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INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NAS DISFAGIAS MECÂNICAS 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................................... 2 1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS EM DEGLUTIÇÃO ...................................... 3 1.1 Deglutição ............................................................................................... 3 1.2 Disfagia ................................................................................................... 8 Reabilitação fonoaudiológica para disfagia ................................................. 10 1.3 Disfagia Mecânica ................................................................................ 11 2. AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DA DISFAGIA OROFARÍNGEA FONOAUDIOLÓGICA (DOF) ............................................................................................. 12 2.1 Exames Instrumentais .......................................................................... 14 2.2 Observações importantes durante a avaliação ..................................... 14 3. TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO DA DISFAGIA OROFARÍNGEA (DOF) . 17 3.1 Terapia Fonoaudiológica ...................................................................... 20 3.2 Exercícios para resistência muscular ................................................... 22 3.3 Exercícios de controle do bolo alimentar .............................................. 25 3.4 Exercícios para aumentar a adução dos tecidos no topo da via aérea (principalmente pregas vocais verdadeiras) – Proteção de vias aéreas ............... 26 3.5 Estimulação do reflexo de deglutição ................................................... 30 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 34 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS EM DEGLUTIÇÃO 1.1 Deglutição A deglutição é uma atividade neuromuscular complexa que inicia conscientemente em adultos com o transporte do alimento desde a boca até o estômago. O ato de engolir tem como finalidade garantir a nutrição e proteger as vias aéreas do indivíduo com manutenção do prazer alimentar. Para compreender a deglutição, é necessário conhecer a anatomia da cavidade oral, faringe, laringe e esôfago. A cavidade oral é separada da faringe pelos pilares faciais. A faringe tem uma camada de músculos constritores que se originam no crânio e osso hióide. Os músculos submentuais se originam na mandíbula e estão anexos ao osso hióide e língua. A laringe inclui as pregas vocais, cartilagem tireoide, cricoide, epiglote e ádito laríngeo (extremidade superior da laringe) que abre-se para a parte inferior da faringe. O esôfago é uma estrutura tubular que vai até o estômago. 4 Figura 1: Processo da Deglutição O processo fisiológico da deglutição é compreendido didaticamente dividindo-se em fases: a preparatória oral, que consiste na mastigação do alimento até formar um bolo com a ajuda da saliva, sendo importante a vedação labial e a movimentação da mandíbula e da língua, que irão variar conforme a consistência, a quantidade, o sabor, a temperatura e a viscosidade do bolo alimentar; já a oral inicia-se com a propulsão posterior do bolo pela língua, sendo finalmente ejetado para a faringe; a faríngea ocorre quando o bolo alimentar é transportado da faringe até o esôfago e, para tanto, é necessário a contração da faringe, fechamento velofaríngeo, elevação e fechamento da laringe (assim como fechamento das pregas vocais) para prevenir a aspiração de alimentos e proteger a via aérea, finalizando com a abertura do cricofaríngeo; a esofágica permite a passagem do bolo alimentar do esôfago aoestômago através de ondas peristálticas. Quaisquer alterações neste trânsito alimentar podem ser definidas como disfagias. As disfagias podem ocorrer em todas as idades, sendo a população geriátrica amplamente afetada pelos distúrbios da deglutição, devido à deteriorização gradual do processo fisiológico da deglutição relacionada à idade. 5 O envelhecimento saudável não causa disfagia, porém o desempenho da deglutição nos idosos é diferenciado. Os idosos geralmente experimentam redução das reservas funcionais de vários órgãos e sistemas, acrescidas de mudanças em todas as fases da deglutição. Na ausência de condições mórbidas, os idosos usam como recurso, diversas estratégias compensatórias, como a execução de força ao deglutir, capaz de aumentar a pressão da língua na cavidade oral, auxiliando na propulsão alimentar. Os vários aspectos da fisiologia normal da deglutição e as disfagias constituem área de interesse recente, compartilhada por vários profissionais. Nestas disfunções, fonoaudiólogos, radiologistas entre outros integram equipe com o propósito de re- estabelecer o padrão funcional da alimentação. No tratamento das disfagias deve haver íntima cooperação entre estes profissionais, permitindo novos estudos da terapêutica da deglutição, realização e interpretação de exames. Os métodos de imagem muito têm contribuído para o diagnóstico e reabilitação das disfagias. Ainda se discute, atualmente, qual o método objetivo mais eficaz para a avaliação das disfagias. Videofluoroscopia, cinerradiografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética, eletromiografia e ultra-sonografia são os métodos mais utilizados na prática clínica. Alterações nas fases da deglutição As quatro fases da deglutição ocorrem em segundos num indivíduo normal. Quando a disfagia ocorre na fase oral, o paciente engasga, tosse e pode broncoaspirar, antes da deglutição. Isto ocorre devido a alterações na motricidade oral e ou atraso ou ausência do reflexo da deglutição. As alterações mais encontradas na fase oral segundo Martinez e Furkim (1998), são: falta de vedamento labial; mobilidade de língua não funcional; incompetência velo-faríngea; interferência dos reflexos orais exacerbados; alteração da sensibilidade oral. 6 Figura 2: Ilustração esquemática das estruturas anatômicas envolvidas no processo da deglutição. 1, 2.Língua; 3.Palato mole; 4.Faringe; 5.Osso hioide Quando a dificuldade está na fase faríngea ou também chamada de fase faringolaríngea, o paciente engasga, tosse e também pode broncoaspirar, só que durante a deglutição, pois o fechamento laríngeo está reduzido e a coordenação da respiração com a deglutição está prejudicada, encontrando dificuldades no ato da apnéia, que é necessária a cada deglutição. Neste momento a fisioterapia respiratória pode atuar, aspirando o paciente se necessário. Alterações mais encontradas na fase faríngea: atraso ouausência do reflexo da deglutição; mobilidade ineficiente na elevação da laringe; assimetria na subida da laringe; má coaptação das cordas vocais; paralisia/paresia bilateral ou unilateral das cordas vocais; 7 descoordenação da abertura do esfíncter esofágico superior; alteração da sensibilidade da câmera faríngea; fendas glóticas. Nos pacientes neurológicos é comum a exacerbação dos reflexos orais como: mordida, mastigação e vômito (GAG). Se a disfagia ocorrer na fase esofágica, o paciente apresentará as mesmas reações dos pacientes disfágicos orofaríngeos, porem após a deglutição. Há uma disfunção cricofaríngea, ou seja, um retardo na abertura do esfíncter esofágico superior, abertura incompleta ou fechamento prematuro. É de extrema importância averiguar a data e o modo de início, o tipo de alimento que a determina, o seu caráter intermitente ou progressivo e sua associação com outros sintomas. Esta averiguação é feita através da avaliação. 8 1.2 Disfagia Disfagia é o nome dado à dificuldade para deglutir alimentos, secreções, líquidos ou saliva, desde o seu trajeto inicial na boca até a sua transição do esôfago para o estômago. Quando essa dificuldade envolve o transporte do conteúdo a ser deglutido da boca até a sua passagem da faringe para o esôfago, estamos diante da disfagia orofaríngea. Segundo BILHERI, 2011 a disfagia não é uma doença, mas sim um sintoma de uma doença que pode ser congênita ou adquirida, permanente ou transitória, resultante de causas diversas (neurogênica ou mecânica), decorrente da idade, psicogênica ou iatrogênica, podendo comprometer uma ou mais fases da deglutição e as condições nutricionais e pulmonares do indivíduo levando este a uma limitação de sua qualidade de vida ou até mesmo colocando-o em risco. Assim, apesar de não ser uma doença, a disfagia orofaríngea representa um sintoma que pode trazer prejuízos às condições pulmonares e nutricionais, como desnutrição, desidratação e pneumonias aspirativas de repetição, merecendo atenção da população e das equipes de saúde. As dificuldades para deglutir também afetam a socialização e a autoimagem do indivíduo, bem como pode limitar a sensação de prazer que o ato de se alimentar proporciona, provocando impacto negativo na qualidade de vida. Vale lembrar também que a disfagia é uma alteração da deglutição que pode ocorrer em qualquer parte do trato digestivo, desde a boca até o estomago, sendo a disfagia orofaríngea um distúrbio da deglutição com sinais e sintomas específicos que se caracteriza por alterações em qualquer etapa e/ou entre as etapas da dinâmica da deglutição, podendo ser congênita ou adquirida após comprometimento neurológico, mecânico ou psicogênico (MORAES, 2006). É um distúrbio da deglutição, que ocorre em qualquer idade, ocorrendo por causas tanto neurológicas, quanto mecânica ou psicogênica. Não é uma doença, mas um sintoma, podendo acometer qualquer fase da deglutição, levando a pessoa a uma limitação alimentar e/ou ausência da mesma, prejudicando o bem estar do indivíduo. 9 Figura 3: Disfagia Orofaríngea Fonte: Fonte: http://users.unimi.it/esamanat/RISP138.htm SILVA & VIEIRA, 1998, classificam as desordens presentes na disfagia orofaríngea neurogênica em adultos, em: Disfagia leve: quando o controle e transporte do bolo alimentar está atrasado e lento, sem sinais de penetração laringeal na ausculta cervical. Achados: alteração de esfíncter labial, incoordenação de língua, atraso para desencadear o reflexo de deglutição, ausência de tosse, sem redução acentuada da elevação da laringe, sem alteração do comportamento vocal após a deglutição e ausculta cervical normal. Disfagia moderada: quando o controle e transporte do bolo alimentar está atrasado e lento, com sinais de penetração laringeal e risco de aspiração. Achados: alteração de esfíncter labial, incoordenação de língua, atraso ou ausência do reflexo de deglutição, ausência de tosse, presença de tosse antes, durante ou após a deglutição, redução na elevação da laringe, alteração do comportamento vocal após a deglutição e ausculta cervical alterada. http://users.unimi.it/esamanat/RISP138.htm 10 Disfagia severa: quando há presença de aspiração substancial e ausência ou falha na deglutição completa do bolo alimentar. Achados: atraso ou ausência do reflexo de deglutição, redução na elevação da laringe, ausência de tosse Reabilitação fonoaudiológica para disfagia Na reabilitação das disfagias orofaríngeas, o profissional fonoaudiólogo atua em equipes multidisciplinares com o objetivo de re- estabelecer os padrões funcionais de deglutição, quando possível, sendo o tratamento similar em indivíduos adultos jovens e idosos. A terapia indireta envolve estímulos e exercícios nos órgãos responsáveis pela deglutição (lábios, língua, bochecha, palato) sem o uso de alimentos ou líquidos. Consiste no uso de exercícios de força para o maior controle das fases preparatória e oral da deglutição. Na terapia direta, o fonoaudiólogo atua com o uso de alimentos e posturas específicas, tais como o posicionamento da região da cabeça e pescoço e manobras protetoras que auxiliam o trânsito alimentar, reduzindo os riscos de aspiração. A atuação clínica requer, muitas vezes, modificações na dieta alimentar dos pacientes no que diz respeito à mudança de consistências, volume, uso de utensílios e possíveis manobras auxiliares no mecanismo de deglutição. Para o profissional reabilitador torna-se imprescindível o uso de exames de imagem para auxiliar no diagnóstico e prognóstico das disfagia. Os exames ou avaliações instrumentais são considerados complementares a avaliação clínica da deglutição, os mais utilizados são a videofluoroscopia da deglutição e a nasoendoscopia da deglutição. Diante desses exames o fonoaudiólogo poderá traçar um diagnóstico e assim planejar o tratamento e o controle da dieta dos pacientes . A avaliação proporciona critérios para a condução da reabilitação e para a introdução e/ou manutenção da oferta de alimentos por via oral de modo seguro . A reabilitação fonoaudiológica trata-se de uma reeducação funcional e visa o restabelecimento da função normal, ou compensatória. 11 1.3 Disfagia Mecânica O conceito de DOF mecânica, implica na perda do controle do bolo alimentar pelas estruturas necessárias para completar uma deglutição normal; o controle neurológico central e nervos periféricos estão intactos, enquanto as estruturas anatômicas responsáveis pela deglutição não estão. A disfagia mecânica surge quando a elasticidade ou o diâmetro do esôfago é reduzido a menos de 50% da sua luz, sendo queixa frequente para alimentos sólidos. Exemplo dela é o câncer do esôfago, conforme. Disfagia Mecânica, dificuldade de deglutição como resultado de alteração estrutural. Algumas das causas da DOF mecânica incluem: macroglossia; divertículo faringoesofágico (Zenker); osteófito vertebral; membrana esofágica; compressão tumoral ou não; exposição à radiação; processos infecciosos e/ou inflamatórios dos órgãos localizados nas cavidades oral, nasal, faríngea e esofágica; malformações congênitas e alterações do aparelho fonador; traumatismos cranionasofaciais. Os pacientes com DOF mecânica apresentam: dificuldade em iniciar a deglutição, regurgitação nasal, tosse ou asfixia durante refeições, fraqueza muscular facial ou labial, disfonia, xerostomia ou sialorreia, desconforto respiratório, necessidade de várias deglutições, dispnéia ou estridor. A DOF pode resultar em várias complicações, como desnutrição, desidratação, problemas pulmonares, aspiração e até levar ao óbito. Aspiração é o termo genérico para indicar quando o paciente aspira material orofaríngeo pela laringe atingindo os pulmões. Os fonoaudiólogos têm papel fundamental na avaliação e na conduta dos pacientescom disfagia. A Avaliação Clínica Fonoaudiológica (ACF), por um profissional capacitado em disfagia, consistirá em uma criteriosa avaliação morfofuncional da deglutição. E, caso isso ocorra em conjunto com um otorrinolaringologista treinado para a realização da Videoendoscopia da Deglutição (VED) na criança, melhor ainda será a conduta para o paciente disfágico. 12 Figura 4: Disfagia 2. AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA DA DISFAGIA OROFARÍNGEA FONOAUDIOLÓGICA (DOF) Todos esses achados podem ser detectados através de exame clínico e instrumentais como a videofluoroscopia da deglutição e a nasolaringofibroscopia funcional da alimentação. Entretanto, as avaliações instrumentais podem apresentar dificuldade na sua realização por questões financeiras ou estruturais. As condições clínicas ou dificuldade de transporte da máquina ou do paciente também são fatores que contribuem para a não indicação em pacientes internados na unidade de terapia intensiva. A avaliação clínica à beira do leito é atualmente a forma mais utilizada de investigação de disfagia. É utilizada pelos profissionais como primeira escolha e, em algumas ocasiões, o único meio para avaliar a suspeita clínica de um distúrbio de deglutição. Não é invasiva, é rápida, tem baixo custo e consome poucos recursos. 13 Figura 5: avaliação clínica O exame clínico da DOF compreende informações colhidas na anamnese, avaliação indireta (sem introdução de qualquer tipo de dieta por via oral) e avaliação direta (introdução de dieta por via oral). São utilizados os seguintes materiais: luva, espátula e lanterna oral, estetoscópio, consistências líquida, pastosa e sólida, volumes padronizados (1ml, 3ml, 5ml e 10ml). É muito importante a observação e o raciocínio clínico do avaliador. Na avaliação indireta observamos vedamento labial, movimentos de língua, reflexo de deglutição, esfíncter velofaríngeo, movimentação faríngea, mecanismo laríngeo, esfíncter cricofaríngeo. A avaliação direta, também chamada de avaliação funcional da alimentação, consiste na observação de uma refeição do paciente. Se ele ainda não se alimenta por via oral, o fonoaudiólogo escolhe o tipo de alimento (consistência, volume) de acordo com os dados da anamnese e da avaliação indireta. Observa-se o tempo de refeição, a postura ao se alimentar, a capacidade de captação do bolo e manuseio intraoral, deglutição e pós deglutição. Fica-se atento aos sinais sugestivos de aspiração, como tosse, engasgo, fadiga. Depois do exame clínico, é importante estabelecer critérios. Para a classificação do grau de disfagia pode-se utilizar instrumentos que auxiliem o fonoaudiólogo a monitorar 14 seus atendimentos, como por exemplo, o Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia (PARD). A terceira parte deste protocolo é composta por cinco níveis de classificação da DOF proposta conforme a gravidade do distúrbio de deglutição. 2.1 Exames Instrumentais Existem muitos métodos disponíveis de avaliação instrumental da deglutição, dentre eles os mais usados são a videofluoroscopia e a nasolaringofibroscopia funcional da alimentação. A avaliação videofluoroscópica é considerada o método gold standart, pois revela muitas informações fisiológicas da deglutição através de imagens. Ela é feita por um grupo de profissionais como médico radiologista, técnico de radiologia, fonoaudiólogo e médicos das especialidades afins, na unidade de radiologia. Deve-se avaliar o paciente em posição lateral e depois frontal. Com a introdução do contraste, avaliamos as fases da deglutição. Uma de suas vantagens é a observação do relaxamento do músculo cricofaríngeo. A nasolaringofibroscopia é o melhor método para avaliar a sensibilidade da mucosa. Ela é feita pelo médico otorrinolaringologista através de um nasofibroscópio flexível e uma fonte de luz. Inicia pela fossa nasal e pode-se aplicar um anestésico topicamente. São utilizados alimentos de qualquer consistência e volume, variando-se a posição da cabeça do paciente no momento do exame. O momento da deglutição não é visualizado. 2.2 Observações importantes durante a avaliação Observação do funcionamento oral, faríngeo e laríngeo: observar postura de repouso, tônus, simetria e presença ou ausência de movimentos involuntários; observar dentição e mucosas; observar possibilidade e qualidade de fonação: uma voz molhada pode indicar presença de saliva ou secreções em nível laríngeo, uma voz hiper ou hiponasal pode indicar problemas velofaríngeos, a voz rouca pode ser sinal de reduzido fechamento laríngeo. 15 Figura 6: Exame clínico Tosse presença e força de tosse voluntária, se houver tosse involuntária, documentar a presença de tosse, fornece informações sobre o fechamento laríngeo e proteção da via aérea. Reflexo de GAG comparar força de reflexo dos dois lados A ausência ou diminuição do reflexo pode indicar disfunção do nervo craniano e de proteção de via aérea. Deglutição voluntária observar possibilidade de deglutição de saliva sob comando verbal - verificar tempo de trânsito orofaríngeo. Resposta à estimulação 16 observar resposta a toque em lábios e língua, retração, protrusão, reflexo de mordida e deglutição. Posicionamento observar posição habitual de alimentação posicionar o paciente da melhor forma possível durante a avaliação. Métodos de alimentação verificar quantidade de ingestão por via oral documentar presença ou ausência de SNG (sonda nasogástrica), gastrostomia e anotar quantidade de ingestão e outras informações relevantes. Estado nutricional doenças pulmonares crônico-obstrutivas cirurgias envolvendo a área de cabeça e pescoço ou trato gastrointestinal medicações que afetam a deglutição (CAMPBELL- TAYLOR, 1996) observar ocorrências de perda de peso, mudanças de apetite, boca seca, dor de garganta ou na cavidade oral, regurgitação, entre outros, podem ser indicativos de disfagia. Estado respiratório existem sintomas respiratórios que podem estar diretamente relacionados à disfagia, como: tosse crônica, respiração encurtada, e episódios asmáticos. Traqueostomia pesquisar tipo, tamanho e uso ou não de cuff, insuflado ou desinsuflado, cor e consistência da secreção. 17 Figura 7: Traqueostomia Indicadores de possível presença de aspiração atenção reduzida - resposta à estimulação reduzida ausência de deglutição - ausência de tosse - excesso de secreção diminuição de força e alcance dos movimentos orais, faríngeos e laríngeos - pneumonias aspirativas em geral são indicadoras de disfagia. Aspectos cognitivos nível de consciência e capacidade de responder a comandas verbais alterações de comportamento que possam afetar o nível de atenção. De acordo com os resultados da avaliação, a terapia fonoaudiológica é preparada, individualmente para cada paciente disfágico. Se preciso, encaminhamentos a outros profissionais serão realizados. 3. TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO DA DISFAGIA OROFARÍNGEA (DOF) A intervenção fonoaudiológica na UTI pode contribuir na decanulação de indivíduos traqueostomizados, na possibilidade de alimentação via oral, na determinação do método mais adequado de alimentação via oral, na seleção das consistências da dieta, na especificação dos riscos e precauções durante a alimentação, na escolha de técnicas e 18 manobras terapêuticas, na discussão dos casos junto à equipe e orientação da equipe e cuidadores. Figura 8: Anatomia Pacientes pós-intubados geralmente apresentam uso de sonda nasoentérica (SNE) para nutrir-se. Os problemas associados com a SNE incluem desconforto, náusea excessiva; esofagite, extravio, deslocamento, ou entupimento da sonda. A liberação da dieta ao paciente e a retirada da sonda de alimentaçãodevem ser discutidas com o Fonoaudiólogo, que irá avaliar a funcionalidade das estruturas orofaríngeas e do processo da deglutição, a fim de garantir sua funcionalidade e segurança. A introdução da alimentação por via oral, nos pacientes que fizeram uso de IOT, deve ser cuidadosa a fim de garantir a nutrição adequada e evitar complicações respiratórias. O objetivo do fonoaudiólogo no tratamento da disfagia é melhorar a deglutição, tornando-a eficiente e segura. Para tanto, utiliza mudanças posturais, manobras de deglutição e/ou modificações de textura, orientações específicas quanto ao utensílio, necessidade de supervisão, velocidade e quantidade de oferta. Também são utilizadas técnicas de estimulação sensóriomotora. Os objetivos devem estar bem claros para a escolha de determinadas técnicas, considerando as possibilidades do paciente. A conduta adequada e a indicação correta de uma ou de outra técnica, considerando o quadro clínico 19 e fisiopatologia da deglutição, é que garantirão o sucesso da terapia. A eficácia da reabilitação dependerá do estado clínico, exames complementares e do estado nutricional e funcional do paciente. A família tem participação importante para a conquista diária do trabalho terapêutico (ALVAREZ; NASCIMENTO, 2009). O fonoaudiólogo tem um papel importante no tratamento das disfagias. Seu principal objetivo é o restabelecimento da alimentação e da hidratação por via oral, diminuindo ao máximo os riscos e mantendo um suporte nutricional adequado (MORAES, SPEZZANO, 2012). Sua atuação junto ao paciente possibilita retornar as condições para a alimentação de uma forma segura e eficaz. As mudanças posturais podem ter efeitos específicos na deglutição, geralmente em termos de como e onde o alimento faz sua passagem. A postura “queixo para baixo” favorece o aumento do espaço valecular e auxilia na proteção das vias aéreas. A “cabeça inclinada para trás” ajuda pacientes que tem dificuldades na fase oral e na retropulsão do bolo para a faringe. A “cabeça virada para o lado comprometido” é utilizada em casos de paralisia/paresia de prega vocal, comprometimento da musculatura ou sensibilidade de hemifaringe; essa postura faz o bolo descer preferencialmente pelo lado melhor. A “cabeça inclinada para o lado bom” faz com que o bolo desça pelo lado melhor em pacientes que tem problemas com trânsito oral e função faríngea no mesmo lado. A manipulação da consistência e quantidade alimentar é eficiente para o controle oral e controle de aspiração. Geralmente no início são oferecidos volumes menores de líquidos e pastosos homogêneos; para esse controle a escolha do utensílio apresenta grande importância: a colher de sobremesa é utilizada para pacientes que podem comer até 3ml por bocada, a colher de sopa para até 5ml, a colher de plástico duro para hipersensibilidade intraoral. O copo de plástico com uma das bordas recortadas é recomendado para pacientes com dificuldade de inclinação da cabeça. Existem algumas mudanças voluntárias que podem ser feitas para auxiliar o paciente disfágico, denominadas manobras de deglutição. A “deglutição múltipla” elimina resíduos de alimento da cavidade oral e recessos faríngeos. A “deglutição supraglótica” consiste em prender a respiração antes, durante e depois da deglutição, para que as pregas vocais mantenham-se fechadas durante todo esse momento. A “deglutição super-supraglótica” prolonga o tempo de obstrução do ar antes, durante e depois da deglutição, exercendo muita força; intensifica a proteção das vias aéreas e o fechamento da glote. A “deglutição 20 de esforço” consiste na contração dos músculos envolvidos na deglutição para aumentar a pressão oral e faríngea na passagem do bolo; intensifica a propulsão oral. A “manobra de Mendelsohn” é designada como um aumento voluntário do movimento da laringe e do hióide (favorece a elevação laríngea) durante a deglutição faríngea e prolonga a abertura do esfíncter esofágico superior. A “manobra de Masako” consiste em colocar a língua entre os dentes para deglutir, forçando o músculo glossofaríngeo que conecta a base da língua às paredes da faringe, proporcionando melhora do movimento faringeano. Vários exercícios ajudam na força e coordenação muscular para a realização da deglutição orofaríngea. Um deles é o “exercício de Shaker”, definido como isométrico e isocinético, realizado na posição supino, erguendo a cabeça para frente o suficiente a ponto de enxergar os pés, sem elevar os ombros, e com a boca fechada. Ele influencia a abertura do esfíncter cricofaríngeo e melhora o movimento hiolaríngeo, resultando na eliminação da aspiração. A estimulação sensório-motora oral e treino de controle oral facilitam a manipulação, controle e propulsão oral. As técnicas passivas como massagens, toques, estimulação termo-tátil não exigem a colaboração do paciente. São usadas no intuito de reduzir o atraso faríngeo aquelas que aumentam o estímulo sensorial, como sabor do bolo (gustação), temperatura, volume e viscosidade. Para a sensibilidade da região intra-oral realiza-se estimulação digital com luva em gengivas e língua, pequenos toques no arco palatoglosso com espelho laríngeo 00 (estímulo térmico frio) no intuito de eliciar o reflexo de deglutição. A fim de melhorar a mobilidade e a precisão de movimentos isolados dos lábios e da língua são realizados exercícios de resistência e movimentação. 3.1 Terapia Fonoaudiológica A terapia inclui um trabalho direto ou indireto da deglutição. A terapia direta significa introdução do alimento por via oral e reforço dos comportamentos apropriados durante a deglutição, através de técnicas ativas. As técnicas ativas são aquelas para o treino da deglutição com saliva e alimentos em diferentes consistências, volumes, temperaturas e sabores. Trabalhamos ainda com posturas compensatórias naqueles pacientes com perdas estruturais ou funcionais importantes. terapia indireta significa utilizar exercícios para melhorar os controles motores que são pré-requisitos para uma deglutição normal, através de técnicas passivas. As técnicas passivas são usadas em pacientes com rebaixamento 21 cognitivo ou não colaborativos; evitando o desenvolvimento de hipersensibilidade oral e reações patológicas (reflexos patológicos), e ainda estimulando os reflexos de proteção (tosse e vômito) e deglutição, evitando a aspiração de saliva e preparando para o retorno da alimentação por via oral (ROCHA, 1998). É indispensável observar o estado nutricional do paciente e conduta imediata para garantir o estado clínico do paciente. LOGEMANN (1983), coloca que o tempo utilizado pelo paciente para deglutir uma determinada consistência de alimento parece ser um parâmetro importante. Se o estudo demonstra que ele demora mais de 10 segundos para todas as consistências testadas, o paciente poderá receber via oral, porém irá necessitar uma sonda nasogástrica para complementar a alimentação. Se a terapia indica que o processo do paciente é demorado, e parecendo que irá levar mais de 3 meses para a melhora da deglutição não necessitando alimentações suplementares, o clínico pode preferir a indicação de uma gastrostomia, ao invés de deixar a sonda nasogástrica. Alguns clínicos não gostam de deixar a sonda por mais de 3 a 4 semanas ou o paciente pode ser ensinado a colocar a sua sonda a cada refeição e retirá-la após a alimentação; fato não muito agradável. Para Furkim (1997), a terapia fonoaudilológica envolve exercícios para: resistência muscular; melhorar o contrloe do bolo alimentar dentro da cavidade oral (mobilidade e motricidade de orgãos faciais); aumentar a adução dos tecidos no topo da via aérea “principalmente pregas vocais verdadeiras (PPVV)” ; mobilidade laríngea; - manobras posturais; estimulação do reflexo de deglutição. O tratamento da disfagia deve ser baseado numa completaavaliação: sensório- motora oral, postura, tônus muscular, respiratória, nível cognitivo e de linguagem. Resultados de estudos radiológicos como o da videofluoroscopia, podem ajudar muito, além de indicar em que fase da deglutição ocorre a dificuldade. É fundamental que se considere se o problema é congênito ou adquirido. Além da videofluoroscopia, os outros exames complementares são: ultrassonografia; 22 nasolaringofibroscopia funcional da deglutição; cintilografia; - ausculta cervical; Blue dye. 3.2 Exercícios para resistência muscular São indicados quando ocorrem alguns dos achados clínicos como: vedamento labial incompleto, sialorréia, assimetria facial, dificuldades na mastigação, “pocketing” de alimento (o alimento fica à nível de sulco); resíduo alimentar; altração de sensibilidade intra oral e/ou achados radiológicos como: escape de líquido e semisólidos, “pocketing” de alimento em sulco anterior, “pocketing” unilateral de alimento, preparação do bolo alimentar lentificada e/ou mastigação ineficiente. Posicionar o paciente em 90º (cabeça mantém eixo corporal); se houver paralisia da musculatura facial e da musculatura envolvida na mastigação, posicionar a cabeça voltada para o lado bom. 23 Figuras 8: Exercícios: 1) Exercícios para aumentar força de lábios: estalar lábios; protruir; retrair; lateralizar; haltéres labial; segurar espátula entre lábios protruidos; segurar espátula entre lábios em repouso. 2) Exercícios para aumentar resistência de língua: 24 lateralização de língua; elevação de língua em direção ao palato duro (estalar língua); protruir língua; retrair língua; elevar e abaixar ponta de língua; “varrer” palato ântero-posteriormente; vibrar língua; força antagônica língua X espátula (empurrar espátula com ponta de língua); empurrar bochechas com ponta de língua; canolar língua; chupar picolé, pirulito ou dedo da terapeuta para aumentar a força de extensão do movimento. 3) Exercícios para resistência de bochechas: inflar unilateral e bilateral; estourar; sugar (para aumentar a força e a extensão do movimento); soprar; força antagônica bochecha X espátula;. 4) Exercícios para palato mole: soprar; sugar; emitir /a/, /ã/. 6) Manobras: Posturais de cabeça, se preciso; “Lip Pursing” – manter os lábios fechados com a mão, se preciso (VIDIGAL, s/ data) 25 3.3 Exercícios de controle do bolo alimentar Indicados quando os achados clínicos apresentarem: imprecisão articulatória; demora no transporte do bolo; “Pocketing” de alimento em cavidade oral (dorso de língua, palato duro, palato mole, assoalho da cavidade oral e sulcos laterais); restrição na elevação, na lateralização e na coordenação dos movimentos da língua. Adequar a consistência do alimento de acordo com a dificuldade do paciente. Figuras 9: Exercícios 1) Exercícios para controle do bolo alimentar: lateralizar a língua durante a mastigação; elevar a língua em direção ao palato duro; modelar a língua em volta do bolo (“cupping”), para segurar de uma forma coesa; movimentar ântero-posteriormente a língua no início da fase oral; movimentar ântero-posteriormente a língua organizada; Deve ser dada algo bem grande para o paciente controlar dentro da boca, mas com o auxílio do terapeuta. Chiclete, garrote de 2 cm, botão de roupa amarrado com fio dental para dar o controle e o paciente não engolir. 26 usar gaze embebida em suco, posicionar na boca do paciente e segurar a ponta. O paciente deve empurrar a gaze para cima e para trás ao mesmo tempo. 2) Manobras: Posturais; “Double Swallow” – deglutir 2 vezer seguidas. 3.4 Exercícios para aumentar a adução dos tecidos no topo da via aérea (principalmente pregas vocais verdadeiras) – Proteção de vias aéreas Os achados clínicos que indicam a necessidade destes exercícios são: hipernasalidade, regurgitação nasal, tosse ou pigarro imediatos à deglutição, “voz molhada” (parece ter algum resíduo a nível faríngeo), muitas deglutições por bolo, esforço para “limpar” a laringe, elevação e vedamente laríngeo incompletos, atraso no disparo da fase faríngea, vadamento glossopalatal incompleto, paralisia ou paresia de véu palatino e outros. Achados radiológicos: regurgitação nasal; resíduo de alimentos em dorso de língua e palato mole; resíduo valecular; penetração de alimento em vestíbulo laríngeo; aspiração antes da deglutição; aspiração durante a deglutição; acúmulo de alimentos em seios piriformes; aspiração/penetração após a deglutição. 27 Figura10: Os sinais clínicos da aspiração durante ou após a deglutição são: sonolência taquipneia, apneia, dispneia cianose de lábios ou extremidades tosses, engasgos, pigarro voz molhada queda saturação O2 Adequar o volume do bolo alimentar. Os semi sólidos e líquidos devem ser engrossados. Fazer estimulação térmica. Exercícios 1) Exercícios de proteção de via aérea (aumentar a adução de pregas vocais) 1.1) Técnicas de empuxo (Behlau e Pontes, 1995) Consiste em movimentos de braços: prender o ar enquanto faz força; - socos no ar + plosivas sonoras punhos cerrados + vogais com ataque brusco levantar e empurrar uma cadeira + vocalização 28 1.2) Deglutição incompleta sonorizada Solicita-se ao paciente que ao iniciar a deglutição emita uma sequência de sons sonoros (“bam” “bem” “bim”...). Pede-se ao paciente associar palavras a pequenas frases e manter a qualidade vocal conseguida. Esta técnica atua no fechamento da laringe, aproveitando-se da constrição que ocorre na passagem da fase faríngea para a esofágica da deglutição. Em alguns casos, pode se associar empuxo com mudanças de postura de cabeça ou manipulação digital da laringe (aproximando as PPVV). 1.3) Técnicas de coaptação por tarefas fonotórias específicas: fonação inspiratória fonação sussurrada ataques vocais aspirados ataques vocais bruscos execução de escalas musicais trabalho em som hiperagudo Quando houver acúmulo de alimentos em seios piriformes, solicita-se: assoprar mantendo pressão; rotação de cabeça; pressão intra oral. Para limpeza de valécula, solicita-se: “beijos” fortes; protrusão de língua; emitir “Ri, Ri, Ri” e engolir. Manobras: Manobra de Mendelsohn eleva a laringe no momento da deglutição, aumentando a abertura do esfíncter esofágico superior, prolongando a elevação laringea. (LOGEMANN, 1991) Deglutição supraglótica Objetiva o fechamento glótico antes e durante a deglutição, reduzindo chances de aspiração antes, durante e depois da deglutição. (LOGEMANN, 1986) Execução: Expira fundo – prende a respiração – segura – introduz o alimento – engole com a respiração ainda presa – tosse – respira. 29 Manobra super-supraglótica fecha a entrada da via aérea acima das PPVV supraglótica através da inclinação anterior das aritenóides contra base da epiglote. (LOGEMANN, 1991) Execução: Expira fundo – prende a respiração – segura – introduz o alimento – engole com força – tosse – respira. Manobra “double swallow” deglutir 2 vezes seguidas. Manobra “hard swallow” deglutir forte Exercícios de mobilidade laríngea Execução de escalas musicais: induz o alongamento e o encurtamento das pregas vocais Emitir sons graves e agudos intercalados. (/a//u) – (/a/grave; /u/agudo) Emitir curvas melódicas Estabilizar a laringe. · Para abaixar a laringe: sugar canudo com ponta dobrada (contrai laringe) puxar a base da língua para trás bocejar emitir /u/ com língua retraída Para elevar a laringe emitir /i/ com a língua exageradamente emitir sons agudos protruira língua exageradamente manter pressão intra-oral (inflar bochecha e segurar) colocar ponta de língua nos dentes incisivos inferiores e elevar dorso de língua anteriormente 30 3.5 Estimulação do reflexo de deglutição O reflexo de deglutição deve ser estimulado nos pacientes que apresentam redução na frequência de deglutição de saliva, sialorréia, acúmulo de secreção em cavidade oral e resíduos alimentares. O atraso ou a ausência do reflexo de deglutição pode estar relacionado com a hiposensibilidade intra-oral, com isso o controle do bolo alimentar em cavidade oral também pode estar alterado. Estimular o reflexo, trabalhar formação e coesão do bolo alimentar e resistência labial, para que os lábios se mantenham fechados e não resseque a cavidade oral. Exercícios 1) Exercícios para estimular o reflexo de deglutição 1.1) Um espelho laríngeo #0 ou #00 de aproximadamente meia polegada de diâmetro e cabo longo é utilizado, porque permite ao terapeuta manipular a cabeça do espelho facilmente na boca do paciente e posicioná-lo com segurança na base dos pilares. Para estimular o reflexo, o espelho é deixado em água gelada por dez segundos e depois tocado na base do pilar anterior. Um contato leve é repetido de cinco a dez vezes. Durante esses contatos repetidos é pouco provável que uma deglutição verdadeira seja disparada. A proposta do exercício é aumentar a sensibilidade do reflexo e então o alimento ou líquido é apresentado e o paciente tenta voluntariamente deglutir, só assim o reflexo será disparado. Observa-se a elevação da tireóide, dos pilares ou a contração do véu palatino. O paciente ou a família podem ser orientados a fazer esta estimulação 4 a 5 vezes por dia, com duração de 5 a 10 minutos. Em pacientes mais graves pode não ser observado o disparo do reflexo nas primeiras sessões, persistir. 1.2) Fazer vibração vertical de laringe 1.3) Vibração em região submentalis e tapping 1.4) Vibração no “nó” do esterno 1.5) Estimulação térmica Pipetar líquido com o canudo após 5 a 10 toques com o espelho laríngeo (0,5 cc de água gelada + anilina culinária azul). A resposta à estimulação pode não ser imediata. Pode 31 demorar de semanas a 1 mês, para começar a dar resultado, uma vez que o reflexo começa a ser disparado, a terapia pode ser expandida para: (A) Aumentar vagarosamente a quantidade do material apresentado (na pipeta) (B) Mudar a consistência do alimento apresentado (engrossando). Geralmente, o retorno à via oral é vagaroso, sendo que o progresso na terapia pode durar meses 1.6) Técnica dos quatro dedos Posiciona o indicador na mandibula, o dedo médio no osso hióide, o anular e o mínimo nas cartilagens tireóide e cricóide. O primeiro movimento lingual é sentido pelos dois primeiros dedos no início da propulsão posterior do bolo (definindo o começo do trânsito oral). Quando o reflexo começa, a laringe eleva e o osso hióide sobe e desce, marcando o fim da fase oral. Se for maior que 1 segundo, não é normal. Manobras: Manobra de Mendelsohn Posteriorização e abaixamento de língua Retração de língua e elevação de dorso Aumentar em pequenas quantidades o volume por deglutição Mudar a consistência do bolo O acompanhamento nutricional deve ser constante. Manobras facilitadoras 1) Manobras Posturais Posicionar cabeça inclinada para frente (queixo para baixo): esta posição prejudica a elevação da laringe e aumenta o espaço da valécula (abre a valécula), favorecendo pacientes que aspiram antes da deglutição Posicionar cabeça inclinada para trás: esta posição ajuda na elevação da laringe e fecha o espaço da valécula, aumentando a propulsão do alimento, favorecendo pacientes que aspiram após a deglutição; Posicionar cabeça virada para o lado ruim (nos casos de paralisia ou paresia unilateral): esta posição ajuda a liberar a passagem do alimento pelo lado não alterado (“lado bom”) 2) Manobras Compensatórias de via aérea 32 Estas manobras alteram o timing (momento) dos componentes neuromusculares da fase faríngea da deglutição. Manobra supraglótica Objetiva o fechamento glótico antes e durante a deglutição, reduzindo chances de aspiração antes, durante e após a deglutição. Execução: Expira fundo – prende respiração – introduz alimento – deglute com respiração ainda presa – tosse para expulsar resíduo alimentar, se houver – respire. Manobra super-supragótica Fecha a entrada da via aérea acima das pregas vocais; fecha o vestíbulo e protege vias aéreas. Execução: Expira fundo – prende – introduz alimento – deglute com força e respiração ainda presa – tosse – respira. Manobra de Mendelsonh Aumenta a abertura do Esfíncter esofágico superior (EES), prolongando a elevação laríngea. Execução: com os dedos polegar e indicador, eleva a laringe e segura no momento da deglutição. 3) “Lip Pursing”: indicada nos casos de hipotonia labial e/ou alteração no controle do bolo alimentar dentro da cavidade oral. Execução: manter os lábios fechados com a ajuda da mão. 4) “Double swallow”: esta manobra é utilizada pelos pacientes que apresentam alteração no controle do bolo alimentar dentro da cavidade oral, ajudando na organização dos movimentos para a deglutição e na limpeza oral. Execução: Deglutir duas vezes seguidas. 5) “Hard swallow”: indicada para pacientes com alterações na proteção de vias aéreas. Execução: Deglutir com força. 6) Manobra de Masuko: ajuda a aumentar a constrição das paredes laterais e posteriores da faringe, favorecendo a propulsão do bolo alimentar. Execução: Deglutir com a língua entre os dentes. 33 O objetivo das manobras, primeiramente é facilitar ao paciente a deglutição “correta” através de movimentos compensatórios. Gradativamente, pedese ao paciente que vá retirando os recursos compensatórios, eliminando passo a passo as etapas das manobras e tentando produzir uma deglutição normal. 34 REFERÊNCIAS ALVAREZ, A. P. F. O.; NASCIMENTO, E. S. Eficácia da reabilitação da disfagia orofaríngea neurogênica em pacientes atendidos na assistência domiciliar privada. São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.fonovitae.com.br/uploadedfiles/TCC%20publicacao.pdf. Acesso em 20 de junho de 2020. BEHLAU, M. S. & PONTES, P. Avaliação e Tratamento das Disfonias. São Paulo, Ed. Lovise, 1997. BILHERI, D. F. D. et al. Atuação fonoaudiológica nos transtornos de deglutição com pacientes à beira do leito: construção de conhecimentos a partir da vivência prática. XII Salão de Iniciação Científica – PUCRS, (periódicos na Internet), 03 a 07 de outubro de 2011. Disponível em: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/seminarioic/20112/4/5/2.pdf. Acesso em 20 de julho de 2020. BOONE, D. R. & Mc FARLANE, S. C. A voz e a terapia vocal; trad. Sandra Costa. Porto Alegre, Artes Médicas, 1994. CAMPBELL – TAYLOR, I. Drogas, Disfagia e Nutrição. Pró-Fono – Revista de Atualização Científica, volume 9: 41-56, março 1997. COELHO, J. C. 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Disponível em: http://www.redalyc.org/pdf/1693/169320515007.pdf> Acesso em 20 de junho de 2020. https://www.scielo.br/j/jsbf/a/4NVp86bzvDfyKLQcbN67TJd/abstract/?lang=pt http://www.redalyc.org/pdf/1693/169320515007.pdf
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