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UFV – Universidade Federal de Viçosa Matéria: MED 192 – Prática Profissional e Trabalho em Saúde II Sexualidade e Práticas sexuais - Sexualidade: é um aspecto central da vida do ser humano que abrange corpo, sexo, identidades, papéis e expressões de gênero, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. É influenciada pela interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais, legais, históricos, religiosos e espirituais. - Saúde sexual (OMS): um estado de bem- estar físico, emocional, mental e social em relação à sexualidade, não é meramente a ausência de doença, disfunção ou debilidade. - Práticas sexuais: se referem a como cada um se relaciona sexualmente, incluindo transar, procriar e ter prazer. Heterocisnormatividade -Heterocisnormatividade é uma estrutura social que impõe, na definição do que seria permitido e autorizado ao ser humano, um padrão heterossexual (pessoa que tem atração pelo gênero “oposto”) e cisgênero (pessoa que se identifica com gênero designado ao nascimento). Sexo biológico - Sexo biológico é uma padronização de características físicas, de acordo com convenções e conceitos da biologia, para descrever diferentes espécies, sejam animais, vegetais e até fungos. - Na espécie humana, utilizam-se como parâmetros os cromossomos, a composição hormonal, a genitália e os caracteres sexuais secundários para a definição: → Sexo masculino: XY, testosterona, pênis e testículos, distribuição de pelos e gorduras típicos. → Sexo feminino: XX, estrogênio e progesterona, vagina, mamas, distribuição de pelos e gorduras típicos. Gênero - Gênero: é a dimensão social e histórica da construção e do entendimento dos significados do masculino/masculinidade/homem e do feminino/feminilidade/mulher. - Gênero é uma estrutura social que organiza relações, a divisão do trabalho, a distribuição da riqueza e da propriedade, o sistema político, a educação, a saúde, entre outras. - Papéis sociais de gênero: se referem às expectativas sociais de comportamentos, atitudes, funções, ocupação de espaços, responsabilidades e poderes atribuídos à feminilidade e à masculinidade. - Gênero designado: realizado a partir da visualização do sexo, em geral do genial, ao ultrassom ou “ao nascimento”. - Expressão de gênero: é a forma como a pessoa deseja se expressar, em um determinado momento e contexto em relação a padrões de gênero. - Identidade de gênero: se refere à convicção da pessoa de se reconhecer como homem, mulher, algo entre essas definições ou fora do contexto binário hegemônico. - Pessoa cisgênero: a identidade que ela tem de si mesma e o pertencimento de gênero projetado pela sociedade para que ela assuma coincidem. - Pessoa transgênere: não se identifica em algum grau com o gênero designado ao nascimento, constrói uma identidade diferente da que lhe propuseram e possui o desejo de UFV – Universidade Federal de Viçosa Matéria: MED 192 – Prática Profissional e Trabalho em Saúde II reivindica-la a partir de uma mudança na expressão de gênero. Transgeneridade/transexualidade - Transgeneridade: é a vivência de gênero de pessoas transgêneres. - Categorias de classificação médica: → CID 10: F 64.0 – Transtorno da identidade sexual (transexualismo) → CID 11 (2022): HA60 – Incongruência de gênero (condições relacionadas à saúde sexual) → DSM 5: disforia de gênero – sofrimento e prejuízos de uma pessoa devido à transgeneridade. Orientação afetivo-sexual - Segundo a OMS, refere-se à atração/desejo físico, romântico ou emocional por outras pessoas. - Heterossexuais são pessoas que sentem atração por um gênero diferente do seu. - Homossexuais são pessoas que sentem atração por pessoas do mesmo gênero. - Bissexuais são pessoas que sentem atração por mais de um gênero. - Pansexuais são pessoas que sentem atração por pessoas independente do gênero. - Assexuais são pessoas que estão em um espectro de sentirem pouca ou nenhuma atração/desejo sexual por pessoas, apesar de poderem ter resposta a estímulos sexuais. - Homens cis que fazem sexo com homens cis (HcSHc) - Mulheres cis que fazem sexo com mulheres cis (McSMc) Desigualdades de gênero - “A frase mais lembrada do livro de Simone de Beauvoir, O segundo Sexo, ‘não se nasce, mas torna-se mulher’, remete a uma ideia fundamental do conceito: não é a biologia e nem o corpo, mas a vida social e a experiência individual moldada pelo contexto que constitui o ser mulher.” Enfrentamento do patriarcado - Patriarcado: é um sistema de crenças e organização da sociedade em que os homens, enquanto categoria social, exercem poder e dominação sobre as mulheres [e outras identidades de gênero], explorando-as de diversas maneiras. - Correlatos: machismo (discursos e comportamentos preconceituosos que recusam a igualdade de direitos entre gêneros em favorecimento dos homens) e misoginia (ódio às mulheres). - Feminismo: movimentos sociais e acadêmicos de luta pela emancipação das mulheres e redução das desigualdades de gênero. - Violência de gênero: é uma expressão do patriarcado e um grave problema de saúde pública. Primeira onda do feminismo - A primeira grande onda feminista, de um ponto de vista mais global, é identificada com os movimentos em massa de mulheres que irromperam na cena pública de vários países no final do século XIX e início do século XX, identificados com a luta pela isonomia e pelo sufrágio (voto). Tal identificação é correta, mas igualmente, reducionista, uma vez que deixa de apontar a riqueza das pautas e lutas de inúmeros grupos de mulheres daquele período. Segunda onda do feminismo - No plano da ação, a ideia geral passará a ser: libertar-se da opressão. No entanto, para as diferentes mulheres, em suas diferentes posições sociais e experiências de vida, a opressão era vivenciada de maneiras distintas. - Para muitas, a libertação no plano da sexualidade (pode ter prazer, ter mais de um UFV – Universidade Federal de Viçosa Matéria: MED 192 – Prática Profissional e Trabalho em Saúde II parceiro sexual ou expressar sua homo afetividade, por exemplo) era central e urgente. Para outras, a questão da opressão estava atrelada ao casamento e ao universo doméstico, assim como a impossibilidade de estudar ou ter uma profissão. Para milhares de trabalhadoras, no entanto, o cerne do problema seguia sendo o sistema econômico que as explorava: o capitalismo. E para a maioria delas, o racismo intensificava ainda mais a situação. - Em uma escala mais global, a segunda onda pode ser pensada como estendendo-se por um longo período (de 1940 até o início do século XXI), assim como ocorrera com a primeira. Talvez seu ponto mais visível tenha sido as manifestações de rua das décadas de 1960 e 1970, em determinados países, mas ela seguiu refletindo no campo das artes, na formação de centros de pesquisa sobre a condição das mulheres, em milhares de publicações, no ingresso de feministas em variadas instâncias de poder, na mudança de leis e costumes, no amadurecimento de discussões e teorias, etc. Terceira onda do feminismo - Nos EUA, durante a década de 1980, a mídia começou a rotular mulheres adolescentes e na casa dos vinte anos como uma geração “pós-feminista”, que desfrutava de certos ganhos sociais (acesso à educação, a diferentes tipos de emprego...), dando a entender, igualmente, que os objetivos do feminismo haviam sido alcançados. Sob esta ótica, o feminismo deixava de ser algo necessário. - O ensaio de Rebecca Walker (Becoming the third wave, 1992), no entanto, documentava o sexismo persistente do início dos anos 1990 e convocava as jovens a se unirem à luta feminista. Nesse sentido, ela invocava uma terceira onda, ao mesmo tempo que identificava-se com ela. A partir dali, feminista estadunidenses passaram a descrever as décadas seguintes como pertencentes a esta terceira onda. - Apesardas diferenças de contexto e de experiência de militância vários grupos de feministas têm produzido uma agenda interseccional pautada nas lutas antissexistas, antirracistas, anticapitalistas, anti- homofóbicas, decolonialistas e ecofeministas. - Possuem em comum o enfrentamento de formas complexas e entrelaçadas de violência e opressão perpetradas por um sistema que poderíamos chamar de patríaco-capitalo- racista de dominação. Para enfrenta-lo, uma articulação internacional tem sido organizada e fortalecida a cada ano. Gênero, performance e teoria queer - Butler problematiza qualquer essencialização, seja dos sexos, seja dos gêneros, bem como das distinções entre essas categorias: “Se o caráter imutável do sexo é contestável [transexualidade, transformações corporais], talvez o próprio construto chamado ‘sexo’ seja tão culturalmente construído quanto o gênero; a rigor, talvez o sexo sempre tenha sido o gênero, de tal forma que a distinção entre sexo e gênero revela-se absolutamente nenhuma. Se o sexo é, ele próprio, uma categoria tomada em seu gênero, não faz sentido definir o gênero como a interpretação cultural do sexo” - Gênero como performance: → “O gênero é a estilização repetida do corpo, um conjunto de atos repetidos no interior de uma estrutura reguladora altamente rígida, a qual se cristaliza no tempo para produzir a aparência de uma substância, de uma classe natural de ser” → “Ser mulher constituiria um ‘fato natural’ ou uma performance cultural, ou seria a ‘naturalidade’ constituída mediante atos UFV – Universidade Federal de Viçosa Matéria: MED 192 – Prática Profissional e Trabalho em Saúde II performativos discursivamente compelidos, que produzem o corpo no interior das categorias do sexo e por meio delas?” - Butler visa abrir caminho para uma “construção variável da identidade”, que incluiria não só as lésbicas como também os transexuais e os intersexuais. Ela sinalizava, assim, o caráter construído de todas as identidades. - O termo queer é uma apropriação radical de uma palavra normalmente usada para insultar e ofender e que, ao ser apropriada, torna-se resistente a definições fáceis. A construção (ainda, e em constante, elaboração) do significado alternativo e positivo de queer se fez, a princípio, em um contexto específico das lutas dos movimentos gay, lésbico e feminista nos Estados Unidos e das reflexões dos correlatos grupos acadêmicos. - Tal contexto pode ser resumido como as crises internas dos movimentos pautados pela política da identidade, a recepção do pós- estruturalismo por intelectuais feministas, gays e lésbicas e a epidemia do vírus HIV ao longo de década de 1980. Essa tensa mistura resultou em críticas radicais à possiblidade de identidades essencializadas de sexo e de gênero, abrindo espaço para uma categoria mais abrangente, elástica e atenta às práticas e ao grupos até então relegados a segundo plano. - O termo queer pode ser um guarda-chuva para todas as vivências de subjetividade que são oprimidas pela interseccionalidade das estruturas sociais hegemônicas heterocisnomatividade, do racismo e do capitalismo. Interseccionalidade - Olhar para os indivíduos como sujeitos sociais e integrais implica em reconhecer os distintos marcadores sociais de diferença a que estão submetidos de forma concomitante e como essas categorizações interagem entre si, gerando múltiplas formas de opressão. - A forma pela qual o racismo, o patriarcado, a opressão de classe e de sexualidade interagem entre si, sustentado pelo sistema de dominação capitalista/colonialista, colocando-os na centralidade da discussão sobre toda e qualquer forma de relação social e poder de vivência de marginalização, reconhecendo como esses marcadores sociais e diferença operam em interseção. Estresse de minorias - “Minorias” sociais: grupos sociais que embora possam ser numericamente maiores, vivem situação de marginalidade opressão e exclusão dos meios de produção material e subjetiva e não detêm o poder hegemônico de controlar a narrativa sobre si. - Segundo Meyer, estresse de minorias são violências e estresse a que pessoas de minorias sociais são submetidas: → Eventos e condições LGBTIfóbicas, machistas e misóginas objetivas. → A expectativa de eventos como esses e a vigilância contínua necessária para se proteger → A internalização de atitudes e pensamentos sociais negativos (LGBTfobia e machismo internalizados) → A ocultação ou não da identidade de gênero e orientação sexual, qualquer que seja o caminho enfrentará dificuldades. Violência de gênero - A ONU define violência de gênero como “qualquer ato de violência baseada no gênero que resulte ou possa resultar em dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico a uma mulher, incluindo ameaça a tais atos, coerção, privação arbitrária da liberdade, seja no âmbito público ou privado”. UFV – Universidade Federal de Viçosa Matéria: MED 192 – Prática Profissional e Trabalho em Saúde II - Segundo a OMS, 35,6% das mulheres sofrem violência física ou sexual ao longo da vida, com variação de 32,7% entre o conjunto de países desenvolvidos a 45,6% no continente africano. A probabilidade de agressão física ou sexual por parceiro íntimo é de 30%, mais de quatro vezes superior à probabilidade de agressão física ou sexual por agressor desconhecido, que é de aproximadamente 7% - Violência doméstica → A cada dia cerca de 13 mulheres são assassinadas no Brasil. → Segundo o Mapa da Violência 2015, dos 4.762 assassinatos de mulheres registrados em 2013 no Brasil, 50,3% foram cometidos por familiares, sendo que em 33,2% destes casos, o crime foi praticado pelo parceiro ou ex. → 3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos, aponta pesquisa realizada pelo Instituto Avon em parceria com o Data Popular (nov/2014). → 98% da população brasileira já ouviu falar na Lei Maria da Penha e 70% consideram que a mulher sofre mais violência dentro de casa do que em espaços públicos no Brasil. → No Brasil, no ano de 2019, 3.730 mulheres foram assassinadas (uma a cada duas horas). → o período de 2008 a 2018, observa-se aumento de 4,3% da taxa de homicídios entre mulheres, em decorrência do aumento da vitimização de mulheres negras: enquanto a taxa de homicídios de mulheres não negras caiu 11,7%, a taxa entre as mulheres negras aumentou 12,4%. → Em relação à violência sexual, o Brasil apresenta uma das mais altas prevalências de estrupo do mundo, com a ocorrência de um caso a cada oito minutos, de acordo com os dados de registros policiais. Estima-se que a subnotificação seja próxima de 90% dos casos, o que significa que esses números podem ser até dez vezes maiores. → A violência contra a mulher associa-se a danos físicos e mentais, com manifestações de curto e longo prazo. Estudos que avaliaram a chance de adoecimento entre mulheres vítimas de violência demonstram aumento de 1,52 vez de infecção por HIV, de 2,16 vezes de aborto induzido, de 1,56 vez de ocorrência de sintomas depressivos e de 4,54 vezes de suicídio. Mulheres que possuem parceiro íntimo apresentam probabilidade três vezes maior de sofrer lesão física do que aquelas que não possuem. Violência obstétrica - Violência obstétrica consiste na apropriação do corpo da mulher e dos processos reprodutivos por profissionais de saúde, na forma de um tratamento desumanizado, medicalização abusiva ou patologização dos processos naturais, reduzindo a autonomia da paciente e a capacidade de tomar suas próprias decisões livremente sobre seu corpo e sua sexualidade, o que tem consequências negativas em sua qualidade de vida. - A violência obstétrica é violência de gênero. A obstetrícia é um ramo da medicina essencialmente misógino e machista. Há um viés de gênero na prática e na própria e na própria constituição do campo de conhecimento. - O saber médico é constituído em um modelo patriarcal quevê o corpo feminino como essencialmente defectivo. E é um modelo que reproduz a desigualdade e a hierarquia da sociedade. As mais pobres, as negras, as lésbicas sofrem mais episódios desse tipo de violência. A pesquisa “Nascer no Brasil” mostrou que essa manobra de Kristeller acontece em 37% dos nascimentos, em 36% dos casos se usa ocitocina no soro para UFV – Universidade Federal de Viçosa Matéria: MED 192 – Prática Profissional e Trabalho em Saúde II aumentar as contrações e “acelerar o parto” e a pesquisa da Fundação Perseu Abramo de 2010 mostrou que 25% das mulheres se percebem vítimas de maus-tratos durante o nascimento dos seus filhos. - “Quer que seu filho morra?” “Na hora de fazer não gritou!” “No ano que vem você estará aqui de novo”. - Ouvir frases deste tipo de um profissional de saúde durante o parto, pré-natal ou puerpério é violência obstétrica. - Ser xingada, mandada que fique quieta quando está sentindo dor, ouvir gritos, chantagens e ameaças veladas, ser colocada em situações indignas e vexatórias, sofrer com dolorosos e diversos exames de toque interparto com o objetivo de treinar residentes ou estudantes são exemplos frequentes mencionados por Melânia Amorim, médica e professora de ginecologia e obstetrícia da UFGC. - No Brasil, chamam atenção particularmente os dados de violência obstétrica sofridas por mulheres negras em relação a oferta de analgesia: mesmo após controle para variáveis sociodemográficas, os dados indicam um menor uso de analgesia nas mulheres pretas e alguns estudos também evidenciaram uma menor oferta de procedimentos anestésicos no parto vaginal para mulheres pretas e pardas, com menores proporções ainda para as de menor escolaridade. Desigualdades em saúde para a população LGBTQIA+ - Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas da população Brasileira (2013), estimou-se a população de HSH em 3,5% dos homens e de MSM em 4,6% da população entre 15 e 64 anos respectivamente. - O censo de 2010 foi o primeiro a coletar dados sobre casais lésbicos e gays por meio de identificação de cônjuge ou parceira do mesmo sexo. - Não existe nenhuma condição de saúde que acometa mais pessoas LGBTQIA+ por fatores individuais. - A maior incidência de determinados agravos na população LGBTQIA+ resulta do processo de violência estrutural a que é submetida essa população. - O mais grave problema de saúde da população LGBTQIA+ é LGBTfobia: homofobia, lesbofobia e transfobia. - 43,2% de travestis e transexuais de um estudo de SP e RS disseram já ter deixado de procurar ajuda médica quando necessitavam, em razão de preconceitos que costumam ocorrer nesses espaços. - A ocorrência prévia de discriminação foi associada a um aumento de 6,7 vezes nas chances desses usuários evitarem a procura por serviços de saúde. - Discurso do tratamento como “qualquer outro usuário” é um dos principais empecilhos. - A LBGTfobia repercute em maior incidência de determinados agravos em: → HIV: maior prevalência de HIV em HcSHc (18,4%) e entre mulheres trans e travestis passava de 30%. (população geral 0,4%) → Saúde mental: a população LGBTQIA+ apresenta o dobro das chances de fumar, risco 3 vezes maior de suicídio e seis vezes mais propensa a autolesão não suicida, maior (1,4 a 2,4 vezes) incidência de depressão e ansiedade. → Saúde cardiovascular e metabólica: o uso do estrógeno em pessoas trans esteve associado ao aumento do risco de problemas cardiovasculares e o da testosterona ao aumento da residência a insulina. → Estima-se que a expectativa de vida de uma pessoa travesti é de 35 anos no Brasil. UFV – Universidade Federal de Viçosa Matéria: MED 192 – Prática Profissional e Trabalho em Saúde II → A Transgender Europe (TGEU) relatou a existência de 2.609 homicídios informados de transgêneros em 71 países no período de 2008 a 2017, tendo o Brasil o maior número de registros, ficando com o triste lugar de país que mais mata travestis e pessoas trans no mundo. → No período de outubro de 2018 a setembro de 2019, 130 pessoas transexuais e travestis foram assassinadas no Brasil. → No Disque 100 (Direitos humanos) foram registradas 1.720 denúncias de violações de direitos humanos dos LGBT, destas 193 foram de homicídios, 23 de tentativas e 423 de lesão corporal no ano de 2017. → No SINAN, no ano de 2016, o número de casos de violência contra homossexuais/bissexuais foi de cerca de 6.800, salientando que mais da metade das denúncias foram por causa da violência física, porém ainda há registros de violência psicológica e tortura. → Na Pesquisa Nacional de Ambiente Educacional no Brasil, estudantes de 13 a 21 LGBTQIA+: 73% e 68% dos jovens sofreram agressão verbal, e que 27 a 25% sofreram agressões físicas por conta de sua orientação sexual e identidade de gênero. Atenção à Saúde da População LGBTQIA+ - Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – Ministério da Saúde 2013 → Determinou a inclusão da garantia do uso do nome social para os usuários da saúde, na Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde. - Resolução N° 2.265, de 20 de setembro de 2019, Conselho Federal e Medicina → Dispõe sobre os cuidados específicos a pessoa com incongruência de gênero ou transgênero. Perguntas para rastreamento de violência por parceiro íntimo - Você foi atingida, chutada, socada ou de alguma outra forma ferida por alguém nos últimos 12 meses? Se sim, por quem? - Você se sente segura em seu relacionamento atual? - Existe um parceiro de um relacionamento anterior que está fazendo você se sentir insegura agora? Competências estruturais relacionadas a gênero - Incorporar a identificação de violência de gênero no meu “diferencial estrutural” – o problema de pressão, a depressão, a dor musculoesquelética, o diabetes e a DPOC “descompensados” podem ser violência de gênero. - Empregar habilidades de comunicação clínica para abordagem de pessoas em situação de vulnerabilidade social e violência. - Agir com humildade estrutural nessas situações – o que essas pessoas têm para me ensinar? - Orientar pessoas vítimas de violência sobre os dispositivos legais de proteção física, psicológica e reprodutiva (Lei Maria da Penha, Lei do Aborto Legal para casos de estrupo, disque 100) - Fazer a notificação epidemiológica do episódio/situação de violência
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