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Objetivos 1. Entender a fisiopatologia do tétano. - Etiologia C. tetani é um bacilo anaeróbio obrigatório, em forma de bastonete, móvel e formador de esporos. Apresenta coloração gram-positiva em cultura à fresco, mas apresenta padrão de coloração variável em cultura e amostras de tecido. C. tetani é ubíquo em solo e poeira e também é encontrado nas fezes de animais e humanos. Os esporos são resistentes ao calor e aos desinfetantes químicos e podem sobreviver no solo por meses a anos. Quando introduzido em uma ferida, os esporos podem não germinar por semanas em decorrência de condições teciduais desfavoráveis. Quando a lesão favorece o crescimento anaeróbio, os esporos germinam para bacilos maduros, que formam um endósporo terminal esférico único, produzindo um aspecto de baqueta característico. Somente esses bacilos maduros produzem a toxina tetânica que causa a doença clínica. - Fisiopatologia C. tetani é um organismo não invasivo. O desenvolvimento da doença clínica requer uma porta de entrada e condições teciduais que promovem a germinação e crescimento em um hospedeiro suscetível. As feridas suscetíveis ao tétano apresentam tecido lesionado ou desvitalizado, corpos estranhos ou outras bactérias. Sob essas condições, C. tetani produz a neurotoxina que causa doença clínica. A germinação e replicação de C. tetani podem ocorrer sem sinais clínicos de feridas infectadas. C. tetani produz a neurotoxina tetanospasmina no sítio de lesão tecidual. A tetanospasmina liga-se à terminação nervosa motora e move-se por transporte axonal retrógrado e propagação transsináptica ao SNC. Liga-se preferencialmente aos neurônios inibitórios (GABAérgicos e glicinérgicos) e bloqueia a liberação pré-sináptica desses neurotransmissores. Os interneurônios aferentes aos neurônios alfa motores são afetados primeiramente. Sem o controle inibitório, os neurônios motores sofrem descarga excitatória contínua, resultando no espasmo muscular característico do tétano. A tetanospasmina também pode afetar os neurônios simpáticos pré-ganglionares e centros parassimpáticos, resultando em disfunção do sistema nervoso autônomo. As manifestações clínicas incluem disritmias e flutuações extensas na pressão sanguínea e frequência cardíaca. A ligação da tetanospasmina na sinapse é irreversível; a recuperação ocorre apenas quando um novo terminal axonal é produzido. 2. Conhecer a epidemiologia e o quadro clínico do tétano. - Epidemiologia Apesar da disponibilidade de uma vacina eficaz, o tétano permanece endêmico mundialmente. É mais comum em climas quentes, úmidos e relativamente raro em regiões frias. A incidência global anual de casos relatados de tétano diminuiu com a introdução de programas de vacinação (Fig. 121.3A). A OMS relatou 14.860 casos de tétano em 2011, mas estima-se que milhares de casos não relatados ocorram anualmente, resultando em aproximadamente 58.000 mortes neonatais. A maioria desses casos ocorre na África e Sudeste Asiático devido a baixas taxas de imunização e má higiene. Desde a introdução dos programas de vacinação nos Estados Unidos, a incidência de tétano declinou constantemente, de quatro casos por milhão de habitantes nos anos de 1940 para menos de 0,01 casos por milhão de habitantes em 2010 (Fig. 121.3B).26 A incidência mais elevada ocorre em pessoas com mais de 65 anos de idade (0,23 casos por milhão de habitantes) e a incidência em hispano-americanos é quase o dobro do observado em não hispânicos. Metade dos casos ocorre em usuários de drogas injetáveis. A taxa de letalidade global dos casos é de 18%, mas atinge 50% em pacientes com mais de 70 anos de idade (Fig. 121.4). Casos são relatados em pacientes completamente vacinados, mas sem ocorrência de mortes. O tétano classicamente ocorre como consequência de uma ferida penetrante profunda. Uma história de lesão está presente em mais de 70% dos pacientes, mas a lesão pode ser negligenciada. Os demais podem ter outra condição identificável ou sem fonte aparente. As portas de entrada mais comuns são as feridas perfurantes, lacerações e abrasões. O tétano também é relatado em associação às úlceras de pele crônicas, abscessos, otite média, corpos estranhos, abrasões da córnea, parto e procedimentos dentários. O tétano pós-operatório é relatado em pacientes que foram submetidos a operações intestinais e abortos. Nesses casos, a fonte de bactérias é provavelmente endógena, pois até 10% dos humanos são colonizados por Clostridium tetani no cólon. A imunização primária inadequada e a redução da imunidade continuam a ser fatores de risco primários para o tétano nos Estados Unidos. Com a melhora da vacinação antitetânica de crianças, pessoas mais velhas são responsáveis por uma porcentagem crescente de casos relatados. - Quadro clínico O período de incubação do tétano varia de um dia a vários meses. Um período de incubação mais curto evidencia um pior prognóstico.23 A duração do período de incubação não é útil em realizar o diagnóstico de tétano, pois muitos pacientes não apresentam histórico prévio de feridas. Quatro tipos de formas clínicas do tétano são descritos. Tétano Generalizado Tétano generalizado, a forma mais comum da doença, resulta em espasmos de grupos musculares agonistas e antagonistas por todo o corpo. O sintoma clássico inicial de manifestação é o trismo, causado pelo espasmo do músculo masseter, e está presente em 50% a 75% dos pacientes. Quando outros músculos faciais estão envolvidos, um sorriso sardônico característico aparece (risus sardonicus). Outros sintomas iniciais incluem irritabilidade, fraqueza, mialgias, cãibras musculares, disfagia, hidrofobia e sialorreia. Quando a doença progride, os espasmos musculares generalizados não controláveis ocorrem espontaneamente ou como resultado de estímulos menores, tais como toque ou ruído. Espasmos podem causar fraturas vertebrais e dos ossos longos, além de rupturas dos tendões. O opistótono é uma contração prolongada do tônus que se assemelha à postura em decorticação. Espasmos dos músculos laríngeos e respiratórios podem causar insuficiência ventilatória e morte. A disfunção autonômica é a principal causa de morte em pacientes que sobrevivem à fase aguda e é manifestada por taquicardia, hipertensão, hipertermia, disritmias cardíacas e diaforese. A doença progride ao longo de 2 semanas. Se o paciente sobreviver, a recuperação é completa após 4 semanas ou mais. Durante todo o curso dessa doença, pacientes permanecem completamente lúcidos, a menos que estejam quimicamente sedados. Tétano Localizado O tétano localizado é uma forma da doença caracterizada por espasmos musculares persistentes próximos ao sítio de lesão. Os sintomas podem ser brandos ou graves, mas a mortalidade é menor do que o tétano generalizado. O tétano local pode progredir para doença generalizada. Essa apresentação pode refletir a imunidade parcial à tetanospasmina e pode persistir por semanas a meses antes da resolução. Tétano Cefálico O tétano cefálico, uma variante rara do tétano localizado, resulta em paralisia dos nervos cranianos e espasmos musculares. As paralisias precedem o espasmo em muitos casos, resultando em diagnóstico incorreto. O nervo craniano mais comumente envolvido é o nervo facial (VII), mimetizando a paralisia de Bell. A maioria dos casos ocorre após o trauma facial ou otite média. Pacientes manifestam trismo e paralisias do nervos III, IV, VII, IX, X ou XII ipsilateral ao sítio de infecção local. A evolução clínica é variável. Em um terço dos casos, a resolução dos sintomas é completa. Os demais casos progridem para o tétano generalizado com uma taxa de mortalidade geral de 15% a 30%. Tétano Neonatal O tétano neonatal é o tétano generalizado do recém-nascido e ocorre quase exclusivamente em países em desenvolvimento, no qual a imunização materna é inadequada e material contaminado é utilizado para cortar e proteger os cordões umbilicais. Os sintomas começam durante a primeira semana de vida e incluem irritabilidade e má alimentação. A mortalidade chega a 100% por causa daalta carga de toxinas para o peso corporal e suporte médico inadequado. Mesmo com recursos limitados, a mortalidade pode ser reduzida para menos de 50% com medicação básica e equipe médica experiente. Complicações A insuficiência respiratória aguda resulta de espasmos musculares respiratórios ou laringoespasmos e obstrução das vias aéreas. Se o paciente sobrevive na fase inicial aguda da doença e apresenta suporte ventilatório adequado, a disfunção autonômica torna-se a principal causa de morte. A instabilidade autonômica ocorre vários dias após o início dos espasmos generalizados. A desinibição do sistema nervoso simpático predomina e causa disritmias, hipertensão, miocardite e edema pulmonar. As disritmias e o infarto miocárdico são os eventos fatais mais comuns durante essa fase. Os espasmos musculares tetânicos vigorosos podem causar fraturas e subluxações vertebrais, fraturas de ossos longos e deslocamentos articulares temporomandibulares e nos ombros. A rabdomiólise ocorre ocasionalmente e pode causar insuficiência renal aguda, a qual também pode ser resultante da desidratação e hiperatividade do sistema nervoso simpático. A infecção secundária pode ocorrer na ferida inicial por inoculação, ou como uma complicação que surge em decorrência de modalidades de tratamento invasivo, tais como ventilação mecânica. A hipertermia também pode resultar de espasmos musculares e hiperatividade simpática. A imobilidade prolongada pode levar à trombose venosa profunda e embolia pulmonar. As complicações gastrintestinais incluem úlceras pépticas, íleo adinâmico, perfuração intestinal e constipação. A síndrome da secreção inapropriada de hormônio antidiurético ocorre em um pequeno número de pacientes. A hemólise também é relatada. A mortalidade depende da condição de imunização prévia, período de incubação, gravidade e rapidez do início da doença, comorbidades, idade e sofisticação do tratamento médico disponível. Com o tratamento adequado no cuidado intensivo, os idosos podem ter sucesso na terapia, assim como seus equivalentes de meia-idade. As complicações físicas em longo prazo em sobreviventes são raras. O problema persistente mais comum é o trauma psicológico relacionado à doença e seu tratamento. 3. Compreender como é feito a prevenção, o diagnóstico e o tratamento para o tétano. - Prevenção Vacinação O toxoide tetânico é uma forma inativada de tetanospasmina. A vacinação confere níveis de anticorpos protetores em quase 100% das pessoas que recebem três doses. A imunidade declina entre 5 e 10 anos após a conclusão das séries de imunização. Em pacientes de alto risco, tais como idosos, usuários de drogas injetáveis, pacientes com infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e outras causas de imunocomprometimento, a imunidade diminui com mais rapidez e a resposta à vacina é mais lenta. Adultos com história incerta de imunização primária completa devem receber uma série primária de três doses de toxoide tetânico, seguidos por doses de reforço a cada 10 anos. As orientações específicas em relação à idade na profilaxia do tétano foram desenvolvidas pelo Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP) e publicadas pelo CDC (Tabelas 121.2 e 121.3). A vacinação contra o tétano deve ser atualizada para todos os pacientes que foram avaliados para o tratamento de ferida. Pacientes com estado de imunização desconhecido ou incerto devem ser considerados como não imunizados. Indivíduos com idade inferior a 7 anos devem receber a vacina difteria-tétano ou DTaP. Pacientes com idade superior ou igual a 7 anos devem receber Tdap. A profilaxia com HTIG (250 unidades IM) é recomendada para pacientes não imunizados ou não imunizados por completo com feridas de alto risco (> 6 horas de https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595150874/epub/OEBPS/Text/B9788535291124001215_1.xhtml?favre=brett#t0015 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595150874/epub/OEBPS/Text/B9788535291124001215_1.xhtml?favre=brett#t0020 vida, > 1 cm de profundidade, contaminada, estrelada, desnervada, isquêmica, infectada). Quando o toxoide tetânico e a HTIG são administrados simultaneamente, diferentes sítios de injeção devem ser utilizados. A única contraindicação para os toxoides tetânicos e diftéricos é a história de reação neurológica ou hipersensibilidade grave a uma dose anterior. Os efeitos adversos mais comuns da vacina contra o tétano são pequenos: edema local, dor, eritema, prurido, febre, náusea, vômito, mal-estar, e erupção cutânea inespecífica. As reações locais não excluem o uso futuro de toxoide. As reações anafiláticas graves são raras. Se um paciente que necessita de toxoide possui um histórico sugestivo de reação anafilática grave ou neurológica, a HTIG deve ser administrada sozinha para proteger o paciente do desenvolvimento de tétano como resultado da injúria presente. A HTIG não confere imunidade ativa e tais pacientes devem ser encaminhados a um alergologista para medida dos níveis de anticorpos, a dessensibilização com antitoxina e imunização. Não há evidência que os toxoides tetânicos e diftéricos seja teratogênicos. A HTIG não é contraindicada na gravidez. Para pacientes inadequadamente imunizados em qualquer faixa etária, o encaminhamento deve ser feito para assegurar que o paciente receba o restante das imunizações necessárias. - Estratégias Diagnósticas O diagnóstico de tétano deve ser feito apenas com base clínica. As culturas das feridas têm pouca utilidade e são positivas em apenas um terço dos casos. Uma cultura positiva não indica se a bactéria é uma cepa produtora de toxinas. Não existem testes laboratoriais que confirmem ou excluam o diagnóstico de tétano. A punção lombar pode ser indicada para excluir a meningite em neonatos quando o diagnóstico de tétano é incerto. A análise de imagem por tomografia computadorizada (TC) é útil na avaliação da doença intracraniana. O nível de cálcio sérico é útil para excluir a hipocalcemia. A eletromiografia pode ser útil, se o diagnóstico de tétano cefálico ou localizado é duvidoso. O teste da espátula envolve o toque da orofaringe com a espátula de língua. Com o resultado negativo do teste, o paciente engasga e expele a espátula. Com o resultado positivo, o paciente apresenta espasmo reflexo do músculo masseter e morde a espátula. Esse teste tem 94% de sensibilidade e 100% de especificidade para o tétano. - Diagnóstico Diferencial O envenenamento por estricnina é a única condição clínica que verdadeiramente mimetiza o tétano generalizado. A estricnina, como a tetanospasmina, antagoniza a liberação de glicina, mas ao contrário da tetanospasmina, não possui efeito sobre a liberação de ácido gama-aminobutírico (GABA). Pacientes desenvolvem opistótono enquanto permanecem em alerta. As incidências anuais de tétano e envenenamento por estricnina são semelhantes nos Estados Unidos e os testes no soro e na urina para estricnina devem ser realizados quando o tétano é considerado. Em pacientes que manifestam espasmo generalizado difuso, o diagnóstico é pouco provável que seja incorreto, mas, preferencialmente, a doença deve ser considerada e diagnosticada nos estágios precoces para minimizar as complicações e reduzir a mortalidade. Algumas condições com similaridades clínicas ao tétano são listadas no Quadro 121.5. O trismo é com frequência causado por infecções intraorais que podem ser excluídas com história clínica e exame físico cuidadoso. O deslocamento mandibular pode ser descartado com radiografias apropriadas da mandíbula e articulações temporomandibulares. As reações distônicas podem ser diferenciadas do tétano por histórico de medicação e sintomas que são aliviados por benztropina ou difenidramina. Pacientes com encefalite geralmente exibem uma condição mental alterada. A meningite pode ser excluída por exame do líquido cefalorraquidiano (LCR). A raiva deve ser considerada quando houver sintomas de disfunção do tronco encefálico, incluindo disfagia e disfunção do músculo respiratório. História de exposição a secreções de um animalinfectado é o dado da anamnese mais útil. Além disso, a raiva não causa trismo. O tétano cefálico é particularmente difícil de diagnosticar quando a paralisia do nervo craniano precede o trismo. O diagnóstico diferencial, dessa forma, também inclui paralisia de Bell, botulismo, paralisias do nervo craniano e celulite facial com compressão do nervo facial e oftalmoplegia. - Tratamento Agudo As quatro estratégias de tratamento para pacientes com tétano devem ser realizadas simultaneamente: suporte intensivo, eliminação de tetanospasmina não ligada, imunização ativa e prevenção de produção adicional de toxinas. Suporte O suporte inicia-se com o controle dos espasmos musculares. Os espasmos reflexos resultam da estimulação do paciente causada por qualquer movimento ou ruídos altos. A estimulação desnecessária deve ser evitada. Os benzodiazepínicos são a base da terapia sintomática para o tétano. Esses medicamentos são agonistas GABA e indiretamente antagonizam muitos dos efeitos da tetanospasmina. Não têm efeito na inibição da liberação de glicina pela toxina. O diazepam é o mais amplamente estudado, mas o lorazepam e o midazolam são igualmente eficazes. O diazepam tem um início rápido de ação, ampla margem de segurança e pode ser administrado oralmente, por via retal ou intravenosa. É barato e disponível na maior parte do mundo. Sua longa meia-vida cumulativa e metabólitos ativos podem causar sedação prolongada e depressão respiratória. As formulações IV de diazepam e lorazepam contêm propilenoglicol, que, em altas doses, podem produzir acidose lática. A liberação gastrintestinal desses agentes é limitada por problemas de motilidade associadas ao tétano. O midazolam tem meia-vida curta e não contém propilenoglicol, mas deve ser administrado por infusão contínua e seu custo é alto na maioria das áreas do mundo. A infusão de propofol é eficaz, mas cara, e os pacientes podem não tolerar o veículo lipídico. Os neurolépticos, barbitúricos e baclofen intratecal não têm vantagem em relação aos benzodiazepínicos. O dantroleno sódico é um relaxante muscular direto sem atividade no SNC. É relatado como um agente adjuvante para espasmos musculares e pode diminuir a necessidade para ventilação mecânica.19 A infusão com sulfato de magnésio é defendida tanto como adjuvante quanto terapia de primeira linha para o tétano, embora não existam dados que apoiem seu uso nessa condição. Se o espasmo não pode ser controlado com esses regimes ou sinais de comprometimento das vias aéreas são desenvolvidos, o paciente deve receber o bloqueio neuromuscular e ventilação mecânica. A succinilcolina pode ser utilizada na fase inicial da doença, mas há risco de hipercalcemia grave resultante de seu uso em qualquer doença neuromuscular. Este efeito não começa até cerca de 4 dias após o início da doença. Os agentes não despolarizantes de longa ação são preferidos. O pancurônio é tradicionalmente empregado, mas é um inibidor de recaptação das catecolaminas e pode piorar a instabilidade autonômica. O vecurônio e o rocurônio têm ação mais curta, não apresentam efeitos cardiovasculares adversos significativos, mas necessitam de infusão contínua. Qualquer que seja o agente utilizado, a sedação adequada deve ser fornecida e o bloqueio neuromuscular deve ser suprimido pelo menos uma vez ao dia para avaliar o estado do paciente. Todos os pacientes intubados devem ser considerados para realizar traqueostomia precoce para diminuir os espasmos reflexos causados pelo tubo endotraqueal. A instabilidade autonômica requer o monitoramento e tratamento agressivo. A hiperatividade simpática pode ser tratada com os antagonistas alfa e https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595150874/epub/OEBPS/Text/B9788535291124001215_2.xhtml#bib0105 beta-adrenérgicos combinados, tais como labetalol e propranolol. O uso somente de beta-antagonistas pode levar à alfa-atividade sem oposição, resultando em hipertensão grave. Se os beta-antagonistas são necessários, um agente de ação rápida como o esmolol deve ser utilizado. A clonidina apresenta sucesso variável na modulação do efluxo simpático nesses casos. A infusão de morfina e sulfato de magnésio, assim como a anestesia espinal e o baclofen intratecal demonstraram melhorar a disfunção autonômica. Os diuréticos devem ser evitados para o controle da pressão sanguínea, visto que a depleção do volume pode piorar a instabilidade autonômica. A bradidisritmia deve ser tratada com o espaçamento temporário. A atropina e os medicamentos simpatomiméticos devem ser empregados com precaução, visto que a instabilidade autonômica é essencialmente devido ao excesso de catecolaminas. Eliminação de Toxina Não Ligada e Imunização Ativa A imunização passiva com imunoglobulina antitetânica humana (HTIG) e a imunização ativa com Td devem ser iniciadas o mais rápido possível em todos os pacientes com suspeita de tétano. A HTIG neutraliza a toxina circulante assim como a toxina no sítio de produção, além de reduzir a mortalidade; porém, não neutraliza a toxina já presente no sistema nervoso, nem trata qualquer sintoma existente. A HTIG deve ser administrada em sítio distinto da Td. Uma dose de 500 unidades é tão eficaz quanto as doses mais elevadas. Doses adultas e pediátricas são as mesmas. A administração de uma porção de HTIG proximal ao sítio de inoculação é frequentemente recomendada, mas não é estudada. A preparação de HTIG disponível nos Estados Unidos não é licenciada para administração intratecal, que tem benefício questionável. Prevenção da Produção Adicional de Toxina A produção de toxina é eliminada pelo tratamento da infecção por C. tetani. O desbridamento da ferida e a administração de antibióticos podem causar uma liberação transitória de tetanospasmina, assim essas medidas devem ser adiadas somente depois da administração de HTIG. O metronidazol (500 mg oralmente ou IV a cada 6 horas) é o antibiótico de escolha para C. tetani. A Tabela 121.1 lista as doses pediátricas de metronizadol com base na idade e peso. A penicilina tem boa atividade in vitro e in vivo contra a bactéria, mas também possui atividade antagonista de GABA e pode potencializar os efeitos da tetanospasmina. O metronidazol tem melhor penetração do que a penicilina no tecido desvitalizado e em abscessos e é superior em termos de tempo de recuperação e efeito na mortalidade. Os macrolídeos, doxiciclina, cloranfenicol e tetraciclina são alternativas eficazes em pacientes alérgicos ao metronidazol. 4. Conhecer os EPIs necessários para o trabalho em ambiente hospitalar. (NR15) O equipamento de proteção individual (EPI) deve ser usado quando se prevê uma exposição a material biológico e a produtos químicos tóxicos. Tem por objetivo a proteção do funcionário, podendo também ser utilizado na proteção do paciente ou de materiais que se esteja manipulando e se deseje garantir a não contaminação. A adequação do EPI está diretamente vinculada a atividade desenvolvida. São indicados nas áreas clínicas e de apoio diagnóstico. Deve-se almejar a proteção total quando se identifica um risco aumentado de exposição. Os EPIs devem possuir registro no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O registro dos mesmos é emitido após testagem que assegure a efetividades desses equipamentos, sendo posteriormente emitido um certificado de aprovação (CA) dos mesmos. Tipos de EPI ● Máscara com filtro químico – indicada para quando o profissional necessite manipular substâncias químicas tóxicas, tais como germicidas com emissão de fortes odores ou a partir da recomendação dos fabricantes. ● Máscara PFF2/N95 – indicada para a proteção de doenças por transmissão aérea [ tuberculose, varicela, sarampo e SARG (síndrome aguda respiratória grave) ]. ● Luva de borracha – proteção da pele à exposição de material biológico e produtos químicos. Deve possuir cano longo quando se prevê uma exposição até antebraço. ● Óculos de acrílico – proteção de mucosa ocular. Deve ser de material acrílico que não interfira com a acuidade visual do profissional e permita umaperfeita adaptação à face. Deve oferecer proteção lateral e com dispositivo que evite embaçar. ● Protetor facial de acrílico – proteção da face. Deve ser de material acrílico que não interfira com a acuidade visual do profissional e permita uma perfeita adaptação à face. Deve oferecer proteção lateral. Indicado durante a limpeza mecânica de instrumentais (Central de Esterilização, Expurgos), área de necrópsia e laboratórios. ● Avental impermeável, Capote de manga comprida – para a proteção da roupa e pele do profissional. ● Bota ou sapato fechado impermeável – proteção da pele do profissional, em locais úmidos ou com quantidade significativa de material infectante (centros cirúrgicos, expurgos, central de esterilização, áreas de necrópsia, situações de limpeza ambiental e outros). Apesar de não possuir registro como EPI, na assistência a saúde a máscara cirúrgica e o gorro são considerados dispositivos que asseguram, também, a proteção do profissional ● Máscara cirúrgica – indicada para proteção da mucosa oro-nasal bem como para a proteção ambiental de secreções respiratórias do profissional. A máscara deve possuir gramatura que garanta uma efetiva barreira, tem sido recomendada que seja confeccionada com no mínimo três camadas. ● Gorro – proteção de exposição dos cabelos e couro cabeludo à matéria orgânica ou produtos químicos, bem como proteção ambiental à escamas do couro cabeludo e cabelos. 5. Entender como é feito o descarte de resíduos hospitalares. (lembrar dos perfurocortantes). De acordo com a Resolução RDC no 33/03, publicada pela Anvisa, os resíduos serão classificados, a partir de agora, como: ➔ GRUPO A (potencialmente infectantes) Que tenham presença de agentes biológicos que apresentem risco de infecção, como bolsas de sangue contaminado; ➔ GRUPO B (químicos) que contenham substâncias químicas capazes de causar risco à saúde ou ao meio ambiente, independente de suas características inflamáveis, de corrosividade, reatividade e toxicidade. Por exemplo, medicamentos para tratamento de câncer, reagentes para laboratório e substâncias para revelação de filmes de Raio-X; ➔ GRUPO C (rejeitos radioativos) Materiais que contenham radioatividade em carga acima do padrão e que não possam ser reutilizados, como exames de medicina nuclear; ➔ GRUPO D (resíduos comuns) Qualquer lixo que não tenha sido contaminado ou possa provocar acidentes, como gesso, luvas, gazes, materiais passíveis de reciclagem e papéis; ➔ GRUPO E (perfurocortantes) Objetos e instrumentos que possam furar ou cortar, como lâminas, bisturis, agulhas e ampolas de vidro. Aterro sanitário - É um processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no solo de forma segura e controlada, garantindo a preservação ambiental e a saúde pública. O sistema está fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas. Este método consiste na compactação dos resíduos em camada sobre o solo devidamente impermeabilizado (empregando-se, por exemplo, um trator de esteira) e no controle dos efluentes líquidos e emissões gasosas. Seu recobrimento é feito diariamente com camada de solo, compactada com espessura de 20 cm, para evitar proliferação de moscas; aparecimento de roedores, moscas e baratas; espalhamento de papéis, lixo, pelos arredores; poluição das águas superficiais e subterrâneas. O principal objetivo do aterro sanitário é dispor os resíduos no solo de forma segura e controlada, garantindo a preservação ambiental e a saúde. Aterro de resíduos perigosos - classe I - aterro industrial - Técnica de disposição final de resíduos químicos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública, minimizando os impactos ambientais e utilizando procedimentos específicos de engenharia para o confinamento destes. Lixão ou vazadouro - Este é considerado um método inadequado de disposição de resíduos sólidos e se caracteriza pela simples descarga de resíduos sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente e à saúde. É altamente prejudicial à saúde e ao meio ambiente, devido a aparecimento de vetores indesejáveis, mau cheiro, contaminação das águas superficiais e subterrâneas, presença de catadores, risco de explosões, devido à geração de gases (CH4) oriundos da degradação do lixo. Aterro controlado - Trata-se de um lixão melhorado. Neste sistema os resíduos são descarregados no solo, com recobrimento de camada de material inerte, diariamente. Esta forma não evita os problemas de poluição, pois é carente de sistemas de drenagem, tratamento de líquidos, gases, impermeabilização etc. Valas sépticas - Esta técnica, com a impermeabilização do solo de acordo com a norma da ABNT, é chamada de Célula Especial de RSS e é empregada em pequenos municípios. Consiste no preenchimento de valas escavadas impermeabilizadas, com largura e profundidade proporcionais à quantidade de lixo a ser aterrada. A terra é retirada com retro-escavadeira ou trator que deve ficar próxima às valas e, posteriormente, ser usada na cobertura diária dos resíduos. Os veículos de coleta depositam os resíduos sem compactação diretamente no interior da vala e, no final do dia, é efetuada sua cobertura com terra, podendo ser feita manualmente ou por meio de máquinas. IMPORTANTE!! Quem desobedecer aos novos critérios será punido de acordo com a Lei 6.437/77, que prevê de notificação a multas de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão. As vigilâncias sanitárias estaduais e municipais farão a fiscalização. As empresas prestadoras de serviço de limpeza deverão comprovar que seus profissionais foram treinados para prevenir e reduzir riscos de acidentes. Essa será uma das exigências para contratação das companhias e uma das condições para participação em licitações. https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/manual_gerenciamento_residuos.p df Ler: pagina - 55 https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/manual_gerenciamento_residuos.pdf https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/manual_gerenciamento_residuos.pdf