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Farmacologia Aplicada Farmacologia Cardiovascular 5 - Fármacos Anti-agregantes Plaquetários - Inibidores da aglutinação plaquetária diminuem a formação ou ação dos sinais químicos promotores da aglutinação. Adesão e ativação de plaquetas: - Após lesão tecidual as plaquetas se aderem a área danificada e são ativadas. - Plaquetas ativadas tem sua forma modificada, expondo receptores GP IIb/IIIa e liberam ADP, tromboxano A2, PAF (fator de aglutinação plaquetária), serotonina e trombina que ativam outras plaquetas. - Os receptores GP IIb/IIIa se ligam ao fibrinogênio, formando pontes entre as plaquetas. - ADP e tromboxano A2 (TXA2) atuam ativando os receptores GP IIb/IIIa. Inibidores da aglutinação plaquetária: - Abciximabe, Tirofibana, Eptifibatida - antagonistas dos receptores Gp IIb/IIIa inibem a ligação entre os receptores e o fibrinogênio - Clopidogrel e Ticlopidina - Inibem a ação de ADP. - AAS – inibe cox (tromboxano A2). Usos clínicos: - Risco de infarto agudo do miocárdio. - Angina. - Após revascularização do miocárdio. - Síndrome coronariana instável. - Após angioplastia das artérias coronárias e/ou colocação de stent. - Isquemia cerebral transitória ou AVC trombótico, para prevenir recorrência. · FÁRMACOS ANTICOAGULANTES: - Varfarina, Heparina, Rivaroxabana, Apixabana, Dabigatrana. - Inibidores da ação dos fatores de coagulação (inibidores da trombina-heparina). - Inibidores da síntese dos fatores de coagulação (antagonistas da vitamina K). Uso clínico dos anticoagulantes: - Prevenção de trombose venosa profunda. - Embolia pulmonar. - Trombose e embolização em pacientes com fibrilação atrial. - Trombose em próteses valvares. - Coagulação em circulação extracorpórea (ex: durante hemodiálise). - Progressão do dano do miocárdio em pacientes com angina instável e durante o tratamento do infarto do miocárdio com elevação de ST. A heparina (geralmente em forma de heparina de baixo peso molecular) é usada no atendimento imediato (injetável). Para tratamento prolongado emprega-se varfarina (v.o.). · VARFARINA: - 1950: derivados cumarínicos. - Antagonista da vitamina K. - Marevan®, Marcoumar®, Coumadin® - A vitamina K (alemão Koagulation) é um cofator lipossolúvel necessário para a produção hepática normal de 4 fatores de coagulação (II, VII, IX e X). - O resultado é um prejuízo na produção de fatores de coagulação (II, VII, IX e X). - Metabolização hepática. - Meia vida aproximada: 40h. - Aproximadamente 99% é ligada às proteínas plasmáticas. - Excreção renal. Usos clínicos: - Trombose venosa. - Profilaxia e tratamento da embolia pulmonar. - Embolia sistêmica pós-infarto ou associada à fibrilação atrial. Efeitos colaterais principais: - Necrose de pele e outros tecidos. - Hemorragia. - Hepatite. - Dor abdominal. - Reação de hipersensibilidade. Contraindicação: - Gravidez, tendência hemorrágica ou discrasias sanguíneas, aneurismas, hemorragias, pericardite, endocardite, cirurgia ocular, cerebral ou espinal recente, hipertensão grave não controlada, eclâmpsia, pré-eclampsia, anestesia por bloqueio regional ou lombar. Considerações: 1. É necessário monitorar tempo de protrombina. 2. Várias interações medicamentosas - albumina e de CYP. 3. O efeito anticoagulante da varfarina pode ser reduzido por fatores como ganho de peso, diarreia, vômito e consumo excessivo de vitamina K na dieta alimentar. 4. A dose da varfarina a ser utilizada é influenciada por fatores genéticos. Como reverter o efeito: - Vegetais e óleos, sendo esses os responsáveis pelo aumento da absorção da filoquinona (forma natural da vitamina K). - Alimentos folhosos verde-escuros. - Preparados à base de óleo, oleaginosas e frutas como o kiwi, abacate, uva, ameixa contêm teores significantes de vitamina K. - Cereais, grãos, pães e laticínios possuem teores discretos de vitamina K. O paciente que faz uso de varfarina não precisa evitar a ingestão destes alimentos, basta ter sempre a preocupação de não modificar drasticamente o consumo. · RIVAROXABANA, APIXABANA E DABIGATRANA: - Inibidores diretos do fator Xa e Iia da cascata de coagulação. - A ação é rápida e a meia vida é curta nos 3 medicamentos. - Possuem menor interação medicamentosa que a varfarina. - Menor necessidade de monitoramento quando comparados com a Varfarina. Efeitos colaterais: - Hematológicos e do sistema linfático (anemia, trombocitopenia) - Imunológicos (reação alérgica, dermatite alérgica). - Do sistema nervoso (tonturas, cefaleias) hemorragia cerebral e intracraniana. - Afecções oculares. - Cardiopatias, taquicardia, vasculopatias, hipotensão, hematomas. - Doenças respiratórias, torácicas e do mediastino. - Hemorragia do trato gastrointestinal. - Afecções hepatobiliares. · HEPARINA: - Fisiologicamente, a heparina é um mucopolissacarídeo armazenado em grânulos secretores de mastócitos. - É considerada o ácido orgânico mais forte do organismo. Heparinas comerciais - Farmacocinética: sem absorção oral. Usados somente por via parenteral, intravenosa ou subcutânea (nunca via IM). - HEPARINA NÃO-FRACIONADA (HNF). - HEPARINA DE BAIXO PESO MOLECULAR (HBPM OU LMW-low molecular weight): Fragmentada: enoxaparina, dalteparina Pentapeptídeo sintético: fondaparinux Heparina mais avançada, com 1⁄2 vida mais longa, entretanto, pouco usada na clínica. Mecanismo de ação: - Atua ativando um dos sistemas de controle da coagulação anti-trombina III, que inativa os fatores XIIa, XIa, IXa, Xa e IIa. (acelerando em até 1000 vezes a ação inibitória da antitrombina III). - A LMW não afeta a inativação da trombina (fator IIa). - A antitrombina III é uma importante protease plasmática responsável por inativar a trombina, além de outros fatores como II, IX e Xa. Efeitos colaterais: - Hemorragia. - Trombocitopenia. - Reações anafilactoides e de hipersensibilidade. - Não fracionadas: prolongamento de tempo de coagulação, ulceração de mucosa e hematoma. - Fracionadas: edema, diarreia, náusea, hematoma, anemia hipocrômica normocítica, confusão, dor dispneia, febre, irritação local. Contraindicações: Sangramentos ativos, trombocitopenia induzida por heparina, tendências hemorrágicas, hipersensibilidades, hipertensão grave. Diferenças entre as heparinas: CASO 2 Paciente masculino, 71 anos, hipertenso e dislipidêmico deu entrada na sala de emergência com queixa de dor torácica a 3 horas em aperto retroesternal com radiação para membro superior esquerdo, náusea e sudorese. No exame físico apresentava-se taquipnéico (FR=25 ipm); taquicárdico (FC=100 bpm), PA= 190X110 mmHg. Eletrocardiograma alterado com supradesnivelamento do segmento ST, demostrando oclusão total de alguma artéria coronariana Exames laboratoriais: CK= 400 UI/L, demais exames dentro dos valores de normalidade. Diagnóstico: Síndrome Coronariana Aguda com supradesnivelamento do segmento ST O paciente foi encaminhado para realização de angioplastia coronariana, que constatou oclusão total da artéria descendente anterior, foi realizada a angioplastia com stent da artéria responsável pelo evento agudo com sucesso angiográfico total. Após o procedimento, o paciente foi encaminhado para a UTI e tratado com ácido acetilsalicdogrel, heparina, betabloqueador, vasodilatador coronariano e sistêmico. Com base no caso clínico responda: Explique o motivo da associação dos fármacos (ácido acetilsalicílico, clopidogrel, heparina) prescritos para o tratamento da paciente. Justifique sua resposta mencionando o mecanismo de ação de cada fármaco. 1. Ácido acetilsalicílico – anti-agregante plaquetário: Atua no impedimento da agregação plaquetária (inibe COX e formação de TXA2), reduzindo a progressão do evento trombolítico. 2. Clopidogrel – anti-agregante plaquetário: Atua na redução da ativação da plaqueta pela via do ADP, reduzindo a progressão do evento trombolítico. 3. Heparina – anticoagulante. Atua impedindo a conversão dos fatores de coagulação e, consequentemente, a formação da fibrina. Pode ser utilizado a heparina de baixo peso molecular por via subcutânea ou heparina não fracionada por via endovenosa. · TROMBOLÍTICOS (FIBRINOLÍTICOS):- Estreptoquinase, Alteplase, Tenecteplase. - São fármacos que ativam o plasminogênio em sua transformação para plasmina, a qual tem a capacidade para degradar a fibrina, o maior componente do trombo. · ESTREPTOQUINASE: - Proteína extraída de culturas de estreptococos. - Pode desencadear resposta antigênica após doses repetidas; risco anafilaxia. Mecanismo de ação: - Forma complexo com plasminogênio endógeno, o qual ativado induz a formação de plasmina. A plasmina formada é uma potente enzima proteolítica que dissolve a matriz da fibrina contida no trombo, e consequentemente resultando em trombólise (fibrinólise). Usos clínicos: - Principal: Infarto Agudo do Miocárdio com elevação ST (o quanto antes melhor). - Outros usos: Trombose arterial e venosa, embolia pulmonar, oclusão de cateter. Efeitos colaterais: - Arritmias. - Sangramentos. - Hipotensão. - Febre. - Calafrios. - Síndrome de embolia por colesterol (muito raro). - Reação anafilactóide. Contraindicações: - Hipertensão grave não-controlada. - Sangramentos internos ativos. - Cirurgias, traumatismos ou AVC há menos de 2 meses. · ALTEPLASE: Mecanismo de ação: - É um ativador de plasminogênio tecidual recombinante. Sendo mais ativo sobre o plasminogênio ligado a fibrina do que sobre o plasmático, é considerado “seletivo para o coágulo”. Vantagens: pouco antigênico; produz fibrinólise local (liga-se a trombos recém- formados). - Sua ação resulta na conversão de plasminogênio em plasmina, que, por sua vez, promove a dissolução da fibrina do coágulo. Usos clínicos: - Após IAM com elevação ST: diminui taxa de mortalidade. - Embolia pulmonar potencialmente fatal. - AVC isquêmico agudo. - Recanalização de artéria coronárias ocluídas. Efeitos colaterais: - Quando em doses farmacológicas pode produzir: hemorragia, arritmias e síndrome de embolia por colesterol (raro). Contraindicações: - AVC hemorrágico recente. - Hipertensão grave não-controlada. - Sangramentos internos ativos. - Cirurgias, traumatismos há menos de 2 meses.
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