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1 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 2 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 3 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 3 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância R. Maria Matos, nº 345 - Loja 05 Centro, Cel. Fabriciano - MG, 35170-111 www.graduacao.faculdadeunica.com.br | 0800 724 2300 GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO. Material Didático: Ayeska Machado Processo Criativo: Pedro Henrique Coelho Fernandes Diagramação: Heitor Gomes Andrade PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira, Gerente Geral: Riane Lopes, Gerente de Expansão: Ribana Reis, Gerente Comercial e Marketing: João Victor Nogueira O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profi ssionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 4 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confi ança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, refl exiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profi ssionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfi l profi ssional, objetivando o aprimoramento para sua atua- ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualifi car ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! . É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profi ssional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professora Ana Luiza F. Quirino Teixeira O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especifi cadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profi sisional. Esta unidade analisará o Direito Ambiental sob uma perspec- tiva introdutória, apresentando seus elementos básicos e permitindo a compreensão do aluno sobre esta disciplina que cuida do estudo de um bem jurídico tão importante. O meio ambiente sadio apresenta-se para nós como um direito fundamental de terceira geração, ou seja, possui uma titularidade coletiva e é dever de todos, Estado e coletividade, pre- servá-lo e protegê-lo. Para apresentar ao aluno uma visão abrangente, a unidade inicia-se com um capítulo sobre considerações gerais sobre o meio ambiente seguido de uma abordagem sobre direitos fundamen- tais, para reconhecer a sua importância dentro do ordenamento jurídi- co brasileiro. Objetivando proporcionar ao leitor a compreensão destes conceitos básicos, são apresentadas as defi nições, bem como os as- pectos infra estruturais organizacionais e jurídicos, históricos, necessá- rios, culminando na abordagem do Direito Ambiental e suas ferramentas de prevenção e repressão de atos danosos. Serão apresentados tam- bém alguns atores no processo de proteção ambiental, a exemplo do Ministério Público, assim como as particularidades que circundam todo o sistema nacional de meio ambiente, a fi m de que ao fi nal da Unidade, o leitor tenha uma visão introdutória do todo, e saiba que pontos deve aprofundar na melhoria e lapidação do conhecimento adquirido. Meio Ambiente; Direitos Fundamentais; Direito Ambiental. 9 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 9 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 DIREITO E MEIO AMBIENTE Meio Ambiente___________________________________________ Apresentação do módulo _____________________________________ 12 10 Direitos Individuais E Coletivos______________________________ 17 Direito Ambiental_________________________________________ 32 CAPÍTULO 02 ABORDAGEM PRINCIPIOLÓGICA DO DIREITO AMBIENTAL CAPÍTULO 03 ÉTICA E AS FUNÇÕES DO DIREITO AMBIENTAL O Ministério Público E Os Direitos Coletivos_____________________ 22 Recapitulando__________________________________________________ 47 Funções Do Direito Ambiental_______________________________ 51 Princípios Do Direito Ambiental_____________________________ 36 Recapitulando____________________________________________ 67 Problemas E Responsabilidades Ambientais___________________ 56 Recapitulando__________________________________________________ 27 Considerações Finais______________________________________ 72 Fechando a Unidade______________________________________ 73 Referências______________________________________________ 76 10 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S O Direito Ambiental é um ramo do direito brasileiro relativamen- te jovem, sua criação e expansão ganharam força com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e, desde então, os mecanismos e fer- ramentas protetivas vêm se especializando, a fi m de atingir o nível exi- gido em âmbito internacional, para a proteção do bem ambiental. Tendo como objeto jurídico a proteção e a garantia do equilíbrio ambiental, um direito fundamental metaindividual, cuja repercussão não se limita às fronteiras geográfi cas do nosso país, o Direito Ambiental vem ganhando espaço entre os estudiosos e pesquisadores do tema, que cuidam de compreender e difundir suas ideias, a fi m de garantir que o sistema nacional esteja de acordo com os padrões internacionais e exigências ratifi cadas pelo Brasil nas Convenções e Tratados Interna- cionais sobre a temática ambiental. Neste contexto, o presente módulo busca realizar uma aborda- gem sequenciada, que acompanha a evolução conceitual do tema, na tentativa de viabilizar a compreensãoatravés de uma sequência lógica, ocorrida na gênese do próprio ramo do Direito, objeto de seu estudo. Seguindo essa lógica, em seu Capítulo I é feita a abordagem dos conceitos que embasam o Direito Ambiental como um todo, sem os quais é impossível compreender as peculiaridades de suas ações es- pecífi cas. Iniciando com um tópico sobre Meio Ambiente, onde é apre- sentado o seu conceito, fazendo a devida distinção de outros conceitos a ele relacionados, mas que não guardam relação com o objeto jurídico da matéria. Neste tópico, ainda se aborda a linha do tempo em relação às conquistas dos direitos fundamentais, e como ele se enquadra na defi nição de direito fundamental de terceira geração. Na sequência é feita uma exposição da recepção destes direi- tos nas Constituições existentes na história do Brasil, para em seguida ser apresentada a distinção entre direitos fundamentais individuais e coletivos. Compreendidos estes conceitos básicos, dá-se destaque ao Ministério Público, entidade representativa da coletividade na defesa dos direitos difusos, apresentando como se dá sua atuação e as ferra- mentas que ele dispõe para efetivar essa proteção. No Capítulo II o estudo se volta para o Direito Ambiental pro- priamente dito, no qual são abordadas suas características, natureza jurídica e particularidades de forma geral. No tópico seguinte é feita uma abordagem aos seus princípios norteadores, que embora sejam especí- fi cos, guardam estreita relação com os supra princípios que regem toda a legislação universal, à exemplo do princípio da Dignidade da Pessoa Humana. 11 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Finalmente, no capítulo III, temos uma abordagem mais práti- ca do Direito Ambiental, onde apresentamos a sua faceta processual e suas características e especifi cidades como um ramo do direito inova- dor, cuja dinâmica não foge dos paradigmas clássicos do Direito como um todo, mas não pode se ater unicamente a estes, sob pena de não lo- grar êxito na tutela do bem ambiental na forma e no tempo necessários. Por fi m, o intuito deste módulo é despertar no leitor a curiosi- dade por esta temática tão rica e atual, cuja defesa é, indubitavelmente, dever de todos os seres humanos, uma vez que a nossa qualidade de vida está diretamente ligada à qualidade deste meio ambiente, que tan- to se fala mas que, efetivamente, pouco se preserva. 12 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S MEIO AMBIENTE – CONCEITOS E OBRIGAÇÃO CONSTITUCIONAL DE PROTEÇÃO O meio ambiente é alvo de muitas contradições e discussões desde que o mundo percebeu a sua importância. A contradição se inicia no momento em que se constata que todo ser humano está, inevitavel- mente, ligado a ele, no entanto, poucos se preocupam em conhecer suas minúcias, detalhes e, principalmente, sua importância. O fato de ser algo naturalmente disponível a todos os seres vivos causa essa estranha sensação de familiaridade e, talvez por isso, o desinteresse em conhecer mais, para saber proteger. Esse desconhe- cimento foi responsável pela existência predatória dos seres humanos durante grande parte de sua relação com o meio ambiente: a possibili- dade de que os impactos das ações humanas pudessem um dia refl etir DIREITO E MEIO AMBIENTE P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 13 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S sobre os próprios seres vivos, era algo inimaginável e, portanto, não gozava de protagonismo no âmbito estatal. O Direito Ambiental é um ramo do direito brasileiro relativamen- te jovem, sua criação e expansão ganharam força com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e, desde então, os mecanismos e fer- ramentas protetivas vem se especializando, a fi m de atingir o nível exi- gido em âmbito internacional, para a proteção do bem ambiental. Foi preciso que a realidade se apresentasse de forma brutal e que os humanos passassem a sentir os efeitos de suas ações na pró- pria pele: mudanças climáticas, impactos ambientais, e todas as reper- cussões negativas da atuação predatória dos seres humanos frente ao meio ambiente, despertaram o interesse, e porque não, a necessidade de se olhar com maior cuidado para as ações e consequências ambien- tais destas. Nas palavras de MACHADO (2007): O meio ambiente é um bem coletivo de desfrute individual e geral ao mesmo tempo. O direito ao meio ambiente é de cada pessoa, mas não só dela, sen- do ao mesmo tempo “transindividual”. Por isso, o direito ao meio ambiente entra na categoria de interesse difuso, não se esgotando numa só pessoa, mas se espraiando para uma coletividade indeterminada. Enquadra-se o di- reito ao meio ambiente na “problemática dos novos direitos, sobretudo a sua característica de “direito de maior dimensão” (Paulo Aff onso Leme Machado 2007, p. 118) Diante deste cenário, as discussões que tiveram início no fi nal da década de 80, início dos anos 90, passaram a utilizar vários termos para se referir ao destinatário destas consequências: natureza, recur- sos naturais, meio ambiente, recursos ambientais. Essa multiplicidade de conceitos gerou a necessidade de se individualizar teoricamente o meio ambiente, a fi m de possibilitar a sua tipifi cação, e consequente- mente, sua proteção legal. Destaque-se que a Carta Magna não traz em seu escopo a defi nição de meio ambiente, se limitando a estabelecer a obrigação ao Poder Público e à coletividade de protegê-lo, conforme se infere da simples análise do art. 225: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impon- do-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo 14 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S para as presentes e futuras gerações. (Brasil – Constituição Federal – 1988) Nesse contexto, percebe-se que é vital a defi nição de Meio Ambiente, a fi m de possibilitar o efetivo cumprimento do dispositivo constitucional. A referência legal do conceito de meio ambiente está contida na Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fi ns e mecanismos de formulação e aplicação, e que em seu artigo 3º, inciso I, defi ne meio ambiente como sendo: “o conjunto de condições, leis,infl uências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga erege a vida em todas as suas formas.” O meio ambiente é alvo de muitas contradições e discussões desde que o mundo percebeu a sua importância. A contradição se inicia no momento em que se constata que todo ser humano está, inevitavel- mente, ligado a ele, no entanto, poucos se preocupam em conhecer suas minúcias, detalhes e, principalmente, sua importância. Embora tenhamos esta competência legislativa privativa da União, a normativa ambiental é objeto de vários dispositivos legais em nível estadual, o que ao fi m, acaba trazendo prejuízos à efetiva atuação da atividade jurisdicional, haja vista que a multiplicidade de conceitos e, principalmente, a amplitude e abrangência conferida pelos mais va- riados dispositivos legais termina por criar confl ito no âmbito jurídico ambiental, o que não é interessante quando se avalia a unicidade ne- cessária no Direito para sedimentar uma proteção mais efetiva. A conceituação trazida pela legislação anteriormente citada é alvo de muitas críticas, pois, se limita ao elemento biológico, e por- tanto, deixa de considerar aspectos sociais e culturais, que são como uma parcela importante do meio ambiente como conceito jurídico. Esta realidade foi prevista em outros conceitos, a exemplo do adotado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente– CONAMA, que em sua Reso- lução 306/2002, defi ne meio ambiente como “conjunto de condições, leis,infl uências e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística,que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Vencida a discussão sobre a conceituação de meio ambiente, faz-se necessário, e porque não vital, que se apresente o seu caráter constitucional, de forma a compreender os efeitos que o ultra-citado dispositivo constitucional é capaz de ocasionar, no que diz respeito às 15 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S instituições públicas e repercussões para a sociedade civil como todo. O entendimento de que o meio ambiente é um bem jurídico metaindividual é fruto de uma evolução histórica que culmina no nasci- mento dos direitos fundamentais de terceira geração. Destarte, é indis- cutível que independente da geração que o acolha, os direitos funda- mentais são vitais para o cidadão. Sua divisão em direitos de primeira, segunda e terceira geração dizem respeito apenas aos ideais que os norteiam: primeira geração são os direitos fundamentados nos ideais de liberdade; segunda geração se fundamentam nos ideais de igualdade e os de terceira geração nos ideais de fraternidade, ou solidariedade, como entendem alguns defensores da temática. Considerando então que o direito ao meio ambiente equilibrado é um direito de terceira geração, entende-se que se trata de um direito fundamental transindividual, ou seja, que atende às necessidades de to- dos os seres humanos, considerando o caráter fraternal dessa proteção no plano universal e não apenas nacional. Destaque-se que a Carta Magna não traz em seu escopo a defi nição de meio ambiente, se limitando a estabelecer a obrigação ao Poder Público e à coletividade de protegê-lo. Essa característica traz implicações e exige dos países um po- sicionamento interno, no que tange à proteção ambiental dentro dos seus limites territoriais, no entanto a soberania de cada nação sofre pressões externas, baseadas justamente nos ideais de solidariedade universal.Exemplo conhecido dessa pressão são as exigências interna- cionais no sentido de que o Brasil efetive a proteção à Floresta Amazô- nica. Por ser possuidora de uma enorme quantidade de fl oresta tro- pical, e, logicamente, possuir uma riqueza em biodiversidade incomen- surável, a Floresta Amazônica é objeto de discussões internacionais rotineiras, já tendo sido inclusive ventilada em várias oportunidades a sua internacionalização, sob argumentos de que a biodiversidade ali existente é bem jurídico universal e, portanto, não pode ser tutelada apenas pelo Brasil em razão de sua soberania nacional. Fato é que, até o presente momento, não houve avanços nes- sa tratativa, entretanto, a pressão internacional por esse bem jurídico de terceira geração exigiu e exige do Brasil um posicionamento forte 16 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S no que tange à proteção ambiental dentro do seu território. Nas Consti- tuições Brasileiras os direitos fundamentais são reconhecidos desde a Constituição de 1824, nesse sentido o Brasil inovou e teve a primeira Constituição que reconhecia os direitos fundamentais em todo o mundo. No entanto, em razão da própria época, estamos falando apenas de direitos fundamentais de primeira e segunda geração, que se encon- travam sob a denominação de Direitos Civis e Políticos dos Cidadãos Brasileiros. A previsão destes na Constituição de 1824, entretanto não ga- rantia a sua efetiva proteção, pois, esta Carta reconhecia também o poder moderador, que impedia o pleno exercício dos direitos fundamen- tais baseados nos ideais de liberdade e igualdade, deixando a previsão apenas no campo teórico. Na sequência tivemos a Constituição de 1934, que deu início ao Estado Social Brasileiro e assegurou na prática o exercício destes direitos. Entretanto, essa possibilidade foi suprimida em 1937, em razão do movimento totalitarista, refl etindo diretamente na diminuição dos di- reitos e garantias fundamentais nas Constituições de 1967 e 1969. Por ser possuidora de uma enorme quantidade de fl oresta tro- pical e, logicamente, possuir uma riqueza em biodiversidade incomen- surável, a Floresta Amazônica é objeto de discussões internacionais rotineiras, já tendo sido inclusive ventilada em várias oportunidades a sua internacionalização, sob argumentos de que a biodiversidade ali existente é bem jurídico universal e, portanto, não pode ser tutelada apenas pelo Brasil em razão de sua soberania nacional. Passado todo esse período, a consolidação dos direitos funda- mentais só veio a ocorrer em 1988, com a Constituição Cidadã, que não só fortaleceu os direitos fundamentais de primeira e segunda geração, anteriormente previstos, como pela primeira vez abriu espaço para a previsão legal dos direitos difusos e coletivos, de terceira geração, ino- vando mais uma vez. Considerando estarmos tratando de direitos e garantias me- taindividuais, a sua previsão no corpo constitucional trouxe como reper- cussão a obrigação de reconhecimento desta matéria como prioridade nacional. Ainda que estejamos falando de uma Constituição que nasceu em um momento de euforia democrática, e que trata de temas não tão 17 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S prioritários assim, à exemplo da preocupação em destinar um dispositi- vo constitucional para assegurar a manutenção do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, na esfera federal (artigo 242, §2º), observe-se que os direitos difusos e coletivos receberam uma atenção especial da Consti- tuinte e, além disso, as repercussões em legislação infraconstitucional ocorreram conforme o previsto, garantindo o cumprimento dessa ordem superior. Neste contexto, ao trazer no corpo da Carta Magna a obrigação coletiva de proteção ao meio ambiente, a constituinte elevou o status dessa proteção à prioridade nacional. Essa preocupação, em um mo- mento crucial para o estabelecimento da democracia nacional, impõe à toda coletividade, com auxílio e fi scalização do Poder Público, de uso regrado e consciente dos recursos naturais, por ser o meio ambiente um bem de uso coletivo, considerada como vital a sua preservação para uma condição existência social, dentro do que reza o supra princípio da Dignidade da Pessoa Humana. A complexidade dessa situação será abordada de forma mais individualizada no subtópico apresentado em sequência, quando serão feitas as distinções entre direitos individuais e coletivos, assim como as dimensões impactadas por essa previsão constitucional. DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS Ao analisar o direito fundamental ao meio ambiente equilibra- do, várias questões contraditórias se põem como barreira para a efe- tivação desse equilíbrio. É indiscutível que o confl ito existente entre o avanço da indústria e a preservação do meio ambiente é um dos mais complexos dentro do cenário jurídico analisado. Essa questão não se limita ao âmbito jurídico. A política e o ca- pital exercem uma infl uência incontestável nessa discussão, e são tal- vez o maior obstáculo para a efetiva proteção do meio ambiente, dentro de uma perspectiva concreta: para se manter um meio ambiente equi- librado, é indispensável o uso racional de recursos por parte de todos que deles fazem uso. Essa limitação quando analisada sob o prisma do consumo habitacional, resvala na falta de educação como maior inimi- go: a população precisa ser educada para que o uso seja consciente. No entanto, quando se parte para a observação quantitativa, percebe-se que a parcela de infl uência da sociedade é ínfi ma quando comparada aos impactos das atividades industriais. Essa não é uma realidade exclusiva do Brasil, esforços internacionais conjuntos de Es- tados são obstaculizados por uma indústria forte e resistente em reduzir 18P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S os impactos de suas atividades, resistência essa que tem como con- sequência a produção de acordos e protocolos fi rmados pelas nações, com o objetivo de empreender um esforço coletivo direcionado à mini- mização desses impactos. O contexto apresentado, deságua naturalmente na discussão acerca do confronto de interesses, e, naturalmente, na proteção e defe- sa dos direitos fundamentais, resultado de conquistas históricas ocorri- das em todo o mundo. A normatização dos direitos fundamentais defi ne a prevalência entre interesses, resguardando os direitos considerados vitais, e portanto, objeto de maior proteção pelo Estado. Saiba mais: Filme sobre o assunto: O Sal da Terra (2014) Acesse o link: https://youtu.be/pG3YLpZKomE Observação: Sobre a temática, é importante que o aluno note a relevância do assunto dentro do seu campo de atuação. Fruto de lutas ocorridas ao longo da história da humanidade, os direitos fundamentais são classifi cados em 03 (três) gerações, que abarcam os âmbitos civis e políticos, sociais e econômicos e, por fi m, os coletivos, representando os ideais de liberdade, igualdade e fraternida- de, lema de grande parte das lutas históricas que originaram os direitos humanos. O decano Celso de Mello (1995) apresenta essa divisão de forma bastante didática, quando afi rma: [...] enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) – que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômi- cos, sociais e culturais) – que se identifi cam com as liberdades positivas, reais e concretas – acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos generi- camente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidarieda- de e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de um essencial inexauribilida- de.(MS 22.164, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 30-10-1995, Plená- rio, DJ de 17-11-1995.) Compreendendo-se, então, que os direitos individuais e coleti- vos são espécies de direitos fundamentais, que possuem sua base nos direitos humanos, podemos defi nir essas duas espécies da seguinte maneira: Direitos Individuais são os direitos de primeira geração, pre- 19 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S vistos na Constituição Federal, em sua grande maioria elencados no art. 5º, que objetivam garantir o desenvolvimento de personalidades e potenciais dos cidadãos brasileiros dentro do território nacional. Desta- camos entre os direitos individuais: o direito à vida, os direitos políticos e as liberdades civis básicas, como a garantia de livre locomoção, liber- dade de expressão, inviolabilidade da intimidade, entre outros. Percebe-se que os direitos individuais têm como objetivo ga- rantir que o cidadão brasileiro possa ser individualizado, tendo a certeza de que suas essencialidades serão preservadas e que, não havendo desrespeito à individualidade do outro, ele tem a liberdade de ser como é. Essa classe de direitos, com exceção de alguns, como direito à vida e à liberdade de locomoção, tem como principal fi scal o seu titular. Em razão disso, cabe ao titular do direito individual o acionamento da tutela jurisdicional em caso de violação ou ameaça ao seu direito. As principais características dos direitos individuais são: 1 – Imprescritibilidade: não são passíveis de perda de validade com o decurso do tempo; 2– Inalienabilidade: com exceção do direito à propriedade, os direitos individuais são pessoais e não podem ser transferidos, vendi- dos ou cedidos a nenhuma outra pessoa; 3 – Indisponibilidade: o titular não pode dispor do seu direito individual, e são oponíveis a qualquer pessoa; 4 – Indivisibilidade: os direitos individuais existem em sua to- talidade, não podem ser parcelados ou segmentados. Apenas as exce- ções legalmente previstas podem ser consideradas como parcela, mas não se admitem analogias para parcelamento de direitos. O contexto apresentado, deságua naturalmente na discussão acerca do confronto de interesses e, naturalmente, na proteção e defe- sa dos direitos fundamentais, resultado de conquistas históricas ocorri- das em todo o mundo. 20 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Defi nida a amplitude dos direitos individuais, é possível com- preender que alguns desses direitos ultrapassam o âmbito individual e passam a ter efeito na coletividade como um todo, estamos falando en- tão dos direitos coletivos. Podemos defi nir então direitos coletivos como sendo o grupo de direitos indivisíveis e transindividuais, metaindividuais ou supraindividuais, de segunda e terceira geração, pertencentes a uma coletividade determinada, caracterizando-se como conquistas sociais reconhecidas em lei, que benefi ciam a sociedade como um todo. Essa conceituação é ampla e, especifi camente, os direitos co- letivos se subdividem em: direitos difusos, coletivos e individuais homo- gêneos, assim classifi cados pelo Código de Defesa do Consumidor - Lei 8.078/90, em seu artigo 81, parágrafo único: Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste có- digo, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os de- correntes de origem comum. (Brasil - Lei Nº 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor) Trazendo a conceituação individualizada feita pelo Conselho Nacional do Ministério Público, temos as seguintes defi nições: Direitos Difusos: Os titulares de direitos difusos são indeterminados e inde- termináveis. Dito de outra forma, não é possível determinar quem são os titulares de um direito difuso. Isso não signifi ca que ninguém sofra ameaça ou violação de direitos difusos, mas que os direitos difusos são direitos que merecem especial proteção, pois atingem alguém em particular e, simultane- amente, a todos. Exemplos: Direito a um meio ambiente sadio; Direito à vedação à propagan- da enganosa, Direito à segurança pública. Direitos Coletivos em Sentido Estrito: São direitos de grupo, categoria ou classe de pessoas. É possível determinar quem são os titulares de direitos coletivos em sentido estrito, pois existe uma relação jurídica entre as pesso- as atingidas por sua violação ou entre estas e o violador do direito. Exemplos: Direito dos consumidores de receber serviços de boa qualida- de das prestadoras de serviços públicos essenciais, como de telefonia, de 21 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S abastecimento de água e de energia elétrica; Direito dos técnicos de raio-x de receber adicional de insalubridade; Direito dos alunos de determinada faculdade de receber serviços educacionais de qualidade. Direitos Individuais Homogêneos: São direitos individuais que recebem pro- teção coletiva no propósito de otimizar o acesso à Justiça e a economia pro- cessual. Dizem respeito a pessoas determinadas cujos direitos são ligados por um evento que tenha origem comum. Como o próprio nome diz,apesar de homogêneos, são direitos individuais, sendo também possível a proposi- tura de ação individual. Exemplos: Direitos dos compradores de produto defeituoso de serem indeni- zados pelo fabricante; Direito à declaração de nulidade de cláusula abusiva de contrato de prestação de serviços públicos essenciais, como de telefonia, de energia elétrica ou de abastecimento de água; Direito das vítimas de um acidente de avião. (Ministério Público de São Paulo.Disponível em (CNMP, 2019) Considerando as três acepções que envolvem a terminologia dos direitos coletivos, e analisando de forma mais específi ca o direi- to ao meio ambiente equilibrado, como direito fundamental previsto na Constituição Federal, sob o prisma dos direitos coletivos, podemos compreender a sua natureza jurídica difusa. Esse entendimento é corro- borado pela doutrina, e aqui trazemos o pensamento de SIMÕES (2013, s.p) para embasar o nosso entendimento, quando afi rmam: É necessário frisar que o problema da tutela ambiental manifesta-se em um contexto, a partir do qual a degradação do meio ambiente deixa de representar uma ameaça não somente ao bem-estar ou a qualidade de vida humanas, mas insere-se em um horizonte que refl ete o aniquilamento da espécie humana.Justamente, faceando esse horizonte de caos generalizado, a preservação e recuperação ambiental somente são possíveis quando os imperativos jurídicos se desprendem dos diplomas normativos e ganham vida nas políticas públicas, gestadas pela consciência ética institucionalizada.E nessa perspectiva, uma vez garantido o direito à vida, a preservação do meio ambiente correlaciona-se com a dignidade da pessoa humana, na medida em que uma vida digna pressupõe uma vida saudável, que só pode advir de um meio ambiente equilibrado.Desse modo, é crível tratar o direito a um meio ambiente sadio, como direito fundamental, ante as razões imperativas acima expostas, as quais apontam para a sobre- vivência do indivíduo, e da preservação de toda a espécie.Assim, conside- rando a importância dos direitos ambientais, sua problemática tutela emerge de seu caráter metaindividual, que preconiza uma abordagem jurídica dife- renciada.Tal panorama emerge da noção adstrita à conclusão de que os di- reitos ambientais tratam-se de direitos de todos, extrapolando, por consequ- ência, o âmbito individual, e desaguando em uma ótica de indivisibilidade e 22 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S titularidade difusa.(Simões, 2013, s.p.) A discussão acerca do Direito Ambiental e sua natureza difusa como direito fundamental, será tratada no capítulo 2, assim como a sua abordagem principiológica, entretanto, a sua citação neste momento se faz necessária para contextualizar a inserção das entidades responsá- veis por garantir sua proteção. Percebe-se que os direitos individuais têm como objetivo ga- rantir que o cidadão brasileiro possa ser individualizado, tendo a certeza de que suas essencialidades serão preservadas e que, não havendo desrespeito à individualidade do outro, ele tem a liberdade de ser como é. Por tratar-se de coletividade, a proteção dos direitos coletivos é exercida de forma ostensiva pelo Estado, através de vários entes repre- sentativos na sociedade, que são os legalmente legitimados a defender a coletividade, através de Ações Civis Públicas ou Coletivas: Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, os Estados-membros, o Distrito Federal, os municípios, as autarquias, as empresas públicas, as socie- dades de economia mista, as fundações e as associações civis. No en- tanto, uma dessas entidades possui entre as suas funções institucionais a proteção aos direitos coletivos: o Ministério Público. E é sobre essas funções que nos deteremos no tópico a seguir. O MINISTÉRIO PÚBLICO E OS DIREITOS COLETIVOS A legislação brasileira, famosa por sua profusão no que con- cerne à produção legislativa, é reconhecidamente uma defensora fugaz dos direitos coletivos. Essa vocação é notada na enorme quantidade de normas dedicadas à proteção desses interesses existentes no direito pátrio. Além das previsões constitucionais, no que tange às questões metaindividuais, podemos citar como normativas coletivas o Código de Defesa do Consumidor, Lei de Improbidade Administrativa, toda a vasta legislação ambiental existente no país, com destaque para o Código Florestal, o Estatuto das Cidades, a Lei 6.938/82, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente. Leis processuais como a Lei de Ação Civil Pública e a Lei de Ação Popular. Legislação para proteção de Idosos, Crianças e Adolescentes, Lei de Biossegurança, entre tantas outras. 23 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Os titulares de direitos difusos são indeterminados e indeter- mináveis. Dito de outra forma, não é possível determinar quem são os titulares do referido direito. Isso não signifi ca que ninguém sofra amea- ça ou violação, mas que os direitos difusos são aqueles que merecem especial proteção, pois, atingem alguém em particular e, simultanea- mente, a todos. Essa preocupação legislativa em proteger os interesses cole- tivos é respaldada pela atuação efetiva de muitas instituições públicas, mas dentre estas destaca-se um órgão de vital importância na fi scali- zação dos direitos coletivos, em todas as suas dimensões: o Ministério Público. O Ministério Público é uma instituição autônoma, que possui papel essencial no acesso à justiça, conforme preceitua a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 127: Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regi- me democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. (Brasil. Constituição Federal de 1988) Conforme pode-se inferir da análise do dispositivo constitucio- nal ora transcrito, a sua existência possui natureza de essencialidade no cumprimento da justiça como atividade Estatal, entretanto, não há que se falar em exclusividade em todos os casos, pois, verifi ca-se com- petência concorrente com outras instituições em várias situações legais. As funções do MP incluem também a sua atuação como fi scal da aplicação das leis, a defesa do patrimônio público e o zelo pelo efe- tivo respeito dos poderes públicos aos direitos assegurados na Consti- tuição. As situações de legitimação do Ministério Público, encontram- -se elencadas especifi camente no artigo 129 da Constituição Federal, quando houve a preocupação da constituinte em defi nir as suas funções institucionais: Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I -promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II -zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de rele- vância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; 24 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do pa- trimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV -promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fi ns de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI -expedir notifi cações nos procedimentos administrativos de sua compe- tência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII -exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei comple- mentar mencionada no artigo anterior; VIII -requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX -exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveiscom sua fi nalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consulto- ria jurídica de entidades públicas.(Brasil. Constituição Federal de 1988) Observe-se que a atuação do Ministério Público só é privativa na propositura de Ação Penal Pública, no entanto, no que concerne a proteção de direitos coletivos, através de ações civis, existe a previsão de competência concorrente no parágrafo primeiro do mesmo artigo, que dispõe: Art. 129 (...) § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.(Brasil. Constituição Federal de 1988) No entanto, a jurisprudência é pacífi ca sobre a legitimidade do Ministério Público para promoção de ações em defesa de interesses coletivos, sendo esta a sua função de maior destaque no que tange à atuação perante a justiça brasileira: Legitimidade do Ministério Público para promover ação civil pública em defe- sa dos interesses difusos, coletivos e homogêneos Primeiramente, padece de inconsistência a tese segundo a qual o Mi- nistério Público não teria legitimidade para ajuizar a ação civil pública proposta na origem, dada a natureza dos direitos tutelados (individuais homogêneos, de caráter supostamente disponível). Ora, trata-se nada menos que a ação reparatória proposta pelo Parquet no interesse das inú- meras vítimas da explosão ocorrida no Osasco Plaza Shopping, em 1996. Em caso muito menos grave do que este, o Plenário do Supremo Tri- bunal Federal (RE 163231, rel. min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ 29.06.2001) decidiu que o Ministério Público tem legitimidade ad cau- sam para propor ação civil pública quando a controvérsia envolver a de- 25 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S fesa de direitos individuais homogêneos de consumidores. (...) Assinalo que, atualmente, essa orientação consta inclusive da jurisprudência su- mulada, nos termos do enunciado 643. (AI 496.854 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, 2ª T, j. 29-3-2011, DJE 70 de 13-4-2011.) Súmula 643 – STF: O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensali- dades escolares. (Brasil – Súmula 643 – Superior Tribunal Federal) Dentro do escopo de sua atuação, o Ministério Público pos- sui ferramentas de atividade judicial e extrajudicial, para a defesa dos direitos coletivos ora analisados. Extrajudicialmente, a sua atuação se dá por meios de Curadorias e Promotores e tem como principais instru- mentos os Termos de Ajustamento de Conduta e o Inquérito Civil. O termo de ajustamento de conduta, é a forma de atuação pre- ventiva que o Ministério Público compartilha com outras entidades legi- timadas, mas que é uma grande marca de sua atuação como fi scal dos direitos coletivos. Sua aplicação se dá após a identifi cação de um agente viola- dor de direitos coletivos, como forma de inibir a continuidade do com- portamento ou ação violadora, e evitar a necessidade de ação judicial. As funções do MP incluem também a sua atuação como fi scal da aplicação das leis, a defesa do patrimônio público e o zelo pelo efe- tivo respeito dos poderes públicos aos direitos assegurados na Consti- tuição. Sua previsão legal consta na Lei de Ação Civil Pública, nº 7.347/85, art. 5º, §6º, que dispõe: “Os órgãos públicos legitimados po- derão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua con- duta às exigências legais, mediante cominações, que terá efi cácia de título executivo extrajudicial.” O inquérito civil, embora seja atuação extrajudicial do Ministério Público, visa instruir inicial para a Ação Civil Pública, e está prevista no mesmo diploma legal, em seu art. 8º, §1º: “ O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer or- ganismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.” 26 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Judicialmente, sua atuação está sempre conectada à defesa da coletividade, quer como promotor privativo de ações penais públicas, quer na tutela de incapazes ou, como já citado anteriormente, como titular ou fi scal da lei em ações civis de proteção a direitos difusos e coletivos, com destaque para a previsão constitucional de defesa do meio ambiente e do patrimônio público e social, o que lhe confere uma amplitude de atuação considerável. 27 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2011 Banca: COPS-UEL Órgão: PGE-PR Prova: PGE-PR - Pro- curador do Estado Sobre o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, estabelecido no caput do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, é correto afi rmar: A) trata-se de um direito de natureza difusa que se consolida a partir da soma de direitos individuais; B) trata-se de um direito difuso, sendo este compreendido como transin- dividual, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeter- minadas ligadas entre si por uma relação jurídica de base; C) trata-se de um direito difuso, sendo este compreendido como transin- dividual, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeter- minadas e ligadas por circunstâncias de fato; D) trata-se de um direito de natureza coletiva que se consolida a partir da soma de direitos individuais; E) trata-se de um direito coletivo, sendo este compreendido como tran- sindividual, de natureza indivisível, de que seja titular um grupo, cate- goria ou classe de pessoas ligadas entre si por circunstâncias de fato. QUESTÃO 2 Ano: 2008 Banca: CESPE Órgão: PGE Prova: Procurador do Esta- do Nível: Superior A 1.ª Conferência Européia sobre Meio Ambiente e Saúde, realizada em Frankfurt (1989), sugeriu à Comunidade Econômica Européia uma Carta Européia do Meio Ambiente e da Saúde prevendo que cada pessoa tem o direito de benefi ciar-se de um meio ambiente que lhe permita usufruir do nível mais elevado possível de saúde e de bem-estar, além do direito de ser informada e consultada sobre os planos, decisões e atividades suscetíveis de afetar, ao mesmo tempo o meio ambiente e a saúde e do direito de participar no pro- cesso de tomada de decisões sobre tais assuntos. Paulo Aff onso Leme Machado. Direito ambiental brasileiro. São- Paulo: Malheiros, 2003, p. 76-7 (com adaptações). Sendo o direito à informação fundamental para o exercício de uma política do meio ambiente independente e atuante, a divulgação preliminar dos projetos que possam trazer danos ao ambiente é uma técnica ambiental efi ciente neste sentido. Esse aspecto do 28 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S procedimento administrativo propicia maior integração da comu- nidade com a administração, possibilitando uma contínua troca de informações. A partir dessas informações e do texto acima, é cor- reto afi rmar que o direito à publicidade ambiental: A) impõe ao administrador o ônus de instituir procedimentos de oitiva comunitária nas regiões afetadas por atividades antrópicas ecologica- mente impactantes, segundo as regras estabelecidas pelo Comitê de Gestão da Informação, órgão deliberativo e consultivo do CONAMA, responsável pela coleta, sistematização e divulgação das informações ambientais. B) impõe ao cidadão que deseja acessar as informações ambientais so- cialmente relevantes a necessidade de provar seu legítimo interesse na qualidade do meio ambiente, que, embora seja patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coleti- vo, está sujeito ao regime da propriedade privada, não sendo, portanto, legítima a parte que não titulariza tal direito. C) dispõe que apenas as pessoas físicaspodem, legitimamente, exer- cê-lo, sendo completamente vetado seu exercício às pessoas jurídicas D) somente assegura às pessoas jurídicas a possibilidade de exercê- lo frente aos órgãos central, setoriais e seccionais, quando representadas pelo Ministério Público da União. E) dispõe que, para se solicitar informação de interesse particular ou de interesse geral ou coletivo (como é a matéria ambiental), não há neces- sidade de se comprovar a legitimidade do interesse; basta constarem os esclarecimentos relativos aos fi ns e razões do pedido. QUESTÃO 3 Ano: 2012 Banca: FADESP Órgão: MPE-PA Provas: FADESP - 2012 - MPE-PA - Técnico em Informática São princípios institucionais do Ministério Público: A) a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. B) a indivisibilidade, a discricionaridade e a transparência. C) a pessoalidade, a independência funcional e a interdependência de poderes. D) a unidade, a efi cácia e a moralidade. QUESTÃO 4 Ano: 2015 Banca: IDECAN Órgão: Prefeitura de Rio Novo do Sul Prova: Agente Fiscal Ambiental Nível: Superior O conceito clássico de desenvolvimento sustentável afi rma que “É o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades 29 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os re- cursos para o futuro”(BRUNDTLAND,1991). São os componentes de desenvolvimento sustentável os: A) econômico, ambiental e natural. B) político, econômico e ambiental. C) econômico, sociopolítico e ambiental. D) socioeconômico, ambiental e direitos humanos. QUESTÃO 5 Ano: 2015 Banca: IDECAN Órgão: Prefeitura de Rio Novo do Sul Prova: Agente Fiscal Ambiental Nível: Superior De acordo com a Resolução do CONAMA 01/86, impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológi- cas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indireta- mente, afetam, EXCETO: A) As atividades sociais e econômicas. B) O patrimônio histórico e cultural da cidade. C) A saúde, a segurança e o bem-estar da população. D) As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE O artigo 225 da Constituição Federal estabelece que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder públi- co e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presen- tes e futuras gerações”. Nesse sentido, especifi que em qual dispositivo legal está prevista a referência legal de meio ambiente. TREINO INÉDITO Assunto: Direitos individuais Assinale a alternativa que indica corretamente o conceito de direitos individuais. A) Garantem o desenvolvimento de personalidades e potenciais dos cidadãos brasileiros dentro do território nacional. B) Garantem o desenvolvimento de personalidades e potenciais dos cidadãos americanos dentro do território nacional. C) Garantem o desenvolvimento de personalidades e potenciais dos cidadãos portugueses dentro do território nacional. D) Garantem o desenvolvimento de personalidades e potenciais dos cidadãos dinamarqueses dentro do território nacional. E) N.D.A. 30 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S NA MÍDIA DIREITOS COLETIVOS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS PROTEGIDOS Assegurar a defesa e a execução dos direitos coletivos e dos direitos individuais indisponíveis, tais como o direito à vida, à saúde, à educa- ção, à cidadania, à liberdade, à identidade civil, à dignidade da pessoa, dentre outros. Garantir os direitos essenciais à sobrevivência do homem em sociedade, em que a ordem pública obriga a proteção pelo Estado. Fonte: MPDFT Data: 2015 Leia na íntegra em: http://www.mpdft.mp.br/portal/index.php/planejamentoestrategico/ 7659-direitos-individuais-indisponiveis-protegidos NA PRÁTICA RECURSO ESPECIAL PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPEDIMENTO DE PROSSEGUIMENTO DE LICENCIAMENTO AM- BIENTAL. DIREITOS DOS INDÍGENAS. INTERESSE PROCESSUAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO INDEPENDENTEMENTE DA EXPEDIÇÃO DA LICENÇA AMBIENTAL. RECURSO DESPROVIDO. 1. A recorrente defende a tese de que o Ministério Público Federal não possui interesse processual para ajuizar Ação Civil Pública que visa a impedir a implan- tação do “Projeto de Obras de Aproveitamento dos Rios Capivari e Mo- nos” - voltado ao abastecimento da região metropolitana de São Paulo -, tendo em vista que ainda não fi nalizado o licenciamento administrativo. Em outras palavras, sustenta que, sem a expedição de licença ambien- tal, as obras não terão início, motivo pelo qual carece o Parquet de inte- resse de agir, já que sem utilidade e desnecessária a tutela judicial. [...] (STJ - REsp: 1616027 SP 2016/0193334-6, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 14/03/2017, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 05/05/2017) Fonte: JusBrasil Data: 2017 Leia na íntegra em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/465739251/recurso-especial- resp-1616027-sp-2016-0193334-6?ref=serp 31 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S PARA SABER MAIS: Filme sobre o assunto: A fi rma Peça de teatro: Artigo 5º da Constituição Acesse os links:https://youtu.be/no9oEMW2n_8 https://youtu.be/goLQAu2l6K0 32 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S DIREITO AMBIENTAL Como dito no capítulo anterior, a interação humana com o meio ambiente sempre ocorreu de forma instintiva: o homem buscava na na- tureza os recursos para sobrevivência, de forma indiscriminada, sem a consideração acerca das condições de renovação destes recursos. O crescimento associado à evolução tecnológica foram as molas propul- soras para que essa exploração de recursos passasse a níveis antes inimagináveis, e portanto, desse início a um processo de degradação em larga escala que, ainda assim, era fato desconsiderado diante da enorme evolução que vivia a sociedade de forma geral. ABORDAGEM PRINCIPIOLÓGICA DO DIREITO AMBIENTAL P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 33 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Começa a nascer o conceito de sustentabilidade voltado ao uso de recursos naturais, a fi m de garantir não apenas a sua explora- ção, para possibilitar a sequência do desenvolvimento, mas a sua ma- nutenção ao longo do tempo. Essa sequência exploratória eivada de degradação, começou a dar sinais de afetação ao meio ambiente e, a partir da também evo- luída ciência, percebeu-se a fi nitude de alguns recursos naturais antes desconsiderada. Essa constatação gerou a necessidade de atuação preventiva, em todas as ações humanas, como forma de redução de impactos. Necessário também que houvesse a união de vários setores da sociedade, assim como várias vertentes científi cas conjugando es- forços no sentido único de somar conhecimentos e repensar ações de desenvolvimento clássicas, que atendiam as fi nalidades imediatas, com um alto custo benefício a longo prazo. Começa a nascer o conceito de sustentabilidade, voltado ao uso de recursos naturais, a fi m de garantir não apenas a sua exploração para possibilitar a sequência do desenvolvimento, mas a sua manuten- ção ao longo do tempo. Para que se concretizasse essa nova noção de desenvolvimento, houve a necessidade de congregar diversas áreas de conhecimento científi co, jurídico e técnico, assim como foi necessário pensar o ajustamento do direito à efetivação dessa proteção na prática. Nesse contexto, nasce o Direito Ambiental, fruto de umainte- ração interdisciplinar que regula a atividade humana e sua relação com o meio ambiente, de forma a garantir que haja exploração sustentável, a fi m de propiciar a manutenção de um meio ambiente sadio às próxi- mas gerações. Comparado aos outros ramos do direito, temos o direito ambiental como um segmento jovem do direito pátrio e, por essa razão, faz uso de vários conceitos e princípios de outras disciplinas jurídicas clássicas, a fi m de tutelar o bem meio ambiente de forma satisfatória, não se limitando às fronteiras legais nacionais, ao incorporar posições e ferramentas legais supranacionais, a fi m de preservar o bem ambiental. Essa sequência exploratória eivada de degradação, começou a dar sinais de afetação ao meio ambiente e, a partir da também evo- 34 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S luída ciência, percebeu-se a fi nitude de alguns recursos naturais antes desconsiderada. Essa constatação gerou a necessidade de atuação preventiva, em todas as ações humanas, como de reduzir os impactos. A fi m de possibilitar a tutela jurisdicional prevista no art. 225 da Constituição Federal de 1988, o Direito Ambiental apresenta-se como um ramo interdisciplinar do direito pátrio, trazendo em seu corpo: con- ceitos legais, tipifi cações de crimes ambientais, ferramentas de preven- ção e contenção de violações ao meio ambiente sadio, atores legitima- dos para atuar em sua defesa e todos os instrumentos necessários ao atendimento das diretrizes internacionais acerca do tema. Ao contrário do que possa parecer em um primeiro momento, o paradigma meio ambiente e desenvolvimento econômico não é uma oposição exata. O pensamento da sustentabilidade dentro do Direito Ambiental Brasileiro permite o desenvolvimento de atividades econômi- cas dentro da ótica da preservação e do reuso, que visam compatibili- zar estas atividades com o desenvolvimento em ações sustentáveis ao longo do tempo. Nesse contexto, há que se ressaltar o direito ao meio ambien- te equilibrado, como direito fundamental sedimentado na Constituição Federal. Seguindo uma tendência constitucional da década de 70, a Constituição Federal de 1988 mantém a importância do equilíbrio do meio ambiente como ponto que serve de base para o Direito Ambiental Brasileiro: relaciona as competências legislativas e administrativas em matéria ambiental, aspectos culturais e sociais do meio ambiente que devem ser protegidos, e coliga o meio ambiente sadio como um requi- sito indispensável ao atendimento do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Essa importância concedida ao meio ambiente sadio, no con- texto constitucional, já foi reconhecida pela Suprema Corte do Brasil, que entendeu: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Tra- ta-se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimen- são), que assiste a todo o gênero humano (RTJ 158/205-206). Incumbe, ao Estado e à própria coletividade, a especial obrigação de defender e preservar, em benefício das presente e futuras gerações, esse direito de titularidade coletiva e de caráter transindividual (RTJ 164/158-161). O adimplemento desse encargo, que é irrenunciável,representa a garantia de que não se instaurarão, no seio da coletividade, os graves confl itos intergeracionais marcados pelo desrespeito ao dever de solidariedade, que a todos se impõe, na proteção desse bem essencial de uso comum das pessoas em geral. (ADI-MC n.º 3540-1 – STF) 35 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Grande discussão pousa sobre a natureza jurídica do Direito Ambiental. Por tratar de tutelar um bem garantido nos direitos funda- mentais de terceira geração, há que se considerar a existência de um híbrido entre direito público e privado, haja vista que se caracteriza pela titularidade coletiva do bem tutelado, a quem se destina uma regulação Estatal como forma interventiva, devido à complexidade desse bem. Em outras palavras, temos um interesse que ao mesmo tempo pode ser considerado privado e público, bastando para essa confi gu- ração o ajuste de prisma, mas que tem no Poder Público seu maior defensor, através de suas instituições que, no entanto, não gozam de legitimidade privada para acionar o poder jurisdicional na tutela do bem meio ambiente, podendo um particular tomar a decisão de fazer valer sua cidadania e tomar providências no sentido de retirar o Estado-Juiz de sua inércia principiológica. Portanto, temos um Direito cuja natureza jurídica foge da di- cotomia clássica do Público-Privado e nasce o conceito para os direi- tos fundamentais de terceira geração, dos interesses metaindividuais, como já abordado no capítulo anterior. A análise da natureza jurídica do Direito Ambiental se faz necessária, para que seja possível a compreen- são das duas dimensões de atuação estatal no que tange à tutela do bem ambiental. Segundo a lógica de atuação do Estado, temos que a natureza jurídica privada de um Direito estabelece os limites de atuação estatal como atividade eminentemente secundária, chegando a considerar-se como regra a abstenção dessa atuação, principalmente ao se conside- rar o princípio de valorização da vontade das partes. Já o direito de na- tureza pública prescinde do particular e impõe ao Estado uma veemente atuação no sentido de fazer valer seus poderes institucionais para a manutenção da paz e harmonia sociais. Saiba mais: Filme sobre o assunto: Home (2009) Acesse o link: https://youtu.be/RoLYZf-1E8o Observação: Sobre a temática, é importante que o aluno note a relevância do assunto dentro do seu campo de atuação. Neste diapasão, percebe-se que o Direito Ambiental traz de forma muito clara essas duas dimensões da atuação Estatal. Essa lição é bem abordada por BACAL (2012): O reconhecimento do direito ao ambiente enquanto direito fundamental não 36 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S obstrui o fato de que a proteção do meio ambiente também constitui uma fi nalidade do Estado e, de forma geral, dos poderes públicos, aos quais se impõe o papel ativo na promoção e na defesa dos bens e valores ambien- tais. Ou seja, o reconhecimento do direito ao ambiente enquanto categoria de direito fundamental, do qual emerge uma série de prerrogativas para os cidadãos, não subtrai ao Estado o dever de legislar e fi scalizar a aplicação das normas relativas ao ambiente. [...] o direito ao ambiente possui a natu- reza, para além de um dever fundamental do Estado, de um direito subjetivo fundamental atribuído à generalidade dos cidadãos, aos quais são conferidos os meios idôneos para preservá-lo e defendê-lo contra quaisquer ameaças e danos que sobre ele recaiam (v.g. as ações coletivas). (Eduardo BragaBacal. Tutela Processual Ambientale a Coisa Julgada nasAções Coletivas, 2012, p. 13) Destarte, percebe-se claramente que o Direito Ambiental é de natureza jurídica híbrida, apresentando-se o bem ambiental como di- reito da coletividade e dever protetivo do Estado que, diferentemente do direito público puro, atua preventivamente tanto nas relações entre Estado-particular, como nas relações estritamente estabelecidas entre particulares, quando haja qualquer risco ao bem ambiental. As ferramentas para a efetivação desta proteção Estatal tam- bém possuem titularidade compartilhada, no entanto, suas ações são capitaneadas de forma muito competente pelo Ministério Público. O uso de ações civis públicas, inquéritos civis e termos de ajustamento de conduta, assim como a tipifi cação penal dos crimes e contravenções ambientais, são instrumentos que a legislação pôs à disposição do Di- reito Ambiental para que seja possível uma atuação preventiva e cor- retiva à violação desses direitos que são tão caros a toda a sociedade. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL A especifi cidade do Direito Ambiental também se estende aos seusprincípios norteadores. Os princípios aplicados à tutela do bem ambiental são ajustados à realidade e aos detalhes necessários à prevenção e à correção de atos ou omissões que afetem a sua tutela. Grande parte dos princípios que regem o Direito Ambiental tiveram sua gênese na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Hu- mano, em 1972, realizada em Estocolmo, cuja declaração trouxe elen- cados, por primeira vez, a base do Direito Ambiental no mundo. 37 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S O uso de ações civis públicas, inquéritos civis e termos de ajustamento de conduta, assim como a tipifi cação penal dos crimes e contravenções ambientais, são instrumentos que a legislação pôs à dis- posição do Direito Ambiental, para que seja possível uma atuação pre- ventiva e corretiva à violação desses direitos que são tão caros a toda a sociedade. Esse primeiro passo foi o responsável por inserir conceitos como sustentabilidade, equidade e justiça ambiental no escopo desse jovem ramo do Direito Internacional. Posteriormente, as convenções es- pecífi cas passaram a ajustar os princípios aos bens ambientais especí- fi cos, auxiliando na conceituação e tipifi cação das condutas tuteladas e, também, criminalizadas. 1 – Princípio do Direito à Sadia Qualidade de Vida O direito à vida, preconizado como o direito mais fundamental de todos, base para a existência dos demais, por si só traz a condução da existência do maior de todos os princípios: o da Dignidade da Pes- soa Humana. Com o passar dos anos, a mera garantia de vida não cor- respondia ao atendimento dos critérios de dignidade, uma vez que as condições sob as quais essa vida se desenvolveria eram determinantes para que o supra princípio fosse respeitado em sua plenitude. Os princípios aplicados à tutela do bem ambiental são ajusta- dos à realidade e aos detalhes necessários à prevenção e à correção de atos ou omissões que afetem a sua tutela. Grande parte dos princípios que regem o Direito Ambiental tiveram sua gênese na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em 1972, realizada em Estocolmo, cuja declaração trouxe elencados, por primeira vez, a base do Direito Ambiental no mundo. Diante desta nova concepção, a qualidade de vida passou a 38 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S ser a situação ideal dentro dos novos conceitos sociais conquistados pela luta dos direitos fundamentais de segunda e terceira geração. Sob o prisma ambiental, o meio ambiente é um dos fatores que proporciona condições mínimas de qualidade de vida à sociedade como um todo. Neste diapasão, a necessidade de manutenção de meio ambiente sadio foi elevada à condição de princípio e, portanto, rege todas as relações que, de alguma maneira, afetem o meio ambiente. O princípio do direito à sadia qualidade de vida está previsto em inúmeros documentos e protocolos internacionais sobre a temática, dentre estes podendo ser destacada a sua presença na Declaração de Estocolmo, gerada na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente ocorrida em 1972, que prevê a necessidade de adequadas condições de vida e um meio ambiente de qualidade em seu princípio 1: O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações presentes e futu- ras. A este respeito, as políticas que promovem ou perpetuam o apartheid, a segregação racial, a discriminação, a opressão colonial e outras formas de opressão e de dominação estrangeira são condenadas e devem ser elimina- das. (Organização das Nações Unidas - Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano. Estocolmo – 1972) 2 - Princípio do Acesso Equitativo aos Recursos Naturais O equilíbrio no uso e exploração dos recursos naturais é uma constante preocupação quando se observa o respeito à sustentabilida- de no processo de usufruto desses recursos. O termo equidade traz o sentido de justiça no acesso a quaisquer âmbitos de nossa sociedade, o tratamento diferenciado para os diferentes é uma forma de possibilitar o acesso justo a todos que possuam interesse comum. No caso dos recursos naturais, a equidade na exploração de recursos naturais apresenta-se com um grau de complexidade maior: é necessário possibilitar acesso equânime à geração atual e as futuras, de forma que o uso desses recursos na atualidade não prejudique as sociedades que estão por vir, de forma que lhes sejam garantidos o mesmo meio ambiente sadio. A Declaração de Estocolmo (1972) traz o princípio textualmen- te, elencado como o 5º: “Os recursos não renováveis da terra devem empregar-se de forma que se evite o perigo de seu futuro esgotamento e se assegure que toda a humanidade compartilhe dos benefícios de 39 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S sua utilização”. A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvol- vimento traz esse princípio elencado no número 3: “O direito ao desen- volvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio am- biente das gerações presentes e futuras.” O direito à vida, preconizado como o direito mais fundamental de todos, base para a existência dos demais, por si só traz a condução da existência do maior de todos os princípios: o da Dignidade da Pes- soa Humana. Muitos outros documentos sobre a temática ambiental, resul- tado de reuniões entre nações, trazem o princípio ajustado a outros recursos, como o uso equitativo da água, presente no documento da Convenção para a Proteção e Utilização dos Cursos de Água Transfron- teiriços e dos Lagos Internacionais, de Helsinque, 1992; ou a Conven- ção sobre a Diversidade Biológica, ratifi cada em âmbito nacional pelo Decreto 2.519/98, todos com a preocupação comum de que a justiça ambiental não se limita ao uso comedido atual, e sim uma racionalidade atual preocupada com a subsistência dos recursos para as gerações futuras. 3 - Princípio do Poluidor-Pagador Ao analisar a questão do consumo de recursos naturais, é ne- cessário estabelecer dois segmentos de acesso a eles: o consumo pro- priamente dito, a exemplo do consumo de água potável disponibiliza- da pelo Estado para fi nalidade econômica; e o consumo retratado pelo dano ao recurso, tendo como maior exemplo a poluição ambiental, atra- vés do lançamento de substâncias poluidoras no meio ambiente. Nas palavras de BENJAMIN (1993), p. 33, o princípio do poluidor-pagador: Impõe ao poluidor o dever de arcar com as despesas de prevenção, repara- ção e repressão da poluição. Ou seja, estabelece que o causador da poluição e da degradação dos recursos naturais deve ser o responsável principal pe- las consequências de sua ação (ou omissão). 40 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S A ideia norteadora do princípio do poluidor/usuário pagador é a compensação fi nanceira como meio de contenção aos abusos, tanto no que diz respeito a consumo, como no tocante à degradação propria- mente dita. Analisando especifi camente a sua vertente punitiva, relaciona- da aos atos ou omissões que resultem em poluição ambiental, há dis- cussões no sentido de entender que o referido princípio se apresenta como uma licença para poluir. Longe deste entendimento, o princípio do poluidor-pagador busca otimizar a obediência aos demais princípios no momento em que torna inviável para o poluidor a sua ação/omissão danosa ao bem ambiental, em razão da repercussão fi nanceira que ocorrerá em caso de impactos ou efeitos negativos. No direito ambiental o princípio do poluidor-pagador encontra-se previsto na Lei 6.938/1981 – que dispõe sobrea Política Nacional do Meio Ambiente, art. 4º, VII que impõe ao poluidor e ao predador, obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos am- bientais com fi ns econômicos. Essa amplitude do princípio poluidor-pagador não limita sua denominação como um princípio de compensação, uma vez que nos custos do valor cobrado estão inseridos gastos com prevenção, repres- são e correção dos danos e consumo dos recursos naturais. A Declaração de Estocolmo (1972), traz o princípio textualmen- te, elencado como o 5º: “Os recursos não renováveis da terra devem empregar-se de forma que se evite o perigo de seu futuro esgotamento e se assegure que toda a humanidade compartilhe dos benefícios de sua utilização”. 4 – Princípio da Prevenção Observando que os princípios se complementam entre si, va- mos analisar o princípio da prevenção, percebendo que ele é, como todos os demais, complementar na efetiva tutela do bem ambiental. Sua primeira previsão encontra-se no princípio 7 da Declaração de Estocol- mo, que dispõe: Os Estados deverão tomar todas as medidas possíveis para impedir a po- 41 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S luição dos mares por substâncias que possam pôr em perigo a saúde do homem, os recursos vivos e a vida marinha, menosprezar as possibilidades de derramamento ou impedir outras utilizações legítimas do mar. Observe que o foco do princípio da prevenção é evitar a po- luição, a ocorrência do dano atribuindo aos Estados a possibilidade de adoção de medidas preventivas. Inicialmente, o foco do princípio eram os mares, em virtude de sua sujeição ao derramamento de óleo e à poluição por deságue. No entanto, a prerrogativa atribuída aos Estados possibilitou, por exemplo, a previsão de ferramentas no Direito Ambiental Brasileiro de prevenção mais ampla, a exemplo do Estudo de Impacto Ambiental, constitucionalmente criado e aplicado a todas as obras que possuam potencial degradante para o entorno ambiental de sua instalação. O próprio artigo 225 da Constituição Federal traz em seu corpo o princípio da prevenção, ao impor ao Estado o dever de prevenção do meio am- biente. 5 – Princípio da Precaução Diferentemente do princípio da prevenção, que objetiva preve- nir ações e/ou omissões que, notadamente, afetarão o meio ambiente, o princípio da precaução tem como função prever situações que ainda não tenham efeitos negativos cientifi camente comprovados, mas que possuam um potencial degradante a ser considerado, de forma que não haja danos ambientais pelo aparecimento de contextos não previstos, uma vez que o dano pode ser irreversível e, portanto, tenha um custo muito alto para a sociedade como um todo. O princípio teve sua gênese na Alemanha, por volta dos anos 70, e se consolidou no Direito Internacional após ser inserido na De- claração do Rio sobre o Meio Ambiente, em 1992, como o 15º princípio presente no documento: Com o fi m de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científi ca absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. Estando também presente em outros dois tratados internacio- nais, ratifi cados e homologados pelo Brasil. Observe-se que à mera ameaça de dano basta para acionar o Estado no seu dever tutelar do 42 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S bem ambiental, o que demonstra que o princípio da precaução possui natureza indubitavelmente preventiva. A ratifi cação do princípio no ordenamento pátrio, foi efetiva- da pela inserção dos incisos V, no parágrafo primeiro do artigo 225 da Constituição Federal, que dispõe que é dever do Estado “controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e subs- tâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.” 6 – Princípio da Reparação A complexa rede de conexões que forma o meio ambiente, re- quer que para a manutenção do seu equilíbrio, todas as suas variáveis sejam respeitadas, de tal forma que o aumento ou a diminuição de al- gum de seus elementos pode causar um desequilíbrio nesse sistema abstruso. Considerada essa particularidade do sistema ambiental, há que se considerar o impacto negativo que um dano tem potencial de causar. Como vimos anteriormente, o princípio do poluidor-pagador tem um caráter punitivo e coator das práticas danosas. No entanto, nem sempre uma contraprestação pecuniária basta para sanar os transtor- nos causados pela ação degradante. No direito ambiental o princípio do poluidor-pagador encontra- -se previsto na Lei 6.938/1981 – que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, art. 4º, VII que impõe ao poluidor e ao predador, obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fi ns econô- micos. Diante dessa realidade, considerando que o estado do meio ambiente não retornará nunca a sua situação prévia a ocorrência dano- sa, o direito pátrio previu a necessidade de responsabilidade do agente no sentido de reparar, dentro das possibilidades reais, o dano efetiva- mente causado pela sua ação ou omissão, conforme previsão do artigo 4º, da Lei 6.938/81 que em seu inciso VII, determina que o poluidor ou predador, tem obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causa- dos. 43 P R IN C ÍP IO S D O D IR E IT O A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Essa reparação não se trata de indenização pecuniária, e sim de ações de reversão e minimização dos impactos negativos causados. Apenas em caso de impossibilidade de restauração é arbitrado quan- tum indenizatório com a fi nalidade de reparação dos danos. Caso prático, de grande repercussão nacional, onde ocorreu cumulação dos princípios do poluidor-pagador e da reparação foi o caso de Brumadinho com o rompimento das barragens da Vale do Rio Doce. A empresa, além da condenação pecuniária pelo dano ambiental cau- sado, foi condenada a realizar ações de reparação com o recolhimento e destinação adequada de rejeitos, reparação e recuperação do trecho do rio Paraopeba, atingido pelo desastre, entre outras ações relativas à fauna e a fl ora locais. 7 - Princípio do desenvolvimento sustentável A doutrina não é pacífi ca sobre a denominação de princípio para o desenvolvimento sustentável, muitos defendem tratar-se de um conceito. Autores e estudiosos da temática desenvolvimentista não con- cordam com a sua denominação de princípio, entendendo que se trata de um conceito, que subsidia o princípio do acesso equitativo dos recur- sos naturais. O contexto sob o qual se insere esse princípio é bem mais complexo e, naturalmente, apresenta-se como a raiz de todos os pro- blemas ambientais: a complexa relação entre o desenvolvimento eco- nômico e a necessidade real de manutenção do meio ambiente, como garantia, inclusive da possibilidade de um futuro para o capital, por ser esse um absorvedor natural de recursos naturais. Neste cenário, temos o meio ambiente como uma importan- te variável do complexo sistema desenvolvimentista, principalmente no âmbito econômico, haja vista que o conceito de desenvolvimento abar- ca muitos outros prismas não analisados neste momento, a exemplo do social, do cultural, entre outros. Em outras palavras: decisões que ob- jetivem o progresso e o desenvolvimento econômico, devem sem exce- ção, considerar os impactos ao meio ambiente, como meio de garantir não apenas a existência humana em tempos posteriores, mas também a possibilidade de manutenção do ciclo desenvolvimentista. Um exemplo claro de aplicação desse princípio é a adaptação da indústria automobilística às fontes de energia
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