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RESUMO - LIVRO FILOSOFANDO, CAPÍTULOS A CONSCIÊNCIA MÍTICA E DO MITO À RAZÃO_ NASCIMENTO DA FILOSOFIA NA GRÉCIA ANTIGA

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RESUMO - LIVRO FILOSOFANDO, CAPÍTULOS “A CONSCIÊNCIA
MÍTICA” E “ DO MITO À RAZÃO: NASCIMENTO DA FILOSOFIA NA GRÉCIA
ANTIGA”
Natally Sato
No capítulo “A consciência mítica” do livro Filosofando, as autoras Martins e
Aranha apontam que são comuns aos mitos primitivos elementos como a
curiosidade, a desobediência e o castigo. Numa leitura apressada, leigos podem
facilmente confundir mitos com fábulas ou lendas. Mas será que eles são apenas
uma maneira fantasiosa de explicar a realidade? Eles devem ser superados por
explicações racionais?
Os mitos existem em todos os tempos e culturas, o que quer dizer que são
indissociáveis da maneira de compreender o mundo. Mesmo nos dias de hoje, eles
existem e podem ser vistos como mentiras, ilusões, utopia ou um “vir a ser”.
De acordo Martins e Aranha, o mito é uma verdade espontânea, baseada na
crença, não necessita de argumentação ou evidência racional. Nesse sentido, entre
os primitivos, o ato de falar sobre o mundo representava o desejo de dominar, fugir
da insegurança, da angústia e da morte. Seguindo essa linha de pensamento,
pode-se destacar que uma das funções do mito era acomodar e tranquilizar o
homem.
Nesse modelo sobrenatural primitivo, a figura divina era utilizada para
amenizar as aflições, e sua manifestação não se restringia apenas ao plano
sagrado, mas estava presente em todas as atividades humanas conforme descrito
no capítulo. Além disso, outra função do mito nesse período era fixar modelos
exemplares de todos os ritos e todas as atividades humanas significativas. Essa
consciência mítica coletiva fez com que o homem primitivo desenvolvesse a
consciência de si intimamente atrelada à consciência comunitária. Dessa maneira,
pode-se dizer que a consciência individual é ingênua/não crítica, desprovida de
problematização e pressupõe a aceitação dos mitos e rituais, gerando dogmatismo.
De acordo com as autoras, o mito e a religião estão indissociavelmente
relacionados. Nesse sentido, observa-se três fases de formação de conceituação
dos deuses: A primeira são os deuses momentâneos, ligados a emoções subjetivas
e instantâneas; a segunda, são os deuses relacionados aos ciclos naturais e à
regulação do trabalho dos homens (deuses protetores); e a terceira são os
deuses-pessoa atrelado ao desenvolvimento linguístico (possuem nome próprio).
Estes últimos, deixam de ter poderes mágicos e passam a ser focados no poder de
justiça (bem/mal). As religiões monoteístas surgem especialmente na terceira fase.
A visão positivista de Augusto Comte, conforme discutido no capítulo,
propunha a superação da consciência mítica e religiosa. Hoje, por outro lado, a
reflexão de que a ciência/ razão é necessária, porém não é a única forma válida ou
suficiente de ver o mundo faz com que haja a necessidade de resgatar o mito como
forma fundamental do viver humano. “Tudo o que pensamos e queremos tem por
base a imaginação, nos pressupostos míticos”. Nesse contexto, pode-se perceber
que o mito e a razão se complementam mutuamente e que é a reflexão que permite
que os mitos prejudiciais ao homem sejam rejeitados.
Já no capítulo seguinte, intitulado “Do mito à razão: nascimento da filosofia
na Grécia Antiga”, as autoras nos fazem questionar por quê o surgimento da
filosofia não ocorreu em outras civilizações. Uma possível resposta para essa
pergunta é a de que as teorias dessas outras civilizações estariam muito vinculadas
à religião. Então quais seriam os fatores que contribuíram para que houvesse a
passagem da consciência mítica para a consciência filosófica na civilização grega?
Inicialmente, os mitos eram transmitidos oralmente e não existia a
preocupação com a autoria da obra. Nesse sentido, com a invenção das epopéias
estabeleceu-se uma certa função didática, transmitindo valores da cultura por meio
da histórica dos deuses e antepassados, expressando uma determinada concepção
de vida. Por exemplo, podemos notar que, devido à constante intervenção dos
deuses, a falta de noção do indivíduo sobre vontade pessoal e livre arbítrio era
expressiva e o modelo de herói vigente era o que expressava coragem, força e
poder de persuasão, ou seja, o modelo do guerreiro belo e bom.
As concepções filosóficas sobre a passagem do pensamento mítico para o
pensamento filosófico podem ser analisadas sob duas perspectivas: “milagre grego”
ou processo gradual e dependente do passado mítico. Nesta última, alguns
elementos ajudaram a transformar a visão que o homem mítico tinha do mundo e de
si mesmo: a moeda, a invenção da escrita, as leis escritas e o nascimento da polis
(cidade-estado). No capítulo, as autoras explicam um pouco mais detalhadamente
como cada um desses elementos foram fundamentais para a formação da
consciência filosófica.
As primeiras escritas possuíam um sentido mágico e eram reservadas aos
privilegiados, aos sacerdotes e ao rei. Na Grécia, a escrita que surge por influência
dos fenícios é desatrelada de preocupações religiosas, ou seja, há uma
dessacralização da escrita. Os escritos deixam de ser reservados apenas aos que
detém o poder e passam a ser divulgados em praças públicas, sujeitos à discussão
e à crítica. Além disso, outro fator importante é que a escrita exige uma postura
diferente de quem escreve, exige mais rigor e clareza, estimula o espírito crítico.
Soma-se a isso, o fato de que a palavra escrita possibilita a retomada posterior do
que foi refletido, abrindo horizontes de pensamento, confronto de ideias, ampliação
da crítica.
O desenvolvimento do comércio marítimo e o enriquecimento dos
comerciantes foi outro fator que promoveu profundas transformações decorrentes
da substituição dos valores aristocráticos pelos valores das novas classes em
ascensão. Antes, os objetos de troca vinham carregados de simbologia afetiva e
sagrada. Após a invenção da moeda, que está vinculada de forma revolucionária ao
nascimento do pensamento racional, os símbolos sagrados e afetivos foram
gradualmente sobrepostos pelo caráter racional de sua concepção: uma noção
abstrata de valor que estabelece uma medida comum entre valores diferentes.
A justiça, até então, dependente da arbitrariedade dos reis ou à interpretação
das vontades dos deuses passou a ser regra comum a todos, de norma racional,
sujeita à discussão e modificação a partir da criação da lei escrita. Ela expressa o
ideal igualitário que prepara a democracia nascente, ou seja, a unificação do corpo
social, abole a hierarquia fundada no poder hereditário e aristocrático das famílias.
O nascimento da polis provocou grandes alterações na vida social e nas
relações entre os homens. Em primeiro lugar, a originalidade da cidade grega está
no fato de que ela é centralizada na praça pública, espaço onde se debatem os
problemas de interesse comum. Dessa maneira, o saber deixa de ser sagrado e
passa a ser objeto de discussão. A expressão da individualidade por meio do debate
faz nascer a política, libertando o homem dos desígnios divinos e permitindo a ele
tecer o seu destino por meio do uso da palavra - de conflito, discussão e
argumentação - na praça pública. Além disso, como todo o cidadão tem direito de
poder, estabelece-se uma nova relação entre os homens, ou seja, eles são
semelhantes uns aos outros.
A filosofia surgiu nas colônias da Magna Grécia e da Jônia, no século VI a. C,
e só no século seguinte se deslocou para Atenas. Ou seja, os pré-socráticos ao
procurarem o princípio de todas as coisas, elaborando uma cosmogonia, buscaram
a racionalidade do universo. As respostas encontradas por esses filósofos são as
mais variadas, como por exemplo, Tales definiu que a arché de todas as coisas é a
Água, para Demócrito é o Átomo, para Empédocles os quatro elementos (água,
terra, ar e fogo), e assim sucessivamente.
E então, quais são as diferenças e semelhanças entre mito e filosofia? A
diferença é que a filosofia busca oferecer uma diversidade de explicações possíveis,
problematizando e convidando à discussão, enquanto o mitoé dogmático, ou seja,
não é possível questionar a narrativa que explica o mundo e as coisas. Dessa
forma, se por um lado, o que diferencia o pensamento mítico do pensamento
filosófico é a atitude, o que aproxima o filósofo do homem mítico é o conteúdo, a
busca por explicações sobre o mundo e as coisas.

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