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MÓDULO XVIII – PROBLEMAS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO PROBLEMA 1 MEDICINA - UNIME Transtorno Bipolar Introdução Caracterizam-se por episódios de mania e depressão que podem se alternar, embora a maioria dos pacientes tenha predominância de um ou do outro; A causa exata é desconhecida, mas hereditariedade, mudanças nos níveis cerebrais de neurotransmissores e fatores psicossociais podem estar envolvidos; Os transtornos bipolares geralmente começam entre 10 e 40 anos de idade; A prevalência ao longo da vida é de cerca de 4%; Os transtornos bipolares são classificados como: • Transtorno bipolar I: definido como a presença de pelo menos um episódio maníaco completo (comprometendo a função ocupacional e social normal) e, quase sempre, episódios depressivos; • Transtorno bipolar II: definido pela presença de episódios depressivos maiores com pelo menos um episódio hipomaníaco, mas sem episódios maníacos evidentes; • Transtorno bipolar inespecífico: transtornos com características bipolares claras, porém que não preenchem os critérios específicos para outros transtornos bipolares; No transtorno ciclotímico, pacientes têm períodos prolongados (> 2 anos) que incluem tanto episódios hipomaníacos como depressivos; mas esses episódios não atendem os critérios específicos para transtorno bipolar. Diagnóstico Explicando primeiro... MÓDULO XVIII – PROBLEMAS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO PROBLEMA 1 MEDICINA - UNIME TRANSTORNO BIPOLAR I Os critérios do DSM-5 para transtorno bipolar I requerem a presença de um período distinto de humor anormal de pelo menos uma semana e incluem diagnósticos separados de transtorno bipolar I para um episódio maníaco único e para um episódio recorrente com base nos sintomas do episódio mais recente; A designação transtorno bipolar I é sinônimo do que antes era conhecido como transtorno bipolar (um conjunto completo de sintomas de mania ocorrendo durante o curso do transtorno); Episódios maníacos precipitados por tratamento antidepressivo (farmacoterapia, eletrocon- vulsoterapia) não indicam transtorno bipolar I; Transtorno bipolar I, episódio maníaco único: De acordo com o DSM-5, os pacientes devem estar vivenciando seu primeiro episódio maníaco para satisfazer os critérios diagnósticos para transtorno bipolar I, episódio maníaco único; • Esse requisito baseia-se no fato de que pacientes que estão tendo seu primeiro episódio de depressão do transtorno bipolar I não podem ser distinguidos daqueles afetados por transtorno depressivo maior; Transtorno bipolar I recorrente: As questões relativas à definição do fim de um episódio de depressão também se aplicam à definição do fim de um episódio de mania; Os episódios maníacos são considerados distintos quando são separados por pelo menos dois meses sem sintomas significativos de mania ou hipomania; TRANSTORNO BIPOLAR II Os critérios diagnósticos para transtorno bipolar II especificam a gravidade, a frequência e a duração dos sintomas hipomaníacos; Os critérios foram estabelecidos para diminuir o excesso de diagnósticos de episódios hipomaníacos e a classificação incorreta de transtorno bipolar II para pacientes com transtorno depressivo maior; Como ocorre no transtorno bipolar I, os episódios hipomaníacos induzidos por antidepressivos não são diagnósticos de transtorno bipolar II; Sintomas (sintomas depressivos são os mesmos da depressão maior! Então aqui só tem sintomas maníacos, bjs, vlw) Um estado de humor elevado, expansivo ou irritável é a característica de um episódio maníaco; O estado de humor eufórico muitas vezes é contagiante; Embora pessoas não envolvidas possam não reconhecer a natureza incomum do estado de humor do paciente, os que o conhecem identificam- no como anormal; MÓDULO XVIII – PROBLEMAS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO PROBLEMA 1 MEDICINA - UNIME De forma alternativa, o humor pode ser irritável, em especial quando os planos excessivamente ambiciosos do paciente são contrariados; Os pacientes muitas vezes exibem uma mudança do humor predominante, de euforia no início do curso da doença para uma posterior irritabilidade; O tratamento de indivíduos maníacos em uma unidade hospitalar pode ser complicado por sua tentativa de testar os limites das regras da unidade, sua tendência a transferir a responsabilidade por seus atos para os outros, sua exploração das fraquezas dos outros e sua tendência a criar conflitos entre membros da equipe; Fora do hospital, pacientes maníacos tendem a consumir álcool em excesso, talvez em uma tentativa de automedicação; Sua natureza desinibida reflete-se no uso excessivo do telefone, sobretudo ao fazer chamadas de longa distância durante as primeiras horas da manhã; Jogo patológico, tendência a se despir em lugares públicos, usar roupas e joias de cores brilhantes em combinações incomuns ou extravagantes e desatenção a pequenos detalhes (p. ex., esquecer de desligar o telefone) também são sintomáticos do transtorno; Os pacientes agem de maneira impulsiva e, ao mesmo tempo, com um sentido de convicção e propósito; Estão frequentemente preocupados com ideias religiosas, políticas, financeiras, sexuais ou persecutórias que podem evoluir para sistemas delirantes complexos; Algumas vezes, sofrem regressão e brincam com sua urina e suas fezes; Mania em adolescentes: A mania em adolescentes costuma ser diagnosticada de forma errônea como transtorno da personalidade antissocial ou esquizofrenia; Os sintomas podem incluir psicose, abuso de álcool ou outras substâncias, tentativas de suicídio, problemas escolares, ruminação filosófica, sintomas de TOC, queixas somáticas múltiplas, irritabilidade acentuada levando a brigas e a outros comportamentos antissociais; Embora muitos desses sintomas sejam vistos em adolescentes sadios, sintomas graves ou persistentes devem levar os médicos a considerar o transtorno bipolar I no diagnóstico diferencial; Tratamento O tratamento farmacológico dos transtornos bipolares é dividido em fases aguda e de manutenção; Entretanto, ele também envolve a formulação de estratégias diferentes para o paciente que está vivenciando mania ou hipomania ou depressão; MÓDULO XVIII – PROBLEMAS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO PROBLEMA 1 MEDICINA - UNIME O lítio e sua combinação com antidepressivos, antipsicóticos e benzodiazepínicos tem sido a principal abordagem à doença, mas três anticonvulsivantes estabilizadores do humor – carbamazepina, valproato e lamotrigina – foram adicionados mais recentemente, bem como uma série de antipsicóticos atípicos, a maioria deles é aprovada para o tratamento de mania aguda, um também para monoterapia de depressão aguda e três para tratamento profilático; TRATAMENTO DE MANIA AGUDA: Carbonato de lítio: O carbonato de lítio é considerado o protótipo do “estabilizador do humor”. Contudo, visto que o início de sua ação antimaníaca é lento, ele geralmente é suplementado nas fases iniciais do tratamento por antipsicóticos atípicos, anticonvulsivantes estabilizadores do humor ou benzodiazepínicos de alta potência. Os níveis terapêuticos do lítio estão entre 0,6 e 1,2 mEq/L, mas seu uso agudo tem sido limitado por sua eficácia imprevisível, seus efeitos colaterais problemáticos e necessidade de exames laboratoriais frequentes; Valproato: ultrapassou o uso de lítio para mania aguda. Diferentemente do lítio, o valproato é indicado apenas para mania aguda, embora a maioria dos especialistas concorde que ele também tem efeitos profiláticos. Os níveis de dose típicos de ácido valproico são 750 a 2.500 mg por dia,alcançando níveis sanguíneos entre 50 e 120 g/mL; Carbamazepina e oxcarbazepina: A carbamazepina tem sido usada no mundo todo por décadas como tratamento de primeira linha para mania aguda, mas teve aprovação nos EUA apenas em 2004. Suas doses típicas para tratar mania aguda variam entre 600 e 1.800 mg por dia; Clonazepam e lorazepam: Os anticonvulsivantes benzodiazepínicos de alta potência usados na mania aguda incluem clonazepam e lorazepam. Ambos podem ser eficazes e são amplamente utilizados para tratamento adjuvante de agitação maníaca aguda, insônia, agressividade e disforia, bem como de pânico. A segurança e o perfil de efeito colateral benigno desses agentes os tornam adjuvantes ideais ao lítio, à carbamazepina ou ao valproato. Antipsicóticos atípicos e típicos: Todos os antipsicóticos atípicos – olanzapina, risperidona, quetiapina, ziprasidona e aripiprazol – demonstraram efeitos antimaníacos e são aprovados pela FDA para essa indicação. Comparados com agentes mais antigos, como haloperidol e clorpromazina, os antipsicóticos atípicos estão menos sujeitos a potencial pós- sináptico excitatório e discinesia tardia; muitos não aumentam a prolactina. TRATAMENTO DE DEPRESSÃO BIPOLAR AGUDA: Uma combinação fixa de olanzapina e fluoxetina demonstrou eficácia no tratamento de depressão bipolar aguda por um período de oito semanas sem induzir uma mudança para mania ou hipomania. Paradoxalmente, muitos pacientes que são bipolares na fase deprimida não respondem ao tratamento com antidepressivos-padrão; Nesses casos, lamotrigina ou ziprasidona de baixa dose (20 a 80 mg por dia) podem ser eficazes; A eletroconvulsoterapia também pode ser útil para pacientes com depressão bipolar que não respondem a lítio ou a outros estabilizadores do humor e a seus adjuvantes, de modo particular em casos nos quais a tendência suicida intensa se apresente como uma emergência médica. TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO DE TRANSTORNO BIPOLAR: Lítio, carbamazepina e ácido valproico, isolados ou em combinação, são os agentes de mais ampla utilização no tratamento de longo prazo de pacientes com transtorno bipolar; A lamotrigina tem propriedades profiláticas antidepressivas e, possivelmente, de estabilização do humor; • A lamotrigina parece ter propriedades antidepressivas agudas e profiláticas superiores, comparadas com propriedades antimaníacas; MÓDULO XVIII – PROBLEMAS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO PROBLEMA 1 MEDICINA - UNIME CICLOTIMIA O transtorno ciclotímico é sintomaticamente uma forma leve do transtorno bipolar II, caracterizado por episódios de hipomania e depressão leve; • Ele se diferencia do transtorno bipolar II, que é caracterizado pela presença de episódios depressivos maiores (não menores) e de episódios hipomaníacos; No DSM-5, é definido como um “distúrbio do humor crônico e flutuante”, com muitos períodos de hipomania e de depressão; Os sintomas de transtorno ciclotímico são idênticos aos de transtorno bipolar II, exceto por serem menos graves; Ocasionalmente, entretanto, os sintomas podem ser iguais em gravidade, mas com duração mais curta do que a observada no transtorno bipolar II; Cerca de metade de todos os pacientes com transtorno ciclotímico tem depressão como seu sintoma principal, sendo mais propensos a procurar ajuda psiquiátrica quando deprimidos; TRATAMENTO: igual ao do transtorno bipolar, ou seja, estabilizador de humor! O tratamento com antidepressivos para pacientes deprimidos com transtorno ciclotímico deve ser feito com cautela, porque estes têm mais suscetibilidade a episódios hipomaníacos ou maníacos induzidos por antidepressivos.
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