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ESTADO LIBERAL 
Desde o final do século XIX, Direito, Economia, Política e Constituição são temas, 
frequentemente, presentes nos debates entre juristas a respeito das funções da Economia 
aplicada ao Direito, natureza do Direito Público e das funções dos representantes do 
povo face às suas vontades e trocas comerciais já existentes. Da mesma forma, 
atualmente, muitos desses debates ainda se fazem presentes como novidades sem 
passado. Estado mínimo, liberalismo, as funções e tarefas do Estado na sociedade e o 
papel do setor econômico privado na consecução do bem comum são alguns poucos 
exemplos mais recorrentes. 
O Liberalismo, como doutrina econômica e ideologia social, desenvolvida ao longo dos 
últimos séculos, têm como centralidade o período de alta ebulição social, política e 
econômica que assistiu, privilegiadamente, o surgimento do Estado Nação, à ascensão 
dos burgueses e a predominância do mercado como principal instituição política e 
econômica e ao desenvolvimento da internalização da economia e suas mais variadas 
ramificações e abrangências. 
De acordo com a nomenclatura “liberalismo”, o termo padece de um alto grau de 
polissemia, assim sendo, a doutrina deparou-se com diversos problemas e questões 
estruturais, cuja solução e procedimentos desencadearam formas específicas de 
liberalismo e promoveram desenvolvimentos das formas de pensar mais brandas acerca 
do assunto. De acordo com o filósofo e jurista Norberto Bobbio, na obra “Liberalismo e 
Democracia” (2017), o autor busca traduzir as mais variadas formas quase unânimes 
que se tem ao relacionar os termos “liberal”, “democrático” e “liberal-democrático” 
proferidos no meio político ou jornalístico, as pessoas encontram dificuldade em 
compreender seu real significado, e acabam por confundi-los. Dessa forma, esse 
compilado de manifestações que objetivam trazer um antídoto para essa confusão, vai 
além e relaciona os termos “liberdade” e “democracia” às questões insurgentes de 
políticas de natureza diferentes, já que, de fato, ao longo da história tenderam a se 
comportar como variáveis independentes: 
a)Estados nem liberais, nem democráticos; 
b) Estados liberais, mas não democráticos; 
c) Estados liberais e democráticos; 
d) e a forma mais inquietante, Estados democráticos que não são liberais. 
 
Em adição aos escritos de Bobbio, o jurista ainda concordava com a ideia, altamente 
difundida na Europa, de que liberais e democratas possuem uma característica em 
comum: o desejo de liberdade para os homens. Entretanto, para que todos sejam 
igualmente livres, o poder deve ser distribuído para todas as pessoas, e ao passo que se 
verificam igualitariamente livres, se encontram na condição de exercer, também, 
livremente os seus direitos, principalmente aqueles relacionados à vida privada. 
Todavia, para o liberal que tem o poder nas mãos, não se pode fazer de tudo e usufruir 
demasiadamente da qualidade competente à sua função. Adam Smith, autor celebre da 
obra “A riqueza das nações” (1776), coloca que o papel do Estado, acima de tudo, 
deveria corresponder apenas à proteção da sociedade contra eventuais ataques, e á 
criação e manutenção de obras e instituições necessárias, mas não à intervenção nas leis 
de mercado e, consequentemente, na prática econômica. 
O liberalismo, sendo uma reação ao período mercantil, preconizava a prioridade da 
iniciativa privada na economia, ao mesmo tempo que repelia a intervenção estatal nesse 
setor. Os seguidores defendem que a produção, o consumo e os preços devem ser 
regulamentadas pela lei da economia clássica criada por Adam Smith: A Lei da Oferta e 
da Demanda que, por sua vez, explica o funcionamento de um mercado, adentrando em 
questões para descobrir o que determina o preço e a quantidade de um produto dentro 
do comércio. Acredita-se que, se deixasse atuar a livre concorrência, uma “mão 
invisível” levaria a sociedade à perfeição. Assim, explica a nota da Academia Real das 
Ciências da Suécia por ocasião da Outorga do Prêmio de Ciências Econômicas de 2007: 
"A clássica metáfora de Adam Smith sobre a 'mão invisível' refere-se a como o 
mercado, sob condições ideais, garante uma alocação eficiente de recursos 
escassos. Mas, na prática, as condições normalmente não são ideais. Por 
exemplo, a competição não é completamente livre, os consumidores não são 
perfeitamente informados e a produção e o consumo desejáveis privadamente 
podem gerar custos e benefícios sociais". 
Nesse viés, todos os agentes, na busca de lucrar ao máximo, acabariam promovendo o 
bem-estar de toda a comunidade, seria como se, literalmente, uma mão invisível, de 
forma automática, fizesse com que os preços dos produtos fossem ditados pelo próprio 
mercado, conforme sua necessidade. Smith, defendia a necessidade do Estado para 
assegurar o funcionamento desse dispositivo e, sempre que fosse possível, proteger os 
capitais nacionais ou realizar investimentos de infraestrutura que não fossem cobertos 
pelo capital privado. 
Por fim, vale destacar o grande legado que A Grande Depressão de 1929 nos deixou em 
torno da queda, inclusive, do liberalismo. Deixando marca registrada na história dos 
Estados Unidos e ao capitalismo que devastou inúmeros trabalhadores. Antes da crise 
de 1929, por mais de cem anos, a doutrina do liberalismo econômico orientou as 
políticas dos governos e hegemonizou a produção acadêmica. A ideia de que a lei do 
mercado deveria orientar a economia das nações e que a regulação do Estado sobre a 
economia significava a supressão da liberdade e da livre concorrência era praticamente 
inquestionável no mundo capitalista. Entretanto, a compreensão dos efeitos econômicos 
e sociais da “Grande Depressão” é fundamental para percebermos os perigos e os riscos 
de vivermos em uma sociedade regida pela lei do mercado. Diante dos fatos, muitos 
analistas concluíram que o liberalismo foi abandonado, porque, uma vez que o estado 
teve que interferir para recuperar o país, essa intervenção contraria o grande princípio: a 
não intervenção do governo na vida pública. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Adam_Smith