa reconhecer o local que deve dormir!! Caso ela durma em outro lugar, devemos acorda-la e levar para o quarto. Usar musiquinhas, leitura de histórias (estimula formação de vocabulário). 6-9 meses 5 Brinca de esconde-achou: sabe que o objeto existe apesar de não estar mais na sua visão – mais perto dos 9 meses 5 Transfere objetos de uma mão para outra 5 Duplica as sílabas 5 9 meses: idade que começa a chorar mais! 5 Em torno dos 6 meses: inicia-se a noção de “permanência do objeto”. Em torno dos 9 meses até 1 ano e meio/2 anos – criança tem a fase de separação (reconhecimento de que não faz parte da mãe e estranham a separação, sofrem mais). A partir dos 9 meses percebemos na consulta que a criança chora mais, não somente no exame que causa mais desconforto. 5 A partir do 7o mês: o bebê senta-se sem apoio. 5 Entre 6 e 9 meses: o bebê arrasta-se, engatinha. 5 Entre 6 e 8 meses: o bebê apresenta reações a pessoas estranhas. Não devemos estimular que os pais deem eletrônicos durante as consultas, devemos estimular que a criança observe e crie confiança na pessoa estranha (médico), pois os pais estão passando confiança e tranquilidade pelo olhar (não devem ficar ansiosos, avisá-los que a criança vai chorar e é normal). 9-12 meses 5 Imita gestos 5 Faz pinça 5 Produz jargão 5 Entre 9 meses e 1 ano: o bebê engatinha ou anda com apoio. 5 Em torno do 10o mês: o bebê fica em pé sem apoio. 12-15 meses 5 Mostra o que quer 5 Coloca blocos na caneca – noção de tamanho 5 Diz uma palavra 5 Entre 1 ano e 1 ano e 6 meses: o bebê anda sozinho. 5 Em torno de 1 ano: o bebê possui a acuidade visual de um adulto. 15-18 meses Nina Lena Souza Medicina UFSM 106 5 Usar colher e garfo 5 Constrói torre de 2 cubos 5 Fala 3 palavras 5 Consegue andar para trás 5 Entre 1 ano e 6 meses a 2 anos: o bebê corre ou sobe degraus baixos. 18-24 meses 5 Tira a roupa 5 Constrói torre de 3 cubos 5 Aponta 2 figuras 5 Chuta uma bola 24-30 meses 5 Veste-se com supervisão 5 Constrói torre de 6 cubos 5 Frases de 2 palavras 5 Pula com ambos os pés 5 Entre 2 e 3 anos: o bebê diz seu próprio nome e nomeia objetos como seus. 5 Em torno dos 2 anos: o bebê reconhece-se no espelho e começa a brincar de faz de conta (atividade que deve ser estimulada, pois auxilia no desenvolvimento cognitivo e emocional, ajudando a criança a lidar com ansiedades e conflitos e a elaborar regras sociais). 5 Entre 2 e 3 anos: os pais devem começar aos poucos a retirar as fraldas do bebê e a ensiná-lo a usar o penico. 30-36 meses 5 Socializa mais – brinca com outras crianças 5 Imita linha vertical – se desenhar uma linha, eles conseguem seguir 5 Reconhece 2 ações 5 Arremessa a bola 3-6 anos 5 Entre 3 e 4 anos: a criança veste-se com auxílio. 5 Entre 4 e 5 anos: a criança conta ou inventa pequenas histórias. 5 A partir dos 6 anos: a criança passa a pensar com lógica, embora esta seja predominantemente concreta. 5 Sua memória e a sua habilidade com a linguagem aumentam. 5 A autoimagem se desenvolve, afetando sua autoestima. 5 Os amigos assumem importância fundamental. A criança começa a compreender a constância de gênero. A segregação entre os gêneros é muito frequente nesta idade (meninos “não se misturam” com meninas e vice-versa). O comportamento da criança é predominantemente egocêntrico; porém, com o passar do tempo, outras crianças começam a se tornar importantes. Crianças aos 4-5 anos de idade já possuem um superego bem desenvolvido – já sabe o que é certo e errado! Autor Paul Bloom (psicólogo) comprovou que os bebês (de 8 meses até 1 ano e pouco) possuem senso moral. Relação com teorias de Darwin sobre a sobrevivência da espécie) e empatia através da resposta ao estímulo com imagens de cubo/bola/triângulo em um contexto onde o triângulo atrapalha o cubo e a bola; resposta de ajuda a indivíduo com dificuldade de abrir a porta por carregar peso. Nina Lena Souza Medicina UFSM 106 Enurese Perda ou escape de urina na cama ou roupa de cama em criança com mais de 5 anos e preenchendo os seguintes critérios 5 2 vezes por semana e por mais de 3 meses. Pode ser primária (nunca deixou de urinar na cama) ou secundária (criança não urinava e agora começou, relacionada a processos psicológicos ou patológico). Perda de urina em algumas ocasiões é normal. Monossintomática: reflete atraso da maturação dos sistemas urológico e neurológico. Só ocorre a noite, não tem outros sintomas, somente há escape da urina. Ocorre mais em meninos do que nas meninas. Controle noturno ocorre normalmente dois anos depois do controle diurno (em torno dos 3 anos). Fatores genéticos influenciam, sempre perguntar se os pais possuem histórico de enurese. Não costuma haver fator emocional como desencadeante, geralmente. Avaliação: anamnese (Já controlou alguma vez? Quantas vezes faz? Qual a idade da criança?), exame físico completo (PA, palpar abdome, coluna, problema de marcha, outros) para descartas patologias. Taxa de cura espontânea é muito boa. Abordagem comportamental: assumiruma abordagem muito tranquila, aliviar a culpa, defender a criança para que saiba que não precisa se sentir culpada nem pressionada – desestimular a punição dos pais! Tentar achar uma rotina para a criança criar o hábito de acordar para urinar. Os pais podem despertar durante a madrugada no mesmo horário para acordar a criança e ela ir ao banheiro. Os pais podem ainda deixar uma roupa guardada pronta para a própria criança conseguir se trocar. Indicar dose de água que seja suficiente para não sentir sede. Abordagem medicamentosa: antidepressivos tricíclicos são os que mais funcionam, no entanto possuem muitos efeitos colaterais, além de a dose terapêutica ser muito alta. As indicações são de tratar com medicamento geralmente a vasopressina (possui taxa de recaída grande) – usar mais a vasopressina quando vai dormir na casa dos amiguinhos; mas prefere-se a abordagem comportamental Enurese não monossintomática: Sintomática: ocorre dia e noite Cogitar patologias: cistite, diabetes, bexiga neurogênica, anormalidades anatômicas, constipação, maus tratos. OBS: alguns livros diferenciam que enurese é o escape noturno e, quando há escape diurno, o termo usado deveria ser incontinência urinária. Ingesta de até 250ml de água à noite, até 3 horas antes de dormir. Esvaziar a bexiga antes de dormir Acordar a criança em até 4h de sono para urinar Tratar constipação intestinal Envolver a criança na limpeza da cama e demais objetos. Prescrição (na falha de todas as outras medidas) 5 Desmopressina intranasal 10-40 mcg antes de dormir 5 Imipramina – 1,5-2mg/kg VO 2 horas antes de dormir Nina Lena Souza Medicina UFSM 106 Encoprese Repetida excreção de fezes em lugares inadequados (geralmente roupas) em crianças com mais de 4 anos. Mais de 90% dos casos são resultado de constipação, ou seja, devemos tratar a constipação. Possui importante fator emocional. Estimular a criança a não segurar quando possui vontade, sempre ir diretamente ao banheiro. Tratamento: precisa fazer um tratamento muito adequado quando a criança é constipada. Laxativo na dose adequada, exercício físico. Parte emocional – importante cuidar dessa parte também. Pais devem oferecer limites para os filhos, ensinar a ter disciplina. Colica Os bebês choram em média 2h por dia normalmente. Ainda não se sabe o porquê da cólica, suspeita-se de origem intestinal. 30-40% dos bebês ainda tem cólica aos 4-5 meses. Cólica acontece em um bebê saudável, bem alimentado, que chora mais de 3 horas por dia, por mais de 3 dias por semana, por mais de 3 semanas (regra dos 3). Avaliar: peso da criança (ver se a criança não está chorando por fome), ver se não tem diarreia, fezes com sangue – alérgico ao leite. Manejo: educação dos pais, tranquilização (é normal), orientação (ambiente, música suave, passeios, etc). Medicação? (Colikids, que é um pró-biótico) – funciona para poucos e nem todo mundo precisa. Muitas vezes os médicos acabam receitando um medicamento para êmese, refluxo, pois assim os pais ficam tranquilos acreditando que o filho está tomando um medicamento. Prescrição constipação em pediatria Desimpactação: 5 Enema fosfatado 2,5ml/kg/dia (dose máxima 133ml) via retal. Não usar em <2 anos. Se fecaloma impactado Macrogol 3350 1,5g/kg/dia por 3 dias. Manutenção: Lactulose 5 Lactentes: 5ml/dia VO 5 1-5 anos: 5-10ml/dia VO 5 6-12 anos: 10-15ml/dia VO 5 >12 anos: 15-30ml/dia VO ´ 5 Orientação: pegar o bebê no colo, enrolar em uma manta ou cobertor, flexionar as coxas do bebê sobre o abdome, aplicar compressas mornas na barriga do bebê ou dar um banho morno. Também é útil reduzir os estímulos (sons e luzes). Manter rotinas para alimentação, banho, passeio. Manejo da cólica e informações importantes 5 Não ofertar chás, trocar fórmula ou dar medicação sem orientação médica. 5 A amamentação materna exclusiva está associada a menores episódios de cólica e a alimentação materna influencia na ocorrência e na intensidade das cólicas – a exclusão do leite de vaca da dieta materna se mostrou benéfica nos estudos. 5 Nas crianças em uso de fórmula, o uso de fórmulas parcialmente hidrolisadas ou com baixos teores de lactose parece reduzir o número de episódios. 5 Os estudos sobre uso de Dimeticona são controversos e seu uso rotineiro deve ser evitado. Nina Lena Souza Medicina UFSM 106 Birra É um evento normal. 50-80% das crianças entre 1 a 4 anos tem crises de birra As crianças fazem isso na busca na obtenção de autonomia e domínio do ambiente. No lar é incômodo, em público é constrangedor Como agir: bater não é solução, durante a crise da birra a conversa também não é eficiente. Cuidar o ambiente onde a criança estiver para que ela não se machuque e esperar esse momento passar. Após a crise, conversar com a criança para que isso não se repita Crises de perda de fôlego Podem ser aterrorizantes para os pais. Ocorrem durante a expiração e é de natureza reflexa. Entre 0,1-5% das crianças saudáveis dos 6 meses aos 6 anos de idade. A crise pode resolver espontaneamente ou a criança pode perder a consciência. Casos graves – podem ficar flácida, espasmos corporais e incontinência urinária. Casos raros – assistolia ou convulsão. Manejo: comportamental (tranquilizar os pais dizendo que vai passar e é normal, às vezes uma pancadinha pode ajudar a voltar ao normal).
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