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RESUMO TPAC – ÁUDIO EDUCACIONAL Sara Varela Luckwü de Oliveira TPAC – é o transtorno do processamento auditivo central, onde o indivíduo escuta, mas tem dificuldade para interpretar o que ouve (dificuldades no processamento do som no SNC). Envolve a alteração de uma ou mais habilidades do PAC , que não é exclusivamente ascendente ou descendente. BOTTON UP – é o processo que leva a informação sensorial até ser codificada em conceitual; envolve as vias ascendentes que analisam as propriedades do estímulo. Nesse princípio as propostas de intervenção incluem treinamento músical, uso de clear speech, treinamento auditivo direto e dirigido ao déficit, mudanças acústicas ambientais, uso de sistemas auxiliares de escuta e treinamento perceptual. TOP DOW – é o processo que se inicia com o conhecimento conceitual e influencia a interpretação dos níveis de processamento perceptual; envolve atenção, memória, linguagem, cognição e função executiva. Nesse princípio as propostas de intervenção incluem estratégias linguísticas e cognitivas que auxiliam na percepção do estímulo, como: atenção, memória de trabalho, fechamento auditivo, vocabulário e treinos computadorizados. Habilidades que sofrem alteração nos TPAC: Lateralização e localização sonora Discriminação e reconhecimento de padrões auditivos Aspectos temporais da audição (resolução temporal, mascaramento temporal, integração temporal e ordenação temporal ) Desempenho auditivo na presença de sinais acústicos competitivos ou distorcidos (habilidade de figura-fundo e fechamento auditivo) Aspectos binaurais da audição (habilidade para processar estímulos acústicos apresentador simultaneamente em ambas as orelhas, integrando-os ou separando-os ) Fatores de risco para os TPAC: Na criança: prematuridade, baixo peso ao nascer, otites de repetição e outros tipos de privação auditiva, hereditariedade e atraso maturacional das vias auditivas do SNC. No adulto: lesões cerebrais por anóxia ou traumatismo craniano e envelhecimento natural do cérebro. Sintomas apresentados por pessoas com TPAC: Dificuldade para ouvir e entender fala (principalmente com presença de ruídos) Dificuldade de localizar sons Dificuldade para seguir e executar comandos orais Dificuldade para memorizar Dificuldade no desempenho escolar Não mantém a atenção e se distrai facilmente com outros estímulos presentes no ambiente Atrasos de fala (substituições e omissões) Desconforto frente a sons intensos (hiperacusia) Dificuldade de entender piadas e falas de duplo sentido Agitado ou muito quieto Dificuldade em socializar Lentidão para responder (pede para repetir as informações recebidas) É comum que pais/professores se queixem que a criança só presta atenção quando quer ou não o faz porque é preguiçosa. A entrevista inicial para TPAC deve ser centrada nas informações do paciente e na confluência de dados fornecidos pela família e/ou escola. É importante buscar fatores de risco para TPAC (histórico de saúde), manifestações típicas do transtorno, grau de comprometimento da linguagem oral e escrita e no percurso acadêmico – na população infantil. Grau de comprometimento na vida social e profissional – na população adulta/idosa. As informações obtidas na entrevista inicial devem gerar encaminhamentos à fim da realização de um diagnóstico diferencial, como de acordo ao CFFa. Podem ser aplicados questionários ou check list para avaliação, como o SAB – Escala de Funcionamento Auditivo A avaliação para TPAC deve considerar as fraquezas ou habilidades do indivíduo e deve incluir testes formais ou informais. A pergunta clínica é: a alteração de TPAC apresentada é compatível com um TPAC primário? Ou seja, é uma disfunção específica de vias auditivas centrais? Por isso é importante avaliar o comprometimento linguístico e cognitivo e não só auditivo. O plano de avaliação inclui: Avaliação audilógica completa, Avaliação comportamental do PAC, Avaliação fonoaudiológica (linguagem oral e escrita), Avaliação multidisciplinar (diagnóstico diferencial) e procedimentos eletrofisiológicos e eletroacústicos. Para intervenção nos TPAC é importante considerar a neuroplasticidade e ter como foco da reabilitação a melhoria das habilidades auditivas nos aspectos comunicativos; o estímulo das vias auditivas centrais, induzindo a maturação do sistema auditivo central; amenizar o impacto das alterações na vida cotidiana do paciente, aumentando sua autonomia social, ocupacional, educacional e familiar. Além dos objetivos terapêuticos, que incluem: Treino auditivo, desenvolvimento de competências metalinguísticas e metacognitivas, recomendações de melhorias acústicas para os ambientes e intervir nas manifestações inter-relacionadas – linguagem oral e escrita. A intervenção deve incluir não só estratégias de reabilitação (focadas na melhoria/amenização dos déficits apresentados), mas também estratégias de gerenciamento (focadas na compensação, para reduzir o impacto dos déficits nos ambientes de vida real enquanto a reabilitação está em curso). A intervenção DIRETA nas habilidades auditivas deve ser feita gradativamente, propondo desafios e aumentando aos poucos o nível de complexidade das tarefas. Recomenda-se iniciar pela orelha dominante e alternar as orelhas e o tipo de atividade (monoaurais e binaurais). As tarefas devem ser adequadas para idade e competência linguística do paciente, lúdicas e interativas, integrando habilidades auditivas e manuais (apontar figuras, palavras, frases; produção ou nomeação de padrões sonoros; repetições orais de estímulos). Treinamento auditivo: Localização sonora – usar instrumentos musicais; olhos vendados; 5 direções; Figura-fundo e escuta direcionada – MCC e MCI; contrapor mensagem competitiva com estímulo; usar frases, dígitos, palavras, sílabas e onomatopeias; Fechamento auditivo – Utilizar redundâncias extrínsecas ou intrínsecas para preencher as partes ausentes ou distorcidas do sinal auditivo e reconhecer a mensagem completa. Ordenação temporal – Iniciar com estímulos não verbais (forte-fraco; longo-curto; grave-agudo; sons do dia a dia) e depois passar para os verbais (sílabas, dígitos e palavras); oferecer sequencia e pedir para repetir. Resolução temporal – Usar atividades que explorem mudanças sutis na acentuação, ritmo e frequência da informação; sons verbais e não verbais; Integração binaural – Procesar informações diferentes apresentadas em ambas orelhas; estimula o corpo caloso e melhora a transferência de informação inter-hemisférica. Separação binaural – Processar a mensagem que entra por uma orelha enquanto ignora uma mensagem diferente que entra pela outra orelha. Orientação familiar e educacional: é importante que os princípios da intervenção sejam estendidos à escola ou ambiente de trabalho para que o paciente tenha oportunidade de exercitar das habilidades aprendidas; orientações quanto ao ambiente acústico em que acriança deve realizar as atividades em casa, ambiente de comunicação, leitura e atividades complementares para o paciente realizar em casa.
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